quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Bernie Sanders: um lobo disfarçado de cordeiro, protegido da falsa esquerda!




Anda por aí uma esquerda a cheirar a mofo social-democrata, reaccionária e diletante, a elogiar o senador norte-americano Bernie Sanders e a querer fazer-nos crer que ele representa a esquerda que reformará o capitalismo e o imperialismo americano, transformando o sistema capitalista e imperialista arrogante, odioso e agressivo daquela super-potência num paraíso de solidariedade e igualdade para os povos. Os leitores deverão retirar as suas conclusões da breve síntese do que este lobo disfarçado de cordeiro representa:

1.       Tal como Hilary Clinton, Sanders aprovou a invasão do Afeganistão, o direito de Israel a bombardear o Líbano e os ataques da OTAN à ex-Jugoslávia.

2.       Sanders assegura que nos anos seguintes à Segunda Guerra o imperialismo norte americano cumpriu um papel progressista no mundo e que, se for eleito presidente dos EUA, pretende voltar a ele. Como bem sabemos, não existe isso de um imperialismo progressista!
3.       Sanders verte lágrimas de crocodilo perante os milhares de mortos no Afeganistão, mas nada diz sobre se aplicaria a única medida que poderia aliviar o sofrimento do povo afegão, isto é, a  retirada imediata das tropas de ocupação. Continua a defender o seu voto de 2001 a autorizar a guerra, ao mesmo tempo que repete o mito de que os EUA estavam “a caçar os terroristas que nos atacaram”.
4.       O senador advoga uma retirada gradual. Recorde-se que Obama também prometia uma retirada por etapas de todas as tropas,mas no final de seu mandato ainda estavam no Afeganistão cerca de 8500 soldados.
5.       Sendo verdade que Sanders apelou à retirada do apoio ao regime repressivo da Arábia Saudita, há que denunciar que nunca fez menção aos muitos outros regimes igualmente repressivos que existem ou existiram no passado recente, por esse mundo fora, graças à generosidade dos EUA, como é o caso do apoio a Erdogan na Turquia, que mantém nas prisões do regime fascista que dirige dezenas de milhares de cidadãos turcos e curdos ou do entretanto deposto El-Sisi no Egipto, que mandou prender pessoas LGBT, jornalistas e trabalhadores grevistas enquanto mandava torturar e assassinar os seus opositores.
6.       A mais notória omissão no discurso de Sanders é a ocupação israelita da Palestina, um dos conflitos geopolíticos mais importantes do mundo actual. De facto, Sanders nem sequer fala de Israel nos seus longos discursos. Fala de uma política mais equilibrada no conflito e até sugere que os EUA deviam suspender a ajuda militar se Israel não contribuísse para o processo de paz, ao mesmo tempo que rechaça a política de boicote, desinversão e sanções. Além disso, junto com outros Republicanos e Democratas, fez um apelo à ONU para que “melhorasse o tratamento que Israel recebe”.
7.       Vive no passado voltando à era do pós- II Guerra Mundial, quando elogia o Plano Marshall afirmando que o mesmo foiradicale que não teve precedentes, escamoteando o facto de que a era do pós-guerra foi construída sobre a carnificina imperialista, a destruição da Europa e a derrota das revoluções do ocidente. Não foi o consenso pacífico e a cooperação internacional, e sim a destruição dos competidores imperialistas. Sanders assume ingenuamente que ainda se pode chegar a um novo consenso sem maiores confrontos comerciais, conflitos inter-imperialistas e até mesmo guerras.
