terça-feira, 3 de março de 2020

Colapso orgânico da massa monetária

por Robert Bibeau


Ela é substituída por um crescimento artificial, uma fusão liderada pelo centro


Por Chris Hamilton – 6 de Novembro de 2019 – Fonte : Econimica



Demografia da I Guerra Mundial

A situação demográfica com a qual o mundo é confrontado não tem precedentes e é incomparável na história moderna. Todas as mortes por guerras nos últimos séculos foram meros ecos no radar em comparação com o que está a acontecer hoje. Dado o modelo económico de crescimento infinito, a situação é irreparável e nenhuma reparação será tentada. O único objectivo é alargar o modelo actual com os seus vencedores e perdedores óbvios.

Para fazer valer a minha opinião, dividi a população do mundo em duas partes iguais. Metade da população mundial vive em países consumidores e a outra metade em países não consumidores. Os países consumidores têm um rendimento nacional bruto per capita superior a 4.000 dólares por ano, com uma média de 16.000. Os países não consumidores têm um rendimento nacional bruto inferior a 4.000 dólares por ano e um rendimento médio de  1.600 dólares per capita. Tendo em consideração que os grupos são 3,9 biliões (consumidores) e 3,8 biliões (não consumidores) e que as nações não consumidoras têm um rendimento de quase 1/10 do  rendimento das nações consumidoras ... o facto de as nações consumidoras consumirem 85% a 90% da energia e das exportações mundiais não deve constituir uma surpresa. As nações consumidoras têm quase todo o rendimento, poupança e acesso ao crédito. Do ponto de vista económico, as nações consumidoras dominam e as nações não consumidoras também poderiam muito bem estar em Marte.

Dois gráficos rápidos e alguns temas ...
O gráfico abaixo mostra a evolução anual das nações consumidoras na faixa etária de 0 a 65 anos, em comparação com a evolução anual das pessoas acima de 65 anos e a taxa de fundos federais. O crescimento da população com menos de 65 anos irá parar em 2023 (se não antes) e transformar-se-á num declínio acentuado e indefinido a partir de então. O crescimento anual de pessoas acima de 65 anos acelera desde 2008 e não atingirá o seu pico de crescimento senão por volta de 2035.


O gráfico abaixo mostra o desenvolvimento anual dos países não consumidores no que concerne aos menores de 65 anos, em comparação com os de 65 anos ou mais, bem como a taxa de fundos federais. O crescimento anual da população abaixo dos 65 anos parou de aumentar e está a caminho de "apenas" 35 milhões até 2050. O crescimento da população de 65 anos ou mais sem consumir está a subir e deve continuar a acelerar até 2050.


Qual é o(s) ponto(s) da situação

Os menores de 65 anos nos países consumidores têm uma alta taxa de consumo de crédito. Pessoas com mais de 65 anos têm uma aversão relativa ao crédito e são mais propensas a reembolsar ou liquidar empréstimos existentes do que a contratar novos empréstimos. Os idosos que assumem novas dívidas fazem-no em níveis relativamente baixos. Simplificando, no nosso sistema bancário de reservas fraccionarias, a maior parte do "dinheiro" da economia é gerada por uma quantidade crescente de empréstimos. Mas os dados são claros: aqueles que subscrevem novos empréstimos (criam dinheiro fresco) estarão em declínio indefinido, enquanto que, quase empatados, aqueles que reembolsam ou saldam os empréstimos existentes (destruindo, pois, o dinheiro existente) tomarão o seu lugar.

No decurso do ciclo actual, as dívidas das empresas, os empréstimos aos estudantes e os empréstimos para automóveis tiveram a maior fatia na criação de novas dívidas. No entanto, essas três fontes de novas dívidas já estão "sobre utilizadas" e é provável que apenas novos veículos (mais as dívidas de cartões de crédito) sejam susceptíveis de se  desenvolver entre os idosos. De onde virá o endividamento suplementar (crescimento da "massa monetária"), já que a quantidade de pessoas potenciais em idade de trabalhar capazes de obter novos empréstimos e, portanto, de aumentar organicamente a "massa monetária" (sem mencionar o consumo ), desacelerou em mais de 90% e deve começar a diminuir muito em breve?









Portanto, existem duas opções para continuar a aumentar a dívida (ou seja, "o dinheiro"). Seja encorajando as pessoas em idade de trabalhar, que são sempre menos numerosas nos países consumidores, a endividar-se cada vez mais  (pagando de forma perversa os empréstimos com taxas de juro próximas do zero ou, então, contratar novos empréstimos) e / ou os bancos centrais fazem-no surgir do nada. O ZIRP, o NIRP, o QE, o LTRO e os acrónimos que ainda estão por inventar terão todos por  objectivo expresso destruir activos (compra de títulos obrigacionistas, acções, etc. que nunca mais voltarão ao mercado) e de os substituir por "dinheiro" novamente impresso que fará aumentar mecanicamente o preço dos activos restantes a níveis cada vez mais altos. O objectivo dessa monetarização é impedir que o mercado livre fixe o preço dos activos de acordo com uma quantidade decrescente de compradores e uma quantidade crescente de vendedores.

É a fraqueza fundamental progressiva e degenerativa (desaceleração do crescimento da população e declínio puro e simples da população entre os consumidores) que é a premissa de uma interferência cada vez maior do mercado e que está na origem da " força” económico-financeira observada no mercado. Bem entendido, a política consistente em dirigir de maneira  centralizada a valorização dos activos tem ganhadores (uma quantidade decrescente de instituições, detentores de activos, governos federais) e perdedores (uma quantidade crescente de jovens, pobres e , pessoas da classe trabalhadora e pessoas com pouco ou nenhum património).

Dados demográficos via Perspectivas demográficas mundiais das Nações Unidas 2019

Chris Hamilton

Sem comentários:

Enviar um comentário