segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O colapso da economia israelita sob uma guerra perpétua


Outubro 7, 2024  Robert Bibeau 

Por Shir Hever

É inédito que as manchetes dos principais jornais de Israel e as palavras de ordem do movimento BDS sejam quase idênticos. Nenhum Estado do mundo foi capaz de infligir tantos danos à economia israelita como o próprio Estado de Israel, e o resultado é uma multiplicação de sinais de que a economia israelita chegou a um beco sem saída, sem perspectivas enquanto o Estado continuar a ser um Estado sionista do apartheid rejeitado por todo o mundo, com excepção dos Estados Unidos e da Alemanha e alguns guarda-costas de estados ocidentais...

Quando manifestantes anti-governamentais israelitas ergueram um enorme cartaz com a palavra de ordem do BDS "From start-up nation to broken nation", foi nada menos que uma violação de direitos autorais. Mas isso foi em Fevereiro de 2023. Depois do 7 de Outubro, tudo mudou.


O ataque genocida de Israel à Faixa de Gaza
, que já matou mais de 40.000 palestinianos, incluindo mais de 15.000 crianças, pode condenar mais de 146.000 palestinianos em Gaza a morrer nos próximos meses devido a complicações de saúde relacionadas com ferimentos, fome e doenças. A guerra destruiu a vida de 2,3 milhões de pessoas na Faixa de Gaza e de milhares na Cisjordânia ocupada. Estimativas da ONU indicam que 70% das casas foram destruídas e que os destroços levarão 15 anos para serem removidos. No entanto, não há dúvida de que os sobreviventes palestinianos do genocídio, embora traumatizados, empobrecidos e de luto pelos seus entes queridos desaparecidos, acabarão por se reconstruir e recuperar, não importa quanto tempo leve.

A destruição física em Israel causada pela guerra é mínima em comparação e, no entanto, uma coisa foi destruída: o futuro do país.

Os indicadores económicos falam de uma verdadeira catástrofe. Mais de 46.000 empresas faliram, o turismo parou, a notação de crédito de Israel foi rebaixada, os títulos israelitas estão a ser vendidos a níveis próximos dos das obrigações "lixo" e o investimento estrangeiro, que já tinha caído 60% no primeiro trimestre de 2023 (devido às políticas do governo de extrema-direita de Israel antes de 7 de Outubro), não mostram sinais de recuperação. A maioria dos fundos investidos em fundos de investimento israelitas foi desviada para investimentos no estrangeiro, uma vez que os israelitas não querem que os seus próprios fundos de pensões, seguros ou poupanças estejam ligados ao destino do Estado de Israel. Isso levou a uma surpreendente estabilidade no mercado de acções israelita, já que os fundos investidos em acções e títulos estrangeiros geraram lucros em moeda estrangeira, que foram multiplicados pelo aumento da taxa de câmbio entre as moedas estrangeiras e o shekel israelita. Mas então a Intel cancelou um plano de investimento de 25 mil milhões de dólares em Israel, a maior vitória do BDS até hoje.

A crise está a afectar mais profundamente os meios de produção da economia israelita.

Todos estes indicadores são financeiros. Mas a crise está a atingir mais profundamente os meios de produção da economia israelita. A rede eléctrica de Israel, que mudou em grande parte para o gás natural, ainda depende do carvão para atender à procura. O maior fornecedor de carvão de Israel é a Colômbia, que anunciou que suspenderá as entregas de carvão a Israel enquanto o genocídio continuar. Depois da Colômbia, os dois maiores fornecedores são a África do Sul e a Rússia. Sem electricidade fiável e contínua, Israel deixará de poder afirmar ser uma economia desenvolvida. Os parques de servidores não funcionam sem energia 24 horas por dia, e ninguém sabe quantos cortes de energia o sector israelita de alta tecnologia poderá suportar. As empresas internacionais de tecnologia já começaram a fechar as suas filiais em Israel.


