quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Ulrich, o povo não aguenta e tu... vais aguentar?!


O caso do BPI a que ontem a “comunicação Social” deu destaque, é bem paradigmático de como as “dívidas soberanas” têm constituído um excelente negócio para os grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, e de como a banca privada portuguesa, que os serve, arrecada para os bolsos dos seus accionistas parte do saque que estes, através do seu governo de serventuários Coelho e Portas, efectuam sobre os nossos recursos e atirando para a fome e a miséria, para o desemprego e a precariedade, milhões de trabalhadores e elementos do povo.

É absolutamente necessário evidenciar que o resultado dos lucros que o BPI registou em 2012, num montante de cerca de 250 milhões de euros – depois de ter experimentado prejuízos de cerca de 285 milhões de euros em 2011 – se deve, única e exclusivamente, ao facto de os trabalhadores e o povo português terem sido forçados a caucionar empréstimos contraídos por este governo de serventuários da tróica germano-imperialista, e de uma das principais tranches se destinar, precisamente, a salvar a banca privada à custa de sucessivos cortes nas “prestações sociais”, aumentos inauditos de impostos directos e indirectos – que configuram um autentico genocídio fiscal -, do agravamento sem paralelo na história do desemprego e da precariedade.

Este é um dinheiro manchado com o sangue, o suor e as lágrimas de todo um povo. Adquirido com taxas de juro de 0,5 a 1% à tróica, através do aval do estado (isto é, com o aval forçado do povo) e depois revendido ao estado, às empresas e particulares com taxas de 5 e 6% ! Sem espinhas! Assim, o Ulrich aguenta. O povo é que não!

O arrogante Ulrich dá-se ao luxo de, provocatoriamente  anunciar que o banco a que preside tem no horizonte a intenção de antecipar o reembolso ao “estado português” de 200 milhões dos  1500 milhões de euros, 1300 milhões dos quais através das 'CoCos' e os restantes 200 milhões garantidos pelos accionistas, no âmbito de um aumento de capital previsto pelo  “plano de recapitalização"  da banca que subscreveu, escamoteando que o recurso a esse plano se deveu ao facto de toda a banca privada portuguesa ter optado, no passado recente, por distribuir dividendos entre os seus accionistas em vez de acautelar os aprovisionamentos de capital necessários a essa recapitalização. Na nossa memória persiste a distribuição de dividendos pelos accionistas deste banco privado, no valor de 335,1 milhões de euros, em 2007.

Mas, a confirmar que esta gente só tem em mente o sacrossanto lucro, a receita que este personagem e a direcção do BPI a que preside aplicou, foi um autêntico “espelho” do que o governo que os seus interesses defende aplicou ao povo português: desemprego e miséria!  Encerrando 12 balcões e lançando no desemprego 258 trabalhadores.

É por isso que um dos objectivos inscritos na luta dos trabalhadores pelo derrube deste governo de traição e pela constituição de um governo democrático patriótico é o do efectivo controlo da banca, de forma a que ela seja um instrumento ao serviço de um novo modelo económico e político ao serviço do povo e de quem trabalha. Aí, sim, veremos se os Ulrich desta banca corrupta e sanguessuga se aguentarão!

E depois da tróica?!


Para aqueles incautos que julgam que vão ficar “ órfãos” da tróica germano-imperialista porque ouviram Gaspar Dixit anunciar que o “regresso aos mercados” era a antecâmara da saída daquela “frente” ,ao serviço dos grandes grupos financeiros e bancários internacionais, com os alemães à cabeça, do nosso país, dizemos…desenganem-se!

Ocorra a saída da aliança FMI/BCE/FEEF mais tarde ou mais cedo, esse facto não alterará em nada, quer os objectivos de fazer o povo pagar uma dívida que não contraiu, nem dela retirou qualquer benefício, quer o instrumento que ela constitui de acelerar e reforçar o processo de acumulação capitalista.

Sejam titulados pelos “mercados”, sejam caucionados pela tróica, os “empréstimos” que visam “resgatar” a dívida soberana”, continuarão a funcionar como um instrumento de chantagem de dominação colonial e facilitadores da transferência de activos e empresas públicas estratégicas para as mãos de privados! A oeste nada de novo, portanto!

Como já o demonstrámos anteriormente, mesmo que alguns pontos percentuais – não muito significativos e manipulados de forma a criar uma ilusão de “independência” que de facto não existe – separem os juros cobrados pelo acesso directo aos “mercados” dos que são cobrados ao abrigo do “guarda-chuvas” da tróica germano-imperialista, o certo é que a dívida, e o facto de com este recurso se acrescentar dívida à dívida, permanecerá IMPAGÁVEL!

Podem vir com todas as “engenharias financeiras”, deitar a areia que quiserem nos olhos dos mais distraídos, que nunca conseguirão enfiar a Rua Augusta na Betesga! Uma economia caótica, devido à destruição do tecido produtivo que a devia animar, gera uma constante de endividamento impossível, no actual quadro político e económico, de reverter.

Não existe nenhum malabarismo que consiga alterar o facto de a nossa economia não crescer, no mínimo, à mesma taxa de juros que são cobrados pelos "beneméritos" empréstimos efectuados pela tróica. Antes pelo contrário, todas as previsões indiciam que em 2013 ela sofrerá uma recessão de 2%, e em 2014 seguirá o mesmo caminho, com mais dívida, ainda por cima!

A destruição da nossa metalurgia e metalomecânica ligeiras, da nossa siderurgia, da indústria naval, da agricultura e pescas, “negociada” por PS e PSD, com o beneplácito do CDS, nas últimas 3 décadas, a troco das 30 moedas da traição que vieram sob a forma de “subsídios” que encheram os bolsos a um batalhão de corruptos e agentes do imobilismo, da preguiça e da ganância, conduziram à condição de tornar Portugal um país fortemente dependente do exterior, com a necessidade de importar mais de 80% daquilo do que necessita para alimentar o povo e gerar economia.

Mas, os trabalhadores e o povo não se deixarão enganar! Eles sabem, perfeitamente, que, mesmo que a tróica germano-imperialista, o FMI e outros agentes da colonização germânica, abandonem fisicamente o nosso país, os seus serventuários – neste momento Coelho e Portas, mas já se alinham no horizonte mais candidatos – prosseguirão as suas políticas de “austeridade”.

Os trabalhadores e o povo português sabem que, para além das consequências em matéria de venda do país, associadas ao pagamento eterno da dívida, o que está em causa é, também, a consolidação da contra-revolução e o esmagamento do movimento operário. Porque, no que respeita a liquidação das conquistas mais importantes das lutas operárias e populares e o roubo dos salários e pensões,  apresentadas como temporárias para nos vermos livres da tróica, essas são para ficar, pois é através desse empobrecimento que a burguesia pretende assegurar a salvação dos capitalistas e o pagamento dos juros aos banqueiros germânicos.

As declarações de Seguro que respondeu com um lacónico “não posso prometer isso”, quando questionado pela “comunicação social” se reduziria os impostos,  viesse ele a ser primeiro ministro, são paradigmáticas.

Não basta, pois, dizer que se lixe a tróica ou que queremos a tróica fora de Portugal! É decisivo que os trabalhadores e o povo se mobilizem para derrubar este governo de traição e, com a mesma determinação e firmeza, promovam a constituição de um governo democrático e patriótico que suspenda de imediato o pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, única forma de secar a “fonte” à qual a tróica e seus serventuários querem vir beber!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Coelho apupado na Casa de Serralves:


A frente da cultura afirma a sua disposição em participar no derrube deste governo de traição!


Chefe de um governo de serventuários ao serviço dos interesses dos grandes grupos financeiros e bancários, unidos em torno da tróica germano-imperialista, apostado em liquidar o acesso à cultura de todo um povo em nome do pagamento de uma dívida, que não foi contraída por este, e dos juros faraónicos a que estão sujeitos os “empréstimos” e o “resgate” de FMI e parceiros, Passos Coelho foi hoje recebido, com pompa e circunstância, por um numeroso grupo de elementos do povo, aos gritos de "Governo que destrói o País", "Gatuno", "Fascismo nunca mais" e "queremos os nossos salários".

