Mais do que chumbar leis e normas há que
derrubar este governo de traição nacional!
Pressionado pela indignação popular e pela luta dos trabalhadores da Função
Pública, Cavaco Silva foi obrigado a suscitar a fiscalização preventiva das
normas sobre a Requalificação da Função Pública e sobre a Mobilidade,
constantes do Orçamento Rectificativo que o governo de traição nacional PSD/CDS
lhe havia enviado para promulgação.
Antes de anunciar que os juízes do Tribunal Constitucional decidiram
chumbar as novas regras para a
requalificação e mobilidade dos trabalhadores da Função Pública, alegando que
alguns dos artigos que Cavaco Silva pediu para que fossem fiscalizados violam a
garantia da segurança no emprego, o princípio da proporcionalidade e o princípio da tutela da confiança,o juiz presidente do TC fez uma longa dissertação sobre a lei orgânica de
funcionamento daquele tribunal.
Apesar de coxa e incoerentemente balbuciada, essa dissertação não foi irrelevante,
percebendo-se que os juízes pretendiam desde já contrariar a possível
argumentação que os opinadores, os comentadores ou os especialistas que se constituem nestas ocasiões como a voz do dono
– que é o governo de traição nacional e seu patrono Cavaco – virão manifestar
nas próximas horas quanto à legitimidade do TC em chumbar estas normas, quando apenas sete juízes a votaram – e destes,
só seis se manifestaram contra a sua legalidade -, já que os restantes, devido
ao facto de a lei orgânica do funcionamento do mesmo, que assim o determina, se
encontram no gozo do período de férias que estes juízes só podem concretizar no
período de 15 de Agosto a 14 de Setembro.
Recordamos que, de acordo com as novas regras previstas nestes diplomas, os
trabalhadores da Função Pública que fossem colocados na requalificação
ficariam, no máximo, 12 meses nesta situação, recebendo 63% do seu vencimento
nos primeiros seis meses e 50% nos restantes. Ou seja, um autêntico roubo, a
juntar à famigerada lei das 40 horas que Cavaco hoje promulgou, esquecendo-se de a remeter, juntamente
com as que agora foram chumbadas, para a fiscalização preventiva do TC. É que,
ao fim deste período, se os trabalhadores brindados
com a mobilidade não forem
recolocados nos serviços, serão despedidos com direito a indemnização e subsídio de desemprego, institutos que,
como é do conhecimento geral, foram alvo de legislação facilitadora e
embaretecedora, o primeiro, e de reduções dramáticas, o segundo.
Tornou-se um hábito deste governo de serventuários da tróica
germano-imperialista tentar impor legislação anti-constitucional, para depois
se lamentar da força de bloqueio que
constitui o TC para levar a cabo as reformas
estruturais que melhor sirvam os grandes grupos financeiros e bancários e o
pagamento da dívida e dos juros, que constituem uma autêntica renda para os
mesmos, à custa do roubo dos salários e do trabalho.
Pretendem ver justificadas
medidas terroristas e fascistas que venham futuramente a impor ao povo, mas não
só. É a terceira vez este ano que os juízes do TC são chamados a pronunciar-se
sobre a inconstitucionalidade de leis e normas que o governo tenta fazer
promulgar. É a terceira vez que os serventuários da tróica
germano-imperialista, Coelho e Portas, são miseravelmente derrotados.
Os trabalhadores e o povo português não podem, no entanto, nutrir quaisquer
ilusões sobre o papel do TC e, muito menos, acreditar que a saída para a sua
luta é a de confiar na frente constitucional. Quer na actualidade, quer no passado,
muitas das leis terroristas e fascistas que este governo de serventuários
conseguiu que fossem promulgadas, ou ninguém – incluindo partidos da oposição parlamentar – suscitou a
fiscalização preventiva ou sucessiva das mesmas – recordamos a
título de exemplo, a famigerada Lei dos Despejos - ou, tendo ela sido suscitada, os mesmos juízes que agora chumbaram
estas normas, e apesar da manifesta inconstitucionalidade
de que elas vinham feridas, decidiram lavar
as mãos como Pilatos e aprová-las!
Mas, mais do que derrotar normas e
leis, mais do que “exigir” “mudanças de políticas”, torna-se cada vez mais
necessária uma ampla frente popular, constituída por operários, camponeses,
trabalhadores de serviços, técnicos, intelectuais, estudantes, pequenos e
médios empresários arruinados, para derrubar este governo de traição nacional,
cujas políticas têm levado – em nome do pagamento de uma dívida que o povo não
contraiu, nem dela retirou qualquer benefício – ao desemprego, à fome, à
miséria, à ruína à perda de independência nacional, substituindo-o por um
governo democrático patriótico que se recuse a pagar esta dívida e prepare a
saída de Portugal do euro e da União Europeia.