terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Só ousando lutar o Povo PODE ousar vencer!

A treta dos movimentos inorgânicos tem sido o pântano de águas turvas onde toda a sorte de oportunistas gosta de chafurdar. A maioria deles emergem das conhecidas tácticas enteristas tão do agrado de toda a sorte de movimentos trotskistas. Caracteriza-se por um profundo oportunismo político, levado a cabo por gente que enche a boca de apartidarismo e que pugna pelas plataformas sociais...desde que elas se sujeitem à sua manipulação.

Quem não se lembra de um medíocre – e míope – imberbe da política que aparecia em tudo o que era serviço noticioso televisivo, mas não só, a vociferar contra os partidos para, passado o modismo do apartidarismo, aparecer como dirigente do partido do Basta – não deverá ser basta o pagamento da dívida pois advogam a renegociação da dita - e promotor do movimento/partido JUNTOS PODEMOS?

Mas, podemos quem? O quê? Contra quem? Nada disso estes saloios ibéricos da política esclarecem. Ficam satisfeitos em colar-se ao insuspeito prémio Nobel Obama que ganhou as eleições nos EUA à conta da dúbia consigna Yes, we can!, cujo resultado está à vista! Claro que o governo imperialista americano continua a poder invadir e subjugar outros povos e países, a explorar os seus recursos naturais e a impor os ditames que melhor sirvam os grandes grupos financeiros, bancários e industriais norte-americanos. É a esse pantomineiro PODEMOS que esta gente quer sujeitar os trabalhadores e o povo português!

Nem do discurso de partido/movimento Bloco de Esquerda que integraram– para depois com ele romper – se conseguem diferenciar. Uma vez mais o obtuso princípio de um colectivo que se deseja propositadamente difuso para que se privem os trabalhadores e o povo de uma direcção que os prepare para uma luta dura e prolongada, de uma linha política que os leve a ousar lutar para ousar vencer!

Como no passado recente não tiveram sucesso com a sua ruptura, como não possuem sequer uma linha política justa e coerente, pois consideram que o movimento é tudo e os princípios, a estratégia e os objectivos de nada valem, tentam aquilo que não conseguiram no BE – anexar o Junto Podemos! Isto é, já não querem ser os ocupantes do cavalo de Tróia, querem ser o próprio cavalo! Tal como sempre o fizeram, os operários e os trabalhadores portugueses se encarregarão de mandar para as cavalariças do oportunismo estas marionetas da burguesia.

Quem ainda se deixa iludir por uma deriva ideológica que tanto monta a onda do apartidarismo, como apela à existência de plataformas que vão de encontro ao estadio actual da consciência humana e que obriga à existência de ...PARTIDOS! Gente sem escrúpulos que tenta desviar a luta dos operários e trabalhadores da sua verdadeira condição, que é a de que existem classes, elas travam uma luta de morte entre si - sobretudo entre aquelas classes que, com o seu trabalho, produzem riqueza e a classe, minoritária, que se arroga o direito de apropriar dela.

Esta gente, que tem saltitado alegremente entre a social-democracia bloquista e a testosterona remanescente em vários movimentos ditos de ruptura, por vezes associados a alguns espontâneos de undécima hora, têm um papel - o de , diligentemente, proporcionar à burguesia constantes cortinas de fumo que desviem do seu foco a luta que os operários, os camponeses, os trabalhadores em geral, os democratas e patriotas, têm de travar para derrubar este governo e constituir um governo de unidade democrática e patriótica.

Um governo que se recuse a pagar uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, e que faça Portugal sair do euro e leve a cabo uma política de investimentos criteriosos que permitam recuperar o tecido produtivo destruído pela cambada do bloco central, tirando proveito da posição geoestratégica de Portugal para garantir o seu desenvolvimento e o bem estar do povo, a sua soberania e independência.

Num enquadramento em que a luta de classes é o motor da história não existiu no passado, como não existe actualmente, uma classe - seja ela a operária ou outra classe ou sector de classe homogénea, concentrada e altamente solidária. É da própria natureza da luta entre elas que se inter-influenciem e que existam segmentos no seio de cada uma delas que se deixam influenciar pelos interesses de outras classes ou sectores.

Sempre existiram estigmas burgueses no seio da classe operária - lembre-mo-nos que em grande medida Hitler beneficiou do voto operário -, assim como existiram proeminentes pequeno-burgueses ou membros da intelectualidade burguesa a defender um modelo societário mais em conformidade com os interesses de classe históricos da classe operária e dos camponeses.

Para fazer face a uma burguesia com interesses de classe muito claros e objectivos - roubar o salário e o trabalho, promover o empobrecimento, tudo em nome da sacrossanta propriedade e do lucro - só uma classe operária organizada, disciplinada, com um suporte ideológico firme e determinado para dirigir uma luta dura e prolongada e um partido com uma linha política justa que agregue e una outros sectores de trabalhadores, os intelectuais, a juventude estudantil e os democratas e patriotas, poderá assegurar a sua derrota.

A dívida nunca foi um problema dos operários e dos trabalhadores. Ela decorre das contradições inultrapassáveis do sistema capitalista. Logo, nunca será justo colocar os trabalhadores perante o objectivo burguês de pagar a dívida - seja a totalidade, seja uma parte dela!  A pequena burguesia, sempre temerosa e poltrona, sempre desejosa de vir a abocanhar, não as migalhas do bolo do orçamento que a burguesia lhe dá para a calar e assegurar a sua cumplicidade, mas uma fatia mais substancial, aceita os inuendos e as ilusões que estão na base de programas como a renegociação ou a reestruturação da dívida!

Os operários, os trabalhadores em geral, o povo, que têm consciência de não terem contraído esta dívida, nem dela ter retirado qualquer benefício – muito pelo contrário – sabem que o caminho a seguir só pode ser o de NÃO PAGAMOS!