A hipocrisia de Coelho está bem patente nesta visita à paradigmática Casa Museu de Serralves, na cidade Invicta do Porto. Um miserável traidor que se tem dedicado, fervorosamente, a liquidar o nosso património e o acesso livre e democrático dos trabalhadores e do povo à cultura, o chefe de um governo que se tem encarregue de destruir a cultura praticando cortes substanciais nos subsídios que proporcionam a sobrevivência dos agentes que a produzem e animam, este personagem não deveria sequer ter o arrojo de pisar este centro de cultura e reservatório único do nosso património cultural. Também por isso, e em resposta a esta miserável provocação, teve a recepção que merecem todos aqueles que, em contra-ciclo com a história e os interesses do povo, vendem por 30 moedas a identidade, a cultura e o património do país.

Não foi a primeira vez que a história registou traições e traidores deste jaez. Não será a última, certamente. Mas, tão certo como esta evidência, será a luta de todo um povo para que a sua memória colectiva, a argamassa que une e define o seu carácter e identidade enquanto povo seja preservada, e para que estes candidatos a Miguel de Vasconcelos  tal como o personagem original em 1640 o foi, sejam defenestrados e atirados para o seu devido lugar: o caixote de lixo da história.

Os trabalhadores e o povo português têm cada vez maior consciência de que o sequestro do acesso à cultura que este governo de traição está a levar a cabo tem por objectivo alcançar aquele fim que a burguesia, tonta e estúpida, sempre perseguiu: a de que um povo inculto e impreparado não se revolta! Mas, revolta-se! E o caudal de lutas e protestos engrossa, como demonstra o episódio de hoje em frente à emblemática Casa Museu de Serralves. Para demonstrar a um primeiro-ministro serventuário e traidor que o povo se agiganta para o derrubar a ele, ao seu governo e a todos os que têm caucionado as suas políticas. Para lhe demonstrar que, também na frente cultural ele já pertence às fileiras dos derrotados da história!

A consigna NÃO PAGAMOS! é internacional!


Baseado no Artigo 7 da “Directriz da Área Económica Europeia”, que determina não haver qualquer obrigação por parte de um estado e suas autoridades em “assegurarem a compensação se um esquema de garantia de depósitos é incapaz de cumprir as suas obrigações na eventualidade de uma crise sistémica”, o Tribunal da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) deliberou, esta segunda-feira, ser improcedente a queixa apresentada pelos governos da Grã-Bretanha e da Holanda contra a Islândia por este país ter, alegadamente, violado leis internacionais ao não atender à reclamação de cerca de 340 mil depositantes britânicos e holandeses do Icesave, uma delegação online do banco privado islandês Landsbanki, decretado falido em 2008.

Recorde-se que, aquando da chamada crise do “sub-prime”, dezenas de bancos, a nível mundial, foram à falência (alguns dos quais com uma dimensão considerada “imune” a esse destino), originando no seio da própria burguesia divisões quanto ao caminho a seguir face ao “colapso” do sistema financeiro e bancário capitalista a nível mundial.

De um lado, os fervorosos adeptos da “escola de Chicago” (os “Chicago boys”) e do “compromisso de Washington” (sendo o FMI a sua principal plataforma para impôr o seu programa ideológico e económico), que advogam que o sistema bancário e financeiro deve ser salvo a todo o custo (na versão do serventuário Coelho, “custe o que custar”), pois ele é o sustentáculo de toda a economia capitalista e único capaz de, através do negócio das “dívidas soberanas”, assegurar a continuidade e crescimento da acumulação capitalista. Os adeptos desta “facção” defendem, ainda, que o custo da salvação do sistema bancário e financeiro, segundo o princípio de “dinheiros públicos subsidiarem vícios privados”, deve ser imputado aos trabalhadores e aos povos, particularmente daqueles que foram “bafejados” pela intervenção do FMI ou, no caso europeu, da tróica germano-imperialista.

Do outro lado, uma corrente minoritária, representando os interesses de uma camada das burguesias nacionais, democráticas e patrióticas, que se opõem, como aconteceu na Islândia, e tinha sucedido e está a suceder noutros países – europeus, asiáticos e da América Latina -, a aplicar uma “receita” que implica uma transferência massiva de recursos e empresas públicas para o capital financeiro e bancário, sob a “justificação” de que, tendo os povos estado a “viver acima das suas possibilidades” teriam de ser sacrificados no altar das “dívidas soberanas”, à custa de um inaudito empobrecimento, à custa da pilhagem generalizada e de se tornarem protectorados ou colónias, mormente da potência imperialista alemã e da sua fuhrer Angela Merkel, à custa da depreciação dramática do seu acesso à saúde, à educação e às chamadas “prestações sociais”.

Apesar desta corrente, nomeadamente na Islândia, ter conseguido congregar o apoio dos trabalhadores e do povo em torno de um programa que lutava pelo não pagamento de uma dívida que não fora o povo que a contraíra  nem dela havia beneficiado, a consistência e coerência na luta por esse princípio sofreram alguns revezes, isto apesar de o povo se ter manifestado claramente, através de dois referendos,que não estava disposto a qualquer acordo de pagamento dessa “dívida”. É que, ainda assim, cerca de 3.421 milhões de euros foram “reembolsados” aos governos britânico e holandês, consequência do accionar de garantias de depósitos que existiam, através do banco Landsbanki.

No nosso país, primeiro através do governo de má memória liderado por Sócrates e pelo PS, e agora pelos PSD/CDS, a “receita” tem sido a de salvar a banca privada, fazendo os trabalhadores e o povo pagarem os “buracos” e as fraudes do BPN, a recapitalização do BCP, do BPI, do BANIF, entre outros, bancos privados que se entretiveram a distribuir dividendos, relativos aos fabulosos lucros que ensacaram e continuam a ensacar, entre os seus accionistas, para agora, em vez de terem contemplado um plano de capitalização dessas entidades bancárias privadas, estarem a fazê-lo à custa do sangue, do suor e das lágrimas do povo que se vê obrigado a pagar esses “vícios privados” e a proporcionar aos grupos financeiros e bancários que estão por detrás desses bancos, lucros fabulosos à custa dos juros faraónicos que cobram.

Se é certo que existem sectores da pequena e da média burguesia não comprometida com as políticas imperialistas e com o grande capital financeiro e bancário que podem e devem ser integrados numa ampla frente contra o FMI, a tróica germano-imperialista e os tiques imperiais da nova fuhrer Angela Merkel e o governo dos traidores Coelho e Portas que se prestam a ser seus serventuários, não menos certo é que essa luta deve ser encabeçada pelos operários e pelos trabalhadores, únicos garantes de uma luta coerente, empenhada e sem tréguas, luta que tem de levar ao derrube deste governo e de quem o apoia e à constituição de um governo democrático patriótico que expulse do nosso país todos aquele que o querem subjugar e dominar, suspenda de imediato o pagamento da dívida, prepare o país para a eventualidade da saída do euro e inicie um novo ciclo económico, ao serviço do povo e de quem trabalha.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

"Alfarelos: O espelho de um país, uma desgraça adiada".


