Existe em Portugal – e não é um atributo meramente nacional,
pois manifesta-se por esse mundo fora – uma esquerda
que se entretém a enganar a classe operária e os trabalhadores com a consigna
do Estado Social e com a proposta de renegociação ou reestruturação
da dívida pública, fazendo
acreditar que esses seriam dois dos grandes objectivos da luta e do porvir histórico
da classe operária e dos seus aliados.
Sem que tal constitua já qualquer motivo de surpresa, foi agora
anunciado o resultado do que foi cozinhado, nas costas do povo português, por
um Grupo de Trabalho formado pelos
sociais-democratas, representantes de uma pequena burguesia burguesa e pseudo iluminada, do Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, a propósito da dívida pública e de qual a receita que propõem para que esta seja
paga.
Sempre o afirmámos que admitir que esta dívida é para ser
paga é admitir o principio propalado pelo imperialismo germânico e seus lacaios
de que o povo esteve a viver acima das
suas possibilidades sendo, portanto, a dívida legítima. É escamotear que a
dívida pública não passa de um mero instrumento de chantagem - http://queosilenciodosjustosnaomateinocentes.blogspot.pt/2015/07/euro-e-divida-sao-indispensaveis.html
-, pressão e neo-colonização usado pelas potências mais ricas, imperialistas e
seus satélites, sobre nações mais fragilizadas, em virtude de terem embarcado
nas políticas de destruição do seu tecido produtivo que aquelas impuseram e,
por isso, se terem tornado ainda mais dependentes e vulneráveis a ataques
especulativos de toda a ordem.
Ataques especulativos que foram facilitados e ampliados,
entretanto, com a imposição por parte do imperialismo germânico e seus
acólitos, de toda a sorte de Tratados, como o tratado Orçamental, o tratado da
União Bancária – percebendo-se cada vez mais porque é que o BE se absteve na
sua votação, quando ele foi proposto pela então deputada europeia pelo PS,
Elisa Ferreira - , o euro, etc.
Em devido tempo denunciámos a tentativa do PS de defender
que havia uma estratégia de esquerda
para levar a cabo as imposições da tróica germano-imparialista e outra, de
direita, protagonizada pelo governo de aliança entre a extrema-direita e a
direita, isto é, do PSD e do CDS-PP. Como denunciámos, com igual firmeza e
acuidade, a estratégia proposta por BE e PCP de renegociação ou reestruturação
da dívida.
Tal como afirmava no meu artigo - (http://queosilenciodosjustosnaomateinocentes.blogspot.pt/2013/02/o-modus-operandi-do-negocio-da-divida.html–
a burguesia e os grandes grupos capitalistas, sobretudo os ligados às áreas da
finança e da banca, esfregaram as mãos
de contentamento face a esta tão generosa proposta.
Quanto mais tempo se perpetuar a dívida, mesmo baixando os juros, maiores são os lucros. Este é, aliás, o mesmo
principio abusivo que leva os bancos a penalizar os seus clientes que desejem antecipar o pagamento das dívidas. O que se
pretende é precisamente – e ademais com o aval do estado – que a dívida renda dividendos pela maior extensão
possível de tempo.
E, a confirmar que tínhamos toda a razão quando denunciámos
este patifes reaccionários e oportunistas, estão as conclusões a que o
supracitado Grupo de Trabalho,
constituído por representantes de PS e BE, chegaram. Pagamento da dívida em 45
anos, com o pressuposto de baixar os juros decorrentes do serviço da dívida e, como tal, garantir que a percentagem do PIB
afectado para esse desiderato permita que sejam afectados mais recursos àquilo
a que pomposamente classificam de Estado
Social.
Uma traição miserável, desde logo porque escamoteia que o
estado é uma decorrência da luta de classes e que a luta por um estado social no contexto de uma
sociedade capitalista, dominada pela burguesia, é uma redundância sem qualquer
sentido.
Só destruindo o modo de produção capitalista, substituindo-o
pelo modo de produção comunista, só quando a classe operária – incluindo os
assalariados rurais -e os seus aliados tomarem o poder e destruírem o estado
capitalista, sobre os escombros do qual construirão o estado que cumprirá o
objectivo de extinguir as classes e as lutas que elas travam entre si e, com
isso, levem ao próprio desvanecimento do
estado, é que se poderá admitir que, finalmente, a cada um será proporcionado
aquilo de que verdadeiramente necessita – seja em termos de saúde, educação,
habitação, alimentação ou outra necessidade qualquer.
Esta traição, insidiosa e enganadora, cumpre exactamente os
objectivos da burguesia. Desarma os operários e seus aliados, fazendo crer que,
no quadro do sistema capitalista existe a possibilidade de amenizar a
exploração desalmada a que estão sujeitos, a par do saque, morte e miséria a
que as potências imperialistas sujeitam os seus países, nações ou territórios.
Marx, no seu Manifesto do Partido Comunista foi claro quanto
ao papel destes oportunistas no seio do movimento operário e popular e
traçou-lhes um destino: o caixote do lixo da história. E, a história, de forma
inexorável , tem-no comprovado. Todos aqueles partidos ou organizações
oportunistas, que se afirmam de esquerda, que têm desviado a revolução do seu
porvir histórico – que é o de destruir o estado capitalista, o imperialismo e
as relações de produção capitalistas -, depois de cumprirem a sua função ao
serviço da burguesia são, pura e simplesmente, rejeitados por operários e
trabalhadores que enganaram durante toda a sua existência.