Quanto ao euro, aí nem hesitações podem subsistir. Temos de compreender que, depois de terem levado a cabo um plano criterioso, complexo e elaborado de destruição do tecido produtivo de vários países - sobretudo os do sul da Europa e os elos fracos do sistema capitalista -, em nome da solidariedade e subsidiaridade europeias o euro é a cereja no topo do bolo. Uma moeda forte para economias fracas tem tido por efeito que, face a uma situação em que esses países têm de importar - como é o caso de Portugal - cerca de 80% daquilo que necessitam para alimentar o povo e criar economia, a dívida se torna IMPAGÁVEL e de crescimento IMPARÁVEL!

A classe operária da Cintura Industrial de Lisboa e do Porto e de outros pólos industriais no nosso país, o campesinato pobre, os assalariados rurais, que em 1974 representavam mais de 60% da população deixou de existir, fruto do "modelo" económico imposto pela modernidade europeia pomposamente anunciada por Mário Soares.

Só para se ter uma ideia, o sector industrial representa hoje, no PIB nacional, cerca de 18% da riqueza gerada e o sector primário - a agricultura - não representa mais do que 2%!!! Isto significa que o mapa da demografia de classes, fruto de traições a montante, que têm a ver com a organização política do movimento revolucionário que se gerou em Abril de 74, e cujos responsáveis estão bem identificados - os mesmos que, refresque-se a memória, já durante a crise de 1983, num governo dirigido por Mário Soares, defendiam a reestruturação da dívida -, e a jusante, que têm a ver com a traição dos partidos do bloco central - que impuseram ao povo português a adesão à então CEE - se alterou profunda e qualitativamente.

Esta mudança implica que hoje as políticas de aliança - entre classes e interesses de classe - sejam diferentes das de 1974. Naquela época, a aliança operário-camponesa - que é a chave, em qualquer circunstância, para o sucesso da revolução socialista - era pujante e podia ser actuante, não fossem, como mais acima se afirma, as cortinas de fumo que alguns partidos que se reclamavam da esquerda se prestaram a lançar, promovendo recuos e capitulações que permitiram à burguesia recuperar e reforçar até o poder perdido.

A situação actual, ao contrário do que se vivia em 74, já não é a da iminência da revolução socialista, mas um quadro mais próximo da primavera revolucionária da Rússia de Kerensky. Ou seja, o facto de as políticas terroristas e fascistas que o actual governo - que teve as portas abertas fruto das políticas anteriormente prosseguidas pelo governo Sócrates - atingirem uma classe operária e camponesa, demográficamente diminuídas mas, sobretudo, vastos sectores de classe pequeno e médio-burguesas, sugere um outro estadio. Estamos num estadio da revolução que obriga a uma ampla unidade democrática e patriótica que tem de criar, para além do derrube deste governo, as condições para que seja recuperado o tecido produtivo destruído pelos serventuários do bloco central - PS e PSD, com o CDS pela trela.

Tal unidade tem de passar não por uma operação matemática, não por uma confabulação entre os directórios dos partidos, mesmo daqueles que se reclamam da esquerda, mas pelas suas bases e por legítimas plataformas da cidadania, pelos sindicatos e organizações dos trabalhadores, pelas universidades, estudantes, professores, etc., por personalidades democráticas e patrióticas de vários quadrantes, que demonstrem estar disponíveis para lutar por um programa mínimo que sacuda o genocídio fiscal a que este governo está a sujeitar o povo e quem trabalha.

A recuperação do tecido produtivo só é possível, alocando todos os recursos do país. Por isso, dívidas ilegítimas, ilegais e odiosas - um conceito que está presente em constituições burguesas como a dos EUA - não podem ser pagas. Por isso a emergência da saída de Portugal do euro, uma moeda forte para uma economia fraca, que condiciona qualquer plano de crescimento e desenvolvimento, pois retira a soberania cambial, fiscal e financeira aos países com economias mais frágeis.

Não é, pois, na verticalização partidária ou na horizontalidade das plataformas cidadãs que reside a solução que mais interessa aos trabalhadores e ao povo. A questão está na resposta às questões MOBILIZAR para lutar contra o quê e organizar como, quem e através de que meios?
Apenas uma ampla unidade democrática e patriótica, onde nenhuma das componentes tente, arbitrariamente manipular as restantes, baseada num programa mínimo, discutido, aprovado e assumido por todos os que nele se revejam e envolvam, poderá levar à vitória sobre este ou qualquer outro governo reaccionário e fascista - não há que ter ilusões sobre o que será um governo com o PS a liderar, se o povo cair, uma vez mais, na patranha de promessas nunca cumpridas.
A globalização, um papão tantas vezes agitado por toda a sorte de oportunistas para desmobilizar a luta a nível nacional, propondo que se aguarde pelo criar de condições internacionais para que a luta avance, é um mito que convém desmaterializar. A teoria marxista das mais valias não foi secundarizada ou mesmo ultrapassada, pelo facto de o capitalismo ter atingido - tal como Lenine o caracterizou no início do século passado - o seu estadio supremo.

Nada disso! O capitalismo o que procura é obter o máximo lucro possível recorrendo ao mínimo custo da mão de obra ou, segundo o princípio tailorista, mão de obra baratinha, pouca qualificada e dócil. E vai à procura desse desiderato onde quer que, geograficamente, o possa encontrar. Estas derivas do capitalismo - a que erradamente se convencionou chamar globalização - estão a provocar um novo fenómeno - a bascularização. Isto é, a transferência da exploração promovida pelo grande capital sobre os operários e demais trabalhadores para regiões planetárias menos desenvolvidas e onde as mais valias e os lucros obtidos podem ser altamente exponenciados.


Tal fenómeno, porém, reforça a tese de que qualquer revolução no âmbito nacional promove, reforça e estimula o movimento revolucionário internacional e a consigna internacionalista marxista de que os operários, camponeses e trabalhadores de todo o mundo se devem unir na luta contra o capital!


sábado, 27 de dezembro de 2014

NÃO ME RENDO!

Este foi o traço mais marcante da forma como a última de seis irmãos, a última matriarca desta família viveu e decidiu partir.

Não se rendeu às circunstâncias sociais do seu tempo que faziam da mulher objecto e não activo na construção e transformação da sociedade. Nunca foi a típica mulher pertença de um homem. Foi sempre a companheira de vida de alguém com quem programou e construiu um modelo de vida.

