quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Greve é um instrumento de libertação do Trabalho

No seu afã egoísta e criminoso de implementar o caótico processo de acumulação capitalista, que só visa o sacrossanto lucro não importa à custa do quê nem de quem e que só beneficia o detentor do capital e dos meios de produção, a burguesia tende a fazer-se “esquecida” do facto de o único artífice da criação de riqueza, o único produtor de mais-valia, é aquele que não tendo a posse desses meios – por enquanto – nem do capital – financeiro, bancário ou industrial – tem para vender a sua força de trabalho braçal ou intelectual, força essa que é a única geradora da riqueza que, afinal, é ilegitimamente apropriada pela burguesia e o capital.


Esta imagem de 1900 de mineiros belgas obrigados a descer à mina num elevador sobrelotado deve servir para que se pondere qual tem sido o papel dos sindicatos nas sociedades modernas


E é este “esquecimento” que leva os operários e os camponeses, os trabalhadores e o povo em geral, ao longo dos últimos séculos, a disporem-se a organizar-se e a lutar, por vezes com recurso à violência, para fazer face à violência que a burguesia e as suas forças repressivas sobre eles faz abater, para que uma parte das mais-valias por si criadas sejam destinadas a proporcionar-lhes uma vida digna, os meios que lhes assegurem a subsistência quando eles, ou algum elemento da sua família, por doença ou invalidez ou, pura e simplesmente, por terem sido lançados no desemprego, tiverem ficado sem meios de subsistência.

Não fosse, portanto, esta luta secular, por vezes violenta e sangrenta, entre o TRABALHO e o CAPITAL, e viveríamos em autêntica barbárie e obscurantismo. Não fora os operários, os camponeses, os trabalhadores em geral, disporem-se a organizar-se e a lutar para impor os seus direitos e a burguesia e o seu sistema capitalista teriam acumulado capital “em roda livre” sobre os cadáveres de quem produz as mais-valias que permitem tal processo de acumulação.

Se esta contradição é uma evidência para um importante sector do mundo do trabalho, precisamente o sector mais consciente, cada vez mais numeroso, não menos certo é o facto de que, cada vez que se torna necessário convocar e realizar uma Greve Geral ou uma manifestação contra a presença da nova führer Merkel ou contra os seus inspectores coloniais (o correspondente aos antigos “inspectores do cacimbo” quando o regime salazarista mantinha o sistema colonial), cada vez que um novo surto de contestação, indignação ou luta justa se desencadeia, seja para salvaguardar as conquistas alcançadas à custa de muito suor, sangue e lágrimas, seja para levar os trabalhadores a imporem à burguesia novas conquistas, muitos trabalhadores, também eles explorados, muitos deles em situação de precariedade extrema, cedem à manipulação que a burguesia – através dos meios de comunicação de que é detentora – opera sobre as suas consciências, acabando por alinhar na condenação de qualquer tipo de luta, sobretudo lamentando os “inconvenientes” pessoais que estas lhes acarretam.

Quando confrontados com este tipo de comportamentos – e não devemos alimentar mais ilusões, pois, para derrubar este governo e impor a constituição de um Governo Democrático Patriótico, muitas greves serão necessárias realizar, muitas lutas serão necessárias travar, muitas delas com recurso à violência revolucionária que se contraponha à violência contrarrevolucionária – os trabalhadores mais conscientes, organizados e mobilizados para a necessidade de lutar para conseguir obter, manter ou consolidar as conquistas a que têm direito, devem, com alguma paciência e muita firmeza, colocar a esses seus companheiros, explorados tal como eles, a questão de saber se eles estão dispostos a prescindir dos direitos que as lutas que o movimento operário e popular foi assegurando ao longo de séculos.

E, de forma clara e incisiva, devem confrontar esses seus companheiros, por enquanto iludidos - pelo menos a esmagadora maioria que é recuperável, não perdendo tempo com a minoria fervorosamente adepta do campo do inimigo de classe e confabulada com ele -, com o elencar das principais conquistas que, se fossem coerentes, ao manifestarem-se contra as greves que as possibilitaram no passado, delas deveriam abdicar:



·         Desde logo, e à cabeça, o direito à Greve;

·         Mas, também, o direito a ter opinião e a defendê-la em público sem receio de ser perseguido, preso ou morto por virtude de a defender;

·         O direito às 40 horas de trabalho semanais (8 horas diárias), e em alguns casos horários inferiores a este, passando a concordar que lhe seja imposta a jornada de 15 horas diárias que vigorava anteriormente a esta conquista;

·         O direito ao descanso semanal, passando a estar de acordo em trabalhar de domingo a domingo, tal como acontecia antes das lutas que levaram à imposição desta conquista;

·         O direito aos subsídios de férias, de Natal, ao subsídio de doença, de Maternidade, de Doença, de Desemprego, a maioria deles indispensáveis ao aumento da esperança média de vida de que hoje beneficiamos, conquistas alcançadas, também elas, à custa de sucessivas greves e paralisações, com a acção dos piquetes de greve a oporem-se aos fura-greves e às forças da repressão que os apoiavam muitas das vezes de forma violenta;

·         O direito à Saúde, à Educação e à Justiça que, apesar de serem hoje alvo de um ataque sem precedentes que visa a sua privatização e a dificultação do acesso aos mesmos por parte dos trabalhadores e do povo, e seus familiares, foram conquistas arrancadas à burguesia à custa de muita luta, entre as quais as que obrigaram ao recurso da greve, sendo que hoje, se desejamos manter e ampliar tais direitos e conquistas, devemos prosseguir e aprofundar essas lutas. Estão esses companheiros dispostos a abdicar da educação para os seus filhos, da saúde para eles e seus familiares, bem como de uma justiça independente, que essas lutas proporcionaram?



Muitos mais direitos, muitas mais conquistas, poderiam ser elencadas. Mas, o que é urgente, o que é importante, com paciência, com firmeza, evidenciar perante todos os trabalhadores que estão iludidos quanto ao meio que os levará a obter uma vida com dignidade, é que a burguesia nada deu de mão beijada a quem trabalha. É necessário responsabilizar os sindicatos que, por laxismo, oportunismo ou capitulação perante o inimigo de classe, foram desertando de uma das principais funções para que foram criados: elevar a consciência dos trabalhadores e prepará-los para a necessidade de enquadrar todas as suas lutas na luta mais geral, aquela que levará à destruição de uma sociedade assente na exploração do homem pelo homem.

