Aqueles que têm assistido a uma sistemática política de
subjugação das direcções do PS, desde Sócrates a Seguro, aos ditames da tróica
germano-imperialista, consubstanciada, primeiro na “arquitectura” do PEC IV e,
depois, na assinatura do memorando de entendimento que PS, PSD e CDS firmaram
com aquela plataforma imperialista e colonial, nas vésperas das eleições que
correriam, em boa hora, com Sócrates do poder e dariam uma maioria parlamentar
e a possibilidade de Coelho e Portas formarem um governo na base da mentira e
da ocultação, não se deixarão surpreender com a “indignação” de Seguro” face ao
convite de Coelho para “refundar” aquele memorando.
Tem sido, aliás, uma prática desta direcção do PS e,
especialmente dum arrivista político como é Seguro, dar primazia à forma,
fugindo a sete pés do conteúdo. Entreter-se em valorizar o facto de, “só” após
cinco avaliações da tróica, o governo de traição PSD/CDS vir solicitar “ajuda”
ao PS visa escamotear, precisamente, que a colaboração de todos eles – PS, PSD
e CDS – já exsite de facto no que diz respeito à aceitação das medidas
terroristas e fascistas que o FMI, o BCE e o directório europeu, todos eles ao
serviço da estratégia do imperialismo germânico, lhes ditam. Visa escamoter que
todos eles partem do mesmo pressuposto, isto é, o pressuposto de que, tendo o
povo português estado a “viver acima das suas possibilidades”, terão de ser os
trabalhadores e o povo, que não tiveram qualquer responsabilidade nessa dívida,
nem dela beneficiaram, têm de ser eles a pagá-la!
Quando Seguro declara que não podem contar com o PS para a
“destruição do estado social” está a escamotear que foi precisamente o PS que
introduziu as PPP’s na área da saúde, que mais não visaram do que acelerar a
privatização do sector, foi com executivos do PS – que este governo PSD/CDS
prossegue – que se iniciou a criação acelerada das condições para a
privatização do ensino, que se deu lugar ao encerramento de hospitais,
maternidades e serviços de urgência, bem como de escolas, foi durante governos
PS, que acordos que se vieram a consumar com este governo, levaram à destruição
das leis laborais que ainda constituíam alguma defesa para os direitos
conquistados com muita luta pelos trabalhadores, que vieram a abrir caminho ou
a facilitá-lo ao roubo do trabalho e dos salários, à facilitação e
embaratecimento dos despedimentos, etc.
A “indignação” de Seguro escamoteia, ainda, que o que o
diferencia de PSD e CDS não é a posição que todos eles defendem quanto à crise
e à dívida, pois todos eles consideram que deve ser o povo a pagá-la. O que o
diferencia de PSD e CDS é o tempo e o modo de fazer o povo pagá-la! Enquanto
PSD e CDS querem que tal pagamento, antes que hajam “arrependimentos” que
comprometam o seu pagamento e os lucros que a sua cobrança possibilita para os
grandes grupos financeiros e bancários (sobretudo alemães), pretende que ele
seja feito à custa de sucessivos, e crescentes na intensidade, golpes sobre
quem trabalha e o povo em geral, o PS de Seguro “contemporiza” e, com base em
argumentos de “crescimento económio” impossível numa economia baseada num
tecido produtivo destruído, propõe que a dívida e os juros sejam “renegociados”
de forma a, prosseguindo a estratégia do pagar mais por mais tempo, pensa
Seguro, impedir que a resposta do povo e dos trabalhadores às medidas
terroristas e fascistas que lhe estão a ser impostas faça “cair o poder nas ruas”!
Aos trabalhadores e ao povo português não podem restar
quaisquer dúvidas! Com este PS, com a direcção de Seguro, não poderão contar
para levar a cabo o derrube do governo PSD/CDS, pela exigência de dissolução do
parlamento e convocação de eleições antecipadas que criem as condições para a
formação de um governo democrático patriótico que, no mínimo, suspenda o pagamento
da dívida e prepare, se necessário, a saída de Portugal do euro, que leve a
cabo um controlo da banca e a nacionalização de todos os sectores e empresas de
importância estratégica para levar a cabo um novo paradigma de economia, ao
serviço dos trabalhadores e controlada por estes, baseado na recuperação do
nosso tecido produtivo e na implementação de um plano de investimentos
criteriosos.
Sem comentários:
Enviar um comentário