segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Indústria da caridade soma e segue!


Decorreu neste último fim de semana mais uma acção de recolha de alimentos para o Banco Alimentar. Nesta acção, que decorreu em mais de 2.000 superfícies comerciais, participaram cerca de 42 mil voluntários e foram recolhidas mais de 2.270 toneladas de alimentos. Um velho e popular ditado alerta para que quando a esmola é muita...o povo desconfia! E, se não desconfia, pelo menos deveria ficar alerta!

A caridadezinha burguesa em que assentam iniciativas deste tipo, mas não só, para além de outros objectivos, visa sobretudo adormecer e inebriar a consciência dos trabalhadores e do povo quanto às verdadeiras causas das condições de fome e de miséria para que foram atirados por um sistema que assenta na exploração do homem pelo homem e no sacrossanto lucro.

Num momento em que, fruto das consequências decorrentes das crises económicas e financeiras do capitalismo, em que a planificação económica não se baseia nas necessidades do povo, mas tão só nos lucros que os detentores do capital e dos meios de produção poderão obter – nem que para tal tenham de morrer milhões de trabalhadores em todo o mundo –, logo aparece um batalhão de piedosas almas, as Jonets, as santas casas disto e daquilo, as caritas, muito afogueadas, a organizar peditórios para tudo e mais alguma coisa, dizem eles que para aliviar o sofrimento dos pobres da terra.

Se é certo que milhares de voluntários se prestam a dar a sua genuína e generosa solidariedade, participando activamente em todos esses peditórios – desde os bancos alimentares à recolha de vestuário, passando por fundos para tudo e mais alguma coisa -, não menos certo é que  quem se apropria da direcção e destino do resultado dos mesmos tem uma agenda ideológica que assenta no pressuposto de desculpabilizar o sistema que cria as condições de fome e miséria pelas quais o povo está a passar.

Isto, para além de o controlo da esmola ser por si um instrumento de poder e dominação.

E o que dizer, então, da suprema hipocrisia que é o facto de campanhas como as do Banco Alimentar contra a Fome, entre outras, serem ansiosamente aguardadas pelos Pingos Doce e Continentes do nosso descontentamento, que vislumbram nas mesmas uma receita adicional para os seus já abarrotados cofres e para as suas já gordas fortunas?!

Quer as grandes cadeias de supermercados – que, logicamente, se disponibilizam de imediato para aderir a estas campanhas –, quer o estado que defende os seus interesses arrecadam, os primeiros, fabulosos lucros pela venda dos produtos generosamente adquiridos por quem, de facto, quer ser solidário, e os segundos, impostos directos como e IVA e indirectos como o IRC. Contas feitas, neste negócio da caridadezinha, ao destinatário da mesma, se chegarem uns míseros 20 ou 30% do resultado das mesmas já estão com muita sorte, enquanto o estado burguês e os grandes grupos económicos que exploram essas grandes superfícies, abocanham mais de 80%!

Àqueles mais piedosos que, ainda assim, poderão dizer que, então, se não organizarmos este tipo de campanhas é que milhares ou centenas de milhar poderiam morrer à fome, nós respondemos que não é com aspirinas que se curam cancros. O cancro do capitalismo que, ciclicamente, provoca a destruição massiva das forças produtivas e atira para o desemprego, a fome e a miséria, somente em Portugal, mais de 3 milhões de elementos do povo, nunca será ultrapassado com este tipo de paliativo!

A solidariedade operária é bem diversa da caridadezinha burguesa. Assenta na solidariedade militante e activa às lutas que em todo o mundo se organizam e desenrolam precisamente para destruir um sistema que atira para a fome, a miséria e a humilhação quem trabalha ou trabalhou toda uma vida.

A sua cura, em Portugal, passa por uma luta sem tréguas a todos os governos que se dispuserem a ser meros obedientes serventuários dos ditames da tróica germano-imperialista. Passa pela constituição de um governo de unidade democrática e patriótica que nacionalize todas as empresas e sectores de importância estratégica para um novo paradigma de economia, ao serviço do povo e de quem trabalha, um governo que recupere o tecido produtivo que foi destruído à custa de uma política vende-pátrias levada a cabo por sucessivos governos do PS e do PSD, por vezes acolitados pelo CDS.