8.     O erro de Sanders não é apenas um simples erro histórico, já que coloca uma suposta diferença entre a benévola liderança dos EUA na criação da ONU e a implementação do Plano Marshall e o mau imperialismo que apoiou os golpes de estado no Irão e no Chile e causou a guerra no Vietname. O que Sanders, uma vez mais escamoteia, de forma arbitrária, é que os EUA sempre defenderam os interesses de sua própria burguesia, algumas vezes através da “ajuda” diplomática, outras directamente pela força.
9.     O exemplo mais claro é justamente o Plano Marshall, que se desenvolveu para reconstruir a Europa que tinha ficado em ruínas depois do massacre da Segunda Guerra Mundial. Enquanto Sanders o descreve como um acto de benevolência sem precedentes, o plano foi fundamental para garantir lucros às companhias americanas, já que a maioria dos fundos dedicados ao projecto foram usados para comprar bens fabricados nos Estados Unidos. Além disso, o Plano cumpriu um papel chave na contenção das revoluções do pós-guerra nos países que tiveram que lidar com a destruição e a miséria. A CIA nasceu quase paralelamente com o Plano e recebeu financiamento dele para formar grupos nos países soviéticos e disseminar propaganda anti-soviética. Harry Truman disse numa entrevista em 1950 que “o Plano Marshall controlou o perigo da subversão comunista na Europa e, desde esse momento, conseguiu uma aproximação entre os países livres e um forte laço económico”.
10.                       Vemos então que o Plano Marshall que Sanders tanto elogia e defende, compartia os objectivos com o golpe no Irão que depôs o primeiro ministro Mossadegh num momento em que se estava a aproximar da URSS e o golpe no Chile, em que Salvador Allende havia expropriado sectores chave da economia e ameaçava os interesses mineiros americanos. Os objectivos dessas intervenções eram proteger os lucros das companhias dos EUA e derrotar os movimentos socialistas.
11.                       Naquilo que pretende fazer passar como um ataque à retórica racista de Donald Trump e à direita xenófoba em todo o mundo, Sanders defende no seu discurso que o  “nosso trabalho é construir uma humanidade em comum e fazer todo o possível para nos opormos a todas as forças, sejam governos ou corporações irresponsáveis, que tratam de nos dividir e nos colocar uns contra os outros”.
12.                       A elaborada linguagem de Sanders é, no entanto, a cobertura para uma política que não ataca os problemas mais importantes do mundo actual. As tropas no Afeganistão, a ocupação ilegal da Palestina por parte de Israel e os regimes ditatoriais que são aliados dos EUA. As propostas de Sanders revivem soluções pensadas para um momento de crescimento económico e unidade capitalista e imperialista, muito longe da realidade política e económica actual. E sobretudo, Sanders falha ao não entender que a política externa do imperialismo americano, seja em 1947 ou em 2020, mediante ajudas ou bombardeamentos, só protege os interesses imperialistas dos capitalistas dos Estados Unidos. Enfim, a provar que não existem imperialistas bons e imperialistas maus.
A classe operária e os trabalhadores de todo o mundo sabem perfeitamente que escolher entre Trump e Sanders é escolher entre a morte por enforcamento ou por afogamento. Um e outro – apesar de discursos aparentemente diferentes - visam prolongar o modo de produção capitalista e imperialista e a escravatura assalariada. Os dois advogam a guerra de agressão imperialista, o saque e o assassinato de operários e trabalhadores em todas as latitudes do globo terrestre, onde a teoria da “soberania limitada” satisfaça os seus interesses rapaces.


