quarta-feira, 7 de agosto de 2019

O povo tem de levantar-se contra a regionalização!



O processo de regionalização agora retomado pelo governo de Costa, com o execrável silêncio – senão apoio – das muletas do PCP, BE e Verdes, foi sendo preparado ao longo de mais de uma década com as famigeradas fusões de freguesias.

Todos se recordarão da acção do governo de coligação da direita com a extrema-direita, do PSD como CDS/PP, que designou Miguel Relvas como ministro encarregue de levar à prática aquele processo. Manobra que António Costa prosseguiu – diga-se que com maior sucesso – depois de ter assumido o poder, graças a uma coligação da direita com os partidos da auto-intitulada “esquerda parlamentar”.

Mapa da Regionalização agora proposto
Todos se recordarão que em 2012, quando Passos e Portas impunham esta fusão, registou-se, sobretudo nas freguesias suburbanas e rurais, um pouco por todo o país, um clamor e uma firme oposição contra este processo, traduzida num rechaçar, em sede de Assembleias Municipais e de Freguesia, de tais manobras.

Resistência e oposição traídas por Costa e seus apêndices, que entretanto e no âmbito das últimas eleições autárquicas, conseguiram impor uma redução de cerca de 30% das cerca de 4.260 freguesias então existentes! Ou seja, a hecatombe levou a que nos dias de hoje existam apenas 3092 freguesias!

O PCTP/MRPP foi o único partido que defendeu – e continua a defender – que qualquer solução específica de natureza organizativa autárquica, quando se trata de grandes concentrações urbanas, devem ser encontradas no âmbito das chamadas Regiões Metropolitanas de Lisboa e do Porto, pelo que defendemos a criação de Regiões Especiais.

Os social-fascistas do PCP, bem pelo contrário, servindo os interesses da burguesia, apoiaram em 1998 o referendo sobre a regionalização, que foi liminarmente chumbado pela esmagadora maioria do povo. Não satisfeitos, reagem a esta nova tentativa referendária, com a exigência da repetição daquele referendo, exactamente com base nos mesmos pressupostos que defendeu em 1998, isto é, a criação de 8 regiões administrativas.

As fusões de freguesias e, agora, esta nova tentativa de impor a regionalização – ou de repetir o referendo de 1998 -,  devem merecer das populações trabalhadoras  de todo o país uma firme e unida oposição, seja nas áreas de maior concentração populacional, seja nas áreas de maior dispersão, pois ao contrário de resolver qualquer dos problemas com que essas populações se deparam, antes os agravam. À medida que o PS for avançando, de forma insidiosa, enganadora e manipulatória no processo de regionalização, é de crer que recorrerá à mais básica intimação fascista, à qual o povo deve saber responder sem medo!

A liquidação das freguesias que acima se denuncia preparava, pois, um processo de reorganização administrativa do território que iria desaguar no famigerado processo de regionalização. O objectivo, quer do PSD e do CDS, quer agora do PS, com a ajuda ou o silêncio das suas muletas do PCP, BE e Verdes, foi sempre o de concentrar recursos e  populações nos grandes centros urbanos, de forma a tornar mais rentável a exploração, em termos capitalistas, dos serviços fornecidos, seja na área da saúde, da educação, da cultura, da assistência a idosos, seja nos sectores dos correios e comunicações, do abastecimento de água, do saneamento básico, etc, privando de uma forma criminosa as populações das aldeias, das vilas e mesmo das cidades de média dimensão de condições de proximidade no acesso a tais serviços.

Mapa da Regionalização - 8 regiões - proposto
no referendo de 1998,
e chumbado pela maioria do povo
Mas, o que se pretende não é apenas a extinção de 30 ou 40% das freguesias. O objectivo é a extinção de todas elas, passando o nível inferior da organização autárquica a ser o dos municípios. O passo seguinte será o do esvaziamento ou eliminação de competências e de uma parte importante dos serviços assegurados pelos municípios de pequena e média dimensão, concentrando tais competências e serviços em novas entidades regionais.

Para além de exponenciar a corrupção, o compadrio e o nepotismo que já grassa em toda a administração pública – governo, autarquias, serviços, etc. -, a regionalização,  que se integra no projecto de reorganização administrativa do território e é agora retomado por Costa, com o cúmplice silêncio das suas muletas no governo, revestir-se-á de uma violência sem precedentes já que terá lugar num contexto em que a reposição do roubo dos salários e do trabalho ainda não foi levada a cabo e se registou a maior carga fiscal de sempre em 2018, tendo o custo de vida sofrido brutais aumentos- sobretudo nos grandes e médios centros urbanos devido à escalada da especulação imobiliária e à explosão do turismo – e a precariedade laboral não ter sido, sequer, beliscada, apesar das inúmeras declarações de intenção do governo e suas muletas.

