segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

HONRA AO CAMARADA ARNALDO MATOS !


VIVA O MARXISMO E O COMUNISMO !


Faleceu na madrugada do dia 22 de Fevereiro de 2019, a dois dias de completar 80 anos de idade, o nosso querido camarada Arnaldo Matos, proeminente comunista marxista - reconhecido quer a nível nacional, quer a nível internacional -, dirigente histórico do PCTP/MRPP , o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado, partido do qual foi Secretário-Geral entre 1970 e 1979, cargo que abandonou voluntariamente para se dedicar à advocacia.

Natural da Vila de Santa Cruz, numa zona rural da Madeira, nessa vila efectuou a instrução primária, ao mesmo tempo que – dadas as dificuldades materiais da família – auxiliava o pai no pequeno estabelecimento comercial que este possuía. Com pouco tempo para estudar e sem possibilidades de frequentar o Liceu do Funchal, efectuou o antigo 5º ano estudando em casa, ao mesmo tempo que continuava a trabalhar. Completou o antigo Curso Complementar no Liceu do Funchal, em 1958, o agitado ano das eleições presidenciais, tendo então criado, juntamente com os colegas, um movimento de apoio ao General Humberto Delgado (1906-1965), e sido incumbido de escrever o respectivo Manifesto.

Inscreveu-se, depois, na Faculdade de Direito de Coimbra mas, em 1961, foi incluído no grupo de mil e quinhentos estudantes enviados para Mafra, a fim de combaterem, como oficiais milicianos, na guerra colonial-fascista que, entretanto, se tinha desencadeado em Angola.
Integrado numa Companhia de Caçadores Especiais, foi mobilizado para Macau, onde estabeleceu uma relação próxima com Ramalho Eanes – de quem era alferes -, a qual viria a retomar durante o período pós-25 de Abril de 1974.

A estadia em Macau foi fundamental para consolidar a sua formação política pois, o facto de a censura ser praticamente inexistente naquela antiga colónia portuguesa, proporcionou-lhe o acesso a literatura marxista, nomeadamente a oriunda da vizinha República Popular da China, numa época em que se vivia o auge do conflito sino-soviético, que viria a formar a sua convicção da necessidade de se dar uma luta sem quartel ao revisionismo para que o marxismo e a revolução comunista e operária pudessem ter lugar, quer em Portugal, quer no resto do mundo.

Transferido em 1964 para Moçambique, após o início da guerra de libertação levada a cabo pela FRELIMO naquela ex-colónia, regressou a Portugal no ano seguinte, inscrevendo-se na Faculdade de Direito de Lisboa, a fim de concluir o curso – embora sempre a trabalhar.

Em 1968, participou na fundação da Esquerda Democrática Estudantil (EDE), criada na sequência da primeira manifestação em Portugal contra a Guerra do Vietname, organização que intervirá nas lutas estudantis de 1969 em Lisboa, assim como na campanha eleitoral para a Assembleia Nacional, realizada nesse ano, apelando à não participação nas eleições, na época consideradas uma fraude. Ainda em 1969, à frente de uma lista com o lema “Ao Trabalho”, e que se apresentava “contra a burocracia (e) contra o hermetismo”, conquistou a direcção da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, derrotando a lista apoiada pelos revisionistas do PCP.

Num período marcado pelo movimento revolucionário que se gerou em França  – o 28 de Maio de 1968 -, Arnaldo Matos foi designado como delegado daquele movimento em Portugal. Foi o óbvio reconhecimento internacional da sua liderança no seio do movimento estudantil e universitário em Portugal, onde chegou a ser eleito, em 1961, para Secretário Nacional dos Estudantes Portugueses.

A síntese destas experiências está patente na decisão, tomada a 18 de Setembro de 1970, numa casa da Estrada do Poço de Chão, em Benfica, Lisboa, de fundar o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), de orientação maoísta, juntamente com Fernando Rosas, João Machado e Vidaúl Froes Ferreira, tendo sido eleito Secretário-Geral.

Armado da teoria marxista e das experiências práticas vivenciadas durante as lutas estudantis, no movimento democrático anti-fascista e anti-colonialista, o Partido, sob a direcção do camarada Arnaldo Matos, foi o principal responsável político pelas acções de massas que, antes do 25 de Abril de 1975, se opunham, nas ruas, contra a guerra colonial, sob as palavras de ordem “Guerra do Povo à Guerra Colonial!” e “Transformar a Guerra-Colonial em Guerra Civil Revolucionária”. Depois do 25 de Abril, à frente do Comité Central, o camarada Arnaldo Matos dirigiu a luta de soldados e marinheiros sob a bandeira de “Nem mais um Soldado para as Colónias”.