A reputação de Israel como uma "nação start-up" depende de seu sector de tecnologia, que, por sua vez, depende dos seus funcionários altamente qualificados. Académicos israelitas relatam que a pesquisa conjunta com universidades estrangeiras diminuiu drasticamente devido aos esforços dos movimentos estudantis. Os jornais israelitas estão cheios de artigos sobre o êxodo de israelitas instruídos. O professor Dan Ben David, um famoso economista, argumentou que a economia israelita é baseada em 
300.000 pessoas (o pessoal sénior de universidades, empresas de tecnologia e hospitais). Quando uma parte significativa dessas pessoas partir, diz ele, "não nos tornaremos um país de terceiro mundo, simplesmente deixaremos de existir".

Os dados sobre o número efectivo de israelitas que abandonam o país são confusos e contraditórios. Numa altura de extrema incerteza, em que os jornais israelitas espalham desinformação sobre uma vaga mundial de anti-semitismo, como se os judeus corressem mais perigo na Europa ou na América do Norte do que em Israel, muitos israelitas continuam a optar por emigrar - as famílias estão a tirar férias prolongadas e outros israelitas estão a explorar opções de trabalho e de estudo no estrangeiro. No entanto, as estimativas do número de israelitas que já abandonaram o país variam enormemente.

Os dois sectores da economia israelita que não registam um colapso são as empresas de armamento, que registam vendas elevadas (embora a maioria seja doméstica, armando o genocídio), e as “saídas” - quando as empresas internacionais disputam os restos do sector tecnológico de Israel em busca de pechinchas. Até a Google manifestou interesse em comprar a empresa israelita de cibersegurança Wiz, fundada por oficiais dos serviços secretos israelitas que estão desejosos de vender a sua empresa à Google para poderem sair de Israel.

Os economistas israelitas esperavam que o Governo israelita tomasse medidas urgentes para fazer face à crise, acabar com a guerra, reduzir a despesa pública, aumentar os impostos, restaurar a confiança do público nas instituições públicas de Israel e restabelecer as relações externas do país, em especial com os países de que depende para o comércio - a UE, a Turquia e a Colômbia. Em vez disso, o Governo israelita está a implementar planos para destruir a economia palestiniana, não só em Gaza, mas também a da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia. Adopta uma abordagem beligerante em relação a qualquer Estado que critique as suas políticas e adoptou um orçamento irrealista de última hora para 2024.

Na era da economia da informação, as perspectivas económicas dos governos não são determinadas pelas matérias-primas nem pela qualidade da mão de obra. Pelo contrário, vivemos numa era da "economia das expectactivas". O hype em torno da "nação start-up" de Israel transformou-se num #Shutdownnation. Dois renomados economistas israelitas, Jugene Kendel e Ron Tzur, publicaram um relatório secreto no qual preveem que Israel não sobreviverá até ao seu 100º aniversário. O relatório está a ser mantido em segredo porque eles não querem que se torne uma profecia auto-realizável, mas deram entrevistas sobre isso. No 76º Dia da Independência de Israel, o Haaretz publicou um editorial nas suas edições inglesa e hebraica, com o título: "Israel sobreviverá para celebrar o seu 100.º aniversário? Só se Netanyahu renunciar." A edição hebraica foi publicada sem essa precisão. Quase quatro meses se passaram e Netanyahu não dá sinais de abandonar o poder e está a sabotar as negociações para um cessar-fogo a fim de evitar eleições.

Três historiadores israelitas, dois sionistas e um anti-sionista, declararam que o projecto sionista chegou ao fim. Quando uma massa crítica de israelitas, independentemente das suas opiniões políticas, estiver convencida de que o apartheid israelita se tornou insustentável, deixará de estar disposta a investir energia e dinheiro, a arriscar as suas vidas e as das suas famílias pelo projecto sionista. Procurarão um futuro melhor para si próprios, como qualquer pessoa sã, quer deixando Israel, quer, melhor ainda, trabalhando para um novo sistema político democrático na Palestina. Uma pessoa, uma voz e um futuro em que todos, independentemente da religião e etnia, possam ter um lugar.

fonte: Mondoweiss via Strategika

Fonte: https://reseauinternational.net/la-chute-de-leconomie-israelienne/

 

Fonte: La chute de l’économie israélienne sous la guerre perpétuelle – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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