Apesar de no último quarto de vida agruras várias lhe terem amargurado o trato, nunca deixou de ser frontal, leal, culta, mundana, sofisticada, viajada e, sobretudo, uma mulher adepta da modernidade.


Estou convencido de que, tal como o fez com a sua vida, isto é, decidindo sempre o seu destino, também agora, face ao vislumbre da perda de autonomia, de independência, de dignidade e de privacidade, valores que tanto estimava e nutria, decidiu partir.


Para todos os membros da família, mas sobretudo para as mulheres, espero que o seu exemplo faça caminho. A avaliar pelo testemunho de um dos mais novos elementos da descendência da última das matriarcas da nossa geração  – a minha sobrinha e sua neta Marcia – o testemunho está bem empregue.

Por isso, e antes de ler um excelente poema de Carlos Drummond, pedindo perdão à autora pelo abuso da sua divulgação, reproduzo a bela e singela mensagem que esta escreveu:

Partiu uma das pessoas mais fabulosas e maravilhosas que alguém podia ter conhecido.

Uma mulher forte, determinada e cheia de vida que lutou até ao fim. Para mim um exemplo a seguir pois quero poder viver tudo o que ela viveu , conhecer tudo o que ela conheceu, e um dia mais tarde levar comigo todas as aprendizagens que ela levou. 

As suas imagens de marca, pelo menos desde que me lembro, era o seu cigarro e o seu batom vermelho, os seus risos rocos e o seu humor sarcástico...... irei recordar tudo isto para sempre e viver a vida como ela o fez. Talvez não me tenha apercebido , mas no decorrer destes poucos mas bons anos esta mulher ensinou-me mais do que alguma vez muitas pessoas me iram ensinar. 

Acima de tudo ensinou-me a mim e a outros tantos que a vida é para a frente e sempre de cabeça erguida até ao final. 
Esta mulher era, é e sempre será a minha AVÓ 
obrigada por tudo e por mais alguma coisa, és linda e enorme estejas onde estiveres .

Lidos foram, também, dois poemas sugeridos pelos meus amigos Manela Martins (Carlos Drummond de Andrade) e Rui Mateus (Miguel Torga), o primeiro a reflectir o meu estado de espírito e o segundo a corresponder à personalidade e atitude perante a vida do meu irmão.

Para Sempre

Por que Deus permite

que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,

é tempo sem hora,

luz que não apaga

quando sopra o vento

e chuva desaba,

veludo escondido

na pele enrugada,

água pura, ar puro,

puro pensamento.

Morrer acontece

com o que é breve e passa

sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,

é eternidade.

Por que Deus se lembra

— mistério profundo —

de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

mãe ficará sempre

junto de seu filho

e ele, velho embora,

será pequenino

feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas' .


Mãe

Mãe
Que desgraça na vida aconteceu, 
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga, in 'Diário IV'






Esta mulher era a ultima BISAVO que me restava e a unica que conheci
obrigada por tudo e por mais alguma coisa, és linda e enorme estejas onde estiveres .

sábado, 13 de dezembro de 2014

Encontro Costa/Coelho



Fábulas para encantar incautos!

Na memória dos trabalhadores e do povo português ecoarão ainda as bombásticas afirmações de Seguro, quando ainda era secretário-geral do PS, de que faria uma oposição violenta…mas construtiva! ao governo de Coelho e Portas.

Foi, aliás, por considerar que não era suficientemente violenta tal oposição que Costa – imperador de Lisboa – decidiu avançar, em representação de várias das cliques que coabitam dentro dessa federação de partidos que dá pelo nome de Partido Socialista, para uma candidatura à direcção do dito, e que veio a confirmá-lo como novel secretário-geral num Congresso onde foi aclamado como o novo Sebastião saído das brumas da memória!

Ora, uma das insinuações que fazia para justificar porque deveriam militantes e simpatizantes votar nele, era a da impossibilidade de haver qualquer entendimento com um governo e dois partidos – PSD e CDS – que apostavam no modelo da austeridade, enquanto ele e o PS apostavam no desenvolvimento.

Alguns incautos e muitos oportunistas – de que destaco o Livre, uma excrecência saída de uma cisão no BE e liderada por um ex-deputado europeu – acreditaram nestas promessas e até cantaram hosanas  a uma nova liderança e a um novo líder que, finalmente, iria criar as condições para colocar em sentido a dona disto tudo, isto é, a chancelerina Merkel e a potência imperialista que esta dirige, a Alemanha.
 
Mesmo antes de ganhar as próximas eleições legislativas – isto se os trabalhadores e o povo português, uma vez mais, se deixarem enganar -, vitória após a qual veremos o Costa, como o fez no passado recente o francês Hollande, a meter-se no primeiro avião e ir prestar vassalagem à Angela, eis que este vai preparando, afanosamente, o terreno para o tão desejado compromisso, isto é, a retoma e o aprofundamento da política de bloco central que tem  governado Portugal nas últimas quatro décadas.

Uma hora e quarenta e cinco minutos de cordial cavaqueira entre Costa e Passos para que o país tenha um projecto estratégico comum! Apesar de salientar que caberá aos portugueses julgar qual o melhor caminho a seguir e filosofar sobre a existência de vários caminhos para chegar a Roma, Costa não deixou de enfatizar – como o fez no passado o violento…mas construtivo Seguro – que o mais desejável seria que o país pudesse ter objectivos comuns!

Tendo sido bem claro de que não fará alianças com quem advoga o não pagamento da dívida e a saída de Portugal do euro, foi de uma meridiana clareza o que Costa afirmou à saída deste encontro. Que, apesar do fosso entre a alternativa proposta pelo PS e aquilo que tem sido a política deste governo, existe espaço para que aconteça o que Cavaco sempre tinha almejado – um compromisso que selasse uma nova entente, um renascer e reforço da política do bloco central!

Defender, como o faz Costa, que o país deve voltar a ter um sentido comum, um projecto que seja partilhado colectivamente, tal como teve muitos anos, e que é preciso um grande entendimento estratégico, representa mais do mesmo, representa dar nova alma a uma política velha de bloco central, precisamente a política que conduziu os trabalhadores, o povo e o país às circunstâncias que hoje lhes são impostas.