E é tão mais importante responsabilizar os sindicatos e as centrais sindicais quando, na situação política actual, a Greve Geral nacional, por tempo indeterminado e com ocupação dos locais de trabalho, é a principal arma de que dispõem os operários, os trabalhadores e o povo em geral para derrubar este governo de traição nacional, liderado por Coelho e Portas, mas tutelado por Cavaco Silva, com o propósito de constituir um governo democrático patriótico cuja primeira medida seria a suspensão, no mínimo, do pagamento da dívida e a preparação da saída de Portugal da União Europeia e do euro para garantir a recuperação da independência nacional e o implementar de um novo paradigma de economia, ao serviço e controlada por quem trabalha.


28 de Maio de 1975:

Um ataque desesperado da contra-revolução contra o 

seu principal inimigo




A 28 de Maio de 1975, as tropas do COPCON, na época a 5ª coluna e o braço armado dos social fascistas do PCP, lideradas pelo pistoleiro Otelo Saraiva de Carvalho e comandadas pelo falecido - e tão elogiado pela burguesia que sempre serviu - facínora e fascista Jaime Neves, , invadiram e destruíram, com base num plano meticulosamente levado a cabo, várias sedes do MRPP por todo o país, prendendo mais de 400 dos seus militantes, incluindo o seu Secretário-Geral, o camarada Arnaldo Matos.

Não certamente por acaso, a data escolhida para o efeito coincidiu com a célebre, famigerada e negra data em que, quase meio século antes, havia ocorrido o golpe militar que colocaria Salazar no poder, primeiro como Ministro das Finanças  e, depois, como presidente do conselho, de um regime colonial e fascista, que em nada difere, no essencial, daquilo que hoje vivenciamos relativamente ao governo Coelho/Portas.

Evocar a data é importante, quer para relembrar que o MRPP - e posteriormente o PCTP/MRPP - foi o único partido a desmistificar o oportunismo daqueles que queriam fazer crer que com o 25 de Abril, a classe operária, os camponeses, os trabalhadores e o povo português tinham, finalmente, alcançado a Liberdade e a Democracia pelas quais tanto haviam lutado e sofrido, quer para evocar as semelhanças com o presente, quando não podem deixar de ser comparadas as semelhanças e circunstâncias em que o ditador e fascista Salazar chegou ao poder com aquelas que levaram à indigitação de Gaspar como ministro das finanças do governo de traição nacional encabeçado por Coelho e Portas e apadrinhado por Cavaco Silva.

Foi precisamente pelo facto de o MRPP se ter constituído e afirmado como vanguarda da classe operária e cabeça da luta revolucionária pela destruição completa do Estado fascista e pela construção do socialismo, que as suas sedes e os seus militantes e dirigentes foram atacados, não tendo sido assassinados porque uma onda de luta pela sua libertação se levantou por todo o país, com dezenas de milhar de democratas e patriotas a exigirem e a imporem a sua libertação. O Partido saiu mais forte e coeso desta luta vitoriosa contra a tentativa desesperada da contra-revolução para o aniquilar.

Apesar de a burguesia e os seus lacaios terem prosseguido a sua campanha de cerco, aniquilamento e amordaçar das opiniões e posições políticas do PCTP/MRPP, um cada vez maior número de operários, camponeses, trabalhadores, democratas e patriotas, ganham consciência de que, se chegámos à situação política actual foi precisamente porque as ilusões e o oportunismo tomaram conta da direcção do movimento revolucionário que, após o golpe militar de 25 de Abril, eclodiu em todo o país, tal como sempre e coerentemente afirmámos.

Assinalar a data é ainda conclamar a classe operária e os trabalhadores portugueses para que, na presente situação política, não se deixem enredar nas ilusões com que aqueles que, no passado, já lhes haviam indicado a aliança Povo/MFA ou as nacionalizações - sem que o estado burguês e fascista tivesse sido destruído nos seus fundamentos - nos levariam à sociedade socialista e ao socialismo, paralisando a sua acção e desviando-os dos seus objectivos, nos proponham agora a renegociação ou a reestruturação de uma dívida que não contraíram, nem dela retiraram qualquer benefício.

Assinalar a data é apontar o caminho do derrube do governo Coelho/Portas e do seu tutor Cavaco Silva, da expulsão da tróica germano-imperialista do nosso país, da constituição de um Governo Democrático Patriótico que suspenda de imediato o pagamento da dívida e prepare a saída de Portugal, quer da União Europeia, quer do euro.


Pelo derrube do governo de traição nacional Coelho/Portas!

Cavaco para a rua!

Tróica fora de Portugal!

Não Pagamos!


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Uma importante luta dos professores portugueses