Ficaram célebres as manifestações dirigidas pela RPAC (Resistência Popular Anti-Colonialista), sobretudo na Praça do Chile, em Lisboa, onde pela primeira vez os manifestantes ousaram contra-atacar com barras de ferro os esbirros da PIDE e da Polícia de choque que, surpreendidos pela ousadia, coragem e combatividade dos manifestantes, bateram em retirada. Uma postura que entrava em contradição antagónica com o “pacifismo” e a colaboração com o regime fascista de Salazar e Marcelo, propostas pelos revisionistas do PCP e que demonstrava ser possível opor-se e derrubar o regime, em vez de se enredar pelas lamentações paralisadoras dos revisionistas àcerca da “longa noite do fascismo”.

Durante algum tempo, o camarada Arnaldo Matos conseguiu manter uma vida dupla, a de dirigente partidário e a de advogado numa empresa multinacional, a SHELL. Foi, no entanto, obrigado a passar à clandestinidade a fim de não ser preso pela PIDE/DGS. Graças a um seu conhecimento da Faculdade de Direito – o Major Aventino Teixeira, que tinha sido colocado na Escola Prática de Administração Militar (EPAM), no Lumiar, em Lisboa, e se dispusera então a estudar Direito -, Arnaldo Matos conseguiu encontrar o que se pode considerar o “esconderijo ideal” para quem era procurado pela PIDE/DGS – o quartel!

A seguir ao 25 de Abril de 1974, como o MRPP se manteve numa semi-clandestinidade, o camarada Arnaldo Matos era apresentado como “delegado do Comité Lenine” (designação para o Comité Central).  A decisão de manter o Partido nessa  semi-clandestinidade prendia-se com o facto de, por um lado, nos dias seguintes ao golpe de estado, e apesar de o MRPP ter liderado nas ruas o movimento que exigia a prisão dos esbirros da PIDE/DGS – ficaram famosas as palavras de ordem “Morte aos pides” e “Os pides morrem na rua!” –, esta polícia política do sistema fascista ter sobrevivido praticamente incólume e impune e, por outro, não ter emergido, graças ao recuo e às ilusões impostas pelos revisionistas do PCP e seus satélites (UDP e outros), do movimento revolucionário que entretanto se gerou, uma alteração qualitativa do modo de produção e das relações de produção capitalistas dominantes.

Em 28 de Maio de 1975, o camarada Arnaldo Matos foi um dos 432 militantes do MRPP presos após o assalto às suas sedes, por tropas do Comando Operacional do Continente (COPCON). Será na sequência destes acontecimentos que o MRPP passará a apresentá-lo como “Grande Dirigente e Educador da Classe Operária”, exigindo a sua libertação. Denominação que o camarada Arnaldo Matos sempre repudiou, não obstante nunca se tivesse oposto à sua utilização na imprensa partidária.

A evasão, em Junho de 1975, do Hospital Militar Principal, à Estrela, em Lisboa – tendo, contudo, o MRPP asseverado que fora “libertado pelo povo” -, para onde tinha sido transferido vindo da Prisão de Caxias, ocorreu num clima de grande levantamento popular a exigir a sua libertação e pouco depois de, um pouco por todo o país, terem surgido os célebres murais do MRPP, onde predominavam o amarelo e o vermelho, alguns dos quais reclamavam a sua libertação imediata. Esse levantamento popular de massas a exigir a sua libertação impediu a liquidação física do camarada que os social-fascistas tinham em vista.

Logo após a sua evasão, o MRPP organizou o maior comício da sua história, a 18 de Julho de 1975, que fez transbordar a praça de toiros do Campo Pequeno, em Lisboa, no qual o camarada Arnaldo Matos avançou com as célebres palavras de ordem “A Revolução tem de avançar a Todo o Vapor” e “A Vossa Tarefa é tomar o poder, será que ides hesitar?”, que marcaram o ambiente político daquela época.

Um discurso onde, atacando a política de revisionistas e social-fascistas de todos os quadrantes – desde o PCP à UDP (hoje integrante do Bloco de Esquerda) -, demonstrou que não era com nacionalizações nem, muito menos, com golpes fascistas e contra-golpes social-fascistas, que os operários e os trabalhadores portugueses assegurariam a vitória da revolução e do socialismo, mas sim criando e consolidando um verdadeiro poder operário e popular, assente nos Comités de Trabalhadores de fábricas e empresas, nas Comissões de Moradores, nos Comités de Soldados e Marinheiros, e outras estruturas do poder popular, que deviam exercer o seu controlo operário sobre toda a vida política e económica do país e das fábricas e locais de trabalho onde haviam sido eleitos.