USA e Companhia atingidos no Iraque, no Iémene, no Afeganistão e na Cisjordânia




Algo grave está prestes a acontecer que os EUA de Trump não têm interesse em deixar passar: o ataque de míssil balístico iraniano em 8 de Janeiro contra Ain al-Asad, a destruição em 27 de Janeiro de um E -11 A em Ghazni, no Afeganistão, a queda a 29 de Janeiro de um C-27J americano em Al-Anbar, no Iraque, o impressionante ataque de mísseis naquele mesmo dia 29 de Janeiro contra o campo da Aramco em Jizan, na Arábia Saudita, a que se junta, de acordo com o porta-voz do exército iemenita, uma vasta contra-ofensiva iniciada há uma semana em Nehm, no leste de Sanaa, onde dezenas de batalhões do exército saudita foram exterminados e o último mas não menos importante, o despenhar na Cisjordânia de um avião de combate israelita, o primeiro em 70 anos de guerra de libertação da Palestina!

A Aramco atingida de novo por Ansarallah
A gigante petrolífera saudita Aramco e os aeroportos de Abha e Jizan foram atacados por combatentes iemenitas.

Admitamos que para uma América que acreditava ter decapitado a 3 de Janeiro, o eixo da Resistência, assassinando cobardemente o general do corpo militar Soleimani, assim como o número 2 das Hachd (unidades de mobilização popular que são coligações militares de milícias maioritariamente chiitas – Nota do Tradutor), Abu Mohandes, na esperança de poder deter "preventivamente" a resposta da Resistência à liquidação vergonhosa da Palestina, esses golpes sucessivos são mais do que fatais ... Será que os EUA entenderam a mensagem?

O facto é que esta tarde, o Pentágono anunciou uma redução significativa no número de vôos de avião e helicóptero nos céus afegãos, o que não é de todo seguro, mesmo para os bombardeiros estratégicos americanos. No início da noite, o presidente tweetófilo dos EUA que, terça-feira a esta hora, realizou o seu espectáculo em Washington exigindo que a Resistência Palestina fosse reduzida a pedaços em troca de 50 biliões de dólares, anunciou a retirada de uma parte das suas tropas Iraque, onde estas últimas deviam ficar abaixo de 5.000, embora até ontem quase todas as autoridades americanas tenham rejeitado categoricamente a ideia de uma retirada ... Enquanto se aguarda o recuo de Israel nos próximos dias visto que o golpe "antiaéreo" infligido à força aérea israelita nesta noite não seria o último, relembremos essas palavras do secretário-geral da Jihad Islâmica da Palestina (PIJ), para quem o acordo do século não visa apenas o povo palestino .

O acordo do século:
Como contrariar a onda de revolta armada contra Israel


O acordo do século não visa apenas o povo palestino. É um plano para dominar a nação árabe-muçulmana. Esse complot representa para nós um grande desafio e obriga-nos a mudar a nossa abordagem. Um desafio que nos fará adquirir novos hábitos para defender a nossa pátria e o mundo do Islão ", precisou quarta-feira passada numa comunicação Ziad al-Nakhala. O Secretário-Geral também estimou que este passo é diferente e requer várias ferramentas, uma abordagem diferente, uma atitude mais combativa e um espírito de sacrifício e dedicação. E mesmo nessa noite, o desafio evocado pelo comandante Nakhala parece ter sido superado: esse eixo da resistência que alguns analistas ocidentais se dignam reconhecer como tal parece ter sido accionado. E estes são apenas os primeiros abalos deste terremoto estratégico que empurrará o estado terrorista americano para fora da região.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Pode um vírus provocar uma crise económica ?








Os dados finais de 2019, que foram agora divulgados, falam claramente de uma crise ... antes de a epidemia devastar a China. O Japão está em recessão aberta, o seu PIB caiu 1,6%. Ao mesmo tempo, a Alemanha está a ver o seu PIB estagnar, pressionado por uma recessão industrial que parece não ter ainda atingido o fundo do poço. Se a guerra comercial a fere, a trégua entre a China e os Estados Unidos "custa" centenas de biliões de dólares em vendas.

Estes não são os únicos dados que falam de uma crise a transformar-se em recessão antes de Wuhan. Se o lucro líquido da Renault passou de 3.400 milhões de euros em 2018 para 19 milhões de euros em 2019, isso deve-se a uma queda do mercado que é o produto de uma crise geral do fundo da acumulação, acelerado pela guerra comercial.  Com taxas muito baixas e irregulares na sua inactividade, os capitais europeus não se contentaram em andar sobre o gelo fino produzido pelas suas próprias soluções para a crise: diminuir a massa salarial e aumentar a precariedade. Por exemplo, em Espanha, onde se apela aos bancos para restringir o crédito ao consumidor, porque a delinquência em torno dos reembolsos aumenta. (A "solução" laxista de imprimir dinheiro grátis atinge aqui o seu limite psicológico e funcional. (Nota do Editor).

Donald Trump e Liu He anunciam um “Acordo de Fase 1” no dia 11 de Outubro de 2019

Outra questão, os Estados Unidos, até agora os vencedores da guerra comercial, que esperam crescer 3% em 2020 sem estar sujeitos a fortes pressões inflacionarias. (Pretensões, cremos nós, porque quando o Japão e a Alemanha caírem, arrastarão os seus concorrentes e aliados para a catástrofe) (Nota do Editor).