2013-01-21-acidente alfarelos
O acidente ocorrido no passado dia 21, na Estação de Alfarelos pelas 21.15H, entre um comboio Intercidades e outro Regional, vem trazer, mais uma vez, para a ribalta as condições de segurança em que circulam os nossos comboios. Depois de lutas intensas, por parte dos maquinistas e restante pessoal circulante, para a implementação de um sistema de controlo e segurança, depressa se verificou que o sistema implementado não era completamente eficaz, pois apenas fornece informação pontual, ao invés de permanente, como acontece noutras redes e seria lógico. Como tudo o resto nesta sociedade, a exploração desenfreada e o investimento público reduzido ao mínimo indispensável, sobrepõem-se aos interesses gerais da população e aqui até à segurança.
A estação de Alfarelos está inserida na Linha do Norte, na qual o sistema de cantonamento é o de Bloco Orientável, com comando central em Braço de Prata (Lisboa). O controlo de entrada e saída daquela estação é contudo comandado localmente por uma mesa que já data dos anos 60, do século passado. Só por si, daqui não viria qualquer mal, não fosse o facto da tecnologia utilizada estar há décadas ultrapassada e a manutenção ser deficiente, com aliás quase tudo o que diga respeito a material ferroviário, independentemente da empresa que o detém. Esta mesa estava programada para ser substituída no próximo mês.
No passado sábado, em virtude da intempérie que se abateu em várias zonas do País, a Estação de Alfarelos esteve inundada acontecendo avarias e descomandos vários nos AMV (aparelhos de mudança de via) e sinalização.
Vários maquinistas têm referido que já há algum tempo, e principalmente depois de sábado, que a aproximação àquele sinal principal se encontra bastante escorregadio. Isto em virtude da existência de massa nos carris proveniente de um lubrificador de via estar a debitar mais que a necessária e como tal na mistura com a água da chuva se ir espalhando ao longo do carril , a aproximação se fazer em declive acentuado e a existência de todo o tipo de lixos nos carris. O próprio tipo de carril ali instalado, macio, contribui para a falta de aderência. A falta de eficácia de frenagem, de algumas unidades motoras, é também referida desde há tempos por aqueles profissionais.
É assim que o primeiro comboio (Regional), passa pelo sinal principal fechado sem conseguir parar, indo imobilizar-se na linha 3 da Estação. Ao segundo acontece o mesmo, só que já lá estava o outro e a inevitabilidade do embate. Neste ponto a pergunta que se impõe é, como é que depois de um comboio ter passado o sinal, o que faz accionar um alarme na mesa de comando, e ir parar à linha 3, porque não foi possível desfazer aquele caminho, para outra linha, para que ao comboio subsequente não acontecesse o mesmo e se desse o embate, sabendo-se que este último iria ultrapassar o primeiro. Talvez a resposta esteja na tal mesa de comando dos anos 60.
Dos inquéritos mandados instaurar pelo governo à REFER e CP, já sabemos o que esperar: a estafada “falha humana”, quer seja atribuída ao maquinista ou se calhar agora ao operador da mesa. E quando assim não é, vão-se protelando as conclusões e saída desses inquéritos até caírem no esquecimento como aconteceu com o do último acidente ocorrido em Caxias, na linha de Cascais há já quase um ano. Nunca são aí apontadas as responsabilidades de quem dirige a empresa ou de quem, no poder, tinha a obrigação de providenciar as melhores condições de segurança. Os verdadeiros responsáveis por situações como esta nunca são apontados.
As consequências não foram mais graves, em termos de vítimas, porque a política da CP é a de afastar cada vez mais as pessoas do transporte ferroviário e daí apenas 5 passageiros viajarem na última carruagem da UTE embatida.

Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/546-alfarelos-o-espelho-de-um-pais-uma-desgraca-adiada

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Os professores portugueses estão na luta pelo derrube do governo e pela expulsão da tróica, em defesa da educação e da escola pública


fb
Terá lugar no próximo dia 26 de Janeiro, em Lisboa, uma manifestação nacional de professores, convocada pela organização sindical FENPROF. É dever de todos os professores apoiar e participar nessa manifestação, fazendo dela uma expressão da sua revolta contra o governo e contra a tróica, e das suas reivindicações em defesa da dignidade da profissão docente e de uma escola pública democrática e de qualidade.
Não há nenhum grupo profissional em Portugal e talvez no mundo que, no curto período de seis anos, de 2007 até hoje, tenha visto tão agravadas as suas condições de vida e de trabalho como aconteceu com os professores portugueses.
Neste espaço de tempo, os professores perderam, em média, quase 40% do seu poder de compra, se tivermos em conta a ausência de qualquer actualização dos ordenados face à inflação, os roubos nestes mesmos ordenados sob a forma de aumento dos impostos e taxas ditas extraordinárias, e o congelamento nas carreiras. Na última meia dúzia de anos, o horário dos professores foi aumentado, em média, em cerca de 30%, sob a forma de aumentos directos na carga lectiva, do chamado “trabalho de estabelecimento escolar” e da eliminação das reduções da componente lectiva antes dos cinquenta anos. Nos últimos seis anos ainda, sem que tivesse havido qualquer melhoria nas condições logísticas e tecnológicas em que exercem a sua actividade, bem pelo contrário, verificou-se uma redução, em média, de cerca de 20% do número de professores nas escolas para um nível de produção educativa (número de alunos que concluem os seus anos e graus escolares) que não sofreu qualquer decréscimo.
Suportando toda esta violência, existe um sector dos professores portugueses que tem sido ainda mais massacrado, que é o dos professores contratados. Trabalhando dez, quinze, vinte e mais anos de forma permanente, com a casa às costas, este ano aqui, para o ano noutro lugar, por não terem uma escola a cujo quadro pertençam, sem quaisquer direitos decorrentes de uma integração na carreira, que lhes é negada, despedidos sem direito a remuneração ou segurança social quando termina o ano lectivo, para serem, se tiverem sorte, contratados no início ou durante o ano lectivo seguinte, os professores contratados configuram uma situação de autêntica escravatura que não tem paralelo em nenhum país minimamente civilizado.
Por cima de tudo isto, o governo PSD/CDS e o facínora Crato, instruídos pela tróica mas executando com todo o gosto o trabalho sujo que lhes é ordenado, expulsaram praticamente os professores contratados das escolas e pretendem despedir, no final deste ano lectivo, um número de professores do quadro que, se tiverem a mão solta, nunca será inferior a 25 mil. Aos poucos professores que ficarem para executar um trabalho educativo que não diminui, é reservada a “recompensa” de lhes cortar mais cerca de 10% na sua remuneração e de aumentar em cinco horas o horário de trabalho base, aumento de horário este que será ainda mais violento para os professores mais velhos, a quem esta corja miserável quer retirar as reduções da componente lectiva a que, apesar de tudo, ainda têm direito.
A hecatombe que se está a abater sobre os professores, sobre a educação pública e sobre as escolas não tem nada a ver com o argumento das “dificuldades transitórias” decorrentes da dívida pública e do défice orçamental. Este argumento tem apenas uma função de terrorismo político e de tentar apresentar essa hecatombe como algo que não pode ser evitado. Se o argumento da dívida e do défice fosse decisivo, o presente ataque aos professores e à escola pública não tinha começado em 2006, como efectivamente começou, com os precisos contornos e conteúdo que mantém hoje. Se esse argumento não fosse uma mistificação, a percentagem do Produto Interno Bruto e dos gastos do orçamento público que vão para a educação tinha-se mantido, o que significava que a educação tinha sofrido na mesma medida em que sofreram os outros sectores. Mas isso não é verdade. Portugal tem hoje uma percentagem de gastos com a educação já muito inferior a 4% do PIB, a mais baixa de toda a Europa e uma das mais baixas do mundo.
O que está a ser feito nas escolas desde Sócrates e Lurdes Rodrigues e com uma intensidade ainda maior com a equipa Coelho/Portas/Crato, corresponde a uma revolução na direcção do passado. Essa revolução significa a eliminação de todas as aquisições positivas e progressistas da ciência educativa, da pedagogia e da humanização das relações educativas que foram sendo alcançadas ao longo do tempo. As escolas estão a ser transformadas em campos de concentração, nos quais as crianças e os jovens sejam sujeitos a um trabalho de fábrica e os poucos professores que restem funcionem como capatazes desse trabalho. O computador e os currículos online destinam-se a desempenhar, nesta dramática evolução da educação de massas, o papel que a máquina a vapor e as tecnologias associadas desempenharam no período da primeira revolução industrial. O objectivo é entregar a exploração lucrativa da indústria educativa ao grande capital privado e aos grandes grupos económicos internacionais que já estão no terreno com este objectivo.
É para isto que se está a reduzir a metade o número de professores nas escolas e a concentrar os alunos em grandes espaços onde o computador imponha cadências automáticas e implacáveis no trabalho escolar e onde um estatuto disciplinar de caserna procure conter a luta e a revolta dos estudantes. É por isso que se pretende acabar com o Estatuto da Carreira Docente, impor aos professores o estatuto da Função Pública e, depois, fazer absorver este último no Código de Trabalho. É com aquele objectivo que o ordenado do professor está a ser rapidamente reduzido até ao nível do de um trabalhador indiferenciado. E é, finalmente, tendo aquele fim em vista que se sucedem os programas, as decisões e as intenções declaradas do governo e da tróica de preparação da privatização em massa das escolas pública, desde a criação da Parque Escolar e respectivos projectos, até ao aumento do financiamento às escolas e grupos privados da educação, passando pela entrega da gestão total das escolas às câmaras municipais, pela outorga do ensino profissional a entidades privadas e pela instituição de propinas na escolaridade obrigatória.
A luta dos professores tem de ser intensificada e tem de mobilizar a grande maioria dos docentes das escolas. Ela é uma parte importante da luta geral dos trabalhadores e do povo português pela democracia e pela independência nacional. A defesa da escola pública, a construção de uma educação pública democrática e de qualidade e a salvaguarda e recuperação da dignidade da profissão docente, são objectivos que, nas condições presentes, são inseparáveis do combate pelo derrube do governo de traição nacional PSD/CDS, a expulsão da tróica alemã e a construção de um governo democrático patriótico.
Os professores vencerão porque o povo vencerá! Todos à manifestação nacional de professores do próximo dia 26 de Janeiro!

Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/pais/93-educacao/544-os-professores-portugueses-estao-na-luta-pelo-derrube-do-governo-e-pela-expulsao-da-troica-em-defesa-da-educacao-e-da-escola-publica

O monstro


Citado pelo jornal inglês The Guardian, o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, afirmou, numa reunião destinada a preparar cortes orçamentais nos sistemas de saúde e segurança social do seu país, que os cuidados de saúde para os doentes mais idosos são um “custo desnecessário” para a economia e que devia ser permitido “deixar esses doentes morrer rapidamente” para garantir o equilíbrio das contas públicas.
O assassínio em massa de uma parte da população foi assim defendido abertamente pelo principal responsável pela condução das políticas económicas num dos países mais avançados do sistema global actual. Para alguma esquerda bem pensante e almas caridosas afins, está-se em presença de um monstro que é preciso neutralizar em nome do interesse geral. Mas este indivíduo limitou-se a exprimir sem subterfúgios, a propósito de um drama social, aquela que é a lógica de organização social em que vive o Japão, Portugal e uma grande parte dos países do mundo.
O “interesse geral” nesses países, no momento actual, determina que a economia só pode funcionar se se puder liquidar aquela parte da sua população que, além de não produzir, ainda gasta recursos desnecessariamente. Esse “interesse geral” é iníquo, mas ele não é imposto por algumas mentes desvairadas, está sim no cerne do funcionamento das instituições vigentes. O senhor Taro Aso não é um “monstro” isolado, ele é sim a personificação dos interesses da classe que dirige o Japão, Portugal e uma grande parte dos países do mundo, a classe capitalista.
Para que a população idosa não seja assassinada em massa, não basta arredar os “monstros” como Taro Aso. Se este for demitido e mais nada se fizer, virá outro “monstro”, que até pode ser contido nas palavras, mas que fará precisamente o mesmo. O mal tem que ser cortado pela raiz. Os Taro Aso são apenas cabeças individuais do verdadeiro monstro que há que derrubar: a classe capitalista no seu todo. Esta dirige e beneficia de um sistema económico e político que, para poder funcionar e sobreviver, tem de explorar até à medula os trabalhadores e precisa de liquidar sistematicamente milhões de vidas “excedentárias” em cada país e em todo o mundo.
Não é por acaso que aparecem agora, como cogumelos, os Taro Aso. O sistema capitalista está atingido por uma crise mortal, a qual é ainda mais intensa e profunda do que outra crise também mortal que ocorreu na primeira metade do século XX. Foi esta última crise que engendrou outros “monstros” exterminadores, como Adolf Hitler. Para tentar sobreviver na competição mundial e evitar o colapso do seu sistema de exploração, as classes capitalistas fizeram então desencadear duas guerras mundiais em que morreram centenas de milhões de pessoas. Cada uma dessas guerras fez eclodir, em múltiplas regiões e países, os germens de um sistema comunista alternativo ao capitalismo. As “soluções finais” de extermínio em massa que os “monstros” do capitalismo hoje preparam e executam, servindo-se dos seus governos, exércitos e polícias, só poderão ser evitadas se, retirando os ensinamentos das revoluções socialistas inacabadas ou abortadas pela história e pela traição, os operários e os trabalhadores em cada país e organizados à escala global, protagonizarem novos movimentos revolucionários pelo socialismo e pelo comunismo.
A Europa tem também múltiplos “monstros”, como o ministro das Finanças japonês. Angela Merkel é um deles, como o é também Durão Barroso, entre outros. As “soluções finais”, procuram estes transferi-las, em primeiro lugar, para os países colonizados pelo imperialismo germânico. Mesmo que os idosos alemães sejam de momento poupados, os portugueses e os gregos são para exterminar já.
Em Portugal, os “monstros” não têm ainda um discurso cristalino como Taro Aso, mas a diferença já não é muita. Quando Passos Coelho e Paulo Portas defendem e praticam o princípio de que os “direitos adquiridos são para acabar”, eles dizem o mesmo que aquele, mesmo sem usar palavras tão cruas. Quando Paulo Macedo impõe o racionamento nos hospitais e centros de saúde, quando Manuela Ferreira Leite diz que os idosos que quiserem usufruir de serviços de saúde têm de os pagar, ou quando Vítor Gaspar, depois de um enorme aumento de impostos ter sido aplicado, vem dizer que os portugueses não podem ter um serviço nacional de saúde condigno porque não o financiam, eles estão a defender e a praticar a mesma política de extermínio da população idosa que o japonês preconiza. A diferença é apenas na forma, o conteúdo é exactamente o mesmo.
Não é difícil saber afinal por que razão o governo PSD/CDS proibiu recentemente os jornalistas de fazer a cobertura de um colóquio por si organizado para debater o futuro dos “direitos adquiridos” pela população trabalhadora na saúde, na educação e na segurança social. É que os Taro Aso eram mais que muitos naquele debate, em que os convidados foram escolhidos a dedo. E os jornalistas, mesmo sendo na sua maioria ecos da voz do dono, podiam reportar alguma frase escaldante, daquelas que os participantes costumam utilizar nos conciliábulos privados em que conspiram contra os trabalhadores e contra o povo.
O derrube desta corja que nos explora e assassina e a expulsão da tróica germano-imperialista que a comanda, são o primeiro e urgente passo de uma tarefa muito mais vasta e importante. As classes exploradas e oprimidas têm de afrontar e vencer as classes capitalistas e o sistema de exploração que está ao seu serviço. Uma forte corrente comunista no actual combate pela democracia e pela independência nacional é indispensável para que esse combate atinja os seus objectivos imediatos, mas também para que não volte a acontecer em Portugal o que sucedeu na sequência da revolução democrática do 25 de Abril de 1974. Os “monstros” disfarçados de democratas e até de socialistas voltaram então a tomar conta do país e fabricaram a tragédia nacional actual. Se e quando triunfarem no presente combate por um governo democrático patriótico, a classe operária e os trabalhadores tudo têm de fazer para que tal retrocesso não volte a acontecer.
Para os trabalhadores e o povo poderem viver, o capitalismo tem de morrer!


Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/internacional/540-o-monstro

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O “milagre” da multiplicação da “dívida”!


Os “milagres”, na história da humanidade, sempre serviram para iludir e manipular as mentes, acreditam aqueles que, por saberem que se a verdade for conhecida, o ópio, o veneno da mentira, mesmo que mil vezes repetida, não iludirá os povos. Por isso preferimos um ditado popular que reflecte – e bem – o bom senso do povo: a mentira tem perna curta!

