quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Évora: Fábrica da Kemet Electronics intenta despedir 154 trabalhadores


kemet electronics 01A pretexto da deslocalização para o México de parte da produção, (produz peças para telemóveis e para automóveis), esta empresa norte-americana, instalada em Évora prepara-se para despedir cerca de 154 trabalhadores. Trabalhadores esses que trabalham 12 horas diárias e ritmos intensos.
 
É isso que justifica que a empresa tenha obtido 8 milhões de lucros.

Nos últimos anos, esteve várias vezes em lay-off e, simultaneamente, foi despedindo trabalhadores – chegou a ter cerca de 600 assalariados, provocando o maior despedimento colectivo na região em 2007 (280 trabalhadores).
 
Dirigentes sindicais denunciaram que esta multinacional recebeu nos últimos três anos quatro milhões de euros de incentivos, no âmbito de programas de apoio, benefícios que afinal se traduziram em acabar com postos de trabalho e a não construção de linhas de produção que deviam ter sido criadas por esse investimento.
Este despedimento colectivo irá piorar ainda mais a situação de uma região onde as alternativas no mercado de trabalho são muito poucas para poder absorver estes trabalhadores, visto tratar-se de uma zona do país com elevadíssimas taxas de desemprego jovem - só no concelho de Évora atinge cerca de 1600 e, no distrito, perto de 4200 trabalhadores jovens, num total de 11.500 desempregados.
 
Nos próximos dias 3 e 4 de Dezembro realizar-se-ão plenários de trabalhadores, data em que a empresa anunciará os despedimentos.
 
Os trabalhadores da Kemet de Évora devem unir-se aos seus camaradas de trabalho das restantes unidades da empresa para obterem deles o apoio para se oporem a estas manobras e, por outro lado, integrarem-se no caudal do combate sem tergiversações que é necessário travar contra as medidas terroristas deste governo de traição nacional que dá uma cobertura total a esta política do patronato.
 
 
Retirado de:

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Estudantes Universitários exigem que este orçamento vá para o lixo!


estudantes contra o oe 2013Manifestando o seu vivo repúdio e disposição em integrar a luta mais geral do povo português contra a Lei do Orçamento Geral do Estado para 2013, que constitui um autêntico genocídio fiscal, centenas de estudantes do ensino superior integraram uma manifestação que teve lugar em Lisboa e que terminou nas escadarias fronteiras à Assembleia da República, enquanto centenas de colegas seus, organizados pelo Conselho das Repúblicas de Coimbra, invadiram a Reitoria da Universidade daquela cidade.
 
Para além das universidades de Lisboa, aderiram à luta e aos protestos estudantes universitários de todo o país, desde a Universidade do Minho à Universidade de Trás-os-Montes, passando pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha.
 
A principal palavra de ordem que ecoou nas manifestações e nas faixas ostentadas pelos estudantes foram “ Este não é o nosso orçamento” e “Chumbemos estas políticas e este orçamento”, numa expressa alusão aos cortes orçamentais na acção social e nos orçamentos das universidades prevista neste OE para 2013.
 
Evidente foi, também, a demonstração de que os estudantes universitários já não alimentam quaisquer ilusões quanto à necessidade de derrubar este governo de serventuários e na necessidade de se unirem aos trabalhadores e ao povo em geral para se constituir um governo democrático patriótico que, no mínimo, suspenda o pagamento de uma dívida que não foi contraída nem pelos estudantes, nem pelo povo, e que crie as condições de acesso livre, democrático e com dignidade, a um ensino com elevados padrões de qualidade pedagógica e científica.
 
 
Retirado de:

domingo, 25 de novembro de 2012

Estancar a “sangria” de uma emigração jovem e qualificada


Passa pelo derrube do governo de traição PSD/CDS

 

Todos se lembrarão que há umas semanas atrás Gaspar Dixit afirmava na conferência de imprensa onde dava conta do genocídio fiscal a que correspondem as medidas contidas na Lei do Orçamento de Estado para 2013, que se sentia na obrigação para com Portugal de retribuir com o seu trabalho e esforço o dinheiro que o país tinha desembolsado com a sua “dispendiosa” educação.

Escamoteando que o acesso à educação pública decorre de um contrato há muito imposto pelas lutas dos trabalhadores aos governos da burguesia, contrato que estipula que uma parte dos impostos que lhe são cobrados, sem apelo nem agravo, numa espiral de crescimento cada vez maior, se destinam a assegurar essa educação aos seus filhos, mas, também, o acesso à saúde, a prestações sociais do mais variado teor – desde subsídios de maternidade, a desemprego, a baixas médicas, auxílio a familiares, invalidez, entre muitos outros -, tenta deitar areia para os olhos do povo ao fazer passar a ideia de que o estado, o governo, pratica um acto de generosidade ou favor ao assegurar a existência de escolas, acesso à educação e excelência pedagógica e científica do ensino.

Num contexto em que os serventuários Coelho e Portas, acolitados por Cavaco, mas não só, se prestam a implementar e garantir que os ditames da tróica germano-imperialista são aplicados no nosso país, à custa de quem trabalha, de forma a que os fabulosos lucros que ensaca para o pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída para seu benefício, seja paga sem sobressalto de maior, e que os activos e empresas estratégicas sejam vendidos a preços de saldo, um outro e tão mais importante activo está a ser vendido por este novos negreiros.

É por isso que assistimos, a par de uma estonteante sucessão de acções de recrutamento – neste fim-de-semana decorreu, por exemplo, a Feira de Emprego na Saúde, em Lisboa - de grandes empresas internacionais especializadas para tal, que procuram assediar trabalhadores, sobretudo jovens e com formação média e superior, para vários países da Europa dita desenvolvida e rica, a “custos de contexto” (leia-se, salários) mais baixos, a par de um novo êxodo de emigrantes que as medidas terroristas e fascistas que este governo está a impor lançou para o desemprego, aconselhando como solução que…emigrassem!

A euforia é tal que, também neste fim-de-semana, uma das maiores companhias da aviação mundial – a QATAR Airlines – conseguiu atrair a um hotel da capital centenas de candidatos masculinos e femininos – dando-lhes rigorosas instruções de como deveriam ir vestidos – que procuram no distante médio oriente um “eldorado” que os faça sair do pesadelo do desemprego, da precariedade e do genocídio fiscal a que estão sujeitos no seu próprio país.

A necessidade de derrubar este governo de traição torna-se, pois, cada vez mais premente. Não só para que um novo governo, democrático patriótico, assegure que, no mínimo, se procederá à suspensão do pagamento da dívida e do serviço da dívida, como garanta que prepara o país para a eventual necessidade de sair do euro.

Um governo disposto a implementar um novo paradigma de economia, que passa pelo controlo da banca, pela nacionalização de todos os activos e empresas estratégicas e pela reconstrução do nosso tecido produtivo. Mas, também e sobretudo, que garanta que esta “sangria” de emigração de recursos humanos, fundamentais para construir e desenvolver as bases e fundamentos de uma economia ao serviço dos trabalhadores e controlada por eles seja, seja não só estancada, como revertida.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ainda sobre a carga policial de 14 de Novembro!

Garcia Pereira exige respostas ao Director Nacional da PSP


Reproduz-se aqui, neste blogue, a carta que o advogado Garcia Pereira, prestigiado militante do PCTP/MRPP, subscritor do manifesto 14N e reconhecido combatente pela liberdade e pela democracia, endereçou ao director nacional da PSP, exigindo explicações sobre a carga policial absolutamente fascista que ocorreu no passado dia 14 de Novembro, em frente à Assembleia da República, sobre os manifestantes que apoiaram a Greve Geral que nesse mesmo dia ocorreu, uma das greves gerais mais participadas de que há memória depois de 25 de Abril de 1974, ao mesmo tempo que demonstravam a sua firme oposição à aprovação da Lei Geral do Orçamento para 2013 e exigiam o derrube do governo de traição Coelho/Passos.



Exmº Senhor

Director Nacional da PSP

Largo da Penha de França, nº 1

1199-010 Lisboa – Fax 21 814 77 05

 

Lisboa, 23 de Novembro de 2012

 

Exmº Senhor Director Nacional

 

Na dupla qualidade de Cidadão e de Advogado, e com vista a instruir queixas de natureza criminal, cível e disciplinar contra os responsáveis que se venha a apurar terem tido alguma espécie de intervenção em factos susceptíveis de consubstanciar ilícitos, quer de natureza penal, quer de natureza civil, quer de natureza disciplinar, venho por este meio requerer a Vª Exª, ao abrigo do artº 61º e segs. do Código do Procedimento Administrativo me sejam fornecidas as seguintes informações.

 

a)    Quem deu ordem para a carga dos elementos do Corpo de Intervenção no passado dia 14 de Novembro e qual foi a ordem específica que lhes foi dada ?

b)    Em particular, tal ordem era no sentido de afastar e/ou deter os manifestantes suspeitos de atirarem objectos à polícia e que se encontravam mesmo em frente aos elementos do Corpo de Intervenção ou a de atacar e ferir todos os manifestantes presentes no Largo de S. Bento e zonas adjacentes ? E isso, mesmo após tais manifestantes estarem a dispersar ou não poderem reagir por estarem encurralados contra um fosso de mais de 2 metros de altura ?

c)    Existiram ou não entre os manifestantes agentes da PSP à paisana, e em caso afirmativo com que instruções ? Por que razão se deslocaram os mesmos para trás dos elementos do Corpo de Intervenção escassos segundos antes da carga destes ?

d)    Quem deu a ordem para que fossem efectuadas cargas à bastonada, ao pontapé e com utilização de cães sobre os cidadãos que, depois da primeira carga em frente à escadaria, se encontravam em, ou dispersavam para, outros locais, como por exemplo pela Av. D. Carlos abaixo e artérias adjacentes ?

e)    Quem deu instruções e com que objectivos para que agentes à paisana em toda a zona entre a Av. D. Carlos I e a Estação do Cais do Sodré atacassem à bastonada e matracada vários cidadãos ?

f)     Quem deu ordens e instruções para que tais agentes não se identificassem e para que os que se encontravam fardados não tivessem as respectivas placas    identificativas ?

g)    Quem deu a ordem para a detenção das dezenas de cidadãos que foram detidos na Estação do Cais do Sodré ? Quem é o responsável pela sua condução às esquadras para que foram levados, e em especial à do Monsanto ?

h)   Quem deu ordens para que não fosse permitida a tais detidos efectuarem telefonemas para os seus familiares ou para os seus Advogados ?

i)     Quem deu ordens para que, de tais cidadãos, os que necessitavam de assistência não a tivessem tido, tendo ficado com feridas na cabeça a escorrer sangue ?

j)      Quem deu ordens para que alguns dos detidos e detidas fossem forçados a despir-se por completo e/ou a sujeitar-se a revistas absolutamente humilhatórias como as de os obrigar a, todos nus, se dobrarem para a frente e a exibir o ânus ?

k)    Quem deu ordens para que o cidadão João Lopes Barros Mouro, detido pelo Chefe Américo Nunes pelas 18H30 tivesse ficado sob detenção durante 13 horas, primeiro nas imediações do Parlamento e, depois, no Hospital de S. José ?

E de quem é a responsabilidade da ordem de impedimento de entrada na Esquadra do Calvário aos 4 Advogados que ali compareceram pelas 03H00 da madrugada de 15/11, entre os quais o signatário e o Presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, Sr. Dr. Vasco Marques Correia ?

l)     Quem deu instruções aos agentes que nessa noite atendiam o telefone do número geral da PSP bem como os das diversas esquadras da PSP para que não informassem os familiares e Advogados dos detidos (que por eles perguntavam) da localização destes ? E para invocar, designadamente perante a Comunicação Social, o completo desconhecimento da detenção das dezenas de cidadãos, referir apenas 7 detenções, mais tarde apenas 8 e depois apenas 9 detenções (ou seja, somente os que foram a Tribunal de Pequena Instância Criminal no dia seguinte) ?

m)  Quem autorizou e/ou ordenou que os agentes da PSP que procederam aos espancamentos e às detenções proferissem, dirigindo-se aos cidadãos, expressões como “Vocês são uns portugueses de merda !”, “Filhos da puta”, “Cabrões”, “Vão para o caralho !”, “Olha para o chão, caralho, não levantes a cabeça !” ?

n)   Quem autorizou e/ou ordenou que agentes da PSP, sem autorização da respectiva Presidência, tivessem invadido as instalações do Instituto Superior de Economia e Gestão e aí insultassem e agredissem manifestantes e estudantes do Instituto ?

o)    Quem autorizou e/ou ordenou que agentes da PSP algemassem cidadãos apertando-lhes brutalmente os polegares com abraçadeiras plásticas, como sucedeu com uma das detenções efectuadas pelo Chefe Américo Nunes ?