O triunfo da estratégia do benefício da política externa baseada na balança comercial e na guerra comercial bilateral com os seus parceiros e concorrentes, um por um, já produziu uma tendência à renacionalização e automação das cadeias produtivas. (Mas, é decisivo, com a redução dos salários reais e um aumento do desemprego, onde a sobrevivência do proletário médio americano está fisicamente em risco. Deixar-se-á ele exterminado sem reagir? Nota do Editor).
Noutras palavras, a guerra comercial cumpriria a dupla promessa de Trump à burguesia americana: mais empregos de "qualidade" nos Estados Unidos para os trabalhadores (e,supostamente, paz social) e, acima de tudo, novas oportunidades de investimento, com forte intensidade de capital (novas fábricas automatizadas) para um capital sobre-acumulado em busca de aplicações rentáveis. (E, portanto, especialmente à procura de mercados onde escoar as suas mercadorias a bom preço = excedentárias = invendáveis a uma população empobrecida. A quadratura do círculo? Nota do Editor).  Os Estados Unidos "tornar-se-iam grandes de novo", isto é, teriam a parte de leão na distribuição global dos lucros da exploração global. (A China representa já o mercado do futuro a somar à Índia e a África. Os EUA devem dar provas como vendedores de tralha. Nota do Editor).

Que essa estratégia seja já uma estratégia do capital americano no seu todo vê-se entre os democratas. Estamos longe de uma Clinton ou de um Obama a acusar Trump de suicídio e a referir os benefícios do "multilateralismo". Hoje, é Nancy Pelosi e não Sanders, que exorta os países do mundo a ficar longe da Huawei, participando na campanha para ganhar a tecnologia de infraestrutura global  5G para o capital americano. (De facto, e com o fracasso a que assistimos na Conferência de Munique transformada numa conferência de negociação-denúncia no seio da Aliança Atlântica = arena de disputas: https://les7duquebec.net/archives/252562 : Nota do Editor).

Desinfecção de máquinas numa fábrica chinesa
E por tudo isso, a China já havia sofrido um duro golpe no seu crescimento. Por que ela tinha acabado de sofrer a humilhação do "acordo comercial fase 1" antes da epidemia e mesmo apesar das dificuldades da quarentena está agora concertada com os Estados Unidos a todo custo, para o espanto dos próprios americanos.

Hoje, a capital chinesa está cada vez mais sob pressão. É verdade que ela evita as consequências imediatas mais severas do encerramento temporário de fábricas e empresas com base em medidas keynesianas de expansão monetária e estímulos ao consumidor que alimentam toda uma bolha do mercado de acções na Europa e nos EUA. (Mas o verdadeiro perigo imediato não é essa política de austeridade social associada à política monetária frouxa, mas sim o anúncio do fim previsível e de curto prazo dessa política monetarista frouxa ... veja a nossa nota no caso espanhol acima. Nota do Editor).

Mas, sob a ilusão da procura artificial, as cadeias de produção chinesas estão realmente a sofrer as consequências da epidemia e a lutar para reabrir, por causa da desmobilização maciça da força de trabalho. Em Xangai, 78% das empresas não têm trabalhadores suficientes para retomar a produção em plena capacidade.
Os economistas e a imprensa chinesa, mas não só, estimam que, se as quarentenas em massa continuarem em Março, a queda da produção será tal que a recessão chinesa agravará os problemas gerais que levarão a uma queda do PIB mundial. A recessão mundial seria inevitável. Além disso, se as fábricas não puderem funcionar em plena capacidade, mesmo no início do verão, os próprios Estados Unidos veriam o seu mercado de capitais desvalorizar, incapazes de transferir ou renacionalizar a produção a uma velocidade suficiente. (O que obrigaria os capitais de investimento ao retorno ou à manutenção como capitais especulativos, aprofundando as consequências desastrosas da crise económica globalizada. Nota do Editor).

É metade por metade um cálculo e um aviso ao governo americano, que tira proveito das suas próprias medidas contra a pneumonia de Wuhan para se reforçar ainda mais na guerra comercial e forçar a burguesia chinesa a abrir o seu jogo subjacente e aceitar com todas as consequências que a sua estratégia de médio prazo passa mais pela Huawei, do que pela Rota da Seda.


Demonstração do 5G no Pavilhão da HUAWEI no Forum Mundial das comunicações móveis em Barcelona, 2019


Não há dúvida de que a pressão adicional exercida sobre os efeitos económicos da pneumonia em Wuhan não apenas acelerará a renacionalização das cadeias de produção, como também intensificará o conflito imperialista entre os Estados Unidos e a China. Por exemplo, a resposta do Ministério das Relações Exteriores da China às declarações de Pompeo em Munique contra a Huawei, usando o escândalo "cryptoleaks":


Mas a verdade é que os Estados Unidos não podem esperar alcançar um alinhamento geral contra a China e a Huawei, apresentando-os como um risco estratégico, enquanto, ao mesmo tempo, em vez de repartir o jogo, reduzem os défices comerciais com os seus parceiros, um por um. A China está a enviar sinais aos europeus. E, de facto, o consenso dos analistas sobre o resultado da Conferência de Munique sobre a segurança é que a burguesia alemã e a comunicação social europeia estão a aguardar pelas eleições nos Estados Unidos. Se Trump vencer, eles poderão aderir à proposta francesa de um bloco europeu sob um guarda-chuva nuclear francês que Macron está a recompor cada vez mais abertamente e isso implicaria um certo equilíbrio com a China. (Com efeito, também é nosso entendimento  que esta Conferência marcou o início da fortificação de uma terceira aliança imperialista globalizada: EUA e aliados, Aliança de Xangai e União Europeia. Nota do Editor).


A epidemia de pneumonia em Wuhan não é a causa da recessão que se desenha no horizonte. Mas é um acelerador das manifestações da crise de acumulação de fundos (improdutivos e, portanto, especulativos e tóxicos. Nota do Editor). Crise cujos resultados mais assustadores não são apenas económicos, mas cada vez mais bélicos.

(O que fará o proletariado internacional face a este futuro sombrio ? Nota do Editor)



terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Sanders declarou ao New York Times que admitia um ataque preventivo contra o Irão ou a Coreia do Norte




O herói da « esquerda » faz bosta

E o arauto do mundo da “esquerda” mundial exibe as suas garras de militarista, o herói da pequena burguesia reformista radicalizada - porque saqueada e empobrecida - acaba de deixar as suas marcas Face ao grande capital ianque. Um profundo silêncio da comunicação social de “esquerda” atesta que os bobos acusaram o golpe e procuram pudicamente algures antes de retomar a difusão das suas bajulações a propósito do candidato socialista Bernie à nomeação do grande partido democrata imperialista - o partido reaccionário que esteve na origem da maioria das guerras de agressão americana na história. Lembramos que foi o democrata Kennedy quem lançou a Guerra do Vietname (após o fracassado desembarque da Baía dos Porcos em Cuba), e foi o republicano Nixon que neutralizou essa guerra genocida.

Não obstante, a esquerda comprometida sob a bandeira socialista-militarista de Bernie Sanders reconhece que o senador milionário conquistou o voto popular nos dois estados de New Hampshire e Iowa durante as Primárias, actuando como "oponente" e "contestatário" da guerra (sic). Condenando o criminoso assassinato do general iraniano Quassem Soleimani no mês passado, o oportunista Sanders foi o mais firme dos candidatos democratas que criticaram o acto de Trump. O seu número de apoiantes aumentou quando ele aumentou a sua retórica anti-guerra, auxiliada pela sua base de “esquerda” . Sanders, o senador demagogo, recordou repetidamente o seu voto contra a invasão do Iraque em 2000, lembrando os eleitores, durante o debate presidencial no Iowa no mês passado: "Eu não só votei contra a Guerra, mas também ajudei nos esforços para acabar com ela ". (1)

É necessário compreender  que, na época, a investidura democrata às presidenciais era apenas uma perspectiva distante e improvável. A crise económica estava a começar e a direita republicana controlava o aparelho de estado antes que os promotores de eleições falseadas apelassem ao poder político pueril a alternância da “esquerda” democrata (o maldito casal Clinton, depois o afro-americano Obama), que prosseguisse as políticas de austeridade do primeiro. Branco boné ou boné branco, será ao eleitorado crédulo que caberá  fazer a sua escolha.

A duplicidade do debutante






Uma equação com dois vectores e apenas uma incerteza

Como em todas as farsas eleitorais ocorridas desde a adopção da constituição americana, a mascarada eleitoral americana coloca em cena uma alternativa que, no final, retorna ao mesmo de sempre: "abraçar um futuro social-democrata mais igualitário com Sanders, ou continuar o caminho do neoliberalismo com Buttigieg (ou Klobuchar). Essa escolha  é colocada em evidência pela natureza das suas campanhas. Bernie, o demagogo, reservou um tempo para se juntar à greve dos professores de Chicago e recusa-se a aceitar dinheiro de bilionários, argumentando que eles são uma força corrosiva na política americana. Buttigieg, representa o malvado gato escondido com o rabo de fora encarregado de consolidar o voto de Sanders. Ele recebeu apoio financeiro de 40 bilionários e organizou uma arrecadação de fundos numa adega exclusiva de Napa Valley, onde os convidados receberam garrafas de vinho de 900 dólares. “ (2)  Enquanto isso, a comunicação corporativa elogiou Klobuchar pela sua oposição constante a praticamente todas as leis progressistas, incluindo o Medicare for All (o seguro de doença para todos), o Green New Deal e as mensalidades gratuitas da faculdade pública; o novo sonho americano, cinquenta anos depois da Suécia e do Canadá, e que a "esquerda" gostaria de vender à população americana desesperada, mas que a geração antiga, que já viu esquerdistas do paraíso perdido, se recusa a validar. O paraíso socialista não pode florescer no inferno capitalista.

 Mascaradas eleitorais e farsa eleitoral

Durante muito tempo, a classe proletária americana evitou sistematicamente estas farsas eleitorais truncadas, manipuladas e "embelezadas", dizia o meu pai, um operário soldador na indústria naval, porque a experiência secular ensinou aos trabalhadores que antes da eleição o candidato trata-o por  "filho", ou mesmo "camarada", e após a eleição não se lembra mais do seu nome. Mesmo que o bem-intencionado eleito quisesse revolucionar as relações sociais,  seria totalmente incapaz de o fazer perante o imenso sistema petrificado, inamovível.



NOTAS


«Existe uma correlação cada vez mais estreita entre idade e classe social nos Estados Unidos (sic), à medida que mais e mais jovens nascidos do lado errado da crise financeira de 2008 são excluídos do sonho americano. Aqueles que cresceram nas décadas em que a universidade, os cuidados de saúde  e o imobiliário eram muito mais baratos conseguiram enriquecer e evitar dívidas como a geração mais jovem. Actualmente, o total de dívidas com empréstimos para estudantes é superior a 1,6 triliões de dólares, valor que M. Sanders planeia anular por completo. Metade dos jovens pensa que o sonho americano está morto, e a maioria deles abraçam o socialismo.»  https://lesakerfrancophone.fr/les-primaires-du-new-hampshire-brossent-un-tableau-de-la-guerre-des-classes-contemporaine-aux-etats-unis




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Eutanásia – a misericórdia nazi!



Para os que se arrogam de humanistas, de revolucionários ou, simplesmente, alegam ser de esquerda, eis uma imagem que os deveria fazer corar de vergonha, se vergonha tivessem.

Um documento do III Reich de Hitler em que se considera ser a eutanásia um acto de ... misericórdia!!!

Aqui vai a tradução completa:





Claro que tal directiva não tinha nada de misericordioso. Tratava-se, tão simplesmente, de assegurar que os recursos financeiros que deveriam ter como destino garantir um melhor serviço de saúde fossem totalmente desviados para o esforço de guerra.

Tal como hoje! O que é necessário é alocar todos os recursos para o pagamento de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício! Contas certas é nisto que dá!

É este o progresso civilizacional, o respeito pela decisão individual, que nos propõem PS, BE, PAN, Joacine Katar Moreira, LIVRE, Iniciativa Liberal, etc.

Estes anti-fascistas de undécima hora têm de ser denunciados e isolados, pois escamoteiam a verdade histórica. Branqueiam com as suas propostas de eutanásia e suicídio assistido o que Hitler, tão misericordioso, já havia concedido no seu famigerado III Reich.