Veja-se o que se passou em Itália com o partido revisionista
e, posteriormente, com o partido dito socialista. Varridos do mapa político! Em
Espanha, o PSOE, está completamente pulverizado e deixou de merecer sequer a
confiança dos seus patrões como válvula
de escape para a pressão revolucionária. A burguesia encomendou essa tarefa
a estruturas ditas horizontais como o
PODEMOS!
As eleições francesas são paradigmáticas desta tendência. O
PSF sai arrasado das últimas eleições presidenciais! Mais uma vez, a burguesia
francesa aposta noutros cavalos. E isto
acontece em França, em Espanha, na Itália, como acontecerá em Portugal e
noutros países do mundo onde estes arautos do estado social e outras patranhas como o socialismo democrático, o capitalismo civilizado, ou o reclamar da prossecução de políticas de esquerda no quadro de nações onde impera o capital, o
capitalismo e o imperialismo, levam a uma situação em que a classe operária e
os seus aliados, tendo consciência de que estes oportunistas não servem os seus
interesses, não compreenderam ainda os caminhos, a linha e os objectivos que
devem abraçar para, de uma vez por todas, assumir o seu porvir histórico que é
o de acabar com a exploração do homem pelo homem, de criar as condições para
que deixem de haver classes e luta de classes e necessidade de estado para
regular – a favor da classe dominante – os interesses antagónicos entre elas.
Tal como no passado, estes oportunistas, apesar de se
reclamarem da esquerda, pelas suas hesitações, pelas traições que protagonizam,
pelos desvios que impõem à revolução, são os únicos e verdadeiros responsáveis
pelo descrédito em que a classe operária e os seus aliados têm as políticas,
programas e estratégia apresentadas pela esquerda, mesmo que formal, levando um
sector significativo das massas populares a abraçar ideologias populistas,
fascistas e de extrema-direita.
Temos de perceber que um discurso contra a austeridade, acompanhado do apoio a
políticas que retiram a cada país a sua capacidade de decidir – de forma
independente – a sua política fiscal, cambial, bancária, financeira, etc., não
só soa a falso como conduz a classe operária e os seus aliados ao...cadafalso!
A tenaz da dívida aperta-se, o euro e a dívida proporcionam
às potências mais relevantes na Europa – Alemanha e França – lucros cada vez
mais fabulosos. Aliás, o maior negócio para essas potências e suas marionetas é
mesmo, nos tempos que correm, o negócio
da dívida!
Um estado onde uma burguesia nacional compradora – que vive
como parasita à sombra dos grandes grupos financeiros, bancários e industriais
europeus - aceita que a sua política
orçamental, fiscal, cambial, bancária, etc., seja ditada por um directório
dominado sobretudo pelo imperialismo germânico, leva esse país – como acontece
com Portugal – a ver-se exaurido dos seus recursos e activos e a acabar por
vender, a preços de saldo, empresas e activos determinantes para traçar uma
estratégia económica e financeira independente e favorável a quem trabalha.
Esta política oportunista e traidora está a atirar largos
sectores do proletariado e popular para o círculo de influência política de
organizações de extrema-direita, fascista e chauvinista, está a contribuir para
que o imperialismo prossiga a sua estratégia de pilhagem e morte por todo o
globo terrestre.
Resulta claríssimo deste acordo entre BE e PS, e das conclusões a que o grupo de trabalho que constituíram chegou, que o objectivo de ambos nunca foi o de servir o povo e satisfazer as suas necessidades, mas sim salvar a burguesia, o seu sistema capitalista e, sobretudo, o grande capital financeiro e bancário nesta hora de aflição em que se encontram devido à política de casino especulativo em que embarcaram. Apesar de não ter participado no grupo, o PCP não deixa de defender os mesmos objectivos quando propõe a renegociação da dívida.
A classe operária e os seus aliados têm de se ver livres destas autênticas cortinas de fumo que a burguesia produz e alimenta para os desviar dos seus objectivos históricos. E não é substituindo umas por outras que o vai conseguir. Só quando compreenderem que não existem almoços grátis, só quando se decidirem por uma luta dura, prolongada e sem quartel, dirigidos por um Partido Comunista Operário, baseado nos princípios marxistas, que consiga reflectir, sintetizar e corporizar os seus interesses, sem hesitações ou desvios, é que conseguirá, finalmente, libertar-se das grilhetas da exploração a que estão sujeitos!
A classe operária e os seus aliados têm de se ver livres destas autênticas cortinas de fumo que a burguesia produz e alimenta para os desviar dos seus objectivos históricos. E não é substituindo umas por outras que o vai conseguir. Só quando compreenderem que não existem almoços grátis, só quando se decidirem por uma luta dura, prolongada e sem quartel, dirigidos por um Partido Comunista Operário, baseado nos princípios marxistas, que consiga reflectir, sintetizar e corporizar os seus interesses, sem hesitações ou desvios, é que conseguirá, finalmente, libertar-se das grilhetas da exploração a que estão sujeitos!
O Capitalismo entra no seu auge de combustão para se dar início ao Apocalipse.
ResponderEliminarSim, não existe outra saída para os explorados e oprimidos do que não seja dizer abertamente que o rei vai nu...NÃO PAGAMOS!
ResponderEliminarAs expectativas já eram baixas mas o BE nunca tinha descido tão baixo...já nem há nome para os classificar.
ResponderEliminarHá sim senhor, uma nova e rica aquisição da burguesia capitalista portuguesa.
EliminarBoa análise, camarada.
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