p)    Qual a identificação dos outros elementos da PSP que integravam a brigada chefiada pelo referido Chefe Américo Nunes quando a mesma actuou na zona da Av. D. Carlos I ?

q)    Quem autorizou que agentes policiais fardados mas sem placas identificativas, e envergando passa-montanhas escuros agredissem cidadãos em vias de serem detidos e mesmo depois de detidos ?

r)     Qual a identificação dos agentes da PSP que procederam à filmagem dos manifestantes ? Quando se iniciaram tais filmagens e por ordem de quem ? Pediu e obteve antecipadamente a PSP autorização da Comissão Nacional de Protecção de Dados para efectuar tais filmagens (que, como foi tornado público, já por duas vezes foram consideradas ilícitas pela referida Comissão) ?

s)    Por ordem de quem, e com que objectivo, foram recolhidos elementos de identificação (e outros não exigidos por lei, como por exemplo os telemóveis) das dezenas e dezenas de detidos que não foram levados a Tribunal de Pequena Instância Criminal ? E em que “expediente” ou “processos” ou ficheiros foram tais elementos incorporados e com que suporte legal ?

 

Fico, pois, aguardando o fornecimento no prazo máximo legal de 10 dias – artº 61º, nº 3 do supra-citado CPA – dos elementos ora solicitados.

 

Mais informo que cópia deste requerimento será nesta data remetida ao Sr. Provedor de Justiça, à Srª Procuradora Geral da República, ao Sr. Inspector-Geral da Administração Interna, ao Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados, ao Sr. Presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados e ao Sr. Presidente da Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República.

 

E, dada a enorme gravidade das indiciadas violações de direitos, liberdades e garantias a que se reporta o presente pedido de informações, Vª Exª compreenderá que me reserve o direito de dar ao mesmo a divulgação que considerar mais adequada à completa dilucidação da verdade dos factos

 

 

Com os melhores cumprimentos,

 

 

António Garcia Pereira

 

 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Encontro de inquilinos das avenidas novas em Lisboa

 Contra a lei terrorista dos despejos, lutar pelo derrubamento do governo!
avenidas novas lisboa 01No passado dia 12 de Novembro, entrou em vigor a nova lei do arrendamento, mais conhecida pela lei dos despejos, justamente porque irá originar, se o governo não for apeado antes, milhares de despejos de inquilinos com contratos celebrados antes de 15/11/1990.
 
Esta lei celerada, já denunciada noutros artigos que aqui publicámos, irá acarretar para inúmeras famílias um encargo incomportável e tem como objectivo exclusivo acabar, no prazo de cinco anos, com a maioria dos contratos de arrendamento, sejam eles habitacionais, comerciais ou de serviços, estes últimos desde que celebrados antes de 05/10/1995. Esses contratos terão a partir de agora um prazo de cinco anos mais dois, só ficando de fora os inquilinos com mais de 65 anos que não serão obrigados a celebrar novo contrato, mas estarão sujeitos aos mesmos aumentos do preço do arrendamento.
 
 
Este aumento desmesurado em tão curto espaço de tempo, será calculado sobre o valor patrimonial actualizado da habitação ou espaço comercial, valor que é atribuído pelas finanças para efeitos do IMI, que já de si, como está profusamente demonstrado, está exponencialmente inflacionado, dando assim origem a rendas excessivas e também elas especulativas - tudo a mando da Tróica, naturalmente…
 
Foi esta ameaça de desalojamento de centenas de famílias confrontadas com o aumento incomportável das rendas que esteve em debate num encontro de inquilinos promovido pela Associação de Moradores das Avenidas Novas com o apoio da Associação dos Inquilinos Lisbonenses.
 
Nesse encontro, ouvimos relatos directos de casos pungentes de cidadãos naquelas condições, na sua maioria com mais de 65 anos.
 
É o caso de uma senhora de 90 anos que recebeu, mesmo antes de a lei ter sido regulamentada, uma carta do senhorio a propor o aumento de renda de 84 euros para 450 euros.
 
Muitos foram também os casos denunciados de senhorios que pretendem ignorar o estado de conservação das casas, isto é, o estado de degradação a que as deixaram chegar, ou com as obras de conservação efectuadas exclusivamente a expensas dos inquilinos, durante anos, e sem qualquer contrapartida.
 
É bom relembrar que esta lei irá ainda facilitar o despejo se o senhorio pretender, ou alegar pretender, a casa para a habitação própria ou dos filhos, ou pretender fazer obras de conservação profundas na casa ou no prédio.
 
Com os inúmeros encerramentos de casas de comércio a que assistimos diariamente, esta lei irá com certeza acelerar o processo de maior destruição da economia, provocando milhares de despedimentos de trabalhadores, principalmente na restauração, já durante o próximo ano.
 
O povo trabalhador terá de dar uma resposta cabal a esta situação. Não se trata de discutir apenas os casos com os seus advogados ou com a Associação de Inquilinos, como foi ontem recorrentemente sugerido aos moradores das Avenidas Novas. Não basta ter reuniões com os grupos parlamentares, onde a maioria PSD/CDS é responsável por esta lei terrorista - mais uma! O que é necessário é conjugar esforços com outras associações de moradores, de comerciantes, de moradores com casa empenhada aos bancos, de sindicatos para, em conjunto, combater pelo objectivo do derrube deste governo de traição nacional, sem mais demoras, antes que o suicídio seja considerado uma saída, a exemplo dos acontecimentos sucedidos na vizinha Espanha.
 
Só a constituição de um governo democrático patriótico poderá impor a revogação desta lei sem contemplações. Por isso, a luta mais geral do povo explorado e oprimido terá de estar no horizonte deste combate contra esta lei dos despejos.
 
 
Retirado de:

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

RTP denuncia manifestantes à polícia - Que belo serviço público!


Como acaba de ser admitido pelo respectivo Conselho de Administração, a RTP forneceu à polícia/nova pide imagens por ela recolhidas durante a manifestação do passado dia 14 de Novembro junto ao Parlamento, manifestação essa, como se sabe, alvo de uma brutal repressão e impiedosa perseguição por parte de várias polícias contra milhares de elementos do povo que ali se encontravam a exercer um elementar direito democrático de exigir o derrubamento do governo.
Não deixando de se tratar de um acto de criminosa delação, cujos responsáveis deviam ser presos, esta actuação da RTP não nos surpreende.
 
É que esta estação de televisão, sustentada pelo dinheiro dos contribuintes, nunca deixou de constituir um instrumento da política dos partidos que se acham no poder e, desde logo, dos que incorporaram os sucessivos governos aos que hoje constituem o governo de traição nacional, sendo que, no caso deste acto de bufaria, tal como as suas irmãs privadas, desde o início que a RTP destilou um ódio indisfarçável a quem, nas fábricas, em greve geral, e em S. Bento, no dia 14 de Novembro, se erguia pelo derrube do governo que sustenta os serventuários do poder instalados no conselho de administração e direcção de informação daquele canal de televisão.
 
No que toca a dar voz aos trabalhadores e respeitar os mais elementares princípios democráticos em matéria de igualdade de tratamento de todas as correntes de opinião, o PCTP/MRPP sempre denunciou a verdadeira natureza deste pseudo-serviço público, desde os tempos do Moniz, desmascarado pelo camarada Garcia Pereira em directo, até ao mais recente Nuno Santos, que tão ardorosamente se bateu pela exclusão do Partido e de outras candidaturas dos debates na última campanha eleitoral.
 
Defendemos a não privatização da RTP, mas para um órgão de comunicação que seja totalmente independente deste poder podre e corrupto e observe escrupulosamente as regras democráticas no exercício da liberdade de expressão por parte de todas as correntes de opinião, e, em particular, daquela que hoje é maioritária na exigência da demissão do governo de traição nacional PSD/CDS.
 
Mas por um canal de televisão como o que existe hoje e se comporta desta maneira e por jornalistas que se sujeitam a tudo e, ainda por cima, invocando enganosamente a liberdade de imprensa, ninguém estará disposto a mexer uma palha.
 
 
Retirado de:

A propósito de uma visão “anti greve”


Lutar é a única saída para quem trabalha, não um obstáculo!

 

A propósito de um texto que anda a circular na internet, em especial nas redes sociais, e que pretende ser uma resposta a todos os que dizem que são contra greve e/ou a violência como forma de luta que proporcionou as conquistas de direitos aos trabalhadores, é importante que o assunto seja devidamente enquadrado para que, apesar de o método utilizado ser bastante apelativo e imaginativo, seja também eficaz.

No seu afã egoísta e criminoso de implementar o caótico processo de acumulação capitalista, que só visa o sacrossanto lucro não importa à custa do quê nem de quem e que só beneficia o detentor do capital e dos meios de produção, a burguesia tende a fazer-se “esquecida” do facto de o único artífice da criação de riqueza, o único produtor de mais-valia, é aquele que não tendo a posse desses meios – por enquanto – nem do capital – financeiro, bancário ou industrial – tem para vender a sua força de trabalho braçal ou intelectual, força essa que é a única geradora da riqueza que, afinal, é ilegitimamente apropriada pela burguesia e o capital.

E é este “esquecimento” que leva os operários e os camponeses, os trabalhadores e o povo em geral, ao longo dos últimos séculos, a disporem-se a organizar-se e a lutar, por vezes com recurso à violência, para fazer face à violência que a burguesia e as suas forças repressivas sobre eles faz abater, para que uma parte das mais-valias por si criadas sejam destinadas a proporcionar-lhes uma vida digna, os meios que lhes assegurem a subsistência quando eles, ou algum elemento da sua família, por doença ou invalidez ou, pura e simplesmente, por terem sido lançados no desemprego, tiverem ficado sem meios de subsistência.

Não fosse, portanto, esta luta secular, por vezes violenta e sangrenta, entre o TRABALHO e o CAPITAL, e viveríamos em autêntica barbárie e obscurantismo. Não fora os operários, os camponeses, os trabalhadores em geral, disporem-se a organizar-se e a lutar para impor os seus direitos e a burguesia e o seu sistema capitalista teriam acumulado capital “em roda livre” sobre os cadáveres de quem produz as mais-valias que permitem tal processo de acumulação.

Se esta contradição é uma evidência para um importante sector do mundo do trabalho, precisamente o sector mais consciente, cada vez mais numeroso, não menos certo é o facto de que, cada vez que se torna necessário convocar e realizar uma Greve Geral ou uma manifestação contra a presença da nova führer Merkel ou contra os seus inspectores coloniais (o correspondente aos antigos “inspectores do cacimbo” quando o regime salazarista mantinha o sistema colonial), cada vez que um novo surto de contestação, indignação ou luta justa se desencadeia, seja para salvaguardar as conquistas alcançadas à custa de muito suor, sangue e lágrimas, seja para levar os trabalhadores a imporem à burguesia novas conquistas, muitos trabalhadores, também eles explorados, muitos deles em situação de precariedade extrema, cedem à manipulação que a burguesia – através dos meios de comunicação de que é detentora – opera sobre as suas consciências, acabando por alinhar na condenação de qualquer tipo de luta, sobretudo lamentando os “inconvenientes” pessoais que estas lhes acarretam.

Quando confrontados com este tipo de comportamentos – e não devemos alimentar mais ilusões, pois, para derrubar este governo e impor a constituição de um Governo Democrático Patriótico, muitas greves serão necessárias realizar, muitas lutas serão necessárias travar, muitas delas com recurso à violência revolucionária que se contraponha à violência contrarrevolucionária – os trabalhadores mais conscientes, organizados e mobilizados para a necessidade de lutar para conseguir obter, manter ou consolidar as conquistas a que têm direito, devem, com alguma paciência e muita firmeza, colocar a esses seus companheiros, explorados tal como eles, a questão de saber se eles estão dispostos a prescindir dos direitos que as lutas que o movimento operário e popular foi assegurando ao longo de séculos.

