segunda-feira, 5 de maio de 2014

A Inutilidade do voto útil!

Cada vez que se aproximam actos eleitorais, sejam para os órgãos autárquicos, seja para o parlamento europeu, seja para eleger deputados para a Assembleia da República, lá vem o PS com a cantilena do voto útil face ao papão da direita, onde há propostas mas não há preocupações sociais, sempre com aquele tom displicente e arrogante de quem aceita esse voto, não porque seja útil para o PS mas porque é útil para os portugueses que mais necessitam.

Qualquer acção política, nomeadamente a que resulta do voto, tem de ter um destinatário e defender interesses de classe. Cerca de quatro décadas de rotatividade entre voto na direita e voto útil na esquerda de que o PS se reclama, o que trouxeram que tenha beneficiado o povo e quem trabalha?  Vejamos:

·         Em nome da adesão à CEE , mais tarde União Europeia - quando denunciámos que não seria Portugal a entrar na CEE, mas a CEE a entrar em Portugal -, em nome de um projecto de solidariedade europeia do qual, se a ele aderisse, Portugal beneficiaria de fundos que colocariam o país e o povo no mesmo patamar dos países mais desenvolvidos da Europa, o que aconteceu, no entanto, foi uma destruição maciça do tecido produtivo – desde a siderurgia, metalomecânica/metalurgia, indústria mineira, às pescas, passando pela agricultura – e esta foi a inutilidade do voto útil;
·         Em cerca de 4 décadas, a indústria que representava cerca de 40% do PIB, passou a representar 13% e a agricultura e as pescas que asseguravam 30% de toda a riqueza produzida no país, passou a representar cerca de 2%! E esta foi mais uma inutilidade do voto útil;
·         A destruição que se registou, profunda e progressiva, da nossa economia, a escandalosa bancarrota financeira – com a falência dos chamados bancos de referência – o empobrecimento acelerado do povo português, acompanhado da desvalorização do trabalho, da liquidação da classe média, da destruição da soberania e da independência nacional, do desaparecimento das conquistas e liberdades democráticas e da crescente fascização da vida política, não aconteceram por geração espontânea, são antes consequências óbvias – directas ou indirectas – da introdução forçada de uma moeda única forte numa economia débil como era, à época, a economia portuguesa. E esta foi, uma vez mais, uma inutilidade do voto útil.

Em todas as circunstâncias em que o povo português se deixou embalar por esta cantilena do voto útil , bramida pelo PS, novas consequências para o seu direito ao trabalho, à saúde e à educação tiveram lugar. De cada vez que se deixou iludir por esta patranha, o povo português e quem trabalha viu diminuída ou restringida a sua capacidade negocial, o retirar de direitos e garantias, o resvalar para políticas que beneficiaram despedimentos colectivos, fecho de escolas e maternidades e outros serviços vitais para assegurar quer direitos, quer comodidade e eficácia para as populações.

Face a todo um fervor com que o imperialismo germânico impõe às outras nações europeias – sobretudo àquelas que aderiram à zona euro e, dentro destas, as que se sujeitaram a programas cautelares – os seus ditames, a direcção de Seguro e o PS, quiseram convencer o povo português da utilidade para os povos da Europa de o PSF de François Hollande vencer as eleições presidenciais em França. E a inutilidade do voto útil naquele país está à vista de todos! O que se passa hoje na França dirigida por Hollande é, aliás, um vislumbre do que será Portugal se governado por Seguro!

Depois, e certamente que acreditando que assim descola a sua da imagem de Sócrates, que em boa hora foi corrido pelo povo português, vem Seguro afirmar que à esquerda há preocupações sociais mas não há propostas realistas, prometendo rectificar este passado para que se consolide a obra feita que tem sido uma marca distintiva face aos governos de direita.

Mais uma vez escamoteando que foi Seguro e o PS que permitiram, o ano passado, que um dos principais objectivos dos trabalhadores e do povo português – o derrube do governo de traição nacional de Coelho, Portas e Cavaco – não fosse concretizado, ao aceitar fazer um pacto com o diabo, no âmbito da convergência tão solicitada pelo indigente de Belém. Pacto do qual resultou a redução de um imposto que beneficia ainda mais os grandes capitalistas – o IRC! Como foi Seguro que instruiu, primeiro o traidor Proença e, depois, o traidor Carlos Silva, a aceitar que na concertação social toda a sorte de medidas terroristas e fascistas, promotoras do roubo dos salários e do trabalho, tivessem acolhimento.

Mais uma vez escamoteando que os únicos beneficiários da utilidade do voto no PS têm sido os grandes grupos económicos e financeiros, os interesses de países como a Alemanha e a França que beneficiaram da destruição do tecido produtivo português e da crescente dependência do país aos produtos originários daqueles.


Voto útil, quer nas eleições para o parlamento europeu, quer em futuros actos eleitorais, nomeadamente para as legislativas, é o voto naqueles que defendem o derrube deste governo de traição nacional, a constituição de um governo democrático e patriótico, o não pagamento da dívida e a saída do euro.

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