São mais uma razão para a emergência
da
convocatória da Greve Geral Nacional!
Isto é, enquanto as projecções realizadas por Gaspar Dixit e
o seu ministério das finanças indicavam que terminaríamos 2012 com a dívida a
representar 119,1% do PIB, os dados do INE apontam para que esse valor se fixe
em mais de 130% do PIB (Produto Interno Bruto).
E claro está que, com as taxas de juro a que somos obrigados
a contrair os “empréstimos” que, dizem, salvaguardarão o resgate da dívida,
mas, sabemos nós, ditarão um maior agravamento do deficit e da dívida, já
existem projecções que indicam que 2013 terminará com a dívida pública a
representar mais de 140% do PIB. Ou seja, precisamente o ano que, segundo os
traidores Passos e Portas, representaria o ano da viragem, o ano 0 do “fim da
crise”!
Outra coisa não seria de esperar. E não se venha agora dizer
que foi por falta de aviso. Ainda no período da campanha eleitoral que
terminaria com a estrondosa derrota de Sócrates e a eleição da dupla
Passos/Portas que, com aquele, tinham assinado o primeiro de muitos memorandos
que viriam a chancelar o roubo do salários e do trabalho, o confisco dos
subsídios de férias e de natal de trabalhadores da função pública, reformados e
pensionistas, o embaretecimento e facilitação dos despedimentos, o corte de
várias prestações sociais, a dificultação do acesso do povo aos serviços de
saúde e educação, etc., que dissemos, apesar de nos ter sido vedado o acesso
aos tempos de antena e ao debate com os partidos do “arco parlamentar”, que isto iria acontecer.
Com o tecido produtivo destruído pela acção de mais de 3
décadas de governos PS e PSD, acolitados pelo CDS, que levaram o país a ter de
importar mais de 80% daquilo que consome e de que necessita para gerar
economia, fácil era compreender que o ciclo de endividamento seria perpétuo e,
a manter-se o actual paradigma de economia e de política, a dívida era
IMPAGÁVEL!
E ela é de facto impagável! Não só pelo que atrás se afirma,
como pelo facto de, pagando 5 e 6% de juros, mesmo do ponto de vista da “gestão
capitalista”, ser absolutamente necessário que, para pagar a dívida e,
sobretudo, fazer face ao oneroso “serviço da dívida”, a economia crescesse, no
mínimo, a taxa idêntica aos juros que os grandes grupos financeiros e
bancários, ao serviço de quem está o BCE, o directório europeu e o FMI, a
tróica que dita o que o governo dos traidores Passos e Portas devem fazer na
sua colónia portuguesa, nos impõem.
E, como seria de esperar, todas essas medidas terroristas e
fascistas, provocaram o maior número de falências de que há memória,
despedimentos massivos – só na área da construção civil estima-se que mais de
100 mil operários foram atirados para o desemprego – provocaram uma destruição
massiva das forças produtivas, ao mesmo tempo que tiveram um efeito dramático
sobre o consumo interno e a brutal quebra nas receitas fiscais.
Para além de defendermos que o povo e os trabalhadores não
devem pagar esta dívida porque não foram eles que a contraíram, nem dela
beneficiaram, nós defendemos que ela deve ser repudiada, pois constitui um
instrumento de chantagem que visa destruir o que resta do nosso tecido
produtivo, transformar Portugal num país de mão-de-obra não qualificada, intensiva
e baratinha, numa espécie de protectorado ou de colónia dos interesses do
imperialismo germânico.
É essa a razão, também, porque não aceitamos a tese da
“austeridade inteligente” ou as teses dos que defendem que seria mais
“inteligente” uma “renegociação” ou “reestruturação” da dívida, escamoteando
que essa receita representa mais do mesmo, por mais tempo, mas sempre com os
mesmos “suspeitos” a pagar: os trabalhadores e o povo. São teses que se propõem
gerir o sistema capitalista emprestando-lhe uma fachada de “esquerda”, que
sugerem “mudar as políticas”, sem tocar no sistema que lhes está na génese.
É essa a razão por que consideramos um recuo táctico
absolutamente condenável e inaceitável, aquele que levou a direcção da CGTP a
fazer depender da convocação da manifestação que hoje confluiu para o Terreiro
do Paço, em Lisboa, e, posteriormente, para uma Convenção Extraordinária da
direcção da CGTP, a realizar no próximo dia 3 de Outubro, a marcação de uma
Greve Geral Nacional, a sério.
É que, sendo a greve geral um instrumento de luta a que
todos os trabalhadores devem recorrer, as vezes que forem necessárias, para
derrubar este governo e impor um governo democrático patriótico, o recurso a
ela foi mais do que nunca legitimado, acarinhado e apoiado pelo povo na
manifestação do passado dia 15 de Setembro, que reagia a mais uma tentativa de
ataque terrorista e fascista que representaram as declarações produzidas por
Passos Coelho, na RTP1, a 7 de Setembro, sobre a TSU (Taxa Social Única), taxa
que a ser aplicada nos moldes anunciados, agravaria ainda mais as condições de
vida de quem trabalha.
Não há volta a dar. Sem que se repudie esta dívida, sem que,
pelo menos, se exija a suspensão do pagamento da dita até que uma auditoria
independente e cidadã séria responda a questões tão básicas como quanto
devemos, a quem devemos e porque é que devemos? As medidas terroristas e
fascistas suceder-se-ão, frontalmente ou com alguma subtileza maquiavélica,
agravar-se-ão as condições de miséria e fome, desemprego e precariedade, o
roubo dos salários e do trabalho e a perda da nossa soberania nacional