E, de forma clara e incisiva, devem confrontar esses seus companheiros, por enquanto iludidos - pelo menos a esmagadora maioria que é recuperável, não perdendo tempo com a minoria fervorosamente adepta do campo do inimigo de classe e confabulada com ele -, com o elencar das principais conquistas que, se fossem coerentes, ao manifestarem-se contra as greves que as possibilitaram no passado, delas deveriam abdicar:

 

·         Desde logo, e à cabeça, o direito à Greve;

·         Mas, também, o direito a ter opinião e a defendê-la em público sem receio de ser perseguido, preso ou morto por virtude de a defender;

·         O direito às 40 horas de trabalho semanais (8 horas diárias), e em alguns casos horários inferiores a este, passando a concordar que lhe seja imposta a jornada de 15 horas diárias que vigorava anteriormente a esta conquista;

·         O direito ao descanso semanal, passando a estar de acordo em trabalhar de domingo a domingo, tal como acontecia antes das lutas que levaram à imposição desta conquista;

·         O direito aos subsídios de férias, de Natal, ao subsídio de doença, de Maternidade, de Doença, de Desemprego, a maioria deles indispensáveis ao aumento da esperança média de vida de que hoje beneficiamos, conquistas alcançadas, também elas, à custa de sucessivas greves e paralisações, com a acção dos piquetes de greve a oporem-se aos fura-greves e às forças da repressão que os apoiavam muitas das vezes de forma violenta;

·         O direito à Saúde, à Educação e à Justiça que, apesar de serem hoje alvo de um ataque sem precedentes que visa a sua privatização e a dificultação do acesso aos mesmos por parte dos trabalhadores e do povo, e seus familiares, foram conquistas arrancadas à burguesia à custa de muita luta, entre as quais as que obrigaram ao recurso da greve, sendo que hoje, se desejamos manter e ampliar tais direitos e conquistas, devemos prosseguir e aprofundar essas lutas. Estão esses companheiros dispostos a abdicar da educação para os seus filhos, da saúde para eles e seus familiares, bem como de uma justiça independente, que essas lutas proporcionaram?

 

Muitos mais direitos, muitas mais conquistas, poderiam ser elencadas. Mas, o que é urgente, o que é importante, com paciência, com firmeza, evidenciar perante todos os trabalhadores que estão iludidos quanto ao meio que os levará a obter uma vida com dignidade, é que a burguesia nada deu de mão beijada a quem trabalha. É necessário responsabilizar os sindicatos que, por laxismo, oportunismo ou capitulação perante o inimigo de classe, foram desertando de uma das principais funções para que foram criados: elevar a consciência dos trabalhadores e prepará-los para a necessidade de enquadrar todas as suas lutas na luta mais geral, aquela que levará à destruição de uma sociedade assente na exploração do homem pelo homem.

FMI: Uma avaliação que exige a sua expulsão do nosso país!


Num comunicado ontem divulgado a propósito da 6ª revisão do programa da tróica germano-imperialista anteontem publicitado, o FMI considera que “…as autoridades portuguesas desenvolveram um esforço político impressionante para inverter os desequilíbrios acumulados e antecipar-se à crise”!

Importa desde logo denunciar que só um governo de Vichy como o governo PSD/CDS se ajoelha perante o ocupante que se permite impor a política do grande capital financeiro ao nosso país, pronunciando-se até sobre a constitucionalidade das medidas do seu diktat, e controlar a aplicação dessa política, através das chamadas avaliações. 

Não satisfeito com o facto de aquele “esforço político” ter sido realizado à custa do aumento incessante do desemprego e da precariedade e do agravamento da fome e da miséria para os trabalhadores e para o povo português, o FMI, apesar do rasgado elogio que dirige aos seus serventuários Coelho e Portas, alerta para a incerteza que os desafios económicos de médio prazo colocam, na perspectiva do capital, considerando que um dos desafios “é ancorar a responsabilidade orçamental” no país, “relembrando” que “a anterior deriva para políticas orçamentais indisciplinadas pode repetir-se”, devendo este governo de traição PSD/CDS resistir à “tentação da complacência”, se pretender que a retoma económica se produza no tempo previsto pelo memorando.

Utilizando a estafada técnica de confundir os efeitos com as causas, o FMI tenta fazer passar a ideia de que “a crise portuguesa é devida ao legado da falência de políticas face à mudança rápida de ambiente”, isto é, que os sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, não souberam aproveitar as oportunidades geradas pela “união monetária e pela globalização”, escamoteando que, antes pelo contrário, o que nos fez chegar à situação actual foi a miserável traição que esses sucessivos governos praticaram para com o povo português e para com a nossa soberania nacional que levaram à sistemática destruição do nosso tecido produtivo e à enorme dependência da nossa economia face ao exterior – importamos hoje mais de 80% daquilo que necessitamos para gerar economia, o que leva a ciclos cada vez maiores e mais profundos de endividamento.

Quanto à despesa, como seria de esperar, a preocupação do FMI, ao considerar que o “pacto orçamental” poderá ser uma “oportunidade” para travar qualquer deriva (isto é, o não pagamento dos fabulosos juros que impõem), é a de que os cortes na “despesa” continuem a incidir numa ainda mais dramática limitação do acesso dos trabalhadores e do povo à saúde, à educação, à justiça e a todo o tipo de prestações sociais que assegurem a sua sobrevivência em condições de dignidade.

A teoria, que é amplificada em Portugal pelo ministro das finanças, o Gaspar Dixit, de que “os portugueses” se têm de habituar a aceder aos serviços de saúde, ou qualquer outro, que os seus rendimentos possam proporcionar, visa escamotear que, se não existem recursos para que o povo tenha acesso à educação, à saúde, à justiça e às prestações sociais a que tem direito, é porque as dotações que fez, através da carga fiscal a que está sujeito, para esse fim, está a ser desviada para o pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa, para o pagamento do famigerado “serviço da dívida” com juros altamente especulativos, bem como tapar os buracos de uma banca que se entreteve a realizar uma economia de “casino”, pretendendo agora o governo e o FMI que seja o povo a pagar esses “devaneios” especulativos.

Este governo de traição nacional, a mando dos carrascos do FMI, pretende fazer crer que o povo português andou a viver “acima das suas possibilidades”, num quadro em que existem mais de 3 milhões de pessoas a viver na pobreza ou no seu limiar. Este governo que se recusa, sistematicamente, a admitir que uma Auditoria Independente responda, de uma vez por todas, às questões que o povo deseja ver respondidas, isto é, quanto devemos, a quem devemos e porque é que devemos, porque sabe que, no dia em que tal se vier a saber, não só o povo se recusará a pagar um cêntimo que seja de uma dívida que não contraiu, nem dela beneficiou, como o derrube deste governo se precipitará.

E os trabalhadores e o povo português têm demonstrado, quer através da Greve Geral de 14 de Novembro, quer através da sua luta e empenho diário que se estão a mobilizar, que se estão a organizar, que reforçam a sua unidade para, simultaneamente com o derrube deste governo de serventuários, expulsar do nosso país os seus patrões do FMI e restante tróica germano-imperialista.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um verdadeiro terrorismo policial que não pode ficar sem resposta

Publicado em 18.11.2012
2012-11-14-repressao em s bento 02A actuação da Polícia ao longo de todo o passado dia 14 de Novembro configura um conjunto de gravíssimas violações do Estado de Direito e consubstancia UM verdadeiro terrorismo policial destinado a criar um verdadeiro estado de sítio não declarado e um ambiente da mais absoluta e intolerável intimidação contra os cidadãos.
 
Na verdade, VÁRIOS elementos das forças policiais procederam à filmagem, totalmente ilícita, de diversos daqueles piquetes de greve (como por exemplo o da TAP), anotou matrículas de carros estacionados nas respectivas imediações, como voltou a proceder à filmagem – já por duas vezes declarada ilícita pela CNPD – das pessoas que participavam na manifestação que nesse mesmo dia 14 arrancou do Rossio em direcção a S. Bento.
 
Aqui, e ainda antes de qualquer espécie de incidente, prosseguiu com tais filmagens, que não podem ter outro objectivo que não seja o de alimentar bancos de dados de polícias e de serviços de informações totalmente à margem da lei.
 
Durante a concentração em frente à Assembleia da República foi ainda notada a presença de diversos indivíduos à paisana que, depois de andarem a escutar conversas e a fazer algumas provocações verbais, imediatamente antes da carga policial passaram para trás das fileiras dos elementos do Corpo de Intervenção, tendo passado, pelo menos alguns deles, a envergar – só nessa altura – coletes com a identificação da Polícia e gorros escuros.
 
Sendo a versão oficial da Polícia e do Ministro da Administração Interna a de que os incidentes verificados se “deveriam a uma dúzia de profissionais da provocação” a carga efectuada pelos elementos do Corpo de Intervenção foi dirigida contra os milhares de manifestantes que se encontravam no local e caracterizou-se por inúmeras agressões, em particular à bastonada e aos pontapés a pessoas, inclusive já de bastante idade, totalmente imobilizadas, indefesas e nalguns casos já caídas no chão.
 
Como se isso não bastasse, a grande maioria das detenções e das agressões ocorreu em lugares já muito distantes do Largo de S. Bento, designadamente ao fundo da Av. D. Carlos e respectivas transversais, na Av. 24 de Julho e na Estação de Comboios do Cais do Sodré, sobre pessoas que ou fugiam à carga policial ou simplesmente se encontravam ou passavam no local, diversas delas não tendo sequer estado presentes na dita manifestação.
 
E a maior parte dessas detenções e agressões foi praticada por, ou com a colaboração de, agentes policiais à paisana, armados de bastões e matracas, e que decidiam, por seu inteiro arbítrio, quem prendiam e em quem batiam.
 
Alguns desses cidadãos, para além de insultados do pior, foram violentamente espancados durante largos minutos, quando se encontravam cercados e imobilizados, nalguns casos por bandos de 10 e mais agentes.
À grande parte dos que ficaram feridos em virtude dessas agressões foi negada a assistência médica a que têm indeclinável direito.
 
E os detidos foram depois levados para várias Esquadras, designadamente a do Calvário e sobretudo (aqui às dezenas) a de Monsanto, onde foram sujeitos a tratamentos próprios de uma ditadura – impedidos de contactar com familiares e Advogados, alguns (e algumas) foram forçados a despir-se, outros voltaram a ser agredidos, outros foram forçados a descalçar-se, tudo isto enquanto os serviços e esquadras da PSP que eram contactados por familiares e amigos se recusavam a dar informação do local onde aqueles se encontravam, tendo mesmo chegado a invocar ter “instruções superiores” para agirem dessa forma.
 
Só ao fim de algumas horas deste tipo de graves violações dos direitos humanos mais básicos, e após novos insultos, diversas ameaças e sob a condição de assinarem documentos cujo conteúdo e significado não lhes foi explicado – nem foi permitido aos Advogados, designadamente os que se encontravam em Monsanto, que os conhecessem e sobre eles aconselhassem os seus constituintes – é que foram sendo libertados.
 
Na mesma altura em que, nestas circunstâncias, os detidos eram libertados, às dezenas, a PSP insistia em negar, designadamente à Comunicação Social, tais detenções, continuando a falar em apenas 7 detidos !
 
Em vários casos foi claramente ultrapassado o prazo legal de 6 horas para a duração máxima da chamada detenção para identificação, que aliás só se justifica, o que não era o caso, se não houver outra possibilidade de a ela proceder.
 
Na Esquadra do Calvário começou por ser negada, em particular por um dos principais intervenientes nestas detenções e agressões, a entrada aos Advogados (nomeadamente ao Presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados), bem como a informação exacta do estatuto em que depois das 4 horas da manhã (ou seja, 10 horas depois da sua detenção), um cidadão se encontrava a ser tratado no Hospital de S. José guardado por agentes da PSP.
 
É óbvio que todo este tipo de posturas e condutas da maior gravidade não só foi cuidadosamente planeado e levado a cabo com elevado grau de dolo de intencionalidade e de ferocidade, como configura, do ponto de vista cívico, uma tentativa de imposição de um verdadeiro terrorismo policial para desencorajar as pessoas de exercerem os seus direitos constitucionais, em particular o da greve e o da manifestação e que deve ser firmemente denunciado e combatido. E juridicamente configura a prática de diversos crimes públicos, que não podem ficar impunes e pelos quais irá ser accionado o competente procedimento criminal.


António Garcia Pereira
 
 
Retirado de:

domingo, 18 de novembro de 2012

A poupança!


Os trabalhadores e o povo português foram “surpreendidos” pelo anúncio que os líderes dos grupos parlamentares do PSD e do CDS, precisamente os partidos que estão na base do governo dos traidores Coelho e Portas, ao serviço da tróica germano-imperialista, fizeram de que, após “longas horas de trabalho”, tinham apresentado alterações à proposta de Lei do Orçamento para 2013 no que concerne a aplicação de uma taxa suplementar e extraordinária de IRS, que os faria “poupar” algo como 0,5% do seu rendimento.

Convém, em nossa opinião, esclarecer que poupar é um acto voluntário. Decorre, normalmente, do facto de um individuo, casal ou pessoa colectiva, considerar que, existindo um sobrexcedente de rendimentos, dever acautelar o seu futuro e aforrar essa verba que não lhe é vital para a sua sobrevivência e reprodução. Na presente conjuntura, em que todos os dias os trabalhadores são vilmente assaltados e despojados de uma grande fatia dos rendimentos que auferem do seu trabalho para serem sacrificados no altar de uma dívida que não contraíram e da qual não retiraram qualquer benefício, claro está que não há lugar a qualquer poupança.

Ora, considerar que reduzir de 4 para 3,5% a taxa suplementar de IRS que está previsto ocorrer em 2013 e anos seguintes constitui uma “poupança” para os trabalhadores e para o povo português só poderá ser considerado, no mínimo, uma miserável provocação! O que este governo e os partidos que o sustentam querem escamotear é que este é mais um roubo a juntar aos que já praticam ou praticaram, tais como os que redundaram na carestia de vida devida ao aumento das taxas do IVA, no confisco ilegal dos subsídios de natal e de férias, no roubo nas prestações sociais (convém recordar que só o subsídio de desemprego sofreu, em média, um corte de mais de 20%), na dificultação e encarecimento do acesso à saúde e à educação, no roubo de salários e do trabalho, na facilitação dos despedimentos e no seu embaratecimento, no roubo do valor das horas extraordinárias, etc.

Contando com um exército de imbecis e vendidos “jornalistas” e opinadores, as televisões têm feito passar a mensagem da enorme “poupança” que esta magnânima decisão dos grupos parlamentares do PSD e do CDS irá proporcionar, chegando ao dislate de apresentar tal “poupança”, como o faz o Gaspar Dixit, em formato “power point”, onde aparece a verba que cada trabalhador ou elemento do povo teria de pagar de taxa suplementar de IRS, se esta fosse de 4%, como inicialmente proposto pelo governo, apresentando, depois, o valor que lhe será efectivamente roubado, ao pagar a taxa de 3,5% agora acordada. Para concluir que, agora sim, este governo está apostado em fazer os portugueses “poupar”!
A Greve Geral de 14 de Novembro, tendo sido uma importante jornada de luta, terá de ser replicada as vezes que forem necessárias até que este governo de traição seja liminarmente derrubado para, em seu lugar, se constituir um governo democrático patriótico que faça com que os trabalhadores e o povo português sejam efectivamente poupados a mais políticas que só geram fome, miséria e desemprego.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Uma vez oportunistas...






A coligação PSR/UDP foi, em 1983, a antecessora do partido/movimento Bloco de Esquerda que hoje conhecemos.

Se é certo que mudaram de sigla, mais certo ainda é que mantiveram a sua natureza oportunista e contrarrevolucionária.

Quase 30 anos volvidos, a atitude perante a dívida capitalista é a mesma. Onde antes se “exigia” o “congelamento” da dita, hoje pedincham a sua “renegociação”. O que de comum têm as posições de 1983 e as que actualmente defende o bloco é o facto de, “congelando” ou “renegociando” uma dívida que  o povo não contraiu, nem dela retirou qualquer benefício, esta dívida que serve os interesses do capital, para estes oportunistas terá sempre que ser paga!

O comunicado que o Gabinete de Imprensa da Candidatura Nacional do PCTP/MRPP emitiu no dia 7 de Abril de 1983, poderia muito bem ter sido distribuído durante a campanha eleitoral para a Assembleia da República ocorrida no ano passado.

Para aqueles que não conheceram a génese do oportunismo dos fundadores do bloco/partido/movimento, eis pois um documento histórico que valida a tese de que, uma vez oportunista e traidor…para sempre oportunista e traidor!

Àqueles, mais jovens e inexperientes, que têm a ilusão de uma unidade da “grande esquerda” impõe-se a questão: “unidade” a que custo? E, depois, para que serve e que eficácia tem essa “unidade”?


Bloco de Esquerda:


A teoria acéfala sobre a violência por parte de uma direcção bicéfala!

 

O “modus operandis” dos oportunistas é sempre o mesmo. Aguardam pelas reacções que determinado acontecimento produz na sociedade, avaliam aquela que para eles parece ser a tendência dominante de pensamento e, só depois, “tomam posição”!

Não que constitua qualquer perplexidade que somente 48 horas após a carga policial fascista que se produziu em frente à Assembleia da República, no passado dia 14 de Novembro, e na sequência da manifestação que culminou a Greve Geral, a direcção bicéfala do Bloco de Esquerda, em entrevista conjunta à RTP, tenha tomado, finalmente, uma posição.

E, como é hábito naqueles cuja linha política tem sido, sempre, a de se apresentarem como “conselheiros Acácio” do sistema capitalista que, ao “avaliarem” a violência a que o país assistiu, meterem tudo no mesmo saco, isto é, não diferenciarem a violência fruto da justa ira popular, daquela que tem uma natureza fascista, que deriva de uma articulada e premeditada política de ataque à classe operária, aos trabalhadores e ao povo em geral, que este governo de traidores e serventuários prossegue.

Caso para questionar a Catarina e o Semedo como se lhes afigura possível constituir um “governo de esquerda” e “derrubar o governo” PSD/CDS, face a uma situação política em que Cavaco, não só considera este o seu governo, como se recusa a agir em conformidade com o cada vez maior clamor do povo que exige a sua demissão? Através de “petições cidadãs”?

Esta gente está convencida, ainda, que os trabalhadores e o povo, com papas e bolos, se deixam levar por tolos! Desenganem-se! As diferentes camadas populares, todos os dias atacadas e humilhadas pelas medidas terroristas e fascistas que Coelho e Portas, com o beneplácito de Cavaco e a mando da tróica germano-imperialista lhes impõe, sabem já que a saída para as suas lutas passará, certamente, pelo aprofundar da sua combatividade, único garante para o derrube do governo de traição PSD/CDS.

Por enquanto, os trabalhadores e o povo ainda se vêm constrangidos a correr à frente dos esbirros da polícia. Mas, à medida que se livrarem dos oportunistas que minam a sua unidade e a sua combatividade, à medida que forem tornando mais consequente a sua organização, mais depressa passarão a ter o aparelho repressivo e quem ele defende a correr à sua frente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quadratura do Círculo:

António Costa alinha com Cavaco e Coelho no elogio à repressão fascista!
 
 
No programa Quadratura do Círculo onde três conhecidos reaccionários se entretêm a divagar sobre o tempo e o modo mais eficazes de enganar e explorar o povo, António Costa, presidente da Câmara Municipal da degradada Lisboa e dirigente nacional do PS, elogiou o “esforço de contenção” e o profissionalismo demonstrados pela polícia de choque face aos “profissionais do protesto” que, segundo ele, teriam conseguido desviar a atenção da Greve Geral e sua motivação para um exercício de “puro vandalismo” levado a cabo por meia dúzia de “profissionais de protesto” que se teriam “infiltrado” na manifestação que ontem decorreu frente à Assembleia da República.

Não podendo ser considerado, de todo, um perigoso esquerdista, subscrevo algumas das reflexões que Luis Varatojo nos propõe num texto colocado no seu Mural:

 O que se passou ontem em S. Bento foi vergonhoso, digno das piores ditaduras. Mas tenho que dar os parabéns ao Sr. Ministro da Administração Interna pelo sucesso da operação. O alvo foi bem identificado e todos os objectivos da missão foram cumpridos.

1. Atingir a classe média informada (que se tem manifestado ultimamente, consciente do desastre da política do governo), com o objectivo de criar um efeito dissuasor para futuras contestações. Isto foi feito através da carga policial a senhoras, idosos, adolescentes e demais cidadãos que lá se encontravam, e que representam todo o espectro da sociedade portuguesa.


2. Envenenar a opinião pública através dos meios de comunicação - que neste momento são a voz do regime - com um press release de branqueamento do que verdadeiramente se passou.


3. Desviar as atenções do fundamental: a incompetência mais que provada para governar.

Não é a primeira vez que isto acontece, lembro-me da violenta carga policial sobre os estudantes e sobre os protestos da ponte no governo de Cavaco Silva, só que agora o alvo é toda a classe média, porque é ela que é crítica e consciente, e, por isso, um alvo a abater.

Isto para mim é inadmissível num estado democrático. E que me desculpem os amigos facebookianos, mas não convivo bem com a situação. Por isso quem acha que a polícia só fez o seu trabalho, quem está de acordo com esta estratégia de repressão, por favor "desamigue-me" porque nada temos em comum.”

 

Só um aparte em relação a este texto, a única conclusão que não subscrevo. Não é uma questão de competência que está em causa quando se avalia o desempenho deste governo de serventuários ao serviço da tróica germano-imperialista. Porque para a führer Merkel, para os interesses dos grandes grupos financeiros e bancários que ensacam milhares de milhões de euros à custa do negócio da dívida, Coelho e Portas são muito competentes.

Para os trabalhadores, para o povo português, que sofrem as consequências das medidas terroristas e fascistas que este governo faz abater sobre eles, para os obrigar a pagar uma dívida que não contraíram, nem dela retiraram qualquer benefício, também não está em causa a competência ou a incompetência deste executivo.

O que está mesmo em causa é o seu derrube para que seja constituído um governo democrático patriótico que, para além de, no mínimo, impor a suspensão do pagamento da dívida e do “serviço da dívida”, proceda ao controlo da banca, prepare a saída de Portugal do euro, nacionalize todos os sectores e empresas com importância estratégica para a implementação de um novo paradigma de economia ao serviço dos trabalhadores e controlada por estes, um governo que assegure a nossa independência nacional.

Cavaco Silva:


Um presidente fora de prazo!

 

Cavaco não demite o governo de traição Coelho/Portas, apesar de essa ser uma exigência clara do movimento democrático e patriótico uma vez mais expressa durante a Greve Geral de 14 de Novembro, uma das maiores greves de que há memória na história da luta sindical depois do 25 de Abril de 1974.

E, com tal atitude, cauciona e promove a violência que está na base e na génese das medidas terroristas e fascistas que o governo tem feito abater sobre os trabalhadores e o povo português. Quando Coelho afirma, hoje, que representa o “sentimento nacional contra a violência”, escamoteia que a violência que de facto é exercida é a do seu governo sobre os trabalhadores e sobre o povo português a que estes, certamente, responderão apeando-o do poder.

Ao recusar-se a fazê-lo – e não que restassem quaisquer dúvidas sobre isso – Cavaco declara, de forma insofismável, que este é o seu governo e que, para além de aprovar e sancionar todas as medidas terroristas e fascistas que ele implementa contra o povo, está ideológica e politicamente de acordo com elas e com a sua aplicação.

Assim como está de acordo com a mentira e a corrupção em que assenta a pretensa legitimidade eleitoral deste governo que se fez eleger na base do compromisso eleitoral que defendeu, baseado na promessa de que não aumentaria os impostos – sobretudo aqueles que assentam sobre o trabalho e o consumo de artigos básicos –, nem procederia ao confisco ilegal dos subsídios de natal e de férias.

Não demitindo o governo torna-se, pois, demissionável! Contrariamente ao que afirma, a violência a que ontem assistimos foi a dos esbirros da polícia de choque, armados até aos dentes, que se lançaram sobre os manifestantes, trabalhadores e elementos do povo, que, no âmbito da Greve Geral, demonstravam a sua justa ira contra um governo e um parlamento que se preparam para aprovar a Lei Geral do Orçamento para 2013 que agravará as suas condições de vida e de trabalho. Essa manobra de vitimizar um corpo de intervenção repressivo, altamente treinado e equipado face a um povo desarmado já foi chão que deu uvas!

Perante a recusa em demitir o governo, perante a tolerância que manifesta face à violência que constitui o roubo dos salários e do trabalho que é praticado contra quem trabalha, perante a tolerância face à violência que representa o agravamento dos impostos, da fome e da miséria, perante a tolerância que manifesta face à violência que representam as drásticas medidas que deterioram as condições de acesso do povo e dos seus filhos à saúde e à educação, bem como às prestações sociais, Cavaco é, também ele, DEMISSIONÁVEL! É um presidente que já está fora de prazo!

Não se atreva, pois, a afirmar que “não há tolerância possível” para com “desacatos” e “violência”, praticados por “pessoas que querem…destruir a sociedade”, quando os únicos que possuiem o intento de destruir as condições de vida dos trabalhadores e do povo são, precisamente o governo dos traidores Coelho e Portas, o seu governo! E contra esses, o povo não manifestará, certamente, qualquer tolerância quanto ao destino a dar-lhes, isto é, derrubá-los! A eles e a si!

Livre-se de ensaiar a mais do que gasta manobra que visa confundir o algoz com a vítima para, assim, “justificar” ainda mais repressão sobre o povo e quem trabalha! Porque, senão, para além do julgamento político, ao qual já não escapa, nem escapará, será sujeito ao julgamento criminal, por cumplicidade com a repressão que o poder faz abater sobre o povo.