Quando se deram os eventos de 25 de Novembro, em que as forças democráticas se opuseram com sucesso ao golpe social-fascista em preparação, com a clarividência política de um marxista que sabe interpretar, a cada momento, à luz da análise da luta de classes, quais as alianças que a classe operária e o seu Partido de vanguarda deve estabelecer, o camarada Arnaldo Matos levou o MRPP a apoiar a candidatura do General Ramalho Eanes à Presidência da República, candidatura que teve o condão de unir todo o campo democrático e patriótico.
Foi, aliás, essa mesma clarividência e coragem que o camarada Arnaldo Matos demonstrou ao, anos mais tarde – e contra a tendência geral que se havia formado no seio do Comité Central do PCTP/MRPP–, apoiar a candidatura à Presidência da República, em 2006, do poeta Manuel Alegre (apoio que renovou em 2011). Uma vez mais para, com o seu contributo, trabalhar para a unidade de todas as forças democráticas contra o campo fascista – protagonizado por Cavaco Silva – e contra a manobra de diversão do PCP, responsável pela eleição do palermóide de Boliqueime, por dividir o campo democrático e fazer desviar votos da única candidatura, a de Manuel Alegre, que se lhe podia opor.

Num Congresso realizado em Lisboa, a 26 de Dezembro de 1976, o MRPP transformou-se no Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP), tendo Arnaldo Matos mantido o cargo de Secretário-Geral do qual, no entanto, se viria a demitir em 25 de Maio de 1979.
Arnaldo Matos fundamentou a sua demissão no facto de, embora formalmente fosse o Secretário-Geral, não eram “nem as concepções teóricas, nem a ideologia, nem a linha política, nem a táctica, nem as concepções de organização” que defendia, as que geralmente se aplicavam “no conjunto do Partido e no fundamental da sua actividade”. A partir de então, considerou-se apenas um militante comunista que temporariamente não se podia dedicar à vida do Partido, afirmando, no entanto, que regressaria à actividade político-partidária logo que tal lhe fosse possível.

E foi o que aconteceu em 2015. Confrontado com a acção de uma linha liquidacionista que havia tomado de assalto o Partido e comprometido um dos fundamentos marxistas que tinha estado na base da sua fundação - isto é, uma intensa ligação às massas, um aprofundar e consolidar da organização, assente nos princípios do centralismo democrático e um constante estudo das obras marxistas, que permitisse que o Partido se constituísse como quartel-general da classe operária e dos trabalhadores na condução da revolução comunista, operária, -, dirigiu uma nota ao Comité Central do PCTP/MRPP que despoletou a demissão de todos os elementos do seu Comité Permanente.

Revelador de que Arnaldo Matos foi desde sempre a ossatura ideológica do Partido, são os importantes contributos que recentemente prestou para um melhor entendimento das razões que levaram ao fracasso da Revolução Socialista de Outubro, na União Soviética, e da Revolução Democrática ocorrida em 1949 na China de Mao. No plano interno do Partido, a sua vigilância revolucionária tem sido uma constante. Foi sempre vigoroso na denúncia dos desvios à linha de massas, de estudo do marxismo e de reforço da sua organização.

A firmeza com que defendeu essa linha política nas reuniões que dirigiu para a constituição das listas de candidatos para as eleições que brevemente terão lugar – europeias, legislativas e regionais –, e em que o Partido apresentará candidaturas próprias,  são uma prova da consciência que tinha de que os liquidacionistas podem ter sido corridos do Partido, mas a corrente liquidacionista ainda se insinua no seu seio.

As suas “Teses da Urgeiriça” são um documento essencial para que os comunistas de todo o mundo compreendam porque é necessário voltar-se aos fundamentos marxistas originais para que se assegure não terem lugar novos desvios àquilo que Marx e Engels tão sabiamente demonstraram à classe operária e à humanidade ser necessário seguir para se alcançar a vitória da revolução comunista em todo o mundo,a abolição das classes sociais e o fim da exploração do homem pelo homem.


sábado, 9 de fevereiro de 2019

Quem está apostado na destruição do SNS e a favorecer a medicina e os hospitais privados?






Impotente face à aguerrida greve cirúrgica que os enfermeiros estão a levar a cabo e desnorteados com o facto destes profissionais da saúde não demonstrarem ter qualquer medo dos ataques de que estão a ser alvo por parte do governo de António Costa – uma coligação de direita entre PS, PCP, BE e Verdes -, tenta agora o executivo atacar a fonte de financiamento que permite aos enfermeiros fazer frente à chantagem financeira de que estão a ser alvo.

Assim, o vice presidente da bancada do PS na Assembleia da República, João Paulo Correia, anunciou esta 5ª feira que o seu partido está a considerar a hipótese de , em “diálogo com os outros partidos” – com assento parlamentar, claro está – “tornar o sistema mais transparente”.

Insiste, pois, o PS em deslocar o foco da questão. Fazer passar junto da opinião pública e publicada que o fundo de greve poderá estar a ser usado como arma de arremesso contra o SNS, por parte de interesses que visam atingir o dito. Isto é, seriam os sectores ligados à medicina e aos hospitais privados que estariam interessados em promover, por este meio, um prejuízo para o SNS!

Os enfermeiros e os trabalhadores e o povo que eles servem não se deixam, porém, levar por esta cantilena absolutamente reaccionária, que para além de instalar esta dúvida sobre a honorabilidade da campanha de fundos, deita mão dos papagaios do costume para, nas redes sociais e na imprensa em geral, criar um clima em que os enfermeiros aparecem como gente rica que ganha acima daquilo que os médicos ganham.

Publicam acriticamente tabelas salariais para os enfermeiros e para os médicos, escamoteando que são raros os enfermeiros que auferem os rendimentos de topo da tabela que são propositadamente exacerbados para “justificar” os descabelados ataques aos enfermeiros que, presumir-se-ía auferem vencimentos de autênticos nababos! Tentam impor o argumento de que justiça é alinhar os salários...por baixo!

Mas, PS e suas muletas do PCP/BE e Verdes, pretendem com esta manobra de diversão desviar o foco do verdadeiro perigo para a subsistência do SNS. Este – como o anterior governo de coligação entre a direita e a extrema-direita, tutelado pelo palermóide de Boliqueime – têm dedicado, em sede de Lei do Orçamento, verbas irrisórias para a manutenção, reforço e consolidadão de um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde. Isto porque, ambos têm optado por alocar verbas muitos superiores – mais do dobro – ao pagamento de juros e ao “serviço da dÍvida”.
Diga-se antes negócio da dívida . Pois que se trata de uma dívida que, como se torna cada vez mais evidente, não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício. É o pagamento desta dívida privada que foi abusiva e criminosamente transformada em pública – virtude do “Memorando de Entendimento” assinado por PS, PSD e CDS/PP – que tem estrangulado, entre outros, o sector da saúde.

Importante de assinalar é que os enfermeiros que promovem a greve cirúrgica, exigem não só a progressão nas suas carreiras – congelada há décadas – e dos seus vencimentos, como a urgente contratação dos 2.500 médicos, 3.000 enfermeiros e 5.000 outros funcionários, absolutamente necessários para que o SNS possa prestar, minimamente, serviços de saúde dignos e eficientes.

Quem está, afinal, apostado na destruição do SNS e a favorecer a medicina e os hospitais privados? Claro que são aqueles que têm o poder de decidir sobre o montante das verbas a dedicar, cada ano, por via orçamental, a este e a outros serviços e institutos públicos! Isto é, no caso vertente, Costa, o governo PS, Centeno o ministro das cativações, a barbie da saúde, Marta Temido, e todas as muletas que se sentem confortáveis em acolher as suas decisões.

Como afirma Arnaldo Matos num dos seus últimos tuítes, “...O SNS está nos nossos dias reduzido a metade do pessoal previsto na Lei Arnault e o seu orçamento está, em termos reais, reduzido a pouco mais de metade do orçamento do SNS original. É por isso que Marcelo exige de Costa uma nova Lei de Bases da Saúde aprovada por toda direita...”!

Defensor acérrimo do SNS e apoiante incondicional da luta dos enfermeiros, Arnaldo Matos conclui  que “...não é pois a greve dos enfermeiros que põe em causa o SNS... o que põe em causa o SNS é o não financiamento adequado do serviço e os cortes de cativação que, mesmo assim, sofre de Centeno...” e questiona se “...os reaccionários como Costa e a ministra da Saúde pensam manter o SNS com requisições civis?...”


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Enfermeiros: o ataque do governo ao fundo de greve!


Quando o social-fascista Jerónimo de Sousa fez declarações críticas sobre o fundo de Greve que o sector da enfermagem ligado à chamada greve cirúrgica estava a promover aquando da sua primeira greve, no final de 2018, escrevi um artigo no meu blogue a denunciar a traição deste personagem – artigo que podem consultar em:
denunciado-por-lenine.html  

Ora, face à arrogância e prepotência do governo de António Costa e, sobretudo, a pesporrência da barbie do executivo do PS, a ministra da saúde Marta Temido, os enfermeiros viram-se obrigados a voltar à greve e a voltar à promoção do fundo de greve.

