sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Costa & Marcelo – Geometrias variáveis e continuidade!

Na política e na chuva...um abrigo comum!
Foi sem qualquer espanto ou admiração que ouvimos, esta 4ª e 5ª feira, da boca dos principais responsáveis políticos de Portugal – António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa -, a assumpção de que todas as promessas políticas que os interesses que representam propuseram ao longo de mais de 4 décadas, estão falidas e o seu conteúdo oportunista e traidor dos interesses do povo português estão meridianamente expostos.

O Costa ao defender em Davos, na Suíça, nesse que é o forum por excelência do imperialismo internacional, que aceita uma Europa a mais do que uma velocidade o que contraria em toda a linha o projecto original da CEE, mais tarde União Europeia, que anunciava a união dos países europeus como paradigma de uma Europa inclusiva, em que as desigualdades fossem ultrapassadas e o continente se tornasse, para todos os que a esse projecto aderissem, uma terra de abundância, uma espécie de terra do leite e do mel de contornos biblicos.
Nem com rezas...

Já Lenine afirmava que, no quadro do imperialismo, estadio supremo do capitalismo, os Estados Unidos da Europa ou são uma impossibilidade ou um projecto eminentemente oportunista e reaccionário. O que Costa vem agora afirmar confirma isso mesmo. E confirma, também, que o que esta Europa a várias velocidades prenuncia é aquilo que o imperialismo melhor tem para oferecer aos povos – da Europa ou de outros continentes -, isto é, a guerra!

Na mesma linha, o homem dos afectos, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dirigir-se aos diplomatas que apresentavam no Palácio de Belém as suas credenciais, afirmou algo que os marxistas-leninistas há muito denunciam. Que em Portugal, e desde o 25 de Abril de 1974, se instalou uma persistente política de continuidade, assegurada por um bloco central protagonizado por PS e PSD, às vezes coadjuvados pelas muletas de serviço, isto é, ou CDS, ou PCP/BE/Verdes.

Cenário político que, pretende Marcelo – e aplaude Costa -, será o ideal para as potências com tiques imperialistas investirem...em segurança! Escamoteando que essa continuidade e essa segurança resultaram, para a classe operária e o povo português na perda de soberania, na sujeição a uma moeda que representa uma tenaz para a economia e numa união bancária, fiscal e aduaneira que transformaram o país numa colónia ou protectorado do imperialismo germânico.


Um espanto...
O que Marcelo afectuosamente confirma é a sua concordância e o seu apoio determinado a uma política continuada de liquidação do tecido produtivo português – que foi a moeda de troca e de traição para que Portugal fosse aceite num clube dominado pelo imperialismo -, da venda a pataco dos principais activos – ANA, EDP, TAP, CTT, PT, etc.-, políticas que favoreceram o negócio da dívida que o povo português continua a ser obrigado a pagar, apesar de não ter sido o responsável por ela, nem dela ter retirado qualquer benefício.

Romper com o passado, não permitir a continuidade de uma política de desemprego, salários de miséria e de precariedade, colapso das políticas de saúde, educação, transportes e habitação, é uma luta que há que ousar empreender. Uma dura e prolongada luta que exige unidade na base dos princípios e na acção.