sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Liberdade para Maria de Lurdes Lopes Rodrigues


Uma Petição que não aceita respostas cosméticas, nem reformulações para que tudo fique na mesma





A acompanhar a Petição entregue pelo Grupo LPML , no passado dia 31 de Julho de 2018, na Assembleia da República, ía uma folha de rosto onde os peticionantes explanavam as razões, fundamentos e objectivos da dita e que pode ser consultada em:


Depois de apreciada na XIII - Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a dita Comissão veio a decidir pela sua admissibilidade, ainda que parcial, com os fundamentos que podem ser analisados no link que abaixo se reproduz:


Tais fundamentos, da lavra do Relator designado pela supracitada Comissão Parlamentar, são alvo da nota do Dr. José Preto – o advogado que representará os peticionantes e que acompanhará, coordenará e dirigirá a vertente jurídico política das discussões que haverão de ter lugar na Assembleia da República – e que, pela sua profundidade, relevância e conteúdo, decidi partilhar convosco.

É preciso manter presente que a cópia de metade da solução francesa,
colada à cópia de metade da solução italiana (com a exclusão da
inviabilidade do processo em caso de injúrias recíprocas, como  em
França, e exclusão da inviabilidade da sanção em caso de estado de
cólera suscitado por provocação injusta, como exige a Lei italiana)
traduz a intenção política da viabilidade do arbítrio e da provocação
grosseira, designadamente do funcionário, que assim pode retaliar de
modo arrasante sobre o cidadão que reage.

Uma tal estrutura normativa é parte do regresso à servidão da gleba
trazido a Lei pela geração dos retornados - mais jovens à data do
regresso e menos lúcidos também -  que na "metrópole" reproduzem
muitas das técnicas que cresceram a ver no que ao condicionamento de
populações respeita (isso nota-se na política de transportes urbanos,
no agravamento dos preços de energia, no condicionamento do
fornecimento de fármacos ao SNS, na provocação soez em Direito de
Trabalho - eliminada pelo PS - de inscrever no corpo da lei a
expressão "condição de trabalhador subordinado", entre mil outras
coisas que toda a gente fez questão de não notar). A estruturação das
normas da injúria e difamação tem um papel politico neste contexto e
foi estrictamente construída para o desempenhar. Tais normas traduzem
pois abuso de poder, abuso de função legislativa, estão fora do
concerto das nações e estados da União como solução exasperante de
tensões sociais e modo de exasperação das tensões políticas, semeando
por todo o lado uma deformação malsã dos percursos de formação dos
juristas e não sofrendo senão retoques cosméticos, por parte de quem
pensa quem num ou noutro caso, esta ou aquela expressão "é demais",
porventura pela sua excessiva clareza, como terá sido o caso da
formulação do Código de Trabalho que acima referimos.


Os tipos penais da injúria, difamação e calúnia foram até 
politicamente agravados na sua função de afronta e modo de repressão
politica. Designadamente pela dispensa da prova do dolo específico
(exigência do Direito Penal em vigor no salazarismo) sendo que os
salazaristas da democracia lograram a consagração do dolo genérico,
i.e. a obrigação generalizada de estar calado ante o perigo de fazer
com que alguém se sinta ofendido. (Imagine-se).



Como esta gente não está preparada para qualquer discussão - como se
nota pelo infelicíssimo texto do pobre jurista assessor que nem citar a
petição consegue - é bem possível que nos dêm uma resposta bruta se
estiverem convencidos que têm maioria, ou que não correm riscos
políticos, como é possível que nos dêm uma resposta cosmética se
estiveram convencidos que isto os fará correr algum risco de algum
tipo. Virão então com as tretas da "moderação", do equilíbrio, da
reformulação necessária de molde a que tudo fique na mesma.

É preciso insistir na revogação. Pura e simples.

E é necessário ter algum cuidado na sessão de audição. Os peticionantes
podem levar advogado. E o advogado pode abrir um fogo cerrado sobre as
questões propriamente jurídicas.”

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Ali Babá e o Negócio da Torre das Picoas


Na sua edição de hoje, 5ª feira, dia 20 de Setembro, o Luta Popular Online, Órgão Central do PCTP/MRPP, publica um editorial do meu camarada Arnaldo Matos sobre a misteriosa aprovação, contra o que estava estipulado pelo PDM, da construcção da Torre das Picoas, em Lisboa, e que, dado a sua importância e alcance políticos, aqui reproduzo.


 Ali Babá e o Negócio da Torre das Picoas

                                                                                         Arnaldo Matos
1.º
Era uma vez a construção da Torre das Picoas, na Av. Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, só agora sob averiguação criminal do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) da capital, quando a Torre já está erguida.
2.º
Chamava-se Armando Martins o dono do lote que queria edificar a Torre das Picoas com 20.000 m2 de construção, mas a Câmara de Lisboa, nas mãos de António Costa, Fernando Medina e Manuel Salgado, negou. 
3.º
Invocando o PDM da cidade, a Câmara só autorizava a edificação de uma Torre com 14.000 m2 de construção. 
4.º
É então que aparece um Espírito Santo, primo do Manuel Salgado, que aconselha o Armando Martins a contrair no BES (Banco Espírito Santo) uma hipoteca de 15 milhões de euros sobre o lote. 
5.º
Impossibilitado de construir a Torre com a área que pretendia, de alterar o PDM e de pagar a hipoteca, Armando Martins vende o lote ao BES por 1 euro, uma vez que já tinha recebido do banco, contra hipoteca do lote, 15 milhões de euros.
6.º 
Tendo Armando Martins ficado sem o lote, que saltou para propriedade do BES, a Câmara de António Costa, Fernando Medina e Manuel Salgado, este primo do Espírito Santo, mandou rever o Plano Director Municipal (PDM) da capital as vezes que foram necessárias até permitir à Torre uma área construtiva de 24.000 m2  
7.º  
Revisto o PDM, a Câmara autorizou então a edificação da Torre das Picoas com 24.000 m2 de construção!… Mais 10.000 m2 do que a área inicialmente autorizada. Mas o beneficiário era outro!... 
8.º  
Manuel Salgado, arquitecto responsável pelo pelouro do urbanismo de Lisboa, é primo de Ricardo Salgado, o qual foi noutro tempo o DDT (Dono Disto Tudo).  
9.º 
Manuel Salgado está também ligado a outra venda misteriosa ao Hospital da Luz, não por acaso também do BES, do terreno onde assentava o Quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa…  
10.º 
Será a Torre das Picoas um dos motivos por que há tanta gente a pedir a recondução da actual procuradora-geral da República no cargo por mais 6 anos?  
11.º 
Informo os leitores desta história das mil e uma noites lisboetas que António Costa, Fernando Medina e Manuel Salgado não estão presos.


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Obrigado, Catarina?!



Catarina Martins, coordenadora do Bloco dito de Esquerda, congratulou-se, este fim de semana, com o facto de ter sido o seu partido a impor que medidas que permitissem o retorno aos rendimentos dos mais desfavorecidos ocorressem, virtude da inclusão de várias medidas preconizadas pelo BE nas Leis do Orçamento de Estado até agora aprovados por aquilo a que se convencionou chamar  geringonça.

E é mesmo uma geringonça porque, tal como ela, aparenta desarticulação, imbecilidade mascarada de ingenuidade, parecendo contrariar as dinâmicas lógicas da ciência social e política.

Mas, desenganem-se! A geringonça surgiu, tal como todas as medidas concretas do BE, para escamotear, desviar o foco, manipular, a consciência de operários e trabalhadores, transmitindo-lhes a idéia de que, já que não podem comer o bolo da riqueza produzida pelo seu trabalho ... que aceitem as migalhas que o sistema capitalista está disposto a ceder-lhes, em troca da paz social!

Quando Catarina se congratula – e tem mesmo a desfaçatez e a arrogância de considerar que não ficaria mal ao seu parceiro Costa, do PS, agradecer-lhe por  esse facto – por ter sido a acção do BE no parlamento e fora dele a impor ao PS que introduzisse medidas que proporcionassem melhor distribuição da riqueza, está a falsear as questões principais.

Desde logo que o brutal desnível da distribuição da riqueza, entre o trabalho e o capital, se deveu ao facto de os partidos do chamado arco parlamentar terem acolhido como justa a idéia de que as dívidas privadas deveriam ser tornadas públicas e, assim, haver uma justificação para que o seu pagamento fosse imposto aos trabalhadores, quer de uma vez só – como pretendiam a direita e a extrema direita - , quer às suaves prestações, como advogam os arautos da esquerda formal – PS, PCP, BE e Verdes .

Quem não se lembrará de a nomenclatura política do BE defender que, quanto à dívida pública, havia que acautelar os interesses dos pequenos aforradores que haviam adquirido títulos dessa dívida para poderem aforrar e fazer crescer os seus rendimentos?

Quem não se lembra de, confrontados com a possibilidade de revogarem a lei fascista dos despejos imposta pela Cristas e o governo de coligação da direita com a extrema-direita – tutelado pelo palermóide de Boliqueime -, essa mesma nomenclatura ter defendido que, havia que acautelar os interesses dos ... senhorios pobres ?!!!

Se estivessem efectivamente contra a lei dos despejos e a favor da sua revogação imediata tinham, conjuntamente com PCP e PS, conseguido as 25 assinaturas de deputados, indispensáveis para poderem suscitar a inconstitucionalidade da lei junto do Tribuna Constitucional.

Com esta manobra, desarticularam – acreditamos que temporariamente - a luta dos inquilinos pobres contra a Lei dos Despejos e...o resultado está àvista! Nunca como agora se verificam tantos despejos nas grandes cidades, nunca como agora se compromete, de forma perigosamente irreversível, o carácter e as idiossincrasias dos bairros populares, sobretudo de cidades como Lisboa e o Porto.

Pois é! À mulher de César não lhe basta ser séria! Tem de parecê-lo! As prebendas devidas pelo apoio à política de Costa e do PS – na prática, aos ditames da tróica germano-imperialista – começam a ser reveladas ao povo. O véu que agora começou a ser destapado, quando for totalmente retirado, mostrará o que se esconde por detrás da máscara que o BE afivelou de defesa dos interesses concretos do povo, tendo em conta as situações concretas em que nos encontramos! A face da mais nauseabunda política do capital!