quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Tropa de choque do imperialismo germânico ou países independentes?

Num momento em que, aparentemente, parece vivermos num estado de defeso político, propomos a releitura deste artigo, tanto mais que ultimamente o defunto Sócrates e o firme oposicionista Seguro tentam, ad nauseum, desvincular-se da responsabilidade de ter:

  1. O primeiro, subscrito o Tratado de Lisboa – aliás, não só o subscreveu como se vangloriou do facto de para o seu articulado ter dado importantes contributos – e assinado o Memorando de Entendimento com a tróica germano-imperialista – no que foi secundado por PSD e CDS – nas vésperas de ter sido corrido do governo por pressão das massas populares.

  1. O segundo ao não ter feito uma crítica à governação de Sócrates e ao não responder à mais simples das questões: revogará um governo por si protagonizado todas as medidas terroristas e fascistas impostas pelo governo de traição nacional de Cavaco, Coelho e Portas?

Um texto que exemplifica, embora não exaustivamente, porque é que não foi nenhum exagero da nossa parte classificar como traidores nacionais todos aqueles que compactuaram com a formulação e a imposição do Tratado de Lisboa, tratado que garantiu ao imperialismo germânico aquilo que nem as divisões Panzer asseguraram a Hitler: a conquista e dominação da Europa sem disparar um único tiro!

A leitura deste texto permite, segundo a nossa perspectiva, fazer a demonstração de como, primeiro com o processo de destruição do aparelho produtivo de um grande número de países europeus, depois com o marco travestido de euro, a seguir com o Tratado de Lisboa e o seu MEE, a imperial Alemanha, valendo-se dos seus serventuários em vários países europeus, assegura, por um lado, ter uma palavra determinante na produção de todo e qualquer Orçamento de Estado, de qualquer dos 27 países membros, e, por outro, através da chantagem da dívida consegue abocanhar os activos estratégicos desses países e impor-lhes um regime de trabalho escravo e mal pago, transformando-os numa espécie de Malásia da Europa.


"Tropa de choque do imperialismo germânico ou reconquistar a soberania nacional e implementar um novo paradigma de economia, ao serviço dos trabalhadores e do povo? Eis as alternativas que o projecto de refundação europeia proposto por Merkel coloca aos povos e nações da Europa, dominados ou em vias de ser dominados, pela pata do imperialismo germânico que está a conseguir o que, nem Hitler, com todas as suas divisões Panzer e poderio bélico, conseguiu: dominar, subjugar e humilhar a Europa!

Face ao actual panorama geopolítico internacional, em que a superpotência norte-americana se torna cada vez mais  agressiva, numa desesperada tentativa de recuperar a sua influência e domínio mundiais, enfrentando um cada vez  mais ameaçador e poderoso adversário que é a China capitalista, o sub-imperialismo germânico tenta, afincadamente, posicionar-se de forma a que, no quadro deste conflito, por enquanto surdo e de bastidores, não vir a perder influência nem ver comprometidos os seus interesses de potência dominante na Europa e com peso negocial no mundo.

Os episódios que levaram à queda e assassinato de Kadafi na Líbia, as primaveras árabes ou as revoluções violeta, a operação de isolamento da Síria, recorrendo aos mesmos grupos terroristas e mercenários que tinham sido utilizados na Líbia e o cada vez mais do que certo assalto ao Irão, comprovam que as potências imperialistas e as potências regionais, aliadas ou não daquelas, estão num grande afã a colocar os seus peões no tabuleiro do xadrez da política de dominação internacional e se preparam para a guerra, envolvendo nela os povos, as nações e os trabalhadores de todo o mundo, estando dispostos, uma vez mais, a sacrificá-los no altar do seu sacrossanto lucro.


No caso da Síria, por exemplo, é por demais evidente que está em adiantado estado de preparação um ataque imperialista, como indicia a colocação de mísseis da NATO na fronteira da Turquia (uma parte dos quais são, ou foram, enviados pela Alemanha, país que vai também enviar, ou enviou já, centenas de soldados para essa fronteira).


A crise e o frenesim dos chamados mercados financeiros produziram uma desconfiança em relação a políticos que consideram cada vez mais incompetentes na defesa dos seus interesses e produziram uma casta de tecnocratas, cujo tirocínio foi efectuado nas grandes corporações financeiras e bancárias, para os substituir. E começaram já o assalto a todo o aparelho político, institucional e executivo, quer a nível dos 27 países que constituem a União Europeia, quer a nível da própria instituição que comanda os destinos desta Europa comunitária.


Utilizando esta casta de tecnocratas, a fuhrer do IV Reich e seus apaniguados foram preparando autênticos golpes de estado institucionais. Começaram por nomear um Comissário e uma Comissão Europeia, sem qualquer legitimidade democrática – democracia que tanto gostam de propalar -, pois a sua eleição não foi sujeita a sufrágio.


Confrontada com a inépcia da Comissão Europeia e seu chefe, o transfuga Durão Barroso,  na defesa dos seus interesses imperiais, a chancelerina Merkel impõe, no âmbito do Tratado de Lisboa, que seja dado um papel de maior relevância ao Conselho Europeu, que passa a assumir as funções de um organismo governamental – supra europeu – que se envolve cada vez mais nas decisões políticas, sem para tal ter mandato.


Básicamente, Estrasburgo passa a ser o centro do poder germano-imperialista e Bruxelas um adorno com cada vez menor influência e poder de decisão.


Apoiando-se na chantagem das dívidas soberanas, Merkel  inicia o processo de aceitação por parte dos governos vende pátrias dos países ditos da periferia da transferência das soberanias desses países para superstruturas fora das suas fronteiras, dominadas, entretanto, pelo bloco germano-imperialista.


A refundação do projecto europeu passa, então, pela necessidade de se vir a formar  um Governo Económico, não eleito, encarregue de supervisionar e sancionar – através de mecanismos como o MEE – todos aqueles membros/países que não tenham observado os limites constitucionais para as dívidas, limites que deverão ser incorporados nas Constituições segundo os montantes que mais convenham aos interesses especulativos dos grandes grupos financeiros e bancários, liderados pelos bancos alemães.


De golpe de estado em golpe de estado, o que está em marcha é um modelo que começou a ser experimentado na Grécia e em Itália, onde primeiros ministros eleitos foram substituídos por tecnocratas designados pelas grandes casas financeiras. E este processo alargar-se-á, tanto mais quanto o imperialismo germânico considerar que os governos vende pátrias intervencionados, apesar dos mecanismos de chantagem e pressão que os Memorandos de Entendimento firmados com o FMI e restante tróica constituem, não correspondem mais ao que se esperaria deles quanto à execução dos programas que lhes foram impostos e que têm como único objectivo exaurir os recursos económicos e financeiros dos países sujeitos à intervenção e ao resgate, conferindo-lhes, ao mesmo tempo, um novo papel na divisão internacional de trabalho, neste caso a  nível europeu.


Isto é, para além de fazer da dívida soberana um negócio que possibilita lucros fabulosos à custa dos juros faraónicos cobrados, os interesses do imperialismo germânico pretendem assaltar e controlar, a preços de saldo, os activos e as empresas estratégicas dos países sob resgate e criar em alguns deles bolsas de trabalho intensivo, não qualificado e barato que lhe assegure uma maior competitividade em relação à emergente super potência que é a China capitalista.


Neste contexto, não compreender que a Lei Geral do Orçamento de Estado para 2013, a venda de activos e empresas públicas, a preços de saldo, como poderá vir a acontecer com a companhia de bandeira TAP, as leis facilitadoras e embaretecedoras dos despedimentos, a legislação que promove o roubo dos salários e do trabalho, a agenda ideológica que impõe o empobrecimento do povo e a dificultação do seu acesso à saúde e à educação, fazem parte dessa estratégia de colonização constitui, não somente cegueira política, mas traição aos interesses do povo português, e de outros povos e nações sujeitos, neste preciso momento, a programas de resgate idênticos àquele que o Memorando de Entendimento com a tróica germano-imperialista nos impôs.


Construído em nome da paz na Europa, o projecto europeu, dominado agora pelo imperialismo germânico, revela-se cada vez mais aquilo que sempre foi, um fautor de guerra. Isto é, no quadro da feroz competição pelo domínio mundial entre as várias potências e superpotências capitalistas e imperialistas, no quadro actual de uma luta sem quartel, apesar de surda e de bastidores, entre a super potência norte-americana e a crescente potência chinesa, a eminência de um novo conflito à escala mundial é cada vez mais real, não havendo prémio Nobel que altere esta eminente possibilidade.


Os povos e as nações da Europa e de todo o mundo, têm de se preparar para opor a esta guerra imperialista em preparação, tal como o fizeram no passado, a guerra revolucionária e popular de libertação do domínio capitalista.


Em Portugal, os trabalhadores e o povo têm de se sublevar para derrubar um governo que tem demonstrado estar disposto a servir de peão neste jogo entre as grandes potências, nem que para isso seja necessário sacrificar no altar da fome, da miséria, do desemprego e da precariedade aqueles que diz representar.



Derrubar o governo PSD/CDS, acolitado por Cavaco e amparado pelo PS, expulsar o FMI e restante tróica do nosso país e impor um Governo  Democrático Patriótico, fruto da aliança entre várias classes e reflexo da síntese dos diferentes interesses de classe, desde a classe operária, até à pequena burguesia de serviços, passando por pequenos e médios capitalistas, democratas e patriotas, com ou sem partido, é não só a única saída possível para os trabalhadores e para o povo português, mas, também, um imperativo para a paz e a independência nacional."

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