
Assim, somos confrontados com a visão daqueles que confundem
a árvore com a floresta, reduzindo a discussão à apreciação que fazem da acção
ou do pensamento de um protagonista (a árvore) qualquer, escamoteando que essa
acção – ou acções – e esse pensamento, surgem num contexto mais global (a
floresta).
Ou seja, o que esta corrente nos tenta impor é uma visão
contrária à abordagem científica, em que o meio ou o fenómeno precede a
consciência que dele temos ou a idéia que fazemos sobre a possibilidade de o
transformarmos, recusando a
interdependência dialéctica que existe entre os dois patamares.

Estes oportunistas alinham na tese imperialista que justifica a invasão, pilhagem e domínio
das nações, ou porque são dirigidas por ditadores, ou porque possuem armas de destruição maciça, ou porque,
fundamentalmente, os povos dessas nações ousam opor-se ao domínio imperial que
lhes querem impôr.
Vertem lágrimas de crocodilo pelas dezenas de vítimas de
atentados que clamam ser terroristas, que ocorram nas capitais e cidades dos
países agressores, escamoteando que foi a agressão imperialista às nações vítimas dela – e o negócio
do armamento – que alimentou a guerra nesses países e fez florescer os alegados
grupos terroristas.

Vem isto a propósito da recente escalada na chamada guerra
diplomática que opõem os aliados das potências imperialistas americana e
britânica à Federação Russa e que já levou à expulsão de dezenas de diplomatas
russos de várias embaixadas desta Federação em todo o mundo e respectiva resposta revanchista por parte da diplomacia russa.
Enquanto os oportunistas – sobretudo aqueles que se reclamam
de esquerda – persistem na visão
empírica, que assenta na fulanização, atribuindo a Trump ou a Putin a responsabilidade de tal escalada, os marxistas entendem que
estes são episódios próprios da fase imperialista do capitalismo que é a da
permanente guerra, quer pelo domínio das fontes de matéria-prima, quer pelo
controlo dos mercados de escoamento dos seus produtos, excedentários ou não.
São estes oportunistas que vêem a terreiro defender a sua burguesia, aplaudindo a atitude prudente do governo de António
Costa e do PS, quando este se recusa a secundar e replicar a decisão dos seus
aliados imperialistas em expulsar diplomatas da Federação Russa, em vez de entrarem
em ruptura com as práticas protagonizadas pelas diferentes potências
imperialistas envolvidas no processo.
São estes oportunistas que nunca compreenderam o que é o
imperialismo e o que foi o social-imperialismo nos tempos da ex-União Soviética
. Porque não compreenderam o facto de, não tendo sido destruídas, com a
Revolução de Outubro de 1917, as relações de produção e o modo de produção
capitalistas, rapidamente as nacionalizações
redundaram em capitalismo de estado.

Porque é importante colocar esta questão nestes termos?
Porque, só assim, a classe operária e os trabalhadores em todos os países do
mundo – incluindo os imperialistas – podem ganhar consciência de que o imperialismo
é a guerra e, como a história o tem comprovado, operários e trabalhadores não
devem associar-se a uns para combater os outros, mas sim aproveitar-se das
contradições no seu seio para fazer avançar a revolução. Nunca, como hoje, fazem tanto sentido as palavras de Mao – Guerra
do Povo à Guerra Imperialista!
Aliás, essa foi a grande lição que os verdadeiros comunistas
retiraram dos conflitos interimperialistas – mormente as I e II Guerras
Mundiais -, organizando-se para liderar as revoluções que se oporiam a essas
guerras e impondo as sociedades socialistas, quer na União Soviética, quer na
China.
