domingo, 7 de dezembro de 2025

Soberania e desconfiança: Argel duvida da intenção de Paris de restabelecer relações diplomáticas pacíficas.

 


Soberania e desconfiança: Argel duvida da intenção de Paris de restabelecer relações diplomáticas pacíficas.

7 de Dezembro de 2025 Robert Bibeau

Por Amar Djerrad

A crise diplomática entre a Argélia e a França atinge um novo patamar de firmeza. Enquanto Paris anuncia uma intenção de apaziguamento, a resposta de Argel é inequívoca: desconfiança e soberania são as palavras-chave.

Uma análise das relações passadas e presentes prova que não é possível estabelecer relações equitativas com uma mentalidade «colonialista». É uma ilusão enquanto esse «ADN neo-colonialista» persistir.

A Argélia, enquanto nação soberana, deixou claro que não se deixaria envolver nas acções ou manobras imaturas dos dirigentes franceses. Estes últimos parecem muitas vezes ignorar as suas próprias fraquezas, enquanto os argelinos as percebem com clareza. A posição argelina pretende ser digna: o presidente Tebboune não parece disposto a receber pessoalmente os emissários de Paris, preferindo encaminhá-los para os seus homólogos. Este gesto simbólico poderá talvez trazer à razão uma diplomacia francesa considerada arrogante e desdenhosa.

Os argelinos denunciam as práticas consideradas hostis e dissimuladas da França. O envio de «agentes mercenários» sob cobertura diplomática ou jornalística, acusados de activar células terroristas, constitui um facto grave. O caso da graça concedida ao traidor argelino Sansal também é visto, pelas suas reacções imprudentes, como uma tentativa francesa de instrumentalizar a justiça para obter concessões. Para a Argélia, este acto é uma decisão soberana sem qualquer ligação com supostas pressões.

Os serviços secretos franceses são considerados «desorientados» e «incompetentes». A sua incapacidade de obter informações de segurança de Argel levá-los-ia a inventar factos para se afirmarem. Argel deixou de partilhar informações de segurança com Paris, que as utilizaria com o objectivo de prejudicar a Argélia.

O estabelecimento de relações «serenas» e de parcerias equitativas é considerado irrealizável com a «França macroniana». A crítica argelina incide sobre vários pontos: a sonegação de fundos públicos argelinos desviados, a hostilidade da França em relação à Argélia ao instrumentalizar falsos opositores e terroristas, bem como a sua incapacidade de honrar os seus compromissos e de cumprir as normas internacionais. Esta falta de fiabilidade e confiança, associada a uma economia «vacilante», leva a Argélia a considerar «novas opções estratégicas», dirigindo-se para parceiros mais sólidos e respeitadores da lei.

Para a Argélia, é a França que se encontra num crescente isolamento e que perde aliados em África, devido à sua incapacidade de se adaptar às novas regras económicas e, sobretudo, devido à sua arrogância e mentalidade de «tutora colonialista», que a encerra numa postura desoladora e obsoleta.

A França atravessa actualmente uma crise política, em que a governação de Emmanuel Macron é vista como errática e sem profundidade. A sua crise interna tem repercussões nas relações externas, em que os dirigentes franceses se perdem num jogo de artifícios retóricos. Cada escândalo interno é oportunamente redireccionado para a Argélia, que se torna um escape para os meios de comunicação complacentes, que procuram influenciar a opinião pública francesa.

É claro que a Argélia não está disposta a ceder às tentativas de aproximação de uma França considerada intrusiva, arrogante e em declínio.

A Argélia quer que a França a deixe em paz, que não precisa dela, que tem muitos outros parceiros dignos de confiança e respeitadores da sua soberania.

Amar Djerrad

 

Fonte: Souveraineté et méfiance: Alger doute de l’intention de Paris de rétablir des relations diplomatiques sereines – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




1 comentário:

  1. Citação: «Cada escândalo interno é oportunamente redirecionado para a Argélia, que se torna um escape para os meios de comunicação complacentes, que procuram influenciar a opinião pública francesa.»

    Qual é a verdade humilhante que esta França macroniana esconde?

    – Esta França instrumentaliza o terrorismo no Sahel e na Argélia!
    – Esta França esconde fundos públicos argelinos desviados, protegendo os «desviadores» desses fundos, como o ex-ministro da Indústria Bouchouareb (amigo de Macron: https://atipik.tv/macron-bouchouareb-une-amitie-genante-nee-a-bercy-et-protegee-par-lelysee/), procurado pela justiça argelina ao abrigo de um mandado de detenção internacional (seis pedidos de extradição recusados)?
    – Esta França instrumentaliza falsos opositores traidores, muitas vezes ignorantes, que exibe na sua imprensa subserviente?
    – Esta França apoia o movimento separatista e terrorista MAK, que quer dividir a Argélia e está por trás dos incêndios criminosos nas florestas da Cabília, que causaram mortes e danos importantes aos bens (nomeadamente oliveiras e gado) dos pobres montanheses? (Felizmente, o Estado indemnizou-os). Os criminosos ligados ao MAK foram detidos e condenados.
    – A sua DGSE envia espiões para a Argélia sob o disfarce de funcionários da embaixada francesa para ativar o terrorismo islâmico? (Veja este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=WBMKpihQ2gg ) e a resposta hipócrita dos seus responsáveis)
    – Etc, etc... É verdade que é uma vergonha que deve ser escondida inventando uma narrativa falsa para desviar a atenção. A França está realmente em declínio material e moral!

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