Macron: O presidente de opereta trava a guerra com o
seu exército de majoretes.
8
de Dezembro de 2025 Robert Bibeau
Por Khider Mesloub .
No momento em que os Estados Unidos e a
Ucrânia chegam a um acordo sobre o essencial para fazer a paz com a Rússia, ou
seja, afirmam ter chegado a um acordo-quadro para pôr fim ao conflito, o
presidente francês, Emmanuel Macron, persiste e reafirma: ele quer continuar o
rearmamento da França, o recrutamento de jovens para enviá-los à Ucrânia a fim
de combater os russos (sic).
Pior ainda. No mesmo dia em que a Ucrânia e a Rússia se preparam para assinar o cessar-fogo, Emmanuel Macron anuncia, a partir da base militar de Varces, a criação de um novo serviço militar voluntário de 10 meses, supostamente para fazer guerra a uma Rússia que, no entanto, em breve estará em paz com o seu vizinho ucraniano.
Ao que é que está o adolescente Macron a jogar? Certamente a assustar-se a si próprio. Segurem-me ou vou provocar uma tragédia! Essa é, há alguns meses, a atitude ridiculamente belicista do inquilino do Eliseu. Macron, o baixote, acha-se Napoleão I: quer enviar tropas para a Rússia, mais precisamente para as suas fronteiras, na Ucrânia, berço da Rus' de Kiev, do mundo russo. Recorde-se que a campanha da Rússia (ou «guerra patriótica de 1812») foi uma expedição militar conduzida contra o Império Russo pelo exército do imperador Napoleão I, que resultou na derrota das tropas francesas, esmagadas pelas forças russas.
Nos últimos anos, apesar de presidir aos destinos de uma França desindustrializada, um país em declínio, Macron trabalha incansavelmente para rearmar a França. Não no plano económico, mas militar. O lançamento desta corrida ao armamento é ainda mais cínico, uma vez que ocorre em plena campanha de austeridade orçamental decretada pelo Ministério das Finanças.
Homem sem vigor político, mas adepto da rigidez económica, Macron decidiu envolver o país numa economia de guerra para enfrentar a Rússia, afirma ele. Ora, a economia de guerra implica uma profunda transformação do modelo económico, a fim de compensar as perturbações de um conflito armado e, assim, concentrar-se essencialmente no esforço de guerra. No entanto, a ridiculamente militarista França não tem os meios financeiros e industriais para as suas ambições bélicas, as suas gesticulações imperialistas!
Esta viragem militarista económica irá, no entanto, beneficiar alguns capitalistas cujas carteiras de encomendas não param de aumentar vertiginosamente.
Assim sendo, sob o mandato de Macron, que rimou com ditadura e decadência, a França duplicou o seu orçamento militar. Serão gastos 413 mil milhões de euros até 2030, no âmbito de um crescimento contínuo do orçamento anual do exército, que passará de 41 mil milhões de euros em 2022 para quase 70 mil milhões em 2030.
A postura militarista do galo gaulês com
suas asas económicas murchas.
Desde a expulsão da França de África, o exército francês concentra os seus esforços de guerra na Europa Oriental. Na verdade, as suas gesticulações bélicas.
No seio da Europa, acusando os seus parceiros europeus de serem cobardes e de fazerem pactos com Putin, Macron mostra os seus músculos e gaba-se de ser o único a assumir corajosamente o esforço de guerra contra a Rússia. Este inimigo imaginário e fictício que serve os seus planos políticos maquiavélicos internos.
Para provar a sua determinação, Macron, o incendiário, anunciou mesmo que planeia enviar tropas francesas para a Ucrânia, no momento em que o presidente Zelensky se prepara para assinar um acordo de paz (capitulação) com Putin. Que grande bluff da parte deste idiota!
Como todos sabem, não só o exército francês não está em condições de sustentar uma guerra de «alta intensidade», como toda a população francesa se opõe a qualquer conflito militar contra a Rússia. Pior ainda, como salientou um oficial de alta patente na revista Marianne: «Não nos iludamos, face aos russos, somos um exército de majorettes!»
Então, porque é que Macron se entrega a gestos belicistas e elucubrações guerreiras? Ele agita o espantalho da ameaça russa e da necessidade de neutralizá-la, quando o exército francês não dispõe de meios humanos e militares para conduzir uma ofensiva militar contra a Rússia, muito menos de legitimidade jurídica internacional? Ainda menos hoje, com a assinatura iminente do acordo de paz entre Moscovo e Kiev.
