Nos tempos que correm, em que
o governo Coelho/Portas tanto fala sobre a “refundação” do memorando que
assinaram – em parceria com o PS – com a tróica germano-imperialista, e que o
Paulinho das feiras advoga a tese de que para resolver a dívida, Portugal
necessita de reformas estruturais profundas, isto é, que sejam sonegados os
direitos mais básicos para quem trabalha e para o povo em geral, como o acesso
à educação e à saúde, o confisco dos salários, o embaratecimento dos
despedimentos ou o corte nas prestações sociais – desde o subsídio de doença ao
de desemprego -, nada como um exemplo corriqueiro para demonstrar o que move e
como se move esta gente.
Imagine o leitor que, após um
dia de trabalho decide ir jantar com a sua esposa a um restaurante. Pede um
bife, mal passado, com batatas fritas, ovo a cavalo, arroz solto e umas
azeitonas, pois confirmou na ementa que o preço proposto se ajusta aos seus
rendimentos. Qual não é o seu espanto quando o empregado de mesa, sempre
educado e cortês, lhe apresenta um prato com duas míseras azeitonas e um pouco
de molho e, ainda por cima, lhe coloca à frente a factura como se lhe tivesse
sido servida uma refeição completa. Indignado, vocês solicita a presença
imediata do gerente ou proprietário do restaurante.
Solícito, este aparece e explica-lhe que tal procedimento faz parte da “refundação” a que teve de sujeitar o seu espaço comercial, induzindo profundas “reformas estruturais”, que passam por subtrair o bife do seu prato, apesar de você já o ter pago, a fim de poder fazer face ao pagamento de algumas facturas a fornecedores que, devido ao aumento do IVA – que ele não pode fazer reflectir no consumidor final –, estão para relaxe, isto é com um manifesto atraso no seu pagamento. O homem, no entanto, habituado a usar e abusar da diplomacia, dispõe-se a dar-lhe os contactos de alguns talhos na zona, que têm bifes de excelência que você pode adquirir e ir para casa para, com a sua esposa, confeccionar.
Pois é! Com este governo de
traição, a uma escala maior e mais complexa é certo, passasse algo congénere.
Vão ao bolso dos trabalhadores e do povo, sacam-lhe à má fila e a título de
impostos grande parte dos seus rendimentos, alguns deles para, segundo dizem,
lhe dar a si, e solidariamente àqueles que não têm qualquer rendimento, o
direito à saúde, à educação a toda a sorte de prestações sociais e, depois,
diz-lhe que é necessário “refundar” o estado, que é vital fazer uma “reforma
estrutural” profunda para fazer face a uma dívida que você, como trabalhador ou
elemento do povo não contraiu, nem dela beneficiou.
Isto é, querem, como o exemplo
do gerente do restaurante acima descrito, que você pague uma “refeição” que
eles não vão servir e, depois, indicar-lhe, assim você tenha rendimentos para
tal, quem, no sector privado, lhe pode prestar esses serviços. Se não tiver
rendimentos para tal, a reacção deste miserável governo de serventuários da führer
Merkel é a de que…temos pena! Com a agravante, em relação ao desgraçado
proprietário do restaurante, de este governo, como os que o precederam,
desviarem o dinheiro que estão a confiscar aos trabalhadores e ao povo para
alimentar as clientelas políticas e facilitar uma mais rápida acumulação do
capital, desejada pelos grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo
alemães, que servem.
E o PS? Que, através de
Seguro, se mostrou tão “intrigado” como “indignado” com o convite de PSD e CDS
a dar uma ajuda nesta “refundação? Farinha do mesmo saco! A única e ténue
diferença está no modo de aplicar esta “reforma” e executar esta “refundação”.
Também eles acham que você deve pagar o bife, apesar de ele não lhe ter sido
servido. A diferença é que lhe oferecem um “vale” de “cliente fiel” que o
habilitará a ir ao talho adquirir o naco de carne desejado com um desconto e a
possibilidade de o pagar suavemente e a prestações!
Muito bom...
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