Desde os tempos de Lenine que o imperialismo é caracterizado
como estadio supremo do capitalismo e fautor de guerra e morte. A burguesia, no
seu afã de rapina e dominação, subjuga e humilha povos e nações, exaure os seus
recursos e riquezas e exporta os seus excedentes industriais, obsoletos e
descontinuados.
Esta necessidade de, por um lado, subjugar mercados e assegurar o domínio dos
recursos energéticos e das matérias primas e, por outro, a nível político, as
zonas de influência imperial, levaram, no último século e meio, a três grandes
conflitos mundiais e a uma globalização sem precedentes dos conflitos regionais.
Durante a I e a II Grandes Guerras Mundiais, os conflitos
decorriam numa frente única e entre as
nações envolvidas. Dada, por um lado, a
destruição maciça resultante desses conflitos em casa própria – estaremos certamente bem informados sobre a morte de
milhões de elementos do povo e a destruição de centenas de cidades e milhares
de fabricas por essa Europa e pelo mundo
fora -, e a vitória da concepção marxista-leninista-maoista de transformar as
guerras imperialistas em guerras revolucionárias, populares –como o comprovam
as Revoluções Russa de 1917 e a Revolução Chinesa de 1949 – a lição que a
burguesia e toda a sorte de potências imperialistas aprendeu então, foi a de que, de futuro, deveria transferir esses
sangrentos conflitos para o quintal dos
outros.
É neste novo contexto que povos e nações de todo o mundo se
vêm obrigados a empunhar armas - porque, tal como dizia Mao, o poder está na
ponta da espingarda -, e levar a cabo guerras pela sua independência
e autodeterminação contra o imperialismo americano e o social-imperialismo
soviético e outras potências coloniais.
Contudo, tais conflitos continuavam a caracterizar-se por
ocorrerem numa só frente de combate, apesar de o imperialismo e o
social-imperialismo começarem a demonstrar, face às derrotas infligidas por
esses povos e nações, não passarem de autênticos tigres de papel.
Com a derrota das revoluções soviética e chinesa às mãos de
cliques de traidores que enveredaram por sistemas do capitalismo monopolista de
Estado e promotores de uma nova burguesia, o imperialismo tornou-se ainda mais
agressivo e, prosseguindo o princípio que sempre acalentara da independência e soberania limitadas,
passa a policiar o mundo e a intervir militarmente sempre e onde considera
estar em causa a sua influência, isto
é, sempre que os seus interesses, a sua acção de rapina, dominação e humilhação
são postos em causa.
Mas, o que diferencia a situação actual das épocas acima
descritas é um novo facto, um novo desenvolvimento. A famigerada globalização – tão cara ao imperialismo
e aos imperialistas -, ao promover, por um lado, a bascularização
da economia, promoveu, por outro, uma migração
massiva e constante de trabalhadores de nações empobrecidas pela guerra e pela
rapina, para as nações ditas dominantes e promotoras dessa rapina, guerra e
destruição.
Se as primeiras gerações de migrantes e refugiados
foram assimilados pelas nações de acolhimento, já as segunda e terceira
gerações, com um maior acesso à formação intelectual, científica e cultural e à
informação, passou a integrar aquilo a
que os governos imperialistas classificam como movimentos radicalizados. Uma classificação que serve para
escamotear que, desta vez, os radicais que se opõem ao genocídio de que os
países de origem dos seus pais são vítimas por parte de toda a sorte de
potências imperialistas são, agora, cidadãos das potências agressoras.
Uma afirmação que serve para escamotear o seu desespero e
fraqueza, demonstrativa de que o imperialismo tem pés de barro e de que é
possível aos povos e nações oprimidas derrotá-lo em toda a linha, quer na frente externa, quer na frente interna.
Trata-se, pois - e é essa a diferença qualitativa em relação
aos conflitos anteriores -, de uma guerra travada em duas frentes. A frente do
país ou nação invadida pelas potências imperialistas – americanos, alemães,
franceses, britânicos, russos, etc. – e a frente que muitos dos filhos daqueles
que foram forçados a migrar para esses países imperialistas constituíram nos
mesmos. O caso da França é paradigmático. Actualmente, 15% da população
francesa é de origem muçulmana.
Em países como a Bélgica, a França, a Grã-Bretanha, mas não
só, esta frente de conflito pode, rapidamente, resultar em guerras civis.
Neste contexto, os marxistas-leninistas-maoistas têm de saber organizar a classe
operária e os seus aliados para transformarem as guerras imperialistas e as
guerras civis que delas podem resultar, em guerras revolucionárias que imponham
democracias populares, no caminho para a conquista de sociedades socialistas,
livres da rapina, do ódio, da morte e da humilhação que caracterizam o
imperialismo, estadio supremo do capitalismo!
Tanto mais quanto este é um dos pontos que está a dividir os
operários no movimento comunista internacional, onde as correntes oportunistas
e revisionistas defendem que os operários devem apoiar as “suas” burguesias,
isto é as classes dominantes das potências imperialistas agressoras, contra o
“terrorismo”, atacando e renegando a permissa marxista de “Proletários de Todos os Países, Povos e Nações Oprimidas do Mundo,
Uni-vos!”
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