Face ao sucesso que a solidariedade entre enfermeiros, trabalhadores de outros sectores e elementos do povo em geral, traduzida no alcançar de uma verba histórica em fundos para fazer face ao corte de salário e outras regalias que a greve acarreta, criou-se uma vasta aliança reaccionária que vai do executivo do PS às suas muletas do PCP/BE/Verdes, até ao presidente das selfies, Marcelo Rebelo de Sousa, plasmada nas declarações deste e no anúncio de Costa sobre a preparação em curso para a ilegalização da recolha de fundos anónimos.

Bem que pode António Costa agradecer o precioso contributo que o seu parceiro de coligação Jerónimo de Sousa, chefe do PCP – uma das muletas deste governo – lhe deu, ao teorizar sobre o caminho a seguir para legitimar o ataque a esta ferramenta tão importante para a luta de qualquer sector do trabalho.

Unidos na traição, PS, PCP, BE e Verdes, com a tutela de Marcelo, esquecem-se do princípio da dialéctica marxista que determina que quando os traidores aos interesses dos trabalhadores se unem , a reacção mais do que expectável é que os trabalhadores, independentemente do sector no qual se integrem,  superem eventuais contradições que ocorram no seu seio e se unam como um só contra esses traidores.

E é precisamente isso que está a acontecer e tinha de acontecer. Os enfermeiros e as enfermeiras portuguesas estão a tomar consciência de que, só unindo num caudal único as suas lutas é que os poderá levar a alcançar o que, com toda a justiça, reclamam.



Quem foi o pai da Lei da Requisição Civil?!


No dia em que o Governo de António Costa aprova a requisição civil, numa tentativa desesperada de travar a justa luta dos enfermeiros e desmobilizar a greve cirúrgica que estes levam a cabo pela defesa dos seus direitos, convém debruçar-nos sobre quem foi, afinal, o pai da Lei da Requisição Civil. É que, assim, fica mais claro para os trabalhadores quem é que os defende e quem – apesar de afirmar que está do seu lado ou à frente das suas lutas – efectivamente os ataca e cria as condições, legais ou de outra natureza, para os prejudicar.

Quando os enfermeiros, os trabalhadores do Metro, da Carris ou da Soflusa, ou outras grandes empresas – públicas ou privadas – decidirem entrar em greve pela defesa dos seus direitos, e se a actividade laboral for considerada de especial relevância social, passível de serem decretados serviços mínimos obrigatórios, devem perguntar-se porque é que o governo pode decretar – caso considere que tais serviços mínimos não estão a ser respeitados – a requisição civil, quem foram os responsáveis por essa pérola da legislação que é o DECRETO-LEI N.° 637/74, DE 20 DE NOVEMBRO - http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=novapol08.

De facto, o referido decreto foi proposto pelos social-fascistas do PCP de Barrerinhas Cunhal e aprovado durante a vigência de um dos famigerados Governos Provisórios manipulados pelo PCP, cujo 1º ministro era Vasco Gonçalves, tendo a lei sido promolgada pelo então presidente da república  Francisco da Costa Gomes.

Rezava tal decreto, no seu preâmbulo, que o motivo porque se propunha e se aprovava tal disposição legal tinha em linha de conta  “...a necessidade de assegurar o regular funcionamento de certas actividades fundamentais, cuja paralisação momentânea ou contínua acarretaria perturbações graves da vida social, económica e até política em parte do território num sector da vida nacional ou numa fracção da população...” para, mais adiante, tentar amenizar a medida inteiramente fascista com a afirmação de que estaria “...no entanto, presente que no regime democrático, decorrente do Programa do Movimento das Forças Armadas, a intervenção dos Poderes Públicos para fazer face a tais situações só tem justificação em casos excepcionalmente graves”.
 
O decreto, que tinha em vista “... a inadequação dos anteriores meios legais que regulamentam a requisição civil de bens, serviços e empresas...” foi promulgado pelo Governo Provisório, em 23 de Outubro de 1974, ao abrigo da faculdade “...conferida pelo n.° 1, 3.°, do artigo 16.° da Deu Lei Constitucional n.° 3/74, de 14 de Maio...”.

Os social-fascistas, empenhados em desmantelar o movimento revolucionário que emergira após o golpe de estado de 25 de Abril de 1974 e desmobilizar e trair as lutas políticas e sindicais da classe operária e dos trabalhadores portugueses é responsável por esta lei que foi criada, precisamente, porque se considerava que a legislação fascista ainda em vigor, era muito branda para fazer face à reacção e aos reaccionários que, segundo Barreinhas Cunhal e o PCP, comprometiam a Revolução de Abril!
Lembrem-se, pois, quando vos for imposta a requisição civil quem, ao serviço do patronato ou do estado burguês, gizou e impôs uma lei fascista como a da requisição civil!