O que a burguesia pretende com esta alegada reorganização administrativa do território – designada por regionalização – é eliminar ou tornar ainda mais caros e dificilmente acessíveis os serviços básicos, votando-se assim ao abandono, à miséria e a todo o tipo de privações os sectores mais vulneráveis e desprotegidos da população trabalhadora.

A luta contra a regionalização deve ser prosseguida. E deve ter expressão imediata já no próximo dia 6 de Outubro,  com a derrota eleitoral do PS e suas muletas. Derrota de um autêntico partido de direita, que tem governado contra os interesses da maioria da população – constituída por operários e trabalhadores -,  e ao serviço de directórios internacionais que sequestraram a independência e soberania do nosso país.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Plágio de programas eleitorais? Ou unidade na acção reaccionária?


A escassos dois meses das eleições legislativas, agendadas por Marcelo Rebelo de Sousa para o próximo dia 6 de Outubro, instalou-se a mais pura e dura das comédias bufas nas hostes dos partidos do chamado “arco parlamentar”.

À medida que, a conta gotas, vão apresentando as suas propostas eleitorais, acusam-se mutuamente de plágio e de copy/paste, como se já não fosse uma evidência para os elementos mais conscientes da classe operário, da juventude, dos intelectuais e dos trabalhadores, a inexistência de qualquer tipo de divergências entre todos eles.

Nem Catarina, nem Jerónimo, nem Eloísa, se podem arrogar da diferença. Os últimos quatro anos de governo Costa/Centeno, comprova que, alegando o respeito pelos compromissos europeus do PS, PCP, BE e Verdes caucionaram todas as medidas reaccionárias e anti-populares que Costa e Centeno impuseram, consubstanciadas em quatro Leis do Orçamento, votadas por esta auto-intitulada maioria de esquerda.
 
E tudo isto mascarado de garantia para o amenizar das políticas de direita levadas a cabo pelo PS. Medidas que, a avaliar pela troca de acusações de plágio agora protagonizadas por Rio e Cristas, são as mesmíssimas que PSD e CDS – e direita e a extrema-direita – têm para propor nas próximas eleições.

À medida que se torna cada vez mais difícil – senão impossível – o exercício de diferenciação política entre as propostas eleitorais feitas pelos partidos do “arco parlamentar”, também se torna mais evidente a vacuidade do chamado voto útil. Útil para quem?

Claro que para a burguesia especuladora e parasitária, para a banca, para os pato-bravos e os especuladores imobiliários, para a manutenção de uma situação em que Portugal perdeu totalmente a sua soberania orçamental, política, cambial, bancária, aduaneira, económica e financeira, para aceitar os ditames de Bruxelas, Berlim e Paris.

Esta é a razão pela qual nenhum partido do chamado “arco parlamentar” – e outros satélites que, apesar de ainda não terem lugar na estrebaria de S. Bento,  se colocam em bicos dos pés para os assessorar – respondeu a qualquer destas perguntas que povoam a consciência de operários e trabalhadores e que o PCTP/MRPP sintetizou no artigo “Em que Estado está a Nação”, publicado na edição do órgão central do Partido, o Luta Popular online, no passado dia 11 de Julho do corrente:

· Vamos poder dispor da nossa zona económica exclusiva (ZEE) e Plataforma Continental?
· Podemos voltar a ter marinha mercante?
· Vamos voltar a ter indústria?
· Vamos voltar a ter agricultura?
· Vamos voltar a ter política externa?
· Vamos voltar a ter politica de defesa não submissa ao imperialismo americano e europeu?
· Vamos voltar a ter moeda?
· Vamos voltar a ter Língua?
· Vamos voltar a ter bancos públicos?
· Vamos continuar a ter água?
· A Escola vai passar a servir para alguma coisa?
· Vamos ter política de cultura?
· A Medicina vai funcionar no SNS sem matar as pessoas por falta de assistência?
· Podemos ter contratos de trabalho menos injustos, ou vamos continuar a assentar a política de emprego na precariedade e na ausência de confiança?
· Podemos não ir combater para a Ucrânia e para a Venezuela? Para o Irão, para o Mali e para a República



Centro-africana?
· Pode-se recuperar as verbas sumidas na corrupção?
· O pessoal das organizações (teórica ou praticamente) secretas pode ser posto nos eixos?
· E quanto aos tribunais, vão passar a ter os seus titulares eleitos democraticamente?
· Vamos recuperar a soberania cambial, monetária e orçamental?

Como afirmávamos no supracitado artigo, “ é tempo...de o povo português ponderar sobre para onde tem ido o seu voto útil”! Ou melhor dito, como tem sido fútil, após mais de 40 anos de poder democrático, votando sempre nos mesmos partidos  que os têm sujeito à miséria, à exploração, ao desemprego e precariedade, poder esperar um resultado diferente?! Poder esperar que a corrupção, o compadrio e o nepotismo não sejam a cartilha pela qual todos eles, a sós ou coligados, não continue a pautar a sua acção política?!