Um governo que tenha a coragem de expulsar do nosso país a tróica germano-imperialista, que tenha a coragem de colocar o sector bancário sob controlo do estado, um governo que imponha sem hesitações a recusa do pagamento da dívida e dos juros dela decorrentes, um governo que tenha o discernimento e a coragem de preparar o país para a saída do euro e da união europeia.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

TAP:


 • A Privatização Deve Ser Imediatamente Suspensa!
• As Vendas de Património Proibidas!
• O Estado Deve Rejeitar O Risco da Dívida!
• A Direccção da Parpública Deve Ser Destituída!
• Os Ex-Secretários de Estado
Isabel Castelo Branco e Sérgio Monteiro
Devem ser Imediatamente Presos! 
 

O roubo da TAP está finalmente consumado. O caderno de encargos para a privatização da TAP não passou de uma fraude do governo de traição nacional Coelho/Portas para enganar os trabalhadores da TAP e roubar o povo Português. Afinal, não há nenhum encargo que onere o comprador privado, o consórcio Atlantic Gateway.
Os bancos, credores da TAP, só aceitaram a privatização na condição de o estado português assumir o risco pela dívida, que deveria ter sido assumido pelo consórcio comprador.

A TAP foi privatizada a favor de um consórcio constituído à pressa – o Atlantic Gateway – que não dispõe nem de capitais próprios, nem de crédito bancário em parte nenhuma do mundo. O consórcio comprador tem uma estratégia bem definida, que sempre denunciámos mas ninguém parecia querer acreditar: entrar na TAP, vender os aviões, vender as rotas, vender os prédios e os terrenos, e deixar as dívidas nos bancos para o Estado português pagar.

O consórcio Atlantic Gateway é uma sociedade parasita e parasitária: veio para liquidar a TAP, vendendo o património da companhia aérea portuguesa, embolsando o produto da venda, deixando os trabalhadores sem emprego e encarregando o Estado, quer dizer, o erário público, isto é, os contribuintes, de pagar as dívidas.

O negócio da privatização da TAP é um negócio ruinoso e criminoso: o privado vende o activo e fica com o dinheiro; os trabalhadores da TAP ficam desempregados; o povo português paga a dívida. A TAP desaparece.
As vendas já começaram. Com efeito, a TAP já colocou à venda os terrenos do chamado reduto da TAP, que envolvem a sede, os escritórios e as oficinas da companhia, junto ao aeroporto da Portela.

O reduto da TAP faz parte do património da transportadora aérea nacional desde 1998, quando um decreto-lei do governo de Cavaco Silva, promulgado por Mário Soares, desanexou do domínio público aeroportuário da Portela uma parcela gigantesca de 22,45 hectares (224 500 metros quadrados), correspondente à área de 22 campos e meio de futebol, e os entregou de mão-beijada, sem pagamento de um único cêntimo, à companhia.

Ora, se está já a negociar a venda daqueles terrenos, no meio de todos os segredos, é porque a Atlantic Gateway planeia abandonar a sede e as oficinas da TAP, sem ter dado nenhuma indicação de que as pensa voltar a construir em qualquer outra parte. Podemos pois dizer, com toda a propriedade, que essas sinistras personagens que dão, como os cachorros, pelos nomes de David Neeleman, Humberto Pedrosa e Fernando Pinto, começaram já a desmantelar a TAP, numa ocasião em que o consórcio ainda não investiu um cêntimo na transportadora aérea nacional.

É certo que Pedrosa, Neeleman e Pinto lançaram uma grande campanha de propaganda nos órgãos da comunicação social, prometendo renovar a frota da TAP com 53 novos aviões airbus, mas como os novo aviões, mesmo que encomendados agora, nunca serão entregues em menos de cinco anos, já não existirá a companhia aérea no primeiro ano da entrega do primeiro avião da apregoada aquisição.

Ao vender a TAP a um consórcio de ganguesteres como aquele que constitui o Atlantic Gateway, o governo de traição nacional Coelho/Portas/Cavaco sabia que estava a delapidar o património nacional, e essa era efectivamente a sua intenção.

Sucede todavia que os credores da TAP, não por patriotismo, que não mora nem nunca morou nos seus corações de pedra, mas por único e exclusivo interesse capitalista, se recusaram aceitar a privatização, com a venda a um consórcio que não tem dinheiro, não tem capital, nem tem crédito em parte nenhuma do planeta, a menos que o Estado português continuasse como o responsável pelas dívidas da TAP. E o governo de traição nacional Coelho/Portas/Cavaco, rasgando o caderno de encargos com base no qual escolheu e adjudicou a privatização à Atlantic Gateway, assumiu a responsabilidade pelo pagamento das dívidas.

Ora, o que foi privatizado foi a TAP, com seu património, mas também com seu activo e passivo, e não apenas o património e outros activos. Se esse fosse o contrato, com o Estado assumindo perante os credores o risco da dívida da empresa, decerto que a TAP teria sido vendida por preço muito superior àquele por que a adquiriu a Gateway.

Temos aqui mais um daqueles negócios em que os governos de traição nacional – Cavaco, Sócrates e Coelho/Portas – nacionalizam as dívidas e os prejuízos e privatizam os lucros e o património.

Foi assim nas parcerias publico-privadas, nos contratos swaps e é também assim na venda da transportadora aérea nacional.

Para sacudir a água do capote, a coligação de traição nacional Coelho/Portas foi submetida à farsa fraudulenta cavaquista de se apresentar com um programa de governo na Assembleia da República, mesmo quando o presidente da Aldeia da Coelha, estava farto de saber que o governo do PSD/CDS não passaria na Assembleia, só para que esse governo fantoche pudesse negociar o enforcamento da TAP a um consórcio de bandidos, com toda a dívida imputada ao erário público.

Negociado este acordo de traição, a direcção da Parpública, mancomunada com a secretária de estado do tesouro, Isabel Castelo Branco, e o secretário de estado dos transportes, o famigerado Sérgio Monteiro, celebrou com a Atlantic Gatewey o contrato que Coelho, Portas e Cavaco haviam congeminado.

A Parpública é a sociedade gestora de participações sociais de capitais exclusivamente públicos, sendo conduzida nesta negociata pelo presidente Pedro Macedo Santos Ferreira Pinto.

Negociata absolutamente ruinosa, não podendo ter, como efectivamente não tem, nenhuma explicação susceptível de ser entendida como imposta pelo interesse nacional, tem todavia com certeza um fundamento que se há-de procurar na conduta criminosa do presidente da Parpública, o supra-citado Pedro Macedo Santos Ferreira Pinto, da secretaria de estado do tesouro, Isabel Castelo Branco, e do indivíduo que privatizou à força todo o sector dos transportes, o ainda em liberdade Sérgio Monteiro.

Todos estes indivíduos devem ser imediatamente presos, antes que fujam do país, mais que não seja para explicarem ao Ministério Público - que, por muito menos do que isso, deteve e prendeu preventivamente o ex-primeiro-ministro José Sócrates – os motivos e fundamentos de uma negociata leonina que entregou a TAP a um consórcio sem capital e sem crédito, e ainda por cima fica com o encargo de pôr o povo português a pagar aos credores bancários da TAP as dívidas que o consórcio adquirente não pagar.

Cadeia com eles, antes que fujam!

Os trabalhadores da TAP devem erguer-se, com todas as formas de luta ao seu alcance, contra este latrocínio e contra esta ladroagem. E terão, sem dúvida, o apoio de todo o povo português.

25.11.2015





Arnaldo Matos

A Grande Derrota do Provocador Cavaco

A magistratura presidencial de Cavaco Silva, com violações sistemáticas e contínuas da Constituição da República e do juramento constitucional do Presidente, pôs em evidência a mais grave das lacunas do texto da Constituição: o povo português não tem possibilidade, por meios constitucionais, de afastar um presidente que abuse do poder, cometa crimes, pratique atentados ou viole a Constituição, como sucedeu com Cavaco, sobretudo no exercício do seu segundo mandato.

Na verdade, em Portugal não se pode, por meios legais, destituir um presidente da república, impedir o exercício do seu mandato ou impugnar a sua acção, ainda que criminosa, direito que todavia assiste aos povos de praticamente todos os países democráticos do mundo.

Assim, quando por manifesta falta de conhecimento e consciência política de uma população, calha ser eleito um presidente inculto, deficiente nas suas faculdades mentais, contra-revolucionário de índole fascista, como é obviamente o caso de Cavaco Silva, não se pode destituir o homem senão por um golpe de Estado, uma guerra civil ou uma revolução.

Logo que se apanhou com um segundo mandato, Cavaco indicou, no discurso da vitória, que não era o presidente de todos, mas só de alguns portugueses, e ficou-se logo a saber que esses alguns portugueses também não eram todos, mas só alguns dos que votaram nele: os capitalistas, os banqueiros, os economistas de direita, precisamente as classes corporativas fascistas que ele convocou agora para Belém, quando alimentava a esperança de poder manter, num governo de gestão, ao menos por mais um ano, a coligação de traição nacional PSD/CDS.

