segunda-feira, 27 de junho de 2016

Democracia Capitalista

A propósito das conclusões a que o Bloco dito de esquerda chegou na sua X Convenção Nacional, realizada nos passados dias 25 e 26 de Junho, no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, não resisto a reproduzir a nota do meu camarada José Alexandre sobre o tema em apreço:

"O Bloco de Esquerda realizou em Lisboa a sua X Convenção, Catarina Martins foi escolhida como a querida líder do BE. A sua moção de estratégia conseguiu 83% dos votos. Catarina defende que caso a EU opte por sancionar Portugal: O BE irá pedir a realização de um referendo para tomar posição sobre a chantagem".

O PCP reuniu o seu Comité Central neste fim-de-semana. Uma das conclusões foram: “urgência e necessidade de Portugal se preparar para se libertar da submissão ao Euro e garantir os direitos, o emprego, a produção, a soberania e a independência nacional”.


Isto vindo de dois partidos apoiantes do governo do PS lacaio e submisso ao imperialismo alemão. perante tanta loucura, só podemos esperar destes D.Quixotes e Sanchos Pança uma batalha pela libertação dos moinhos de vento

A União Europeia é fundamentalmente um projecto de construção imperialista em torno de uma Alemanha que não pode construir o seu lebensraum (espaço vital) da forma que o fez na primeira metade do século XX. E essa construção foi feita gerando duas contradições: uma de classe e outra inter-imperialista. Num contexto de crise capitalista com dificuldades do centro do sistema para exportar a crise, como fez em épocas anteriores, as guerras inter imperialistas intensificam-se enquanto nos esmagam para cortes, etc etc. Inclusivamente a arma da dívida é usada não para cobrá-la (Grécia Portugal e outros), mas para que, ao não cobrá-la, possam conquistar sectores inteiros da economia. Está a acontecer agora e eles procuram dominar: uma forte luta entre tubarões financeiros está a florescer num horizonte próximo."

domingo, 26 de junho de 2016

Guerra do povo à guerra imperialista!


Desde os tempos de Lenine que o imperialismo é caracterizado como estadio supremo do capitalismo e fautor de guerra e morte. A burguesia, no seu afã de rapina e dominação, subjuga e humilha povos e nações, exaure os seus recursos e riquezas e exporta os seus excedentes industriais, obsoletos e descontinuados.

Esta necessidade de, por um lado, subjugar mercados e assegurar o domínio dos recursos energéticos e das matérias primas e, por outro, a nível político, as zonas de influência imperial, levaram, no último século e meio, a três grandes conflitos mundiais e a uma globalização sem precedentes dos conflitos regionais.

Durante a I e a II Grandes Guerras Mundiais, os conflitos decorriam numa frente  única e entre as nações envolvidas.  Dada, por um lado, a destruição maciça resultante desses conflitos em casa própria – estaremos certamente bem informados sobre a morte de milhões de elementos do povo e a destruição de centenas de cidades e milhares de fabricas por essa  Europa e pelo mundo fora -, e a vitória da concepção marxista-leninista-maoista de transformar as guerras imperialistas em guerras revolucionárias, populares –como o comprovam as Revoluções Russa de 1917 e a Revolução Chinesa de 1949 – a lição que a burguesia e toda a sorte de potências imperialistas aprendeu então, foi a de que, de futuro, deveria transferir esses sangrentos conflitos para o quintal dos outros.

É neste novo contexto que povos e nações de todo o mundo se vêm obrigados a empunhar armas - porque, tal como dizia Mao, o poder está na ponta da espingarda -,   e levar a cabo guerras pela sua independência e autodeterminação contra o imperialismo americano e o social-imperialismo soviético e outras potências coloniais.

Contudo, tais conflitos continuavam a caracterizar-se por ocorrerem numa só frente de combate, apesar de o imperialismo e o social-imperialismo começarem a demonstrar, face às derrotas infligidas por esses povos e nações, não passarem de autênticos tigres de papel.

Com a derrota das revoluções soviética e chinesa às mãos de cliques de traidores que enveredaram por sistemas do capitalismo monopolista de Estado e promotores de uma nova burguesia, o imperialismo tornou-se ainda mais agressivo e, prosseguindo o princípio que sempre acalentara da independência e soberania limitadas, passa a policiar o mundo e a intervir militarmente sempre e onde considera estar em causa a sua influência, isto é, sempre que os seus interesses, a sua acção de rapina, dominação e humilhação são postos em causa.

Mas, o que diferencia a situação actual das épocas acima descritas é um novo facto, um novo desenvolvimento. A famigerada globalização – tão cara ao imperialismo e aos imperialistas -, ao promover, por um lado,  a bascularização da economia, promoveu, por outro, uma migração massiva e constante de trabalhadores de nações empobrecidas pela guerra e pela rapina, para as nações ditas dominantes e promotoras dessa rapina, guerra e destruição.

Se as primeiras gerações de migrantes e refugiados foram assimilados pelas nações de acolhimento, já as segunda e terceira gerações, com um maior acesso à formação intelectual, científica e cultural e à informação,  passou a integrar aquilo a que os governos imperialistas classificam como movimentos radicalizados. Uma classificação que serve para escamotear que, desta vez, os radicais que se opõem ao genocídio de que os países de origem dos seus pais são vítimas por parte de toda a sorte de potências imperialistas são, agora, cidadãos das potências agressoras.

Uma afirmação que serve para escamotear o seu desespero e fraqueza, demonstrativa de que o imperialismo tem pés de barro e de que é possível aos povos e nações oprimidas derrotá-lo em toda a linha, quer na frente externa, quer na frente interna.

Trata-se, pois - e é essa a diferença qualitativa em relação aos conflitos anteriores -, de uma guerra travada em duas frentes. A frente do país ou nação invadida pelas potências imperialistas – americanos, alemães, franceses, britânicos, russos, etc. – e a frente que muitos dos filhos daqueles que foram forçados a migrar para esses países imperialistas constituíram nos mesmos. O caso da França é paradigmático. Actualmente, 15% da população francesa é de origem muçulmana.

Em países como a Bélgica, a França, a Grã-Bretanha, mas não só, esta frente de conflito pode, rapidamente, resultar em guerras civis. Neste contexto, os marxistas-leninistas-maoistas têm de saber organizar a classe operária e os seus aliados para transformarem as guerras imperialistas e as guerras civis que delas podem resultar, em guerras revolucionárias que imponham democracias populares, no caminho para a conquista de sociedades socialistas, livres da rapina, do ódio, da morte e da humilhação que caracterizam o imperialismo, estadio supremo do capitalismo!


Tanto mais quanto este é um dos pontos que está a dividir os operários no movimento comunista internacional, onde as correntes oportunistas e revisionistas defendem que os operários devem apoiar as “suas” burguesias, isto é as classes dominantes das potências imperialistas agressoras, contra o “terrorismo”, atacando e renegando a permissa marxista de “Proletários de Todos os Países, Povos e Nações Oprimidas do Mundo, Uni-vos!”















Convenção de um bloco dito de esquerda:

Sobe, sobe, balão sobe...


A vocação de muleta do PS foi consagrada na Convenção desse bloco de oportunistas que dá pelo nome de Bloco de “esquerda”, como o comprovam discursos, intenções e moções, produzidos ao longo deste último fim de semana, na Convenção que levaram a cabo no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.

No termino desta Convenção, uma das conclusões programáticas apresentada, plasmada na moção de estratégia vencedora, é a de que não é tema para o momento político actual a apresentação, discussão e votação de um referendo sobre a saída ou permanência de Portugal na União Europeia.

Nada disso, que os tempos, tal como no passado, não estão, para este bloco,  de molde a permitir que o povo tenha uma participação efectiva nos seus destinos e, muito menos, o direito a discutir e aprovar as saídas que melhor se compaginem com os seus interesses.

Está fora de questão, portanto, para o BE, que se criem as condições para um referendo do tipo que ocorreu na passada 5ª feira na Grã-Bretanha. Isto é o BE a afirmar que não pretende que o povo português seja chamado a tomar decisões, livres, democráticas, informadas e conscientes sobre a saída ou permanência de Portugal na União Europeia e no euro.

Numa atitude política que em nada se distingue de PS, PSD e CDS, que sempre se opuseram a que fosse dada a palavra à classe operária e ao povo português quanto à adesão de Portugal à CEE – hoje UE - e, posteriormente, ao euro, aos diferentes tratados subscritos por sucessivos governos de traição nacional – protagonizados por esses partidos -, sobretudo aqueles que retiraram a Portugal a sua soberania fiscal, aduaneira, cambial, económica e financeira.

Curioso, ou talvez não, é que, no mesmo dia em que este bloco de oportunistas toma estas decisões – contrárias aos interesses da classe operária e do povo português - , familiares e doentes do Centro de Reabilitação de Alcoitão denunciam o facto de esta unidade de saúde estar a comprometer a sua reabilitação, ao enviar para casa, mais cedo do que o que seria expectável, aqueles que aos seus serviços têm de recorrer para assegurar o seu processo de recuperação e reabilitação.

Uma prova de que o BE, ao apoiar um governo de direita e de traição nacional, como é o governo do PS, liderado pelo ex-imperador de Lisboa, António Costa, apoia o princípio de que o que é de facto prioritário é pagar dívidas privadas, sobretudo as da banca
.
Uma prova de que este bloco oportunista está a admitir que, seja ela reestruturada ou renegociada, esta dívida, que não foi contraída pelo povo, nem este dela retirou qualquer beneficio, deve ser paga.
Está a admitir que apesar do euro ser um fautor de miséria, de perda de soberania cambial, fiscal, orçamental, económica e financeira, o povo deve continuar a estar sujeito à sua tenaz. Isto apesar de uma ridícula “ameaça” de que, mudará de atitude se a União Europeia vier a decretar sanções a Portugal pelo facto deste e do anterior governo de traição nacional não terem cumprido os critérios de estabilidade ditados por Berlim.

Caso para dizer, sobe, sobe, balão sobe, que tal como a pressão atmosférica o fará, a pressão revolucionária se encarregará de fazer rebentar este bloco de oportunistas que dá pelo nome de Bloco de “Esquerda”!

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Porreiro, pá?!

O que a vitória do BREXIT vem demonstrar é que são insanáveis e não é mais possível escamotear as contradições no seio da burguesia imperialista europeia.
O que o BREXIT vem demonstrar é que essas contradições tenderão - pelo efeito dominó que certamente gerarão - a agravar-se no curto e médio prazo.
O que o BREXIT vem demonstrar é que essas contradições irão beneficiar o caminho que a revolução está a fazer no sentido de resolver a contradição entre a natureza social do trabalho e a apropriação privada da riqueza gerada por ele.
O que o BREXIT vem demonstrar é que Lenine tinha razão quando, ao combater o oportunismo no seio da II Internacional afirmava que "... do ponto de vista das condições económicas do imperialismo, isto é, da exportação de capitais e da partilha do mundo pelas potências coloniais "avançadas" e "civilizadas", os Estados Unidos da Europa, sob o capitalismo, ou são impossíveis, ou são reaccionários..."