A duplicidade de critérios dos principais meios de comunicação social no genocídio da Palestina (Gil)
13 de Outubro de
2024 ROBERT GIL
Pesquisa realizada por Robert Gil
Eu estava a ouvir uma discussão interessante
no café da manhã (1) entre Jo Napolitano e Mearsheimer (o cientista
geopolítico americano) (ver este artigo: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2024/09/intelectuais-burgueses-descrevem-o.html
).
Resulta da sua discussão, para além do
colapso do exército ucraniano face ao desgaste das forças russas, que na
Palestina, segundo o jornal
Haaretz, o exército sionista matou mais pessoas a 7 de Outubro de 2023 do que o
próprio Hamas (7). Eles também abordam um estudo publicado na "Lancet",
de acordo com os autores do artigo, o número de 200.000 mortes na Faixa de Gaza foi
ultrapassado (5).
Muitos morreram de ferimentos sem acesso a cuidados de saúde devido à
destruição de hospitais, outros morreram devido à privação de alimentos. Onde
está o clamor na grande media? Onde estão os "J'accuse"? Mas em parte
alguma os guardiões do sistema estão lá para esconder o declínio abismal da
moralidade dos nossos líderes e a fantasia das nossas democracias que assentam
nas aspirações da grande maioria das pessoas.
Nenhum Estado ocidental mencionou arrastar líderes sionistas perante o TPI, a maioria criticou a acusação de genocídio da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça. Ninguém falou em resgatar os palestinianos que estavam claramente sob ataque, nem pensou em aplicar sanções económicas ou em apresentar a factura da destruição ao Estado sionista. Nenhum deles convocou um embaixador ou rompeu relações diplomáticas. Os EUA continuam a armar os genocidas e a proibir qualquer assistência aos palestinianos. Neste caso, não apoiamos o agredido, mas sim o agressor!
Claro que houve a
comédia do mandato contra Netanyahu, mas e quanto a isso? Nada aconteceu, pelo
contrário, desde a sua acusação, ele veio fazer o seu espectáculo no Senado
americano e nos nossos meios de comunicação. Ele veio dizer-nos que Israel está
a lutar pela nossa liberdade, para impedir que grupos islâmicos venham levar a
cabo ataques na Europa, está a lutar pela democracia... não te lembra de nada?
Zelensky está a lutar pela nossa liberdade, a Ucrânia quer impedir o exército
russo de invadir a Europa, para preservar a democracia! Nenhuma análise
concreta de uma situação concreta, apenas ameaças para trazer à tona o medo.
Somos sociedades atordoadas governadas pelo medo, pelo medo do outro, pelo medo
do futuro... O medo é um mau conselheiro!
A maioria das pessoas está apenas imersa
na propaganda diária que tomam por informação. Criticar os sionistas seria
anti-semitismo? Então, o que dizer dos judeus que dizem explicitamente que os
sionistas não têm direitos divinos, que praticam a
limpeza étnica, a colonização na violência, o apartheid
e agora o genocídio sem
vergonha, ou mesmo que o sionismo é uma forma de ideologia extremista
pseudo-religiosa que é apenas um tentáculo da postura supremacista dos líderes
ocidentais? A media martela o tempo todo que a situação na Palestina é
consequência de um conflito religioso entre judeus e palestinos (parvoíce). Há,
no entanto, uma longa história de judeus socialistas a lutar contra o
sionismo (8), mas
os nossos meios de comunicação social esquecem-se de nos falar destes judeus
que se opõem a Israel (9).
Vamos parar de confundir como querem os nossos
líderes judeus e sionistas, vamos diferenciar entre anti-semitas e anti-sionistas...
Vamos parar com a duplicidade de critérios, de acordo com o Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a guerra na Ucrânia causou 10.000 mortes
de civis e 19.000 feridos (total do lado ucraniano e do lado russo) em dois
anos de guerra (2). Em
poucos meses de guerra em Gaza, houve 38.000 mortos e 88.000 feridos, de acordo
com a UNICEF (3),
21.000 crianças estão desaparecidas, além dos 15.000 mortos por Israel (4).
O TPI é rápido a emitir mandados de
captura (6) contra Putin, o seu ministro da Defesa ou os seus generais, com
base apenas nas declarações e afirmações do regime de Kiev, sem qualquer
investigação séria, entretanto, em Gaza, com geral indiferença está a ocorrer
um genocídio diante dos nossos olhos, e Israel continua em nome da auto-defesa a bombardear o
Líbano, Síria, sem qualquer condenação do Ocidente... e, claro, o silêncio radiofónico nos meios de
comunicação social, enquanto os países de Leste reabilitam os colaboradores
nazis (10). Não é
de estranhar que estejamos cada vez mais isolados na cena internacional. A
China, a Coreia do Norte ou o Irão estão ameaçados porque são suspeitos de
ajudar a Rússia, enquanto mais de 40 países ocidentais estão a armar, treinar e
financiar a Ucrânia... ousamos tudo. O mundo inteiro vê a culpabilidade dos
Estados Unidos na crise da Ucrânia e noutros pontos críticos ao redor do
mundo. Os
Estados Unidos são a maior fonte de instabilidade no mundo. É por isso que a maioria dos países se recusa a
aderir às sanções anti-russas e não para de negociar com elas.
Finalmente, para completar, nos Jogos Olímpicos de Paris, os atletas israelitas
são permitidos, mas os atletas russos e bielorrussos são proibidos, excepto
aqueles que concordam em participar sob uma bandeira neutra sem hinos
nacionais... Parece que não devemos politizar o desporto!
Foi na sequência de um comentário de jjwaDal na
Agoravox que tive a ideia para este artigo.
Notas
(1) Brunobertez.com, 12/07/2024: "Mearsheimer: o colapso em curso da
Ucrânia".
(2) Statista, 12/02/2024: "Número de civis mortos ou feridos registado
pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde o
início da guerra na Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022, em Janeiro de
2024".
(3) Unicef, 11/07/2024: "Israel-Palestina: milhares de crianças
desgastadas pela guerra".
(4) Les crises.fr, 13/07/2024: "21.000 crianças estão desaparecidas em
Gaza, além das 15.000 mortas por Israel".
(5) France 24, 11/07/2024: "Mais de 186.000 mortos em Gaza: quão
confiável é a estimativa publicada no site da The Lancet?"
(6) História e Sociedade, 13/07/2024: "O TPI – uma engrenagem na
máquina de guerra da NATO".
(7) Le Grand Soir, 07/12/2023: "Gaza – O que aconteceu em 7 de Outubro?"
(8) Revolução Permanente, 27/10/2023: "Uma breve história dos judeus
anti-sionistas".
(9) Radio Canada, 04/11/2023: "Estes judeus que se opõem a
Israel".
(10) Le Monde Diplomatique, Atlas Histórico 2010: «Países da Europa
Oriental reabilitam colaboradores nazis»
Fonte: Le deux poids, deux mesures des médias mainstreams en Palestine génocidée (Gil) – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa
por Luis
Júdice
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