Podem repetir à exaustão a história da multiplicação dos pães, do discurso de Santo António aos peixes, da travessia a pé por cima das águas do lago. São cada vez menos aqueles que se deixam inebriar pelo ópio que é a “fé” de que estes eventos tiveram, efectivamente, lugar.

É como o “milagre” anunciado pelo Gaspar e pelo governo de traição que integra, do regresso de Portugal aos “mercados”. Acrescentar dívida à dívida, eis a fórmula, eis o milagre. Ah!, dizem em defesa da “ mezinha miraculosa”, mas a pagar menos juros e levando a que se tenha de a pagar de forma mais diferida no tempo!

O desvelo na defesa deste milagre é tal que, quer o PS e Seguro, quer os que tentam apear o Seguro da direcção do PS, e as “personalidades” do costume, encarregues nestas ocasiões de cantar “hosanas” a Coelho e a Portas e aos seus patrões da tróica germano-imperialista, vêm a terreiro promover a ideia do grande alívio que constitui para o país, Portugal ter hoje ido aos “mercados” (leia-se, banca especuladora) e, pasme-se, a procura de obrigações pela emissão de dívida ter sido manifestamente superior à oferta!

Mas, vejamos! Como é que aumentar  dívida à dívida pode ser uma boa saída para os trabalhadores e o povo português? Mesmo que os juros sejam inferiores àqueles que têm sido praticados pelos “beneméritos” da tróica – em representação dos mesmíssimos grupos financeiros e bancários que até agora têm “emprestado” dinheiro para sanear “a dívida pública” – um simples entendimento do princípio da matemática demonstra que não havendo crescimento da economia numa taxa, no mínimo, igual, à dos juros que são aplicados a esses “empréstimos”, a dívida não diminuirá…AUMENTARÁ!

Se, paralelamente, pelo facto de o nosso tecido produtivo ter sido ferido de morte e destruído sistematicamente  no decurso das últimas décadas, fruto das políticas serventuárias dos sucessivos governos PS, PSD e CDS, na defesa dos interesses das grandes potências europeias, com a Alemanha à cabeça, precisamos de importar mais de 80% daquilo que necessitamos para alimentar o povo e gerar economia, como é que novas “emissões de dívida pública” e o deferir no tempo e no modo o pagamento da “dívida soberana” pode conduzir à…redução da dívida ou anular – mesmo que a médio prazo – a “austeridade” e prevenir a transferência de activos e empresas estratégicas públicas para as mãos de privados?

Se não baseamos a nossa economia na recuperação do nosso tecido produtivo, no aproveitamento da nossa posição geoestratégica única – como porta de entrada e de saída do essencial das mercadorias de e para a Europa -, se não implementarmos um arrojado, mas ponderado, plano de investimentos, que coloque a economia ao serviço do povo e assegure a nossa independência nacional, como será revertido o imparável ciclo de endividamento e, logo, como se pagarão “dívidas” …IMPAGÁVEIS?!

Claro que não pode! Não só a “dívida” disparará incontrolável – como aconteceu na Grécia, apesar do “perdão” com que a tróica “bafejou” aquele país -  como a perda de soberania, as condições de vida do nosso povo, o desemprego e a precariedade, o aumento do custo de vista, a limitação do acesso à saúde e à educação, o roubo dos salários e do trabalho, se agravarão exponencialmente.

Segundo a lei da gravidade, as “dívidas”, tal como as árvores não podem crescer até ao infinito do céu. Mas, os governos de traição, esses, podem, devem e vão cair. Pela  “lei da gravidade” imposta pela luta dos trabalhadores e do povo,  que deve levar à prática esse objectivo central de luta mais cedo do que tarde!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Os ajustamentos da traição!


E ao sétimo dia deu-se o “milagre” da “refundação” da política do “bloco central”. Tantas “agruras”, tanta “oposição violenta…mas construtiva” e eis o PSD, com o cachorrinho amestrado Portas pela trela, aos beijos e abraços a Seguro e à sua “estratégia” de defender um “ajustamento credível” da dívida, uma renegociação pedindo mais tempo, mais dinheiro e juros mais baixos para fazer face a uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, um “ajustamento” que permita “voltar aos mercados”.

Seguro, todo ufano, lá vem afirmar que “ detesta ter razão”! E que ainda não está satisfeito! Quer mais, pois o desemprego é uma chaga que o preocupa e é necessário ainda mais dinheiro, veja-se lá, para criar economia e promover o emprego! E nem vislumbra que, se os “mercados” reagiram tão bem ao anúncio de Gaspar, e o directório europeu acolheu tão bem a proposta, é porque vêm nesta medida mais lucros a entrar, mais activos de que se apoderarão, mais trabalho baratinho, pouco qualificado e intensivo para lhes proporcionar a tão desejada “competitividade”.

Ou seja, destruído o nosso tecido produtivo, através dos calamitosos acordos que o seu partido e o PSD, com a cumplicidade do CDS, foi assinando com um directório europeu manipulado pelos interesses germânicos, esta gente persiste na mesma receita que levou a termos de importar mais de 80% daquilo que necessitamos para alimentar o povo e gerar economia, persiste na receita que leva a um endividamento incontrolável e IMPAGÁVEL, e pedincha ainda mais dinheiro, a pagar mais juros faraónicos, para engrossar ainda mais a “dívida soberana” e proporcionar a alegria maior para os grandes grupos financeiros e bancários – sobretudo os alemães – isto é, encher os cofres à custa do sangue, do suor e da miséria do povo português, à custa da perda da nossa soberania.

Chegámos a um ponto em que os campos estão cristalinamente definidos: de um lado, todos aqueles que, quer tenham assinado, quer não, o memorando de entendimento com a tróica germano-imperialista, aceitam o pagamento de uma dívida – no todo ou em parte é irrelevante – que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício.Bem pelo contrário! No quadro da defesa do princípio de que “os portugueses estiveram a viver acima das suas possibilidades”, ao que estamos a assistir é a um brutal genocídio fiscal, a um inaudito roubo dos salários e do trabalho, à drástica limitação do acesso à saúde e à educação para os trabalhadores e para o povo, ao aumento inaudito dos transportes, da água, da luz, do gás, dos produtos mais básicos sobre os quais este governo de serventuários fizeram incidir a taxa máxima de IVA, enquanto para um desporto “popular” como o golf foram magnânimos.

Bem que pode vir agora Seguro dizer que, face ao pedido de renegociação agora anunciado pelo governo, através do Gaspar Dixit, o PS “sempre teve razão”. No mesmo trilho, aliás, podem estar muito satisfeitos o BE ( e a IAC), bem como o PCP, apesar de virem afirmar que não é  esta a “renegociação/reestruturação” que defendem.

Havendo uma tão vasta “coligação” em torno da “reestruturação/renegociação” da dívida – mais propriamente, com a anuência de todos os partidos do “arco parlamentar” – os trabalhadores, o povo, os intelectuais, os jovens estudantes e trabalhadores, os reformados e pensionistas, os desempregados e os precários, que em 15 de Setembro do ano passado vieram para as ruas dizer alto e bom som que, quanto a esta dívida, a sua posição era a de NÃO PAGAMOS!, devem agora confrontar todos estes traidores e oportunistas com uma simples pergunta:

Alargado o prazo para pagamento da dívida, renegociados juros mais baixos, sendo engrossado o montante do “empréstimo” solicitado à tróica, QUEM VAI PAGAR!? Quem beneficiou da dívida, os grandes grupos financeiros e bancários ou o povo que nada teve a ver com as condições que foram criadas pelos sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, para que ela se formasse, aumentasse de forma incontrolável e se tornasse IMPAGÁVEL?

A resposta a esta questão será a pedra de toque que distinguirá, sem qualquer margem para dúvidas, aqueles que admitem a subjugação do nosso povo e do nosso país aos interesses da tróica germano-imperialista - apesar de alguns, em palavras, se dizerem contra as políticas terroristas e fascistas que a tróica manda aplicar, através dos seus lacaios e serventuários Coelho, Portas e Cavaco - daqueles que, persistentemente têm defendido que esta dívida não passa de um instrumento através do qual o imperialismo germânico pretende fazer aquilo que nem Hitler conseguiu: invadir, dominar e subjugar os povos europeus!

1º Encontro Nacional da IAC


“Reestruturar” ou repudiar a dívida?         


Decorreu no passado sábado, dia 19 de Janeiro, o 1º Encontro da IAC (Iniciativa para uma Auditoria Cidadã) sobre a dívida pública. Dos oradores anunciados, os que mais interessaria ouvir, até porque defendem que a auditoria à dívida, quer nos seus países – quer em todos aqueles em que se coloque a questão – deve ser acompanhada de uma exigência da suspensão do pagamento da dívida e do serviço da dívida, um deles, Nick Dearden, não pôde estar presente, tendo a organização atribuído esse facto ao mau tempo que se registou no dia de sábado em todo o país. Mas, Eric Toussaint, apesar de mais tarde do que estava anunciado, interveio para voltar a insistir no que já tinha defendido o ano passado no cinema S. Jorge.

Isto é, que a dívida é uma fraude e que"Pagar ou não pagar a parte ilegítima da dívida deve ser um tema central". Paradigmático de que as “dívidas soberanas” são meros instrumentos através das quais o imperialismo germânico procura dominar e subjugar os povos dos países que constituem os “elos mais fracos do sistema capitalista” na Europa, é o exemplo que deu da Grécia, país que “beneficiou” recentemente da “reestruturação” da dívida, mas que nem por isso o seu povo deixou de ser vítima de um roubo, referindo que "…em março de 2012, a relação da dívida com o PIB era de 160%” e que “... segundo o FMI, em 2013, depois de um ano de 'redução da dívida', ela representará 182% do PIB grego. Quer dizer que a dívida aumentou e passou dos bancos privados para a troika", acrescentou Toussaint.

Coordenador do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (anulação e não “reestruturação” ou “renegociação”), Eric Toussaint deu inúmeros exemplos na história recente que provam que "todas as reduções radicais da dívida foram resultado do acto unilateral por parte de um país endividado", sendo as únicas excepções a esta regra, sintomaticamente,  os países que estavam sob a esfera de influência dos EUA, como a Polónia – após o desmantelamento da União Soviética – e o Egipto durante a crise do Golfo, concluindo que "os povos europeus não podem esperar da troika uma reestruturação justa e aceitável".

Considerando que a auditoria cidadã não deve ser encarada como “um exercício apenas intelectual para demonstrar o que a dívida significa, mas um instrumento para mobilizar as pessoas”,Éric Toussaint reforçou a ideia que já tinha defendido no Cinema S. Jorge o ano passado, de que auditoria cidadã da dívida devia ser encarada, quer como um "instrumento para consciencializar e mobilizar o povo contra as políticas anti-sociais e a dívida ilegítima", quer para "conseguir uma interrupção do pagamento, obrigando os credores a assumir as perdas, ou repudiando a parte ilegítima da dívida".

O certo é que a “doutrinação” em torno da estratégia da “reestruturação” e da “renegociação” da dívida, para além de continuar a ser a bíblia da IAC, tão cara ao BE (estava presente na assistência, para além da Francisco Louçã, um significativo número de elementos da direcção do BE), se tornou mais evidente neste “encontro nacional”, fazendo ouvidos de mercador ao que Eric Toussaint defendeu neste Encontro,  reafirmando propostas que já tinha defendido, tal como Maria Lucia Fattorelli, no ano passado, na Convenção da IAC que teve lugar no Cinema S. Jorge, em Lisboa.

Bem pode Castro Caldas aventar timidamente a hipótese da saída de Portugal do euro, que tal projecto é imediatamente contrariado pela agenda proposta pela IAC, nomeadamente a “exigência” dirigida ao governo PSD/CDS da criação de uma “Comissão” para auditar a dívida. Para deitar areia para os olhos do povo que já afirmou, vezes sem conta, que não está disposto a pagar uma dívida que não contraiu, defende agora a IAC que o governo, para além de formar a tal “Comissão” para auditar a dívida, deve“exigir” uma “moratória” para o pagamento dos juros. Mas a dívida, essa, é para pagar! O oportunismo desta gente não tem limites. Por isso a direcção da IAC foge como o diabo da cruz a perguntas tão simples como: qual é a parte da dívida que é “legítima”? O povo português deve pagar a dívida?

É precisamente porque não querem ser confrontados com este tipo de questões, que a organização do “1º Encontro” e a direcção da IAC, tudo fizeram para que o debate democrático não ocorresse nem, muito menos, outras propostas pudessem  ser publicitadas ou discutidas neste evento.

Várias foram as vozes que se levantaram para denunciar que toda a organização deste Encontro estava inquinada da mais básica manipulação e prática anti-democrática, sendo exemplo disso o facto de  o relatório sobre a actividade da IAC no último ano, só ter estado disponível no seu site, a partir das 22 horas de 6ª feira (o dia anterior à realização do Encontro), 18.01, não tendo estado, no entanto, disponível online pelo menos entre as 00:23 e as 09:03 de sábado. Ora, que outra ilação se poderia retirar deste facto senão a de que, apesar de se anunciar um amplo e democrático debate, o objectivo era o de limitar o conhecimento e coartar a possibilidade de se conhecer e analisar o conteúdo do mesmo de forma atempada, ou sequer apresentar outras propostas?

A direcção da IAC, tal como o BE, nada aprendeu neste último ano. Continua, apesar de todas as demonstrações em sentido contrário, quer de intelectuais quer, sobretudo, dos trabalhadores e do povo que se têm oposto firmemente ao pagamento de uma dívida que não contraíram – e o exemplo da manifestação de 15 de Setembro do ano passado está aí para o demonstrar -, nem foi contraída em seu benefício, a defender com unhas e dentes a sua “dama” da “renegociação/reestruturação” da dívida. Não perceberam que se hoje nem 10% das pessoas que estiveram na Convenção do ano transacto no cinema S. Jorge se dispuseram a participar neste 1º Encontro, tal se deve a que as teses que vêm defendendo, apoiando-se em critérios eminentemente “técnicos”, abordando apenas e tão só os efeitos e não dissecando as causas, têm sido um factor desmobilizador fatal para que uma iniciativa deste género pudesse ser um instrumento fundamental na luta pelo não pagamento da dívida.

Apesar da intervenção de ANTONIO SANABRIA MARTÍN, da ATTAC Espanha, um convidado que veio falar sobre a natureza da dívida naquele país, se centrar na defesa da suspensão da mesma, com base no pressuposto de que, quanto à dívida privada – empresas, entidades financeiras e famílias – não é justo exigir-se a toda a população que pague uma dívida que, de facto, não contraiu, apesar de este orador ter demonstrado que os dados revelam que somente 10% das famílias – as das classes media e alta – é que tiveram um endividamento de cerca de 65%, o que contraria a tese, também defendida pela burguesia em Espanha, de que “o povo espanhol esteve a viver acima das suas possibilidades”, a monolítica direcção da IAC vem “exigir” que o governo se disponibilize para criar uma “Comissão” em que participem todos os partidos parlamentares para se analisar a dívida. Ou seja, vem propôr que a “concertação social” se estenda, também, à análise da dívida.
Quer isto dizer que consideramos que a realização de uma Auditoria à Dívida não é necessária? Claro que não! O que defendemos, desde o princípio, é que, enquanto decorre essa auditoria deve ser uma exigência mínima a suspensão do pagamento da dita e do “serviço da dívida” (juros + amortizações). O que defendemos é que se criem as condições políticas para que haja um amplo e democrático debate e não uma manipulação que instrumentalize uma iniciativa com a importância política que esta tem para os trabalhadores e para o povo português, que a está a direccionar, de forma oportunista,  para a defesa de uma agenda – a “reestruturação/renegociação” da dívida – que já foi escrutinada nas ruas, tendo as massas deixado claro que a agenda que querem prosseguir é a de que NÃO PAGAMOS!

O que defendemos é que se envolvam os trabalhadores e o povo nesta discussão tão importante para o seu futuro e para a sua mobilização para a luta pela suspensão, no mínimo, do pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, e não através de uma “torre de marfim” onde só alguns “iluminados”, desfasados do clamor das ruas, tem tido assento.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Pela boca morre o peixe


Em entrevista recente ao Diário de Notícias e à TSF, quando perguntado se, enquanto eventual primeiro-ministro, diminuiria os impostos sobre o trabalho, António José Seguro respondeu: “Não estou em condições de prometer isso aos portugueses”.
Com uma só frase, Seguro arrumou de vez com qualquer pretensão do PS a afirmar-se como alternativa ao actual governo PSD/CDS. Ele que se armou em oposição votando contra um Orçamento de Estado cuja principal característica é a de um aumento brutal e assassino nos impostos sobre o trabalho, vem agora dizer, com uma simples frase, que afinal concorda com o Orçamento e com o genocídio fiscal que ele representa.
Com aquele seu ar de seminarista, o secretário-geral do PS dirá que é uma pessoa séria e responsável e que, por isso, não pode nesta altura comprometer-se com uma questão que requer ainda uma análise séria e profunda. Mas na mesma entrevista, Seguro diz que o PS está pronto para assumir as suas responsabilidades como governo alternativo, se for caso disso. Não há portanto volta a dar.
Será esta uma gaffe de um oportunista, que ele gostaria de corrigir se pudesse? Evidentemente que não. Seguro sabe ao que vem. Antes que possa tomar posse de um eventual cargo de primeiro-ministro ou vice ou lá o que seja, ele precisa de prestar juramento ao patrão, neste caso à patroa. Quando Seguro ostenta aquela expressão de meio-aflito que o caracteriza, ele estará sempre a pensar no que dirão os da tróica. E aquela pergunta foi tão directa que o homem não arranjou maneira de se escapulir.
Está feito, está feito. Agora o PS que desfaça o nó. Afinal o Seguro é igual ao Sócrates – tudo para os capitalistas, nada para os trabalhadores. E ainda por cima não tem a destreza do turista de Paris a safar-se de embrulhadas. Com este não vão lá. Nem com este nem com outro da mesma igualha. Os trabalhadores e o povo português já os conhecem de ginjeira e reservam-lhes um lindo enterro em futuras eleições.
Talvez seja esta uma boa ocasião para que os trabalhadores que se mantêm fiéis ao PS se interroguem sobre o que querem do partido em que militam ou que apoiam. Já viram que, por detrás dos discursos vagos e vazios do seu chefe e restante equipa dirigente, o que há é um apoio cerrado às políticas da tróica, aos roubos sucessivos do seu trabalho e do seu rendimento e à liquidação impiedosa das suas condições de vida.
Vivemos uma época em que não são admissíveis hesitações ou meios termos. A hora é a do derrube do governo de traição nacional PSD/CDS e da expulsão da tróica. E os Seguros não têm lugar na alternativa que é preciso construir.


Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/536-pela-boca-morre-o-peixe2013

A partir de 01 de Janeiro de 2013


Tratado Orçamental Europeu cauciona colonização imperialista!



Entretidos e inebriados com a proposta de “debate” que PSD e CDS endereçaram ao PS, para que discutissem, no remanso dos salões e dos gabinetes, a “refundação” da constituição e as implicações que as mesmas teriam para o tipo de “estado social” a que o povo pode almejar e não ao que contribuiu com os seus impostos para ter o direito de desejar.

 Enredados na catadupa de notícias sobre tornados, incêndios na Austrália, baleias azul a parir em pleno Pacífico, uma fratricida guerra civil na Síria, patrocinada pelas mesmas potências imperialistas que estiveram envolvidas nas “revoluções árabes” que se operaram na Líbia, no Egipto ou na “libertação” do Mali, os trabalhadores e o povo português nem se deram conta de que, a partir de 01 de Janeiro de 2013 não foi apenas a Lei Geral do Orçamento para 2013, que encerra o maior genocídio fiscal de que há memória no nosso país, que entrou em vigor.

De facto, a 01 de Janeiro deste ano, entrou em vigor o “tratado orçamental europeu” que permite ao directório europeu, manipulado e ao serviço dos interesses imperialistas da fuhrer do IV Reich, Angela Merkel, deter todo o poder sobre os países que, em 2009, assinaram o Tratado de Lisboa e caucionaram a aplicação do dito Tratado, mesmo que sem para tal estivessem legitimados pelos respectivos povos para o fazer (fugiram, aliás, da reivindicação que muitos democratas e patriotas faziam de que se realizassem referendos nacionais para que os povos se pudessem pronunciar sobre a perda de soberania que tal Tratado implicava).

Quando se afirma, portanto, que Coelho e Portas são dois miseráveis traidores e serventuários ao serviço da tróica germano-imperialista, não é de uma figura de estilo, ou literária, que se trata. É de uma realidade insofismável. A de que, já neste OE para 2013, quem escreveu as linhas com que ele se tece não foi o Gaspar nem, muito menos, o Coelho.

A esses cabe, isso sim, a tarefa de serem uma espécie de “relações públicas” e tradutores da Comissão Europeia, dourando a pílula da exploração que implicam a “contenção orçamental”, a “redução do deficit” , o roubo dos salários e do trabalho (que colocam Portugal na condição da “Malásia” da Europa), a completa destruição do nosso tecido produtivo, a transferência, a preços de saldo – via privatizações – do que sobrou dos nossos activos e empresas estratégicas. Porque, de facto, tudo passou a ser decidido em Berlim, anunciado em Bruxelas e executado pela equipa de serventuários Coelho/Portas – com o incondicional apoio de Cavaco – em Lisboa.

A colonização do nosso país, a sua transformação em protectorado, há muito que se vinha operando. O que o Tratado de Lisboa consumou foi, apenas e tão só, a formalização da invasão, sem que necessário fosse disparar um único tiro, da ocupação e subjugação do nosso povo a uma entidade – a União Europeia -  que serve os interesses de uma potência estrangeira, a Alemanha. Potência que, na qualidade de inimiga dos interesses do nosso povo e da nossa soberania, deve concitar a unidade do povo para que o instrumento através do qual consolida essa invasão e domínio – a tróica germano-imperialista – seja expulsa, sem delongas ou hesitações, do nosso país.

Torna-se cada vez mais claro que os grandes grupos financeiros e bancários que subscreveram e comparticipam no capital social do Banco Central Europeu levaram a cabo, através da sua fiel representante, a fuhrer Angela Merkel, uma sagaz estratégia que se começou a evidenciar, em 1993, com o Tratado de Maastricht e mais tarde, em 2009, com o Tratado de Lisboa, para o que contaram com os instrumentos que laboriosamente foram criando: UE, BCE e euro (o marco travestido), com o objectivo de proporcionar à Alemanha um domínio absoluto sobre a economia europeia e sobre a política que mais convém a este país ser seguida nos países entretanto ocupados e subjugados para reforçar o seu papel como potência imperialista no teatro mundial.

Através, primeiro, da destruição dos tecidos produtivos de vários países e, depois, do endividamento a que os sujeitou por terem de importar, em muitos casos (como o de Portugal), mais de 80% daquilo que necessitam para alimentar as suas populações ou gerar economia, esses grupos financeiros e bancários passaram a servir-se das “dívidas soberanas” para uma autêntica pilhagem dos recursos desses países (incluindo os financeiros), à pala do pagamento de juros faraónicos determinados pelo colete de força imposto aos estados membros do “clube do euro” que os impedia de recorrer a empréstimos directos no BCE, a 0,5 ou 1% de juros, operação a que só os bancos comerciais teriam acesso, para depois  vender dinheiro ao estado, a empresas e particulares, a 5 e 6% (isto é, com 500 e 600% de margem), ao mesmo tempo que, através do euro, e do controlo monetário que, a partir de 2002, a introdução desta moeda possibilitava,  apertava a tenaz sobre os “elos mais fracos da cadeia capitalista” no continente europeu e consumava aquilo que nem Hitler tinha conseguido: a invasão, ocupação e subjugação pela Alemanha de parte substancial da Europa (sempre com o objectivo, no entanto, de a vir a ocupar por inteiro, vencendo algumas vozes timidamente resistentes).

O “Tratado Orçamental Europeu”, concebido em Bruxelas, mas ditado por Berlim, a partir de agora, não já apenas do ponto de vista formal, mas do ponto de vista real, é que decidirá, também em Portugal, quais os cortes e respectivos montantes que deve haver nas “prestações sociais”, qual o nível de acesso à saúde e à educação a que os trabalhadores e o povo poderão ter direito, quais os montantes das subvenções para a cultura ou os montantes das pensões a atribuir a reformados e pensionistas, qual o salário mínimo, qual o esforço a que o povo tem de ser sujeito, através da carga fiscal que lhe está a ser imposta, para salvar um sistema bancário que durante anos se entreteve a distribuir fabulosos lucros entre os accionistas, em vez de capitalizar a banca privada, que taxa de aumentos serão impostas para serviços essenciais para o povo como a água, a luz, o gás, as telecomunicações, etc.

O único caminho a trilhar para reconquistar a nossa soberania, que sucessivos governos do PS e do PSD, por vezes acolitados pelo CDS, e caucionados nos últimos anos por Cavaco Silva, venderam por 30 moedas, a única saída para os trabalhadores, os jovens, os intelectuais, os pequenos e médios empresários atirados para a falência ou em vias disso, é o derrube deste governo de serventuários Coelho/Portas, do seu avalista Cavaco e a expulsão da tróica germano-imperialista.

Só este caminho poderá levar à constituição de um Governo Democrático Patriótico que, para além da suspensão do pagamento da dívida e de preparar o nosso país para a eventualidade da saída do euro, leve a cabo um programa económico, com investimentos criteriosos, ao serviço dos trabalhadores e do povo, aproveitando a nossa posição geoestratégica única e recuperando o nosso tecido produtivo. Um governo que leve a nossa economia a assentar no princípio de contar com as nossas próprias forças e de levar a que as relações de Portugal com outros países passe a basear-se no pressuposto do respeito e das vantagens mútuas e não, como acontece no presente, a ver-se obrigado a ajoelhar perante os invasores.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Os povos africanos derrotarão os imperialistas e todos os seus lacaios!


                            A recente invasão do Mali pelas tropas francesas do “socialista” François Hollande, a pretexto de defender o governo deste país dos ataques de grupos radicais islâmicos, é mais uma manifestação da agressão e da prepotência imperialista sobre os países e povos africanos, merecendo dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo o mais firme repúdio.
O Mali é um exemplo do que significa o domínio imperialista sobre os povos e nações africanos. Sendo um dos lugares do mundo em que a população se encontra em maior estado de pobreza, este país tem enormes riquezas minerais (ouro, urânio, petróleo, gás natural, fosfatos, etc.), uma parte importante ainda sem exploração iniciada. Estas riquezas apenas beneficiam as grandes empresas capitalistas da Europa, dos Estados Unidos e, de uma forma crescente, também da China, revertendo uma parte para uma camada restrita da população autóctone, a qual se assume como uma classe dirigente déspota, corrupta e serventuária dos interesses imperialistas.
Assim, franceses, norte-americanos, chineses, britânicos, alemães e outras potências menores disputam-se ferozmente pelo controlo das riquezas sobretudo minerais situadas nos territórios de um grande número de países africanos. Nessas disputas procuram derrubar todos os governos dirigidos por burguesias nacionais ciosas de uma via autónoma de desenvolvimento para os seus países, para colocarem em seu lugar governos submissos às pretensões do grande capital que servem. Os principais meios que utilizam para atingir estes objectivos são o suborno directo a organizações e partidos políticos que actuem como seus testas-de-ferro, golpes militares, financiamentos e apoio militar a milícias de mercenários e, como no caso presente, intervenções militares directas.
Um antecedente directo da actual situação no Mali foi o recente derrubamento do governo da Líbia e o assassinato do seu presidente, Muamar Kadafi, através do apoio das potências imperialistas a uma pretensa “revolta popular”. Neste país, tudo o que eram grupos islâmicos mercenários e radicais foi fortemente financiado e armado. Bombardeamentos maciços da aviação norte-americana, britânica e francesa sobre alvos militares e estratégicos do poder líbio e a intervenção directa de contingentes militares franceses disfarçados de “populares líbios”, consumaram o propósito de derrubar um governo não suficientemente maleável aos interesses imperialistas.
Uma parte daqueles grupos de mercenários islâmicos, com armamento reforçado proveniente dos arsenais líbios, vieram instalar-se no norte do Mali (confinante com o sul da Líbia) onde, aproveitando a existência de um movimento nacionalista que luta pela autonomia e independência da região de Azawad aí situada, desencadearam acções militares de controlo de cidades e porções importantes do território do Mali. Um desses movimentos islâmicos, apresentado como um ramo da Al-Qaeda na região do Magrebe (AQIM), deriva de uma organização salafista argelina e apareceu quase em simultâneo com a criação, em 2007, do Comando Africano dos EUA (Africom), uma estrutura política e militar para coordenar as acções do imperialismo ianque em África. Tudo indica pois que se trata de um grupo estreitamente controlado pela CIA.
A presente intervenção militar francesa no Mali afirma ter como alvo principal o grupo AQIM e foi desencadeada ao arrepio das próprias resoluções do Conselho de Segurança da ONU que autorizaram a constituição de uma força militar africana, no âmbito da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEEAO), para apoiar o governo do Mali nas operações militares no norte do país. Só depois da invasão francesa ter começado é que o presidente interino do Mali “pediu ajuda internacional” e os principais países da CEEAO iniciaram preparativos para a constituição da força militar antes referida.
A iniciativa francesa tem por objectivo garantir as posições do imperialismo francês numa região que considera ser um seu protectorado, como antiga potência colonial. Esse protectorado está agora ameaçado pelo imperialismo ianque, que aposta num reforço da sua influência em África. No caso do Mali, este reforço de influência manifesta-se, por exemplo, no recrutamento de oficiais do exército como homens de mão e no treino militar às forças armadas do país. Um resultado evidente desta acção foi um golpe militar no Mali, em Março último, que depôs o presidente Amadou Touré, golpe militar esse que foi comandado por um oficial do exército, Amadou Sanogo, que, entre 2004 e 2010, recebeu treino militar e político nos EUA.
Como antes se afirmou, a invasão militar francesa é justificada pela “comunidade internacional” (um eufemismo para designar as potências imperialistas e os países por si dominados) pela necessidade de combater os movimentos radicais islâmicos, precisamente aqueles que foram utilizados pela mesma “comunidade internacional” para derrubar o governo líbio e que estão a ser usados para tentar derrubar o governo da Síria. Vítimas destas manobras são os povos destes países e agora também o povo do Mali e os grupos étnicos que neste país lutam pelos seus direitos e autodeterminação.
Lacaio dos interesses imperialistas, o governo português PSD/CDS já veio apoiar a agressão militar da França e já se ofereceu para participar com militares e material no apoio a essa agressão. Os demais países imperialistas, com destaque para os EUA, o Reino Unido e a Alemanha, ao mesmo tempo que manifestam apoio à acção francesa, procuram todos os pretextos para um envolvimento mais directo que permita garantir os seus interesses na região. O recente episódio numa exploração de gás natural na Argélia, onde, depois de grupos islâmicos, em retaliação contra a invasão francesa, tomarem como reféns cerca de 40 pessoas de várias nacionalidades que aí trabalhavam, as forças armadas argelinas desencadearam um ataque que originou a morte de muitos desses reféns, pode fornecer o pretexto para o envolvimento daