A matemática é uma daquelas ciências que a classe dominante
frequentemente apresenta como aclassista, mas é tudo menos isso. Umas vezes
utilizada para elogiar os feitos
deste governo de traição – mormente um anunciado aumento de 1,1% do PIB no
último trimestre –, outras vezes para escamotear operações de camuflagem da
corrupção e compadrio que grassa – PPP’s, SWAP’s, BPN, BANIF, etc. -,
frequentemente para manipular dados sobre a evolução da dívida e do déficite,
não há, no entanto, exercício de matemática que consiga apagar a evidência do
aumento contínuo do défice e da dívida, apesar de PS, PSD e CDS, contando com
o beneplácito de Cavaco, terem sempre dito ao povo que o programa de resgate que tinham acordado com o FMI, o BCE e o
extinto FEEF, teria como objectivo reduzir quer um, quer outra.
Pois bem, conhecidos os dados mais recentes que apontam para
o facto de a dívida ter ultrapassado a fasquia dos 130% do PIB, convirá
recordar o que desde sempre denunciámos. Que, para além de esta ser uma dívida
que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela algo beneficiou, uma dívida
que, portanto, o povo deve opor-se a pagar, esta é uma dívida IMPAGÁVEL, a mais
não ser, por uma evidência colocada pela matemática.
Mesmo que a economia estivesse a crescer, como anunciou o
governo, 1,1%, qualquer criança do ensino primário compreenderia que, pagando
juros superiores a 6%, essa dívida não
poderá…matematicamente…diminuir! E é precisamente isso que…matematicamente… a
torna IMPAGÁVEL! A economia teria de
gerar um crescimento, no mínimo – e uma vez mais, matematicamente – idêntico
aos juros que são cobrados.
Mas, vão muito mais além os crimes e a traição nacional
levada a cabo por este governo de serventuários, protagonizado por Cavaco,
Coelho e Portas. É que, para pagar uma dívida manifestamente ilegal, ilegítima
e odiosa, eles dispõem-se – matematicamente – a compensar a diferença entre
taxa de crescimento e taxas de juros a pagar, quer com transferência de renda –
impostos, cortes nas prestações sociais, roubo
dos salários e do trabalho com legislação facilitadora e embaretecedora dos
despedimentos, aumento da carga horária, etc -, quer com transferência de
activos de importância estratégica, a preços de saldo, para grandes grupos
financeiros e bancários, como foi o caso da ANA, da EDP, da GALP, entre outras,
e se preparam para fazer com os CTT, a TAP, a ÁGUAS DE PORTUGAL, e muitos
outros sectores estratégicos da economia, como a educação e a saúde.
A matemática do governo e dos senhores que serve – a tróica
germano-imperialista – consiste em diminuir de forma criminosa e brutal os
rendimentos do povo e de quem trabalha, através de um sistemático roubo do
trabalho e do salário. Consiste em subtrair ao povo o direito à saúde, à
educação, ao mesmo tempo que aumenta todos os impostos, quer sobre o consumo de
bens e serviços essenciais, quer sobre os rendimentos do trabalho.
Os trabalhadores e o povo português têm de adoptar outra
matemática, oposta a esta do governo. Têm de subtrair do governo , derrubando-o,
toda a cáfila de traidores e expulsando de Portugal aqueles que estes servem,
isto é, a tróica germano-imperialista. Têm de multiplicar lutas e greves, cada vez
mais intensas e prolongadas no tempo, para aumentar o caudal do rio de revolta
que os levará a um resultado de sucesso, isto é, que se salde pela constituição de um governo
democrático patriótico.
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