Falando numa acção de campanha
eleitoral em Santarém, o primeiro-ministro Passos Coelho atribuiu o facto de as
taxas de juro dos últimos empréstimos contraídos pelo Estado estarem a subir
continuamente, aproximando-se já dos 8%, àquilo que designou de “preconceito
dos mercados” relativamente a Portugal e aos portugueses. “Aqueles que durante muitos anos se comportaram mal, acabam por ser
alvo da suspeita dos próprios mercados”, rematou.
Assim,
depois de nos últimos dois anos ter operado nos salários dos trabalhadores um
corte médio superior a 15%, de se preparar para completar um corte de valor
idêntico nas pensões de reforma, de aumentar o IRS em mais de 30% e de reduzir
brutalmente as despesas públicas com a saúde, a educação e a segurança social,
o governo de traição nacional PSD/CDS, pela boca do seu chefe, vem agora dizer
que aqueles que foram cruelmente espoliados e submetidos a uma vil existência
de fome e desemprego devem continuar a sê-lo ainda com mais intensidade, que os
sacrifícios que lhes foram impostos são ainda insuficientes e que é por isso
que os “mercados” estão a cobrar taxas de juro exorbitantes nos empréstimos que
realizam ao Estado português.
No
espaço de um mês, o Coelho veio dizer duas coisas aparentemente contraditórias.
Primeiro, num discurso proferido em meados de Agosto, afirmou que os “mercados”
recompensaram o país pelos sacrifícios suportados pela população, pondo a
economia a crescer. Depois, no mencionado discurso em Santarém, vem dizer que
os “mercados”afinal não acreditam no país e que é necessário manter e
incrementar as medidas terroristas de austeridade sobre o povo. De facto, não
existe nenhuma contradição entre as duas declarações referidas. Dentro da
lógica em que se move o Coelho, o seu governo e a sua classe, a condição
necessária para o crescimento da economia é o agravamento incessante da
exploração e da miséria dos trabalhadores.
Passos
Coelho tem a fibra de um fascista, daqueles que, com um sorriso nos lábios,
dizem às suas vítimas que o sofrimento e a desgraça a que estão sujeitos são o
que elas merecem e são o que as espera para o resto dos seus dias. Os
“mercados” de que este provocador fala são um eufemismo para designar os bancos
e os grandes grupos financeiros para onde são canalizados os rendimentos e os
recursos roubados aos trabalhadores e ao povo. Os “preconceitos dos mercados”
que este sacripanta invoca são a voracidade insaciável do grande capital e do
imperialismo germânico e é o desprezo absoluto pela vida dos que tudo produzem
e a quem tudo é negado, desde as necessidades mais básicas até aos direitos
mais elementares.
Não
há que ter contemplações com Passos Coelho e o seu governo. É imperioso
derrubá-los, sem esperar pelo período normal de eleições, em 2015. Os
trabalhadores e as suas organizações, em unidade com todos os sectores
democráticos e patrióticos da população, devem urgentemente desencadear todas
as formas de luta que sejam necessárias para cumprir esse objectivo. Só assim
se criarão as condições indispensáveis à construção de uma alternativa, um
governo democrático patriótico dotado de um programa de desenvolvimento da
economia, de independência nacional, de promoção dos direitos dos trabalhadores
e de progresso e bem-estar para o povo.
Sem comentários:
Enviar um comentário