Outubro 21, 2024 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — Estas são talvez as três palavras que Maurizio Seracini
em breve pronunciará em busca de um novo graal: a obra-prima escondida do
grande Leonardo da Vinci: "a batalha de Anghiari".
Em referência à famosa frase atribuída a Júlio César em 47 a.C., um
engenheiro especializado na análise de obras de arte, Maurizio Seracini, (link) procura há anos a obra-prima
escondida de Leonardo da Vinci e, após uma longa investigação, pode finalmente
conhecer toda a verdade.
A obra monumental e escondida de Leonardo da Vinci superaria, segundo
especialistas, a mais famosa das obras do mestre, a Mona Lisa.
A história desta pintura é sulfurosa e trágica. link
Numa altura em que o grande Da Vinci estava no auge da sua arte, Pier
Soldérini, florentino e porta-bandeira (gonfaloniere) da justiça nomeado
vitalício, pediu ao Mestre que lhe fizesse uma pintura de 7 por 17 metros, que
seria instalada no Palazzo Vecchio, o palácio do governo, para celebrar a
derrota dos Médici.
Leonardo aceitou, e trabalhou duramente, acompanhado por 5 assistentes.
Mas, sob significativa pressão política, e frustrado por dificuldades
técnicas, o grande pintor reduziu as suas pretensões, e a pintura produzida foi
de apenas 6 por 4 metros.
(Para ler "Anghiari, les batailles du
dessin" in X, l'œuvre en procès, croisement des arts, tome lll, dir. Eliane Chiron, Paris, publications de la
Sorbonne, 1998)
A obra criada desperta a admiração de todos, e do diplomata Francesco Doni,
ao escultor Benvenuto Cellini, todos elogiam a obra como o culminar do trabalho
do artista.
É aqui que as coisas se complicam.
Alguns anos mais tarde, os Médici recuperaram o poder e, naturalmente,
tiveram uma visão sombria da pintura do mestre.
Eles transformaram o palácio num estábulo, depois de terem coberto o grande
fresco de Leonardo com uma cofragem de madeira.
Para reforçar ainda mais a ideia, pediram a outro artista, Giorgio Vasari,
que pintasse um fresco de 6 painéis em louvor das batalhas ganhas pelos
Médicis, cobrindo o trabalho de Vinci.
Segundo a lenda, Vasari não podia deixar que o fresco de Leonardo desaparecesse e mandou construir um muro à sua frente para o preservar.
O que intriga os especialistas são as duas palavras que Vasari pintou num pormenor do seu próprio fresco, numa faixa: “Cerca, Trova” (quem procura, encontra).
Os séculos passaram e, em 1975, Carlo Pedretti, professor de história da arte, ajudado por um jovem engenheiro, Maurizio Seracini, decidiu esclarecer esta lenda.
Carlo Pedretti não era um homem comum.
Especialista em Leonardo da Vinci, é também director do Centro Armand Hammer de Estudos da Vinci, em Los Angeles.
Provou que a folha 812, feita por Leonardo para representar um automóvel, podia ser utilizada para fabricar um veículo capaz de se deslocar entre 20 e 40 metros.
Fez um modelo, baseado nos desenhos de Leonardo, confirmando as suas
palavras. link
Seracini, que se tornou um especialista na ciência dos segredos das obras
de arte, investiga e chega à conclusão de que a obra ainda está lá.
Graças à experiência, ele colocou em prática todas as tecnologias que temos
hoje para provar a existência da obra-prima.
Durante 35 anos, com a ajuda de muitos patrocinadores, ele procurou a
verdade.
Há dois anos, foi publicado um artigo sobre o assunto na agoravox, mas
desde então as coisas têm vindo a avançar.
Em 16 de Outubro, Seracini entrou na fase final de sua procura.
O novo prefeito de Florença deu-lhe permissão para usar as mais recentes
tecnologias conhecidas (raios gama e bombardeamento de neutrões) para
identificar o que está por trás do muro.
Dentro de 24 meses, ou talvez até antes, teremos a resposta.
O fresco de Vasari terá sido removido e preservado, e os tijolos da parede
serão removidos para revelar (ou não!) o trabalho magistral de Da Vinci.
Vemo-nos em Outubro de 2011 para sabermos toda a verdade.
Porque como disse um velho amigo africano:
"Quando
um velho morre, é uma biblioteca que arde."
Fonte: Veni, Vedi…Vinci? – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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