greve 01Por iniciativa da Federação Nacional de Professores (FENPROF), foi constituída uma plataforma de todos os sindicatos dos professores do ensino básico e secundário, com o objectivo de conter e derrotar o novo pacote de medidas terroristas do governo de traição nacional de Passos Coelho contra a educação pública e os profissionais que desenvolvem a sua actividade neste sector.
A primeira decisão desta plataforma sindical foi a de convocar uma greve às avaliações finais, entre 7 e 14 de Junho, e ao primeiro dia de exames do ensino secundário, a 17 de Junho. Pelo meio, foi também convocada uma manifestação nacional de professores, a realizar em 15 de Junho, em Lisboa.
O objectivo principal imediato da luta dos professores é impedir a aplicação de duas medidas que o governo pretende impor: o aumento do horário de trabalho (das 35 actuais para as 40 horas semanais) e o lançamento de um processo de despedimento em massa de professores do quadro, que se pretende tornar possível através de um golpe legislativo inteiramente celerado e fascista.
Para além do que representa em termos estritamente laborais, esta luta dos professores portugueses reveste-se de uma assinalável importância política geral, por vários motivos.
Em primeiro lugar, porque confronta o governo Coelho/Portas, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional num ponto decisivo, que é a privatização acelerada de educação pública que estas entidades pretendem promover, com o objectivo de entregar aos grandes grupos económicos capitalistas a exploração de um sector que representa, entre gastos públicos e privados, um valor próximo dos 10% do Produto Interno Bruto. A diminuição drástica dos custos com o trabalho nas escolas e a sobre-exploração dos respectivos profissionais (via despedimentos em massa, cortes salariais sucessivos e aumento brutal do horário de trabalho), constitui um elemento fulcral do objectivo de transformação capitalista do sector educativo e de liquidação da escola pública e democrática, com todas as consequências extremamente negativas a tal associadas.
Em segundo lugar, esta luta dos professores configura uma nova frente de resistência à tentativa, por parte do governo e da tróica, de aumentar por via legislativa o horário de trabalho em Portugal. Através da sua luta, os trabalhadores portugueses impediram, em 2012, que esse horário sofresse um aumento de meia-hora, como então se pretendeu impor. É preciso agora infligir uma nova derrota ao governo e à tróica e fazer dessa derrota uma alavanca para alcançar o objectivo central imediato da luta dos trabalhadores e de todo o povo português, que é o derrube desse governo e a constituição de um governo alternativo, democrático patriótico.
Em terceiro lugar, a presente luta dos professores (e a dos funcionários públicos, em geral) estabelece, pela primeira vez desde a greve geral de Novembro de 2011, uma unidade ampla entre as centrais sindicais e respectivos sindicatos, que abrange também as organizações sindicais que não integram aquelas centrais. Isto resulta do facto de nenhuma organização se poder colocar fora desta luta, sob pena de ser completamente abandonada e desprezada pelas massas que diz representar, e reflecte uma situação geral de mobilização popular cada vez mais intensa para derrubar o governo PSD/CDS, rejeitar frontalmente as políticas da tróica e construir uma alternativa.
Por todas estas razões, a luta actual dos professores portugueses (associada à dos demais funcionários públicos) tem de ser fortemente apoiada por todos os trabalhadores e sectores democráticos e patrióticos e requer, de todos os que no terreno a estão a organizar e dirigir, o máximo empenho e discernimento. O país tem os olhos postos nesta luta e no seu desfecho imediato. O governo e a tróica alemã desencadearam já, e vão intensificar a cada dia que passa, toda a espécie de ameaças para intimidar os professores e demais trabalhadores em luta e tentar impedir o êxito da greve.
Pela sua natureza, uma greve às avaliações e aos exames exige uma organização particularmente cuidada e meticulosa. Nem todos os professores estarão envolvidos directamente nessas greves em todos os dias da sua realização. Poderá haver professores chamados a fazer greve por vários dias, enquanto que outros, por não estarem escalados para serviços de avaliação ou exames, não farão nenhum dia de greve ou farão muito menos que outros. Isto exige uma repartição dos custos salariais da greve por todos, excluídos aqueles que se assumam como fura-greves e se coloquem do lado do governo e dos inimigos do povo português. Por outro lado, a resistência aos “serviços mínimos”, já anunciados pelo ministro Crato para o dia da greve aos exames (os quais o governo pretende que sejam “serviços máximos”, já que o seu objectivo é garantir a “normalidade” dos exames), exige igualmente uma organização rigorosa e uma atitude de grande firmeza para fazer face a tal manobra.
Os professores não estão sozinhos neste combate. A campanha intensa e miserável, por parte do governo e seus lacaios, para voltar os pais dos alunos contra os professores não surtirá efeito, devendo no entanto ser seriamente considerada e contra-atacada. É preciso suscitar o apoio à greve junto das associações de pais em cada escola. O mesmo deverá ser feito em relação às associações de estudantes. Esta greve dos professores representa uma batalha decisiva pela defesa da escola pública e da qualidade da educação. Ela é também uma trincheira no combate de todos os trabalhadores e do povo português contra o aumento dos horários de trabalho, contra os despedimentos e contra o roubo dos salários e das pensões. Finalmente, a presente greve dos professores assume-se igualmente como uma importante frente da luta de todo o povo português pelo derrube do governo fascista de traição nacional Coelho/portas e, como tal, deve ser firmemente apoiada por todos os que se identificam com este objectivo.
Viva a justa greve dos professores portugueses! Os professores vencerão porque o povo vencerá!

domingo, 26 de maio de 2013

Seguro, o défice e a dívida:

Quando a solução agrava o problema!

Revelador de que Seguro e a actual direcção do PS não são de facto uma oposição ao governo de traição nacional liderado por Coelho e Portas, são as suas declarações à comunicação social, quando interpelado àcerca da notícia de que o executivo se prepara para pedinchar aos ocupantes da tróica germano-imperialista que aceite que o seu protectorado, em vez de um défice de 4% estimado para 2014, atinja uma percentagem de 4,5%!

Para além de trocar os pés pelas mãos até acertar com o valor do défice em questão e de não denunciar o facto de o défice previsto pelo memorando da traição ter sido inicialmente estabelecido em 2,3% o que significa que chegar aos 4,5% - quase o dobro –, representa a falência das medidas terroristas e fascistas que esse documento de traição nacional constitui, Seguro foi mais longe, afirmando, todo ufano e orgulhoso de si mesmo, que esta era a prova de que ele e o seu PS, tiveram razão, como de costume…antes de tempo!

Ou seja, em vez de denunciar que o aumento do défice agora solicitado resulta do que sempre denunciámos, isto é, de que esta dívida é impagável porque, destruído o nosso tecido produtivo, paulatinamente, ao longo das últimas décadas, precisamente pela política de bloco central levada a cabo por PS e PSD, obrigado que está Portugal a importar mais de 80% daquilo que consome ou necessita para gerar economia, vendidos os activos e empresas estratégicas a preços de saldo, o endividamento se agrava, o desemprego, a fome e a miséria se acentuam e a nossa soberania se hipoteca, Seguro prefere persistir no oportunista programa de que é no aumento da dívida, no alargamento dos prazos e na diminuição dos juros que reside a salvação para o país e a solução para a luta do povo.

Negando assim também a evidência de que nenhuma das metas traçadas pelo memorando se destina a ser cumprida, já que, desde que tal programa de traição, com o beneplácito do PS, começou a ser aplicado e imposto ao povo português, todos os objectivos a que se propunha, isto é, diminuição do défice e da dívida, aumentaram exponencialmente.

Escamoteando que, afinal, como sempre o afirmámos, o que se pretende é transformar uma dívida, que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício, num instrumento de dominação do imperialismo – sobretudo do imperialismo alemão – sobre o país e o povo, através de uma renda perpétua e crescente!

Por isso é que Seguro e a sua corte, apesar de o negarem, abandonaram a exigência democrática e patriótica do derrube deste governo e do seu mentor Cavaco.

É por isso que Seguro evita a todo o custo o compromisso de levar a cabo uma política de ampla unidade sindical para convocar todas as greves gerais que sejam necessárias, pelo tempo que seja preciso, com ocupação dos locais de trabalho, para derrubar este governo de serventuários da tróica germano-imperialista.


Seguro e a sua direcção não fazem parte da solução e da saída que mais interessa ao povo e a quem trabalha. Enquanto assim for, não se pode confiar nesta gente para derrubar este governo e o seu mentor Cavaco Silva, suspender o pagamento da dívida e expulsar a tróica, nem, muito menos, ajudar à preparação da saída de Portugal do euro. Não se pode contar com a actual direcção do PS para  que o país volte a ser uma nação soberana, com uma politica de desenvolvimento independente, assente nas suas próprias forças e recursos.

Inquilinos do Estado em luta contra o pior senhorio do país

No passado dia 27 de Abril, milhares de habitantes dos bairros sociais que em Guimarães estão sob a tutela do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) vieram para as ruas gritar bem alto que COM OS PRÉDIOS A RUIR E AS RENDAS A SUBIR, O GOVERNO TEM DE CAIR! Na passada quinta-feira, dia 23 de Maio, os seus representantes entregaram uma Petição no parlamento a exigir a revogação ou, no mínimo, a suspensão da chamada lei das rendas, vulgo lei dos despejos.
Um dos representantes da comissão de moradores dos bairros de Nossa Senhora da Conceição, Atouguia, Feijoeira, S. Gonçalo e Gondar, o nosso camarada António Teixeira disse à nossa reportagem que quase 5000 mil assinaturas (4.585) foram reunidas em pouco mais de três dias, demonstrando assim a vontade destes moradores em não aceitar o aumento obsceno que o IHRU pretende impôr, “não tendo em atenção as obras realizadas pelos moradores”. Rendas que chegam a representar um agravamento de 6000%!
A comissão de moradores foi recebida pelos grupos parlamentares, tendo a oportunidade de expôr as suas posições firmes, reafirmando que o "o objectivo é fazer com que a lei seja revogada" ou, "no mínimo suspensa" porque, disse, "não tem critérios justos, não protege as famílias mais numerosas e coloca em causa a sobrevivência de muitos moradores". Mais adiante foi referido que a lei "não tem, por exemplo, em conta o número de elementos do agregado familiar pelo que uma família de cinco pessoas que aufere 1200 euros paga a mesma renda que um agregado familiar de apenas uma pessoa" o que, apontou, "é injusto".
António Teixeira concluiu que os moradores não estão dispostos a baixar os braços e continuam mobilizados, porque “têm todo direito em verem suspenso o aumento iníquo das rendas, enquanto, no mínimo, o senhorio/Estado não tornar habitáveis as casas de que é proprietário.”
Como pudemos avaliar pelas palavras de ordem que foram gritadas ao longo da manifestação, tais como “Cristas escuta, os moradores estão em luta”, “não pagamos”, “está na hora do governo ir embora” e muitas outras, entre as quais “o povo vencerá!”, os moradores estão conscientes de que esta luta será dura e prolongada mas, contando com o apoio do povo de Guimarães e do resto do país, irão conseguir vencer esta batalha. Esta é uma luta que coloca no mesmo plano todos os moradores e inquilinos por este país fora que lutam contra esta lei terrorista dos despejos. Este combate só será conseguido plenamente com o derrube deste governo de traição nacional e a constituição, em sua substituição, de um governo ao serviço dos moradores e dos inquilinos, um governo democrático patriótico.


Retirado de:

sábado, 25 de maio de 2013

O “Memorando de Entendimento” com a tróica, um crime de lesa-Pátria



O chamado “Memorando de Entendimento” com a tróica, como se torna dia a dia mais evidente, selou a perda de soberania do País e tratou de “legalizar” a possibilidade de os bancos credores reclamarem a cobrança de juros especulativos e usurários que constituem mais de metade da dívida e que, se fossem peticionados perante os Tribunais portugueses, decerto seriam recusados precisamente dada essa sua natureza. Tal memorando representou o mesmo sequestro da autonomia e da liberdade de decisão do Povo Português e transformou as eleições de 2011 numa verdadeira farsa. 
Com efeito, perante as divergências entre os Partidos representados no Parlamento quanto à forma de liquidar a dívida e de combater o défice, foram convocadas eleições para que o Povo Português pudesse então escolher quais as soluções que entendia como mais correctas para resolver tais problemas. Mas afinal constatou-se que as escolhas já estavam todas antecipadamente feitas, nada havendo verdadeiramente a decidir uma vez que o País fora posto completamente refém das condições antecipadamente fixadas no dito Memorando. E a campanha eleitoral – culminando com uma tristemente célebre declaração do Presidente da República, na véspera das ditas eleições, apelando ao voto apenas nesses três partidos – foi levada a cabo na base da lógica de que a escolha eleitoral era para ser feita somente entre o PS, o PSD e o CDS, ou seja, precisamente entre aqueles que concordavam e apoiavam o acordo com a tróica, tendo sido desprivilegiadas, discriminadas e até silenciadas todas as opiniões críticas em relação à política que o dito “Memorando de Entendimento” e a sua assinatura consubstanciavam.
Por outro lado, impõe-se igualmente sublinhar que, como algumas poucas vozes procuraram então denunciar, a dívida pública não foi contraída pelo Povo Português nem foi contraída em seu benefício. Ela resultou, antes de mais, da política de liquidação da economia portuguesa, prosseguida precisamente pelos sucessivos Governos desses mesmos três partidos, sozinhos ou coligados entre si, e que consistiu em aceitar (na lógica da divisão internacional do trabalho no quadro da CEE, e hoje da União Europeia) que, no quadro da integração europeia, a Portugal fosse atribuído o papel de uma autêntica sub-colónia, sem capacidade produtiva própria e fornecedora de mão de obra barata e em utilizar os fundos europeus para financiar a destruição da nossa Agricultura (porque isso agora era com a França), das nossas Pescas (porque tal agora era para a Espanha), da nossa Indústria, da siderurgia à construção e reparação naval, passando pelos sectores tradicionais, como os têxteis e o calçado e pela metalurgia e pela metalomecânica (porque industrialização era só para a Alemanha), transformando deste modo Portugal num país essencialmente de serviços, quase todos de baixa qualificação, caracterizado pelo paradoxo de ter a Industria mais fraca e incipiente e a Banca - cada vez mais especializada e empenhada na especulação financeira e na “economia de casino” – aparentemente mais forte.
O instrumento fundamental dessa desindustrialização generalizada na Europa, mas sobretudo muito marcada nos países de economias mais fracas como Portugal, foi precisamente o euro, que outra coisa não foi, nem é, do que o marco travestido, imposto aliás com uma paridade relativamente ao escudo absolutamente desproporcionada e desfavorável ao nosso País.
Uma vez determinada essa destruição da nossa capacidade produtiva, tendo Portugal passado a ter de importar cerca de 80% daquilo que consumia, o resultado, assim tornado inevitável, foi o do progressivo endividamento do País, com o consequente e sucessivo crescimento da respectiva dívida.
Quando esse endividamento atingiu sensivelmente os cerca de 100% do PIB, ou seja, um valor sensivelmente idêntico ao da integralidade da riqueza criada pelo País durante todo um ano, a Alemanha começou, sob a capa jurídico-formal da União Europeia, a preconizar, a impor e a fazer aplicar a receita da austeridade, sempre assente na mesma lógica: aumento dos impostos sobre quem trabalha, diminuição dos salários e pensões, corte nos direitos e serviços essenciais para as populações como a Saúde, a Educação e a Segurança Social, e venda, a preços de saldo, dos principais activos do País. Essa lógica da austeridade-recessão-austeridade-recessão serviu então para aumentar ainda mais a dívida e, sob o pretexto desta, pôr o Povo português a pagar cada vez mais aos credores.
Com as irregularidades e trafulhices jurídico-financeiras dos Bancos (como o BPN e o BPP) e das Parcerias Público-Privadas (onde são sempre garantidos os lucros para os privados e os prejuízos para o Estado) e os ganhos escandalosamente excessivos nos sectores da energia e dos combustíveis, ou seja, com aquilo que nada tem que ver com os trabalhadores ou com o pretenso facto de estes terem vivido “acima das suas possibilidades”, essa dívida cresceu mais e mais ainda.
Então, ainda e sempre sob o eterno pretexto da necessidade de a pagar, contraída e aumentada nas costas e às custas do Povo Português, foi assinado o referido acordo com a tróica e assim vendido o País a pataco, tornando também claro que a U. E. não contém hoje um pingo de solidariedade e de entreajuda entre os Países europeus, não passando de uma estrutura de dominação germânica.
Ora, a primeira coisa a salientar relativamente a esse acordo – e aos 2 anos da sua aplicação – são as consequências profundamente anti-democráticas do mesmo. É no dito memorando que radica afinal a liquidação da nossa Democracia, a impossibilidade de substituir o Governo que está a enterrar o País e a matar à fome o Povo Português, bem como a implantação de um autêntico estado de sítio não declarado, a suspensão na prática da Constituição e a liquidação progressiva de todos e cada um dos nossos direitos civis, políticos, laborais e sociais, apresentados – aliás, com a cumplicidade activa ou silenciosa da comunidade académica e científica – como algo de “ultrapassado” ou até um “obstáculo a remover” no sempre apregoado combate à dívida, dentro da ideia de que os princípios constitucionais essenciais, como o da certeza e segurança jurídicas, teriam deixado de vigorar.
O segundo aspecto a sublinhar é que, como se referiu já, o Povo Português não tem nada a ver com a contracção da dívida, e o Memorando o que verdadeiramente significa é, como se tem tornado cada vez mais evidente, o aumento contínuo da dívida que supostamente deveria ajudar a diminuir e a vencer.
Como é possível e o que é que pode justificar que as entidades da tróica tenham como política o aumento contínuo da dívida que dizem querer fazer diminuir, e a qual se revela assim e cada vez mais como um instrumento para destruir o País e procurar transformar os trabalhadores portugueses nos “chineses” da Europa?!
Na verdade, o que o chamado “Memorando de entendimento” significa é mais dívida (ela cresceu, só de 2010 para 2012, mais 30% do PIB!) e, simultaneamente, mais desemprego, mais fome, mais miséria, menos salários, menos pensões, menos saúde, menos educação e ainda o privar do País, pela respectiva venda ao desbarato através das privatizações, dos seus sectores estratégicos mais importantes, como sejam a energia, as telecomunicações, os transportes, os aeroportos, os correios, etc. E, claro, mais polícia (o Ministério da Administração Interna não tem conhecido cortes de verbas) e menos direitos cívicos, sociais e políticos, como as recentes reformas do Processo Penal, por exemplo, o demonstram.
Ao fim destes dois anos de aplicação do Programa dito de “ajuda” a dívida pulou já para 204,5 mil milhões de euros (ou seja, 123,6% do PIB), e as medidas de austeridade, que ascenderam a um valor total de 23,8 mil milhões de euros extorquidos dos bolsos dos trabalhadores, apenas reduziram o défice em 6 mil milhões de euros, sendo que o mesmo défice, em 2012, previsto no Memorando ser de 4,5%, foi afinal de 6,6%, não obstante a brutalidade das medidas de austeridade e toda a sorte de artimanhas contabilísticas usadas para o procurar disfarçar e atenuar.
Nestes mesmo dois anos, 64% do custo total da Economia resultou do corte da massa salarial dos funcionários públicos (cuja quebra salarial ultrapassa os 16%), tendo-se verificado um corte de salários no Sector Privado na ordem dos 4,8%, e uma redução do investimento público de 3,4 mil milhões de euros e do investimento privado na ordem dos 3,1 mil milhões de euros. E, pior, Portugal tem hoje apenas 2% do seu PIB originado na Agricultura e 13% na Industria, e todos os restantes 85% são-no no Sector Terciário.
Enquanto as previsões do Memorando da tróica para o desemprego eram, relembre-se, de 13%, a taxa oficial cifrou-se em Fevereiro de 2013 já em 17,5%, e com tendência para se agravar (isto enquanto a média da União Europeia é de 10,9%), e a do desemprego jovem ultrapassou mesmo os 38% (sendo 23,5% na UE).
Convirá, porém, sublinhar também que, no 4º trimestre de 2012 e segundo as próprias Estatísticas do Emprego do INE, 2013, o número oficial de desempregados foi de 923.200 (taxa oficial de 16,9%), mas se se lhe aditarem os números dos “inactivos disponíveis” (259.800) e do “subemprego visível” (260.900), o número real de desempregados foi afinal, no período indicado, de 1.443.900 (taxa real de 23,5%). Mas, de acordo com as próprias previsões constantes da apresentação dos resultados da 7ª avaliação da tróica, no 4º trimestre do presente ano de 2013, esses números serão já de 1.040.800 (taxa oficial de 18,9%), mais 317.000 e 234.000, respectivamente, representando assim o número tão astronómico quanto insustentável de 1.641.120 desempregados, isto é, uma taxa real de 28,2%, dos quais, ainda por cima, somente menos de 30% consegue chegar a receber subsídio de desemprego!
Por seu turno, em cada um dos anos de 2011 e 2012 os trabalhadores portugueses tiveram de pagar do seu bolso, por força da aplicação do mesmo Memorando, entre 8 a 9 mil milhões só de juros da dívida (ou seja, o correspondente a 5% do PIB). A que acresceram 4,5 mil milhões de euros dos gastos do Estado com as PPP’s (as famigeradas Parcerias Público-Privadas, sobretudo as da Saúde e as das Auto-Estradas, sendo seus principais beneficiários a Banca, em particular o BES, bem como a Mota Engil e o Grupo Melo). E ainda 2,5 mil milhões de euros das chamadas “rendas excessivas” do sector da Energia, com base nas quais, em cada factura da electricidade que pagamos, apenas 30% são custos de energia e o restante são alcavalas com grande parte das quais os accionistas privados da EDP têm grandemente enriquecido, tudo isto representando assim mais de 15 mil milhões de euros anuais! Somem-se-lhes os cerca de 7 mil milhões de euros até agora já extorquidos aos trabalhadores portugueses para tapar o buraco do BPN e facilmente se compreendem duas coisas: de onde provém, afinal, a dívida (que não dos trabalhadores portugueses) e de como ela é, assim, absoluta e verdadeiramente impagável!
Ora toda a política ditada pela tróica, e servilmente aplicada pelo Governo Português, e as medidas que dela decorrem são no sentido de que quem tem lucros, e sobretudo quem tem lucros fabulosos, não paga a dívida. Só o trabalhador é que tem de a pagar, e de a pagar repetida e agravadamente!
Note-se que mesmo o recente Acórdão nº 187/2013 do Tribunal Constitucional, declarando embora a inconstitucionalidade (mais que evidente) de quatro das normas do Orçamento de Estado para 2013, chancelou todas as restantes que lhe foram submetidas e, sobretudo, não disse uma palavra sobre a questão fundamental do princípio da igualdade, e que reside na circunstância de o peso do combate ao défice e à dívida recair apenas em cima de quem trabalha (ou já trabalhou uma vida inteira, como é o caso dos reformados e pensionistas), em nada onerando os rendimentos do capital, tornando assim em absoluto clara a sua marcada natureza de classe.
O chamado “Memorando de entendimento” com a tróica e a sua execução ao longo destes dois anos representa deste modo, e de forma cada vez mais evidente, não apenas o agravar e aumentar sucessivo da dívida mas também o colocar o nosso País inteiramente ao serviço dos países credores, em particular da Alemanha, promovendo o brutal empobrecimento do trabalhador português (como também do trabalhador grego, por exemplo) e a sua transformação numa espécie de trabalhador chinês da Europa, sem direitos, com cada vez mais horas de trabalho e com salários cada vez mais baixos. Tal como as sucessivas reformas laborais demonstram estabelecendo o aumento dos horários de trabalho, a diminuição das retribuições e a facilitação e embaratecimento dos despedimentos. 
E já agora convirá a tal propósito recordar que o salário mínimo em Portugal, como se sabe, é de 485€, enquanto em Espanha é de 748€, no Reino Unido de 1.035€ e na França de 1.377€. E o salário médio líquido do trabalhador português que, em 2010 já era a miséria de 777€, com o verdadeiro “genocídio fiscal” resultante do orçamento de Estado para 2013, se prevê que baixe para 654€. Entretanto, segundo os dados da própria OCDE, o número de horas anuais de trabalho em 2011 foi para o trabalhador português de 1.711 enquanto para o trabalhador alemão foi de 1.413 (ou seja, menos 298 horas anuais do que aquele!). E, segundo os dados do Eurostat, o custo-hora do trabalho (incluindo o salário pago, as contribuições para a Segurança Social e demais custos administrativos, como a apólice de seguro de acidentes de trabalho e outros) era em 2011, na média da UE-27, de 23,10€, na Espanha de 20,60€, na Alemanha de 30,10€, enquanto e Portugal era de... 12€!
Assim, o discurso oficial de que os trabalhadores portugueses viveram acima das suas possibilidades e teria sido essa a origem da dívida pública, bem como o de que eles têm ainda salários demasiado elevados e trabalham pouco, sobretudo quando comparados com o “deus-Sol” da Alemanha, fica por completo desmentido na sua absoluta e total falsidade.
Por fim, importará igualmente pôr a nu a completa inverdade do argumento terrorista habitualmente usado por todos os defensores do pagamento no sentido de que, por muito negativo e prejudicial que fosse e tenha vindo, cada vez mais, a ser o acordo com a tróica, ele seria “inevitável” porquanto em Junho de 2011 já não haveria dinheiro para pagar salários e pensões e, assim, sem a prestimosa “ajuda” da mesma tróica, médicos, enfermeiros, polícias, juízes, funcionários públicos já nada receberiam naquele mês...
É que basta ler o relatório do orçamento de Estado para 2013 apresentado pelo Ministério das Finanças, na sua página 90, para se verificar que, em 2011, as receitas fiscais (de impostos, no valor de 40.352,3 milhões de euros, mais as contribuições sociais para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações, no valor de 20.926,90 milhões de euros) ascenderam a 61.279,2 milhões de euros, enquanto a despesa total com pessoal foi de 19.425,7, e a de todas as chamadas “prestações sociais” (saúde, subsídios e pensões da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações) foi de 37.623,9, num total de 57.049,6 milhões de euros, sendo assim o respectivo excedente de 4.229,6 milhões de euros, a que acresceram ainda as chamadas “outras receitas”. Para se ter uma ideia mais precisa, deve referir-se que, em 2012, o valor total das receitas foi de 67.573,6 milhões de euros (38.583,8 de receitas fiscais + 19.383,6 de contribuições sociais + 9.606,2 de outras receitas), enquanto as despesas foram de 53.513,3 (16.661,4 com pessoal, + 36.851,9 de prestações sociais), sendo assim o respectivo excedente de 14.060,3 milhões de euros!
Ou seja, e em suma, se as receitas não fossem desviadas para pagar os juros especulativos e usurários da dívida, sustentar a engorda das PPP’s e das EDP’s, e ainda tapar os buracos das trafulhices financeiras como as do BPN, a riqueza que o País, apesar de tudo, produz era mais que suficiente para pagar salários e pensões e restante despesa pública!
A completa falsidade do dito argumento terrorista da pretensa inevitabilidade do sequestro nacional fica assim em absoluto demonstrada, já agora se recordando também que, dos 78 mil milhões de euros da dita “ajuda”, mais de 31 mil milhões foram logo reservados para pagar juros aos “beneméritos” auxiliadores e 12 mil milhões para a Banca se recapitalizar à custa de quem “ai, aguenta, aguenta” mais esse custo.
O Executivo Coelho/Portas - que não há dia que passe que não anuncie mais uma medida contra quem vive do seu trabalho – tem-se assumido como um Governo de autênticos traidores à Pátria, que estão em funções apenas e tão só para executar tudo o que a tróica – que o mesmo é dizer, fundamentalmente, a Alemanha – lhes dite ou até, na ânsia de se mostrarem bons e fieis súbditos, indo mesmo além dela, não se importando já de o afirmar de forma cada vez mais despudorada que o seu objectivo é empobrecer o Povo Português e vender o País a retalho, apenas aguardando por que terminem essa sua função para irem ocupar os tachos e sinecuras que, como recompensa pelo serviços efectuados, decerto os esperam na União Europeia, no FMI e no Banco Central Europeu.
Se um tal Governo não for rapidamente afastado e substituído por um Governo democrático patriótico, Portugal no pós-tróica terá inexoravelmente regredido, em termos de pobreza, de miséria, de falta de condições de saúde, de abaixamento dos níveis de cultura e da construção e, também, do ponto de vista da denegação dos mais básicos direitos cívicos, sociais e políticos, aos piores tempos da governação salazarista. E, aliás, a tentativa de justificação ideológica dessa fascistização progressiva da nossa sociedade já aí está em pleno curso, com a constante produção daquela viscosa “missa hipnótica” tendente a persuadir os cidadãos da pretensa inevitabilidade e inelutabilidade do destino que lhes está a ser traçado.
Assim, teorias como as de que “tudo e todos têm um preço”, que “os fins justificam os meios”, que “em época de crise os princípios, designadamente os mais básicos princípios constitucionais, devem ser substituídos pelo pragmatismo” (leia-se, oportunismo) ou que os desempregados e os pobres são-no apenas porque não se esforçam o suficiente, são demasiado “piegas” ou não são suficientemente “empreendedores”, ou ainda que, sobretudo em época de crise, não há lugar na sociedade para os mais fracos ou indefesos, e que os doentes, os deficientes, os velhos são um “peso excessivo” que consome demasiados recursos, etc., etc., etc., são diariamente destiladas e repetidas à exaustão por toda a sorte de comentadores, analistas, “fazedores de opinião” e “especialistas” para assim procurarem justificar a barbárie e o terrorismo governamentais em curso.
Porém, ao invés do que tal “missa hipnótica” nos pretende fazer crer, há efectivamente alternativa ao acordo com o tróica e ao desastre que ele representa para o Povo Português! Desde logo, essa alternativa passa por suspender imediatamente o pagamento de uma dívida que, como vimos, não foi o Povo que contraiu nem foi contraída em seu benefício. Bem como por expulsar a tróica de Portugal e rejeitar a sua política. E, sobretudo, por aplicar um plano de desenvolvimento da economia nacional assente na lógica de, mantendo relações de igualdade e reciprocidade com todos os Países do mundo, contarmos sobretudo com as nossas próprias forças e de tratarmos de reconstruir os nossos sectores mais vitais, aproveitando ao máximo as nossas maiores vantagens competitivas de partida, como sejam a nossa incomparável localização geo-estratégica e a nossa vasta Zona Económica Exclusiva.
Impõe-se assim uma aposta a sério na reconstrução e modernização da nossa frota pesqueira, na defesa das nossas águas e no desenvolvimento das nossas Pescas e actividades industriais a ela ligadas (como a construção e reparação de embarcações e as conservas), e bem assim a adopção de novas leis que ampliem – em vez de as destruir! – a Reserva Ecológica e a Reserva Agrícola Nacionais, que facilitem o agrupamento de pequenas parcelas de terreno e a cooperação dos trabalhadores do campo, o incremento da produção agrícola, em particular no Alentejo, e o apoio aos produtores de leite, de frutas e de carnes (hoje completamente asfixiados pela política europeia das “quotas”) para assim assegurar a nossa auto-suficiência alimentar.
Por outro lado, é absolutamente essencial a modernização e apetrechamento dos nossos portos atlânticos (Portugal tem em Sines o único porto atlântico de águas profundas de toda a Península Ibérica) e a criação de uma rede de transporte ferroviário, mista, de bitola europeia e de altas prestações, ligando esses portos atlânticos entre si e todos eles ao Centro e Norte da Europa, seguindo o traçado mais directo da rota tradicional da nossa emigração, ou seja, Vilar Formoso, Valladolid, Irún (e não o desvio pela “centralidade” de Madrid, como a Espanha nos quer impôr), permitindo assim fazer do nosso País a grande porta de entrada e saída de passageiros e sobretudo de mercadorias, de e para a União Europeia, em particular após as obras de alargamento do Canal do Panamá que se completarão neste ano de 2013, com o inerente incremento das nossas industrias mineira, siderúrgica, metalúrgica e de construção e reparação, quer naval, quer de composições ferroviárias.
obviamente, impõe-se a colocação da Banca sob o controlo do Governo e dos trabalhadores, como instrumento de aplicação desta política de desenvolvimento, não sendo aceitável que se nacionalizem os buracos dos bancos, como se fez com o BPN, mas não os próprios bancos. Mais ainda quando estes foram fazendo lucros fabulosos à custa do “jogo” de irem buscar dinheiro emprestado ao Banco Central Europeu a 0,5% ou a 1% e depois o emprestarem ao Estado Português, aos cidadãos e às empresas a taxas de juro cinco a seis vezes mais elevadas e, mais, em vez de utilizarem os enormes lucros assim obtidos na sua própria recapitalização, os terem antes distribuído pelos respectivos accionistas, buscando agora impor que sejam os trabalhadores portugueses a, uma vez mais, suportarem dos seus próprios bolsos essa mesma recapitalização.
Mas é óbvio que uma tal política só pode ser aplicada por um Governo democrático patriótico, constituído e apoiado por todas as forças políticas, associações, organizações cívicas e sociais, sindicatos e personalidades que amem o suficiente o seu País para não mais admitirem esta autêntica calamidade e este estado de verdadeira ocupação que hoje vivemos. E, por outro lado, só é susceptível de ser aplicada se o nosso País não estiver acorrentado pelos laços da servidão que a pertença ao Eurogrupo e mesmo à União Europeia irremediavelmente representa.
Ora, tal significa que devemos, para já, sair do Euro, preparando adequadamente essa saída, designadamente com a criação do novo Escudo. Mas também da própria União Europeia porquanto, como sempre disse (mas fui silenciado sob o pretexto, falso e provocatório de que defendíamos o isolacionismo do “orgulhosamente sós”), não foi Portugal que entrou na CEE mas antes foi a CEE e mais tarde a União Europeia (leia-se, sobretudo a Alemanha) que entrou em Portugal, tomou conta dos seus recursos e procurou transformar os trabalhadores portugueses em escravos da Sra. Merkel e dos grandes interesses económico-financeiros que ela representa.
É claro que os defensores encartados desses mesmos interesses – que serão os principais atingidos pela política e pelas medidas democráticas e patrióticas - procurarão usar de novo contra-argumentos terroristas, como o da pretensa calamidade que dessa saída do euro alegadamente resultaria para o nosso País, designadamente em temas de desvalorização da moeda.
Porém, a verdade é que desvalorização, e desvalorização acentuadíssima, da nossa moeda já nós temos hoje - basta comparar o que um trabalhador comprava no mercado há dois anos atrás com, por exemplo, 20€ com aquilo que ele hoje, com os mesmos euros, consegue adquirir – para mais com os acrescidos efeitos devastadores que os sucessivos cortes nos salários e os consecutivos aumentos nos impostos sobre quem trabalha ainda mais amplificam.
Mas, por outro lado, a grande e principal consequência da saída do euro, e também da União Europeia, e que precisamente se pretende esconder a todo o custo do Povo Português, é, antes de tudo e acima de tudo, a recuperação da nossa liberdade de decisão política, económica, financeira, orçamental, fiscal e aduaneira, que é mais urgente e importante do que nunca!

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Uma sondagem com resultados muito significativos

Foram divulgados, no princípio desta semana, os resultados de uma sondagem organizada pelo Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa acerca da atitude dos portugueses face à tróica e aos acordos celebrados entre o governo e esta entidade. Tais resultados são reveladores de avanços importantes na consciência das massas acerca dos alvos a abater no presente combate político e dos caminhos a trilhar no futuro. Reproduzimos seguidamente o conteúdo de uma crónica política lida pelo camarada Leopoldo Mesquita aos microfones da Rádio Altitude, na Guarda, versando este tema.
Foram há dias divulgados os resultados de uma sondagem feita pela empresa Eurosondagem para o Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa a uma amostra representativa dos portugueses maiores de dezoito anos e intitulada “O que pensam os portugueses da tróica”. Tais resultados, sem serem surpreendentes, são muito significativos.  
Assim, apenas 10,8% dos inquiridos defendem que Portugal deve cumprir o acordo que fez com a tróica. Digo bem: 10,8%. Se descontarmos os 6,7% que não deram uma resposta concreta à pergunta formulada, significa que 82,5% dos portugueses defendem que o acordo que o governo fez com a tróica e as sucessivas revisões desse acordo, não são para cumprir.
O distanciamento entre o povo português e os subscritores do acordo com a tróica fica igualmente evidente noutra questão colocada na sondagem, incidindo directamente sobre o memorando assinado em 2011 pelo PS, PSD e CDS. Assim, apenas 12% dos inquiridos defendem que o memorando foi bem elaborado, enquanto quase metade (47,8%) afirmam que o memorando não devia ter assinado e 27% sustentam que o memorando não levou em consideração as características próprias do país.
Sobre a atitude do governo e da tróica nas negociações relacionadas com o memorando, apenas 9,4% se abstêm de fazer qualquer crítica às duas partes em presença. Quase metade (45,4%) criticam o governo por uma “cedência excessiva” à tróica e 32,9% atacam a tróica por demonstrar “insensibilidade para com a situação da economia portuguesa”.
Quando perguntados sobre a situação no país após a saída da tróica, apenas 11,8% dos respondentes na sondagem entendem que “o país ficará com melhores perspectivas de futuro”. Mais de metade dos inquiridos (55,1%) defendem que o país ficará “em piores condições, com a economia em colapso e mais desemprego”, enquanto que 14,4% perspectivam um país em que “nada de substancial se alterou, sendo que os restantes não deram uma resposta válida.
Estes resultados da sondagem da Faculdade de Direito de Lisboa contrariam abertamente a propaganda feita todos os dias pelo governo, pelo presidente da República, pelos partidos da maioria e pela legião de comentadores que todos os dias nos bombardeiam com a voz do dono na televisão, na rádio e nos jornais, os quais afirmam que os portugueses aceitam e compreendem os sacrifícios que lhes são impostos e que esses sacrifícios são indispensáveis para o desenvolvimento futuro do país.
Também o PS se revela bastante fragilizado nesta sondagem, uma vez que, ao contrário da esmagadora maioria dos inquiridos, o partido de Seguro continua a defender o memorando que assinou com a tróica, a necessidade do seu cumprimento e os benefícios que daí supostamente virão para o país.
Tudo somado e de acordo com os resultados desta sondagem, os defensores do governo Coelho/Portas, do presidente da República, do memorando e da tróica, representam hoje apenas cerca de 10% do universo dos portugueses maiores de dezoito anos, uma pequena minoria portanto. Os restantes, tirando uma pequena percentagem que não deu uma resposta válida e concreta às questões colocadas, demonstram uma atitude activa de denúncia dos agentes anti-pátria atrás referidos.
Uma tal esmagadora maioria de opositores activos dos inimigos do povo português revela ainda, nesta sondagem, algo dos caminhos que defende face ao memorando da tróica. Assim, 41% dos inquiridos defende uma “renegociação profunda do memorando”, demonstrando ainda assim algumas ilusões quanto à possibilidade de Portugal manter um relacionamento com as entidades que compõem a tróica, designadamente com a União Europeia, mesmo impondo a estas entidades uma alteração profunda dos termos desse relacionamento. Mas, atenção: um número de inquiridos superior àquele (41,5%) defende que Portugal deve romper com a tróica, ou seja, “denunciar o memorando e procurar alternativas”.
Nem mais. Um número superior a dois quintos dos portugueses afirma já agora, sem hesitações, que defende algo radicalmente diferente do que preconiza a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, do que está a ser imposto pelo governo PSD/CDS e do que possa representar a suposta “alternativa responsável” do PS de António José Seguro. Ou seja, um número que se aproxima já da metade dos portugueses defende claramente a possibilidade de alternativas, fora do memorando e da tróica, ao caminho que é prosseguido e proposto pelos partidos do chamado “arco da governação”, PSD, CDS e PS.
Esta é uma conclusão extremamente importante da sondagem do Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa. Não se pode fazer fé absoluta numa sondagem, mas esta estará certamente mais próxima da realidade do que possam afirmar os súbditos do imperialismo germânico e todos os arautos da desgraça que dizem e repetem que não há alternativas.
Há alternativas, sim senhor, e elas vão aparecer e impor-se mais cedo do que muita gente pensa. Temos que lutar muito para que isso aconteça, mas ninguém conseguirá impedir a mudança necessária. Portugal e o povo português hão-de vencer esta batalha histórica pela sua independência e pelo seu futuro como nação próspera, livre e soberana!

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