Uma lei claramente contra os operários e os trabalhadores. Exactamente os mesmos que impuseram o modelo da Concertação Social que serve para impor a vontade, os interesses e os pontos de vista do patronato aos trabalhadores, representados pelas centrais sindicais amarelas e traidoras da CGTP e da UGT.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Bloqueio, a arma cobarde dos EUA:




Por considerar ser um texto que nos ajuda a melhor compreender o contexto e as motivações que animam Donald Trump, chefe do imperialismo americano e o imperialismo europeu a levarem a cabo uma campanha de ingerência que pode levar à guerra cível na Venezuela e à invasão e ocupação militar por parte de imperialistas e seus aliados na região, decidi publicá-lo no meu blogue, apesar de ter consciência de que a sua tradução enferma algumas fragilidades.

Acresce que devemos ter em conta que as refinarias dos EUA estão a registar cerca de 0,6% de aumento nos preços de petróleo importado o que, segundo o governo de Trump está a levar a uma quebra no consumo de derivados daquele produto e a prejudicar a economia americana.



Bloqueio, a arma cobarde dos EUA: 

Saiba do que se trata e como o fazem há muitos anos, como aconteceu no Chile, Cuba e agora com a Venezuela.

de Pedro Santander

O diário mundial da imprensa dedica amplos espaços (preferencialmente manchetes e colunas de opinião) para destacar todas as dificuldades que o povo venezuelano atravessa. Ao fazê-lo, ele sempre culpa a administração do presidente, Nicolás Maduro. Jornalistas, líderes de opinião, cantores, actores, académicos e políticos têm uma grande influência nos principais meios de comunicação da Venezuela. Mas essa obsessão da media com o país caribenho sempre esconde uma variável-chave para qualquer análise minimamente rigorosa: o bloqueio.

Como aconteceu há décadas com Cuba, o processo político e a situação venezuelana são julgados e criticados como se essa tremenda variável não existisse. Não é novidade que um país cujo governo tenta fazer uma política interna e externa de forma independente e que, além disso, levanta uma crítica ao sistema capitalista é brutalmente bloqueado. Já aconteceu com Cuba por mais de 50 anos. Aconteceu com o governo de Salvador Allende que, desde o início de seu mandato, teve que lidar com um bloqueio económico internacional que provocou o congelamento das vendas de cobre no exterior. De fato, em seu discurso em dezembro de 1972 às Nações Unidas, Allende denunciou "o bloqueio económico e financeiro exercido pelos Estados Unidos". O Presidente Maduro fez o mesmo este ano na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

A estratégia é a mesma: bloquear política e economicamente os países dissidentes (isto é, soberanos) e escamotear o bloqueio, bem como suas consequências, da opinião pública mundial. Aconteceu com Cuba, aconteceu com o Chile e acontece com a Venezuela.

No entanto, em cada caso, o bloqueio adquire expressões e modalidades particulares. No caso da Venezuela, podemos distinguir quatro:

· bloqueio offshore através de decretos,
· bloquear através de intermediários,
· bloqueio pelas agências de notação e
· bloqueio de informação dirigido por corporações de media.

O primeiro modo foi concluída em 09 de março de 2015, quando Barack Obama assinou uma ordem executiva que declarou a Venezuela como uma "ameaça incomum e extraordinária". Literalmente, este decreto diz: "Com isso, informo que emiti um decreto declarando uma emergência nacional no que diz respeito à ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional e política externa dos Estados Unidos representado pela situação na Venezuela" .

Essa ordem executiva foi estendida ao longo do tempo e expandida em seus efeitos. Em maio de 2018, Donald Trump, em resposta à insolência chavista para chamar (novamente) eleições, decretou sanções levadas a cabo pelo Departamento do Tesouro para proibir a compra por cidadãos norte-americanos, de qualquer dívida do Governo da Venezuela, incluindo as contas a receber. Essas sanções incluem o Banco Central e a companhia petrolífera estatal PDVSA. A partir de hoje, a Venezuela não pode usar o dólar como moeda internacional, nem pode negociar qualquer transacção internacional através da referida moeda. Isso implica a impossibilidade de negociar a dívida externa, uma vez que a maioria dos contratos de dívida pertence à jurisdição dos EUA.

Nesse sentido, grande parte do sistema financeiro internacional vem promovendo nos últimos anos um sistema de bloqueio para as operações financeiras da Venezuela. Houve cancelamentos unilaterais de contratos bancários correspondentes do Citibank, Comerzbank, Deutsche Bank, etc. Desde julho de 2017, o agente de pagamento dos títulos emitidos pela PDVSA, Delaware, informou que seu banco correspondente (PNC Bank) nos Estados Unidos se recusou a receber fundos da companhia petrolífera estatal.

A segunda forma, bloqueando através de intermediários, é uma expressão desses tempos. O objectivo é evitar que qualquer intermediário que realize transacções com a Venezuela as realize, impedindo qualquer iteração e relacionamento entre a Venezuela e empresas dos Estados Unidos. E não só lá: o Novo Banco (Portugal), em agosto de 2017 notificou a impossibilidade de operações de dólar com instituições públicas venezuelanas, bloqueando intermediários.

Isso impede que os intermediários de pagamento actuem, bloqueando qualquer acção de pagamento. Essa modalidade teve consequências humanitárias à medida que foram afectadas, por exemplo, compras de remédios e alimentos. Em 2017, 300 mil doses de insulina pagas pelo Estado venezuelano não chegaram ao país porque o Citibank boicotou a compra desse produto. O banco dos EUA se recusou a receber os fundos que a Venezuela estava depositando para pagar pela importação dessa imensa carga, necessária para pacientes com diabetes.

Como resultado, a insulina foi paralisada em um porto internacional, apesar do fato de existirem recursos para adquirir a medicação. Além disso, o laboratório colombiano BSN Medical impediu a chegada de um carregamento de Primaquine, um medicamento usado para tratar a malária. Um total de 23 operações no sistema financeiro internacional foram devolvidas (incluindo 39 milhões de dólares em alimentos, suprimentos básicos e medicamentos). Finalmente, desde novembro do ano passado, 1,65 biliões de dólares da Venezuela destinados à compra de alimentos e medicamentos são sequestrados pela empresa de serviços financeiros Euroclear, em conformidade com sanções do Departamento do Tesouro dos EUA.

O bloqueio de intermediários não apenas aponta para operações financeiras. Também afecta a mobilidade dos venezuelanos nas mais diversas áreas. Desde 2014 deixaram de realizar voos de e para a Venezuela a Air Canada, Tiara Air, Alitalia, Gol, Lufthansa, Aero México Latam Airlines, United Airlines, Avianca, Delta Airlines, Aerolineas Argentinas, etc. É cada vez mais difícil chegar à Venezuela por via aérea.

Também as agências de viagens se juntam ao cerco. Por exemplo: 15 lutadores venezuelanos não puderam suportar o qualificador de preços para a América Central e do Caribe 2018 (CAC), para participar nos Jogos, por causa da incapacidade de chegar a um acordo com a agência, que colocou várias limitações, incluindo a tarifa : este passou de 300 para 2.100 dólares por pessoa quando a empresa soube que era a transferência da Federação Venezuelana de Boxe.

Quando, em seguida, um voo charter privado se ofereceu para transportar a equipe, a Colômbia e o Panamá não autorizaram o uso de seu espaço aéreo, assim que o México também decidiu recusar a ceder seu espaço aéreo. Anteriormente, uma situação semelhante ocorrera com a equipe feminina de vôlei. Este ano, a Guatemala recusou vistos para a selecção de râguebi da Venezuela para participar do 4 Nations Sudamericano B e também a equipe nacional, lutando para o Campeonato Pan-americanos.

expressões culturais também são blocos: no início deste ano, o banco italiano Sanpaolo bloqueou recursos intenso para a participação da Venezuela pavilhão na XVI Bienal de Arquitectura de Veneza. Como um "crime cultural" chamou-lhe o Ministro Ernesto Villegas que conseguiu, depois de árduas negociações e reclamações, romper o cerco.

Também se bloqueiam expressões culturais : no princípio do ano o banco italiano Intensa Sanpaolo bloqueou os recursos para a participação do pavilhão da Venezuela na XVI Bienal de Arquitectura de Veneza. Trata-se de uma “crime cultural”, como o qualificou o ministro Ernesto Villegas que logrou, depois de árduas negociações, romper com esse cerco.

Mas, não só! Se os eventos culturais e desportivos venezuelanos não conseguem ir para o exterior e representar seu país, o boicote também ocorre ao contrário: artistas e atletas de outros países se recusam a ir à Venezuela e, com autoconfiança, falam sobre o governo venezuelano e Chávez. Talvez Miguel Bosé e Jaime Bayly sejam os exemplos mais grotescos nesse sentido.

Esse boicote cultural e desportivo é muito eficaz para influenciar a opinião pública mundial e uma ferramenta poderosa para a construção de uma opinião pública comum, negativa, em relação à Venezuela, devido à popularidade de pessoas como Miguel Bosé, Alejandro Sanz e Kevin Spacey, Gloria Stefan ou Francisco Cervelli (do Pittsburgh Pirates), divulgando propaganda negativa, num contexto de bloqueio multidimensional.

A terceira modalidade é expressa através da classificação arbitrária e injusta de risco que as agências fazem. O risco do país (PR) atribuído pelas agências de rating é inadmissível se observarmos o cumprimento pela Venezuela do pagamento da dívida externa. Nos últimos 4 anos, a República honrou seus compromissos de pagamento, num total de 73.359 milhões de dólares. No entanto, o PR continuou a subir. Como denuncia o economista Alfredo Serrano, "passaram 32 meses nos últimos 14 anos em que o PR contra a Venezuela aumentou, apesar do aumento do preço do petróleo. Actualmente, o PR, dado pelo JP Morgan (EMBI +), é de 4.820 pontos, ou seja, 38 vezes mais do que o atribuído ao Chile, embora este país tenha uma relação dívida / PIB semelhante à da Venezuela. Tudo isso é caro e praticamente impede qualquer possibilidade de obter créditos ".

Esses três blocos estão cheios de cinismo e paradoxos: enquanto, por um lado, a imprensa mundial denuncia a “crise de fome e humanitária” na Venezuela, por outro lado, em acção coordenada, países e instituições pró-EUA. bloqueiam a entrada de medicamentos e comida para o país. Enquanto o Grupo de Lima, os Estados Unidos e a União Europeia mostram consternação com a emigração venezuelana, as companhias aéreas desses mesmos países saem do território. E, enquanto os compromissos de pagamento são cumpridos, o risco país aumenta. É uma inversão absurda da realidade.

No entanto, por absurdo que seja, mantém-se ideologicamente graças à quarta modalidade de bloqueio: a mediática. Esse bloqueio também é muito paradoxal porque a Venezuela é o país em que a maioria das medias de corporações internacionais fala. É, portanto, um "bloqueio barulhento", diferente, por exemplo, do bloqueio silencioso de Guantanamo, dos massacres no Iémene e da Palestina ou dos constantes assassinatos de jornalistas no México.

Pelo contrário, na Venezuela há uma profusão informativa, a continuidade de uma agenda de escândalos e uma festa de verbosidade. De fato, durante 2017, em uma amostra de 90 medias dos EUA, foram registadas 3.880 notícias negativas sobre a Venezuela, ou seja, uma média de 11 diárias, lideradas pela Bloomberg e pelo Miami Herald. Quanto às agências, a Reuters e a AFP juntas respondem por 91% das notícias negativas. Por sua vez, o jornal El País na Espanha mencionou a Venezuela em 249! das 365 edições de 2017, quase diariamente e sempre negativamente. E se isso parece um exagero, falta o adjectivo adequado para qualificar a cadeia Deutsche Welle (DW): ela publicou 630 notícias sobre o presidente Maduro ... quase 2 diárias! No caso da imprensa latino-americana, são os meios de comunicação do México, Colômbia e Chile (isto é, os principais membros da Aliança do Pacífico), os que são cada vez menos rigorosos: 4.200 notícias negativas surgiram no México em 2017, 3.188 na Colômbia e 3.133 no Chile.

Nenhuma mencionou o bloqueio!

O cerco da media opera gerando imenso ruído e, ao mesmo tempo, tornando invisível tanto o bloqueio quanto o povo chavista. Ambas não existem na media das corporações e, como ambas não existem, a opinião pública mundial, que geralmente acede a informações sobre a Venezuela através da agenda da informação hegemónica, tende a formar uma visão enviesada da realidade.

Essa é a fórmula do actual

bloqueio, promovido como política externa pelos Estados Unidos contra os países periféricos que, como a Venezuela, buscam construir seus próprios caminhos com soberania. Podemos ver continuidade com os casos de Cuba e do Chile durante o século XX, mas também vemos características do século XXI e deste estádio do imperialismo.

https://www.chileokulto.cl/el-bloqueo-el-arma-cobarde-de-eeuu-aprenda-de-que-se-trata-y-como-lo-realizan-por-muchos-anos-tal-como-los-ocurridos-en-chile-cuba-y-ahora-con-venezuela/?fbclid=IwAR1uXQct036u-Z4mEHisZYZd6JuAshuLhkVblnoJfjse-yC-JMkIs8ETnTY