Neste período de crise económica que atinge cruelmente a França, o governo Macron precisa criar um clima de guerra ou de medo da guerra para exigir que os trabalhadores participem no fantasmagórico «esforço de guerra», através de sacrifícios socio-económicos adicionais. Uma forma indirecta de ajudar os capitalistas, impondo austeridade aos assalariados. A «sobriedade económica e social» em nome do perigo imaginário russo.
Da declaração estrondosa (mortífera) do chefe do Estado-Maior do Exército, o general Fabien Mandon, todos se lembraram apenas da primeira parte, chocados apenas com a primeira parte da frase: «A França deve aceitar perder [os seus] filhos». Estas palavras do general francês suscitaram uma forte emoção e uma onda de indignação.
Por outro lado, os meios de comunicação e os comentadores ignoraram deliberadamente a segunda parte da frase: «Os franceses devem aceitar sofrer economicamente porque as prioridades serão atribuídas à produção de defesa». É este segundo plano que a burguesia francesa tenta impor aos trabalhadores. Por outras palavras, sob o pretexto da ameaça russa, os capitalistas franceses, nomeadamente os comerciantes de armas que beneficiam de encomendas crescentes, estão a trabalhar para submeter os trabalhadores a um ritmo de trabalho mais intenso com salários reduzidos.
O ilusionista Macron faz acrobacias militares
A ameaça de guerra também permite justificar e legitimar o endurecimento autoritário da governação, as restricções políticas, as repressões, as detenções arbitrárias, as expulsões. Ou seja, oficializar e formalizar a viragem fascista da França.
Como manter um clima de psicose de guerra para justificar e legitimar novas medidas de austeridade económica e restricções às liberdades, senão pela fabricação histérica do perigo russo, acompanhada de dados militares alarmistas deliberadamente amplificados. Macron faz crer que o exército russo está a sitiar a França, que está às portas de Paris.
Como prevenir e neutralizar a exacerbação das tensões sociais generalizadas actuais em França, acelerar e reforçar a militarização da sociedade, associada a uma estratégia de controlo social, senão através de uma campanha de propaganda militarista, apoiada num tratamento da informação militarista e ansiogénico, capaz de suscitar um estado de estupefacção num contexto de psicose colectiva, propício à consolidação da união nacional?
Como disse Hermann Göring, ministro do regime nazi e fundador da Gestapo: «E se puder encontrar algo para assustá-los, pode fazer com eles o que quiser.»
Nesta iniciativa de propaganda dedicada à exaltação da união nacional, todas as forças são mobilizadas para dar o seu contributo e participar na operação de recrutamento ideológico e militarista.
Os partidos políticos, de todas as tendências, são igualmente convidados a unir as suas forças, a silenciar as suas divergências, a cerrar fileiras com vista a contribuir para o fortalecimento da união nacional.
Tudo se passa como se a França estivesse em guerra contra a Rússia. Como se fosse a França que tivesse sido invadida. O medo alimenta-se da imaginação. A psicose apodera-se da população quando o sentimento de perigo iminente já não é real, mas imaginário. O governo Macron está assim activo a espalhar um medo obsidional. Na verdade, o verdadeiro inimigo da burguesia senil francesa não é a Rússia, mas o proletariado francês. O inimigo não está acampado no exterior, mas espreita no interior.
Na falta de meios militares para travar uma guerra no exterior, o governo Macron trava uma guerra de propaganda belicista no interior para reunir a nação ameaçada de fragmentação, convencer o povo a aceitar sacrifícios económicos e sociais, e até políticos, acomodando-se ao endurecimento autoritário, ao enterro da democracia, em nome da ameaça imaginária simbolizada hoje pela Rússia. E, em breve, por um novo país. A China? A Argélia?
Na realidade, Putin tornou-se o melhor aliado de Macron: ele serve como um baluarte para travar a sua guerra de classes contra o proletariado francês, um bicho-papão para justificar e legitimar o endurecimento autoritário do governo e para garantir a transição fascista da França.
Khider MESLOUB
Fonte: Macron :
le président d’opérette joue à la guerre avec son armée de majorettes – les 7
du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice

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