Claro está que este compromisso demonstra o reconhecimento de uma fraqueza. Eles unem-se, eles estabelecem compromissos, porque já entenderam que estão isolados perante o povo e quem trabalha.

Costa e seus pares fingem, uma vez mais, não entender que para que uma estratégia de crescimento possa ocorrer e ser travada a política de empobrecimento levada a cabo pelo governo de traição nacional Coelho/Portas, a mando da chancelerina Merkel e da potência germânica que lidera, será necessário que se forme uma ampla unidade democrática e patriótica que tenha força para derrubar este executivo de serventuários.


Unidade essencial para constituir um Governo de Unidade Democrática e Patriótica cuja estratégia passe pela recusa do pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, pela saída de Portugal do euro e pelo implementar de um plano de investimentos criteriosos que conduza à recuperação do tecido produtivo destruído por décadas de submissão aos ditames da Europa solidária, unidade essencial para que ocorra a reconquista da independência e soberania nacional perdidas.







domingo, 7 de dezembro de 2014

Sem abrigo e prédios devolutos

O jogo escondido de António Costa!

A menos de um ano de um ano de eleições legislativas – isto se nenhum evento social e político obrigar a um desfecho diferente – os chamados partidos do arco da governação ensaiam novo episódio de transferência da responsabilidade da situação de miséria, fome, desemprego e exploração a que o povo português tem estado sujeito, tentando cada um imputar a responsabilidade do descalabro aos outros e escamotear que todos são responsáveis por ele.


Desde o anúncio de milagres económicos prontamente negados pela evidência dos factos até golpes palacianos para tentar diminuir a capacidade de manobra dos adversários de mesa do orçamento, PS e PSD, a sós ou mancomunados, não poucas vezes com o apoio do saltapocinhas Portas e seu CDS, ensaiam uma vez mais fazer passar a ideia de que está na mudança de políticas, o cerne da questão quanto à resolução da crise, da dívida e dos efeitos criminosos que ambos os partidos têm defendido e programado para que seja o povo, que nenhuma responsabilidade ou benefício dela retirou, a pagar a crise e a dívida.

Fruto das medidas terroristas e fascistas, iniciadas no governo de Sócrates, antecâmara das que estão a ser adoptadas pelo actual governo de traição nacional PSD/CDS, tutelado por Cavaco Silva, da imposição da entrada de Portugal na então CEE, sem direito a um amplo e democrático debate sobre as consequências da mesma, que esta política de bloco central tem tentado escamotear que a destruição do tecido produtivo – agricultura, pescas, indústria média e pesada -, associada à adesão ao marco travestido de euro, sequestraram a independência e soberania de Portugal e fizeram o país cair num ciclo de dívida crescente e impagável, num crescendo de desemprego e miséria.

A propósito de miséria já nem o governo de Coelho e Portas se atreve a contestar a realidade da existência de mais de 3 milhões de elementos do povo a viver abaixo do limiar da pobreza. Pobreza que assume várias formas, uma das quais se revela no crescente aumento de sem- abrigo em todos os principais núcleos urbanos do país.


Acontece que seja qual for a classificação de sem- abrigo que se considerar -  crónico, periódico, temporário ou total – nunca como nos últimos 3 anos que leva este governo serventuário dos interesses do imperialismo germânico, se registaram índices tão elevados de crescimento do seu fenómeno. É cada vez maior o número dos sem- abrigo recém-chegados à rua, bem como daqueles que são considerados outsiders devido às suas características sedentárias, assim como dos institucionalizados.

Ou seja, segundo os últimos censos aumentou significativamente o número de sem-abrigo, sendo que um terço deles é classificado como crónico. Na esmagadora maioria, elementos do povo que foram atirados para o desemprego ou aos quais foi cortado qualquer subsídio que lhes permitisse ter uma habitação permanente e estável. São obrigados a viver, agora, em estações do metro ou camionagem, paragens de autocarro, estacionamentos, viadutos, pontes e abrigos de emergência.

No âmbito da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, organismo coordenado pelo Instituto de Segurança Social (ISS), serão actualmente 5 mil os sem abrigo que deveriam ser acompanhados por um Instituto que, a avaliar pelo desempenho que tem tido no corte de prestações sociais (de que são exemplos o rendimento mínimo ou o abono de família), nada poderão esperar da sua acção e programas e que as lágrimas que verte são de … crocodilo!

E se alguém ainda alimentar alguma ilusão quanto ao que diferencia a política de António Costa da de Coelho, Portas ou Cavaco, convirá referir que Lisboa é a cidade do país onde o número de sem abrigo mais aumentou. Nos últimos 2 anos quase que triplicou, acreditando o presidente da União das Misericórdias Portuguesas que esse número se cifre agora em bem mais de 850 pessoas a viver nas referidas condições.
Um bom indicador do desprezo com que Costa trata os sem abrigo em Lisboa é o facto de na capital – e tal seria da responsabilidade do executivo camarário – não existir nenhum Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo que, por lei, deveriam ser criados. Já foram 17, hoje estão reduzidos a 14 e deveriam trabalhar de forma integrada com o ISS para garantir que ninguém está mais de 24 horas na rua…a menos que seja da sua vontade!

Claro está que o Costa deve considerar que é por vontade própria que se é sem-abrigo! E, se não quer resolver o problema…esconde-o! Como esconde sob um diáfano manto verde as mazelas da capital, isto é, as centenas de prédios camarários degradados, abandonados ou em ruínas. Apenas aqueles que podem corresponder ao seu modelo de acrescentar valor e favorecer os grandes grupos financeiros, imobiliários e operadores turísticos merecerão ser salvos e ver os seus projectos de recuperação agilizados.


Recentemente, e prosseguindo a sua governança assente na poupança – que em nada se distingue da política de austeridade que tanto condena a Coelho e Portas – Costa acredita ter conseguido parir uma ideia genial que case dois mundos de oportunidade. Por um lado, poupar nos apoios a que está obrigado para com um crescente número de sem-abrigo. Por outro, dar serventia às centenas de edifícios camarários votados ao abandono e degradação.

Formata um batalhão de assistentes sociais, a quem indica que a regra, a partir de agora, é a de cortar nas gorduras e forçar a poupança! Vai daí, os ditos procedem à suspensão da emissão de cheques alojamento e, em segredo, encaminham muitos dos até então beneficiários desta política caritativa, imagine-se para onde. Para aqueles prédios até agora devolutos!

Prédios sem qualquer salubridade, sem o mínimo de segurança, sem as mínimas condições de habitabilidade, sem água, electricidade ou gás! Esta é a hipocrisia que caracteriza a burguesia, seja a representada pela actual direcção do PS e que está à frente do executivo municipal da capital, seja a representada por PSD e CDS que, coligados, estão à frente do executivo governamental, detêm a maioria parlamentar e são tutelados por um presidente da república que persiste em ampará-lo.

E estas são as opções com que o povo português tem de ser confrontado. Ou bem que persiste em dar o seu voto a partidos que mais não têm para oferecer do que o desemprego, a miséria e a fome, e a caridadezinha alheia para suprir essas chagas sociais, ou bem que luta pelo derrube deste governo, substituindo-o por um governo de Unidade Democrática e Patriótica – que contará certamente com a esmagadora maioria dos militantes de base do PS -  que assegure a saída de Portugal do euro, o não pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa e coloque em marcha um programa de investimentos criteriosos que assente na recuperação do nosso tecido produtivo e da soberania e independência nacional.


Paulo Macedo:

Delegado do sector da saúde privada no governo!

Por mais que tente dourar o descalabro em que está a lançar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), Paulo Macedo, o representante da MEDIS e do sector da saúde privada no governo de traição nacional, não consegue mais esconder o facto de que Portugal tem um dos piores serviços de saúde da Europa.

Nem a engenharia estatística que, à custa de uma tão elevada quanto mais do que suspeita incorporação de prevenção na saúde, determinou que Portugal passasse da 25ª posição – entre 34 países analisados pela organização sueca Health Consumer Powerhouse –, que ocupava em 2012, para o meio da tabela em 2013, escamoteia o facto de o Ministério da Saúde actuar cada vez mais como uma comissão liquidatária do serviço público de saúde.

As denúncias da morte de doentes por falta de equipamentos ou instrumentos absolutamente vitais para assegurar que a preservação da sua vida não é posta em causa – como aconteceu há pouco tempo com dois doentes no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa – e os hospitais públicos tratam cada vez pior os doentes que a eles recorrem, sendo o acesso a consultas e medicamentos cada vez mais caro e difícil, tendo como consequência um aumento incontrolado das taxas de mortalidade, com especial incidência na população idosa.

Se em 2012, segundo a supracitada organização sueca, Portugal havia, nos gastos de saúde per capita ajustados ao poder de compra e aos custos dos cuidados de saúde alcançado a 30ª posição entre os 34 países europeus e, no que diz respeito à percentagem dos gastos públicos relativamente aos gastos totais com os cuidados de saúde, o país tinha sido remetido para o 26º lugar, com um valor de apenas 65%,  o quadro actual é ainda mais gravoso:

·         Entre 2010 e 2014, a despesa pública com a saúde sofreu um corte superior a 5,5 mil milhões de euros!  
·         os hospitais públicos viram o seu financiamento reduzido em 666 milhões de euros!
·         Enquanto, pasme-se, as famigeradas parcerias público privadas (PPP’s) no sector da saúde registaram um aumento de 166%!
·         Isto é, as transferências do Orçamento do Estado para grupos económicos privados como o Espírito Santo Saúde, José Mello e o grupo brasileiro AMIL, passaram de 160 milhões em 2010 para 427 milhões de euros em 2014!!!

Tudo isto, enquanto no ano corrente os cortes são 3 vezes maiores do que aqueles que foram impostos por Paulo Macedo e pelo governo de serventuários da tróica germano-imperialista que integra,  em 2013. Não é difícil compreender que, assim, falte tudo no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e nos hospitais públicos, isto é, médicos enfermeiros, medicamentos, consumíveis, etc.

Só quando foi confrontado com a greve dos médicos, Paulo Macedo abriu mão de um reforço de 300 milhões de euros para os hospitais públicos, mas vários médicos já vieram denunciar que tal é uma gota no oceano das necessidades do sistema hospitalar. O mesmo aconteceu quando os enfermeiros decidiram adoptar, também, esta forma de luta, tendo Macedo ensaiado de novo a manobra de promessa de admissão de mais enfermeiros, sem no entanto estabelecer qualquer calendarização ou definir qual a quantidade de profissionais a admitir, mandando para as calendas gregas duas das reivindicações principais da classe – a preservação do SNS e o fim do trabalho precário!

Por força das políticas fascistas e terroristas da tróica e do governo Coelho/Portas, a população trabalhadora em Portugal está literalmente a ser liquidada ou estropiada por negação de cuidados de saúde básicos. O dinheiro que é retirado dos magros salários dos trabalhadores em impostos, taxas e contribuições para a segurança social, o qual deveria servir para manter um serviço nacional de saúde geral, gratuito e de qualidade, acaba por ser desviado para salvar um sistema bancário corrupto e falido e proporcionar enormes mais valias aos  grandes grupos económicos capitalistas através de um sistemático roubo dos salários e do trabalho – aumentando a carga horária, diminuindo o número de feriados e as indemnizações por despedimento, assim como o valor a pagar pelas horas extraordinárias, aumentando os impostos sobre o rendimento do trabalho e do consumo, etc.

É preciso dizer bem alto que o povo português se recusa a pagar uma dívida pública que não é sua e que não foi contraída em seu benefício e que lhe está a denegar o direito a serviços públicos de saúde dignos e eficientes para si e para as suas as famílias. É urgente impor a expulsão da tróica, o derrubamento do governo de traição nacional PSD/CDS e a instituição de um governo do povo e para o povo, um governo de unidade democrática e patriótica. A saúde tem de ser um bem público e não um privilégio da classe burguesa e capitalista!



sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Dinheiros públicos estão a pagar vícios privados!

Apesar de todos os esforços no sentido de culpabilizar os trabalhadores e o povo português pelo, défice e pela dívida, repetindo até à nauseabunda exaustão a tese destilada pelo chefe do gang da família Espírito Santo, Ricardo Salgado, de que estes andaram a viver acima das suas possibilidades, é paradigmático o facto de o governo de traição nacional liderado por Coelho, Portas e Cavaco, face aos recentes acontecimentos que levaram ao autêntico golpe de estado que constituiu a falência do Grupo Ges/BES –uma morte há muito anunciada – virem agora afirmar que dívidas privadas não podem ser pagas por dinheiros públicos!

É preciso descaramento, tanto mais que por detrás destas declarações não existe nenhuma intenção de repudiar uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício. Como sempre o denunciámos, e o mais recente caso do BES o comprova. E, recorde-se, Ricardo Salgado, o brilhante timoneiro deste banco falido, era um dos que repetia ad nauseum a tese advogada pelo executivo de serventuários ao serviço da tróica germano-imperialista a cujo banquete esta corja sôfrega quer aceder, nem que seja aos restos!

Há uns tempos atrás, aliás, um parasita da índole de Ricardo Salgado, o banqueiro Fernando Ulrich, viu o seu banco sobreviver graças à política terrorista e fascista deste governo. O dito afirmava provocatóriamente que o povo português “ai aguenta…aguenta!” o roubo do seu trabalho e dos seus salários, o inaudito aumento da carga fiscal, os cortes nas chamadas prestações sociais, a crescente denegação do direito à justiça, da educação, da saúde, o aumento de todos os bens e serviços essenciais, para pagar uma dívida que não havia contraído e da qual não havia retirado qualquer benefício.

Para não perder o pé nesta autêntica parada da imbecilidade nazi, pela mesma altura, o ministro da destruição do que resta da educação pública,  Nuno Crato, numa autêntica campanha para convencer os trabalhadores e o povo a aderirem ao agravamento do genocídio fiscal que representa a aplicação da Lei Geral do Orçamento de Estado para 2014, não querendo ficar atrás do imbecil Ulrich, defendeu que o povo teria de trabalhar um ano sem comer, para que fosse paga na totalidade essa dívida! Esta gente não tem cura. Há uns tempos atrás, era Manuela Ferreira Leite a defender a suspensão da democracia, desejo prontamente satisfeito por Passos, Portas e Cavaco!

Podem alguns considerar haver algum humor (seguramente negro) nestas declarações de Crato. O que é certo é que o governo que integra já implementa um conjunto de medidas, a mando da tróica germano-imperialista, que nem sequer, como é tradicional num modelo de sociedade em que o capital explora o trabalho, asseguram o mínimo suficiente de subsistência para que os trabalhadores e suas famílias reproduzam a força de trabalho necessária à prossecução de um sistema que assenta na exploração do homem pelo homem.

E depois, vem o Passos Coelho e todos os opinólogos ao seu serviço destacar a preocupante redução da natalidade, tendo o PSD criado, inclusive, uma Comissão dita independente para produzir um relatório que, escamoteando claramente que essa redução está intimamente associada à promoção institucional da emigração, aos cortes nas prestações sociais, ao crescente nível de desemprego e precariedade que, primeiro o deposto governo de Sócrates, e agora o governo de traição nacional que integra, aceitaram implementar quando assinaram o Memorando de Entendimento com os grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, que beneficiam lautamente com o negócio da dívida.

Para que os incautos possam uma vez mais ser enganados, a dita Comissão chega, inclusive, a propor alterações e reduções a alguns escalões do IRS para beneficiar famílias numerosas! Santa hipocrisia, quando foi este e o anterior governo que se encarregaram de praticamente eliminar o chamado abono de família, agravando com essa medida as condições de vida de uma parte considerável dos trabalhadores e do povo português.

A inteligência criminosa do actual ministro da saúde, Paulo Macedo, que começou a revelar-se aquando da sua passagem pelo BCP/Millenium onde, como gestor, foi co-responsável pela criminosa política de casino especulativo em que aquela entidade bancária privada se envolveu, mormente a arriscada e desastrosa compra de dívida pública de outros países e a adesão a fundos de alto risco que estiveram na base do estrondoso rebentamento da famigerada bolha imobiliária, está agora cada vez mais refinada, sucedendo-se as mentiras que, tantas vezes repetidas, está em crer que serão aceites como verdade.

Como a burguesia valoriza quem ostenta esta criminosa inteligência que consegue justificar que os vícios privados têm de ser pagos com dinheiros públicos, isto é, à custa do aumento de impostos, logo vislumbrou em Paulo Macedo, um excelente director geral das Finanças – leia-se, para optimizar o assalto, via impostos, a quem trabalha. E, como em matéria de defender os interesses da burguesia, tanto faz que seja o PS, como o PSD a fazê-lo, eis Paulo Macedo – naquilo que se pode considerar a expressão de uma verdadeira entente do bloco central – a aceitar tais funções no quadro de um governo PS, mormente o que foi presidido pelo em boa hora escorraçado Sócrates.

Tantos e tão valorosos foram os préstimos de Paulo Macedo, nomeadamente em criar as condições para que a tese de que o povo esteve a viver acima das suas possibilidades, que quando Passos Coelho anunciou a formação deste governo de traição PSD/CDS, lá vinha o personagem indicado como Ministro da Saúde. Claro que tivemos de imediato a consciência de que a sua tarefa seria a de tratar da saúde aos trabalhadores e ao povo português.

E tão diligentemente o está a fazer que, seguindo os planos – e aprofundando-os, até – iniciados no governo de Sócrates, encerrou centros de saúde, maternidades, serviços de urgência, etc., e pretende encerrar hospitais de referência como o de Santa Cruz para transferir activos públicos de grande especialização para o sector privado – mormente para a Cruz Vermelha, mas também para os Grupos Melo, Champalimaud e BES, entre outros - , aumentou para o dobro as taxas moderadoras para as consultas médicas e para os que recorrem às urgências hospitalares e caucionou um dramático aumento dos custos de transporte em ambulâncias.

Pois é, tal como no passado se gabava dos fabulosos lucros que ajudou o BCP a ensacar – e que agora os trabalhadores e o povo português estão a ser obrigados a pagar -, tal como no passado se orgulhava de ter posto na ordem o serviço de colecta de impostos, Paulo Macedo vem anunciar, todo ufano, uma grande redução do recurso a consultas médicas e aos serviços de urgência hospitalar.

Isto é, aumenta-se para o dobro o valor das taxas moderadoras, reduzem-se os actos médicos, quer os decorrentes das consultas médicas, quer os das urgências e internamentos hospitalares (nos quais se incluem as intervenções cirúrgicas), despedem-se centenas de enfermeiros, auxiliares e médicos, para se chegar à conclusão de que, do ponto de vista financeiro, o resultado líquido não só torna mais exequível o SNS, como permite gerar poupança para o erário público.

Pois é, estas acções estão agora a revelar as consequências que prevíramos e denunciámos. Um impacto criminoso cujos efeitos poderemos desde já elencar:

·         maior índice de mortalidade,
·         quebra dramática da esperança média de vida,
·         baixa abrupta do índice de natalidade,
·         rápido e progressivo agravamento do envelhecimento da população com as implicações que tais fenómenos sociais terão nos fundos da segurança social e na política de prestações sociais que são da responsabilidade do Estado.

Bem pode Passos Coelho e o seu governo vende pátrias vir agora chorar lágrimas de crocodilo e afirmar-se apreensivo com a dramática quebra dos índices de natalidade que, a não ser derrubado este governo e constituído um governo de unidade democrática e patriótica que faça Portugal sair do euro, repudie a dívida e ponha em marcha um programa de recuperação do tecido produtivo e um plano de investimentos criteriosos, e em algumas décadas será a própria sustentabilidade de Portugal como nação independente que estará comprometida.



sábado, 29 de novembro de 2014

BLOCO CENTRAL : A Escola do Crime!

Uma saga sem fim à vista?!