Quando precisa de aconselhamento político, o presidente da república deve convocar o Conselho de Estado, nos termos da Constituição. O presidente da República Portuguesa está impedido de consultar e dar ouvidos aos seus familiares, amigos e vizinhos, bem como auscultar as opiniões dos representantes da classe dominante, exploradora e opressora, ou os altos funcionários de Bruxelas, ou a chancelerina Merkel e o imperialismo alemão, ou o secretário-geral da Nato, que é o que fez o fascista
Cavaco nestes quase dois meses transcorridos sobre o sufrágio eleitoral de 4 de Outubro passado.

Cavaco, que apoiou escandalosamente durante quatro anos a sua coligação fascista de traição nacional Coelho/Portas, indo ao ponto de evitar que seguissem para a apreciação do Tribunal Constitucional diplomas parlamentares e governamentais manifestamente inconstitucionais, usando assim um veto político ilegal à verificação da constitucionalidade dos diplomas inconstitucionais, e obrigando a coligação Coelho/Portas a manter-se coligada e no poder, mesmo quando ela não queria, Cavaco tentou até agora, e após o sufrágio de 4 de Outubro, manter o governo Coelho/Portas em funções, nem que fosse como governo de gestão, um governo que o país decidira afastar, negando-lhe a continuidade por falta de maioria parlamentar.

Estrebuchou Cavaco durante mais de quatro anos para manter o seu governo fascista no poder.

Mas, depois de estrebuchar quatro anos, Cavaco caiu derrotado ontem, quando foi forçado a indicar o secretário-geral do PS para primeiro-ministro. Celebremos todos a derrota do fascista Cavaco. Cavaco vai sair de cena como um cão, ganindo e com o rabo entre as pernas, lambendo as feridas que o povo lhe infligiu sem dó nem piedade. Cavaco tem mais três meses para regressar definitivamente ao esquecimento da vivenda da Aldeia da Coelha, para acabar aí os seus dias, entre vizinhos cavaquistas que roubaram o país através da Sociedade Lusa de Negócios e do Banco Português de Negócios, reservando uma quintinha para o seu amigo Cavaco, o mais odioso e reaccionário de todos os presidentes das três repúblicas portuguesas.

Conclamamos a classe operária e o povo a disfrutar desta vitória sobre Cavaco, Passos Coelho e Portas, porque foram os três derrotados pelo povo trabalhador. Temos todos uma semana para assobiar e vaiar Cavaco, pela nossa vitória e derrota dele.

Passada essa semana, encetemos todos um novo combate: a luta contra o governo de Bruxelas que em Portugal passará a ter o nome de governo do PS, com o primeiro-ministro António Costa, e a traição do PCP e do Bloco à classe operária e ao povo português.

Não vos quero estragar a alegria de celebrar a derrota do fascista Cavaco. Mas o que vem aí é uma miséria sem nome, imposta por um governo apoiado nas muletas de Jerónimo e Catarina.

Conversaremos em breve sobre isso. Lembram-se dos governos provisórios, com Barreirinhas Cunhal? Lembram-se dos dias de trabalho para a Nação? Lembram-se dos bailes organizados pela Intersindical no Barreiro, com a participação da polícia e da guarda republicana? É o que vem aí outra vez!...

25.11.2015





Arnaldo Matos

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A Crise das Virgens!

Fontes da justiça divina têm lançado insistentes rumores de que o inferno está, por estes dias, em grande alvoroço, devido a um inesperado afluxo de jihadistas enviados por aquela autoridade ao seu cuidado.

Afirmam que o inesperado aumento de mártires levou a uma ruptura do stock de virgens disponíveis.

Os rumores referem ainda que, por decisão dos gestores do paraíso, está a ser dada primazia à atribuição das vestais  aos mártires que não tiveram o livre arbítrio de decidir essa condição.

Para evitar que os desabonados terroristas fossem acometidos da tentação carnal e começassem a perseguir as virgens alheias por não ter sido possível atribuir as 70 que a cada um haviam sido prometidas , os senadores do céu decidiram enviá-los para território de Lucifer.

Cá se fazem...lá se pagam!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Não se Paga! Não se Paga!

Até parece que o Papa Francisco, tocado pelo movimento em curso nas nossas fileiras, resolvera inscrever-se no Partido… Não se paga! Não se paga, repetiu ele, sete vezes em fúria, aos cardeais com quem examinava, no Vaticano, o descontrolo total das despesas da Igreja.

Bem: no Estado do Vaticano reina também o euro como moeda nacional; mas a dívida colossal do Vaticano não é, todavia, uma consequência directa do euro, do domínio alemão ou do ódio vesgo e cambado de Schäuble.

A dívida resulta do esbanjamento e do luxo em que vivem os cardeais e a Cúria da Santa-Sé.
Quando chegou ao Vaticano, isto é, assim que foi eleito Papa no conclave de 13 de Março de 2013, Bergoglio marcou logo o seu pontificado com dois sinais muito significativos: um de modéstia – para não usar o vocábulo pobreza, que seria exagerado – e rejeitou o fausto e o luxo do palácio do seu antecessor, indo viver para um aposento com 50 m2, na Casa de Santa Maria, e outro de controlo financeiro, nomeando uma nova equipa para o orçamento e despesas do Vaticano.

O Papa está agora a verificar que o controlo dos dinheiros da Santa-Sé é bem mais difícil do que o controlo das almas dos mil e cem milhões de católicos que vivem no mundo (15% da população mundial).

Andava Bergoglio em reuniões aceleradas com a sua Comissão Pontifícia de Inquérito sobre a Organização da Estrutura Económica e Administrativa da Santa-Sé – é esse o nome completo da coisa – quando saem em Roma dois livros com documentos roubados e transcrições das gravações secretas das reuniões daquele órgão, de onde foram extraídos os sete furiosos desabafos do Papa das pampas: Não se Paga! Não se Paga!

O homem tinha toda a razão! Imaginem que as obras da Biblioteca do Vaticano, orçadas em 100 milhões de euros, acabaram custando, como diria o brasileiro, mais do que o dobro. Onde é que nós, portugueses, já ouvimos isto? Ah! foi com as obras do túnel do Marão, que a Tróica mandou parar e que agora vão-nos custar mais do dobro…

Somando apenas as oito maiores fontes dos prejuízos do Vaticano, isso dá tudo uma verba de oitenta milhões de euros por ano.

Mas Bergoglio descobriu muito mais: descobriu que, na sua Argentina natal, os Jesuítas, exactamente a ordem a que Bergoglio pertencia, tinham investido 60% de todas as suas aplicações na indústria do armamento… Arre chiça que é demais!...

Mas aquilo que de todo em todo ia fazendo perder a cabeça ao nosso estimado Argentino foi quando a comissão lhe pôs à frente dos olhos o que se passa com o Óbolo de São Pedro, que é o dinheiro resultante de um ofertório anual feito nas igrejas de todo o mundo por fiéis que pensam estar a contribuir para as necessidades da Igreja e dos mais pobres. A colecta, em 2013, rendeu 78 milhões de euros. Ora, a Comissão mostrou ao Papa que, por cada euro daquela recolha anual, só vinte cêntimos chegavam aos pobres.

Oitenta por cento do Óbolo de São Pedro desaparecia pelo caminho e nunca chegava aos reais destinatários…

Ora, quem é que revelou esta documentação e as discussões da Comissão com o Papa, gravadas secretamente? O delator e gravador secreto das conversas e que as facultou aos jornalistas foi monsenhor Vallejo Baldo, um patife sem carácter ligado ao Opus Dei, e que agora está preso nas cadeias do Vaticano. Ah, sim, não sabiam? – o Vaticano também tem cadeias.

Monsenhor Baldo está em prisão domiciliária, todavia.

Agora talvez já se entenda por que é que o anterior Papa – o Pastor Alemão – renunciou ao sólio pontifício.

Quando está em causa o dinheiro, numa sociedade capitalista, até os padres são os primeiros a entender que não há Deus…

Claro está que Bergoglio não chegou ao ponto de se inscrever no Partido, como por graça comecei por dizer; mas lá que, indirectamente embora, acabou por consagrar a nossa palavra de ordem, lá isso acabou: Não se paga! Não se Paga!

13.11.2015
Arnaldo Matos



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Foi porreira a festa...pá! Mas, a Luta continua!

Toda a esquerda, mesmo a formal, se regozija com a homérica derrota e humilhação da coligação entre a  direita e a extrema direita no passado dia 10 de Novembro de 2015, quando uma moção de rejeição abortou aquele que seria mais um mandato de arrogância fascista, de empobrecimento do povo e de quem trabalha, de ataque à mais elementar democracia.

Apesar de não ser um governo que deva merecer o apoio dos verdadeiros marxistas-leninistas, dos genuínos comunistas, defendemos que a esquerda parlamentar se deveria entender para que fosse possível derrubar o governo terrorista e fascista de Coelho e Portas.

Não deixámos de alertar, no entanto, para a eventualidade de Cavaco, o patrono e ideólogo deste governo, mercê dos poderes que a Constituição lhe confere, deixar cozer em lume brando a vitória da democracia sobre quem fez da provocação e do desrespeito à constituição o seu caminho de governação e, assim sendo, ser absolutamente necessário começar, desde já, a preparar as condições políticas, e não só, para correr com o inquilino de Belém, o imbecilóide de Boliqueime, do poleiro.

É por isso que a esquerda se deve unir e, em vez da masturbação política de se entreter na pulverização  da apresentação de candidaturas presidenciais, deve apostar na salvaguarda da democracia e apresentar um candidato presidencial da esquerda contra Marcelo, candidato da direita. E, o candidato que está em melhores condições de obter essa vitória é Sampaio da Nóvoa. A alternativa não pode ser replicar a divisão Soares/Manuel Alegre que deu, no passado recente, a vitória a Cavaco. Divisão que, a manter-se, dará certamente a vitória, agora a Marcelo Rebelo de Sousa.

Como não deixaremos de alertar para o despertar para o dia seguinte dos acordos estabelecidos entre PS, BE, PCP e PEV. A euforia da vitória da democracia, da vitória das forças democráticas e patrióticas, não nos pode cegar quanto à situação a que os operários, os trabalhadores, o povo português têm de dar resposta se, efectivamente, quiserem inverter a seu favor a relação de forças que parece ser favorável no confronto com a burguesia e o capital.

É que, não haja ilusões! De facto, as grandes questões estão em aberto:

·         Perante uma dívida ilegítima, e ademais impagável, que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício, o único caminho é rejeitar liminarmente o seu pagamento. Admitir, sequer, a sua renegociação, é admitir que, no todo, ou em parte, ela é legítima quando, de facto, ela se constituiu com base numa imposição do directório europeu, dominado pelos interesses do imperialismo germânico, de que deveria ser o povo a pagar as dívidas da banca e, assim, a salvar o sacrossanto lucro da parasitagem que gravita em torno dos grandes grupos financeiros e bancários;

·         A saída do euro, uma moeda extremamente forte para um frágil economia como a portuguesa, um garrote ao crescimento de nossa economia, castradora de qualquer plano soberano de desenvolvimento económico:

·         A saída da União Europeia, que é a união daqueles que admitem sujeitar-se ao que o imperialismo germânico dita quanto à política orçamental de cada país, à união bancária que mais favoreça os seus grupos financeiros e bancários, através de uma união bancária que mais não é do que o diktat do Banco Central Alemão e do sinistro Schauble, ministro das finanças germânico. Uma União que visa impor, por um lado, a divisão europeia do trabalho que melhor sirva os interesses da Alemanha e, por outro, redunde na rapina de todos os activos estratégicos dos países (nos quais se inclui o mar que, segundo a visão do imperialismo germânico se deveria transformar em azul) que, entretanto, se dispuseram – em nome da solidariedade e da subsidiaridade europeias – a destruir o seu tecido produtivo.
 
De facto, à saída do acordo celebrado entre PS, BE, PCP e PEV, nenhum dos protagonistas referiu como é que - e quem - se vai pagar uma dívida que, já toda a gente compreendeu, para além de impagável e ilegítima, mais não constitui do que um factor de chantagem e humilhação sobre o povo português e ataque à soberania de Portugal.

Como nenhum deles explicou como é que, continuando a ser alocados recursos para o pagamento da dívida e do serviço da dívida, isso se compagina com a satisfação das necessidades do povo no que respeita à saúde, à educação, à assistência social, incluindo reformas, pensões, combate à precariedade, políticas de emprego, subsídios de emprego e família que promovam a dignidade e a melhoria das condições de vida do povo e de quem trabalha.

Estamos de acordo que esta foi um importante e decisiva batalha que o povo venceu. Mas, para aqueles democratas e patriotas, para aquela esquerda, que embandeira em arco ao som do trautear de o povo unido jamais será vencido, replicando de forma preocupante as ilusões que se produziram após o golpe militar de 25 de Abril de 1974, recomendo a prudência revolucionária de considerar que, sendo esta dura e prolongada, a luta continua e que, só com luta o POVO VENCERÁ!