A detenção de José Sócrates e posterior medida de prisão preventiva a que o juiz Carlos Alexandre o sujeitou, despertou nos eternos ingénuos da política – para além dos profissionais do golpe e do oportunismo político – uma onda de alegria pelo facto, presumem, de a justiça finalmente estar a funcionar!
Nada de mais falacioso. Para além de que legislação promovida e aprovada por bandidos nunca poder servir para os julgar e muito menos condenar, o contexto em que sucessivos eventos ocorrem, como são o caso GES/BES, a detenção e posterior medida de impôr uma caução de 3 milhões de euros ao pobrezinho banqueiro do regime, Ricardo Salgado, as cirúrgicas fugas de informação que redundaram no abortar da operação Labirinto – na qual estão envolvidas figuras gradas do regime ligadas ao PSD – e a recente operação Marquês que levou à detenção e posterior medida de prisão preventiva de Sócrates, demonstram à exaustão que a componente criminal invocada serve para escamotear a componente política que determina a existência de um regime e de um bloco central de interesses que configura uma autêntica associação criminosa.
Os trabalhadores e o povo português têm vindo a assistir - e a sofrer as consequências - de uma ópera bufa representada, à vez ou em simultâneo, por PS e PSD, por vezes com a colaboração de um compère de ocasião como é o inefável Paulo Portas e o seu cão amestrado CDS, a que se convencionou chamar Bloco Central !
Não terá sido mera coincidência  o facto desta operação justicialista que culminou com o encarceramento de José Sócrates em Évora ocorrer nas vésperas do Congresso do PS destinado a aclamar o seu novo líder, António Costa, e a moção programática que defende – herdeira do programa de Sócrates -  como alternativa ao governo de traição nacional de Coelho e Portas, e do seu tutor Cavaco.
Só tolos poderiam aceitar essa coincidência! Para mais num momento em que António Costa e a actual direcção do PS se esforçam por assegurar que em próximas eleições legislativas, caso venham a obter uma maioria absoluta, prosseguirão a mesma política de PSD e CDS, mas com uma cara lavada. Tal como fez Hollande do PS francês, que prometeu acabar com a austeridade e opor-se à chancelerina Merkel , mas que no dia seguinte às eleições, o seu primeiro acto político foi meter-se num avião e ir a Berlim prestar-lhe vassalagem, prosseguindo e agravando as medidas políticas terroristas e fascistas que o seu antecessor, o saltapocinhas Sarkozy levara a cabo.
São, pois, muitos, diversificados e caricatos os casos em que ministros, ex-ministros e figuras do topo da hierarquia do estado ligados ao bloco central são alvo da justiça – não da justiça popular que um dia se fará, mas do arremedo de justiça que o sistema burguês possibilita – e a fazer com que a velha máxima de que à mulher de César não lhe basta ser séria…tem de o parecer, nunca como agora teve tanta razão de ser.
As contas deste rosário parecem nunca mais acabar. Sucedem-se casos como os submarinos, a Portucale, as PPP’s, os SWAP’s, o BPN, o grupo GES/BES, os golden visa, enfim, para todos os gostos e tipo de corruptos e corruptores. Tudo bons rapazes…está de ver! Assim como está para se ver quantos mais episódios desta guerra entre parceiros de bandidagem conhecerão a luz do dia, à medida que os períodos eleitorais ditarem que se inicie a lavagem de roupa suja.
Apesar de se sucederem a um ritmo estonteante os episódios de corrupção ou de suspeita da sua prática, será pedagógico perceber-se o como e o porquê deste caldo a que se chama BLOCO CENTRAL se ter transformado numa verdadeira escola de formação de criminosos.
O processo explica-se em poucas linhas:
·         Primeiro, fruto das políticas levadas a cabo pelo centralão – PS e PSD (com o CDS sempre à espreita e a reboque) – liquida-se o nosso tecido produtivo em troca de subsídios supostamente destinados a fazer entrar o povo português no paraíso de leite e mel, no céu da abundância e da riqueza solidária dos países desenvolvidos do norte do continente europeu;
·         Os subsídios começam a fluir, como começa a fluir todo um exército de especialistas, políticos de carreira, consultores jurídicos e financeiros, a arrogar-se detentores da VERDADE sobre qual a aplicação a dar aos abundantes fundos que começavam a entrar nos cofres do estado e a merecer o apetite vampiresco daqueles que, rapidamente, os queriam transferir para os seus cofres privados;
·         Mas, cedo a classe política se apercebeu que tal roubo não poderia ser feito às claras, de forma ostensiva e descarada. Logo, uma vez mais, um exército de políticos de carreira, de consultores jurídicos e financeiros, lançaram a artimanha jurídico-legal que corporiza as PARCERIA PÚBLICO PRIVADAS e das Empresas Públicas com gestão privada, que se encarrega de consumar o roubo, mas sob a capa da legalidade;
·         Numa intrincada teia de promiscuidades onde alguns advogados e outros jurídicos repartem as suas funções de deputados com as de consultadoria ao grupos parlamentares dos partidos da burguesia, através dos grandes gabinetes de advocacia aos quais continuam ligados, o edifício jurídico vai sendo montado à medida dos interesses do saqueio desses fundos que tão generosamente davam entrada no país;
·         Daí até às regras de adjudicação, à rede de influências e às troca de favores foi um pequeno passo. Passo, aliás, que mais não seria do que a consequência lógica do processo tão laboriosamente montado;
·         Desses fundos públicos, agora em mãos privadas, à custa de desvios de dinheiro, obras adjudicadas por um montante e terminadas em montantes escandalosamente superiores, de luvas devidas a trocas de favores, políticos, económicos e financeiros, surgiram novas corporações financeiras, novos grupos económicos que, temerosos, como é apanágio de um ladrão que se preze, de que alguém lhes viesse roubar aquilo que tinham acumulado com tanto sacrifício, se apressaram a colocar as mais-valias em offshores e, não contentes, a criar a sua própria offshore na Madeira, assegurando uma gigantesca lavagem de dinheiro, ocultando a origem fraudulenta do dinheiro roubado.
Tudo isto foi sendo praticado ao longo das últimas três décadas de forma impune. As leis tinham sido criteriosamente produzidas de modo a assegurar a impunidade dos criminosos.
Seria fastidioso elencar as personagens que ao longo destas três décadas se locupletaram com verbas faraónicas. Eles pertencem aos vários partidos do arco do poder, numa intrincada teia que vai desde o poder central ao chamado poder local. E, em nome do sacrossanto princípio político eleitoral que convenientemente montaram, asseguraram que a rotatividade entre o PS e o PSD – a famosa e famigerada bipolaridade – garantiria que todos eles haveriam, como diz o povo, comer da gamela.
A contrapartida aos fundos tão generosamente colocados à disposição do nosso país pelo directório europeu, dominado pelo imperialismo germânico, era o de que abandonássemos a agricultura, porque os franceses produziam mais, melhor e mais barato; abandonássemos as pescas, porque os espanhóis tinham melhor frota e venderiam o pescado a preços mais atractivos; destruíssemos a nossa indústria naval, metalomecânica/metalúrgica, siderurgia, etc., porque os alemães tinham melhor know-how e a preços muito mais competitivos.
Não serviram, portanto, esses fundos para equipar a nossa frota pesqueira, para mecanizar e modernizar a nossa agricultura ou para robotizar e tornar mais especializada e inovadora a nossa indústria. Nada disso! Serviram para implementarmos, a par do compadrio e da corrupção, a famigerada política do betão, levada a cabo pelos sucessivos governos do proeminente economista Cavaco, que assegurou as auto estradas do desenvolvimento, isto é, as vias que assegurariam o escoamentoa massiço dos produtos oriundos dos países daqueles que tão generosamente nos tinham atribuído tais fundos.
Serviram, isso sim, para que do ponto de vista político e económico Portugal ficasse refém dos grandes grupos financeiros, bancários e industriais – particularmente os alemães – e que, forçado a integrar um sistema monetário e uma moeda forte como o euro – o marco travestido -, com uma economia totalmente fragilizada, os sucessivos governos vende-pátrias tivessem sujeitado o país à total perda de soberania política, económica, fiscal, orçamental e cambial, isto é, transformado Portugal numa autêntica sub-colónia ou protectorado do imperialismo germânico.
Claro está que um país como Portugal que, mercê da destruição sistemática do seu tecido produtivo, se vê obrigado a importar mais de 80% daquilo que necessita para alimentar o povo e para que a sua economia se desenvolva, a fórmula que o capitalismo encontra para equilibrar as coisas a contento dos seus interesses de rapina é a de emprestar dinheiro, estimular o crédito – ao estado e aos particulares - com juros faraónicos, esperando que a espiral de endividamento que tal política irá, necessariamente, provocar lhes permita arrogar-se o direito de exigir ao estado português, como pessoa de bem que supostamente deve ser, que pague a factura.
Como o estado não é pessoa de bem porque foi minado por toda a sorte de bandidos sem escrúpulos, e o dinheiro que teria para supostamente pagar a dívida se esvaiu em contas na Suíça ou em offshores espalhados por esse mundo fora, e se entreteve a destruir o tecido produtivo do país, resta-lhe uma garantia ou moeda de troca para pagar essa dívida que os abutres do FMI, do directório europeu, a mando do imperialismo germânico, agora reclamam: embaratecer os custos salariais, empobrecer o povo, destruir todo o tipo de políticas sociais – desde o acesso à saúde até ao acesso à educação, passando pelas mais variadas prestações sociais – para tornar Portugal a Malásia da Europa, com mão de obra intensiva, não especializada e baratinha e vender a preços de saldo todos os activos e empresas estratégicas para qualquer economia que se deseje independente e ao serviço dos trabalhadores e do povo.
O ambiente de sublevação que se está a manifestar por todo o país tem de se agigantar, romper com o medo que este governo fascista e vende-pátrias, com as suas medidas terroristas, está a querer induzir sobre os trabalhadores e o povo português, pois, se não o fizer, está a alimentar os algozes da sua própria morte, miséria, fome, desemprego e precariedade.
Aos trabalhadores e ao povo português nada mais resta do que derrubar este governo serventuário dos interesses dos grandes grupos financeiros e bancários, do imperialismo germânico, correr com o FMI e restante tróica de Portugal e edificar um Governo de unidade  Democrática e Patriótica que prepare a saída de Portugal do euro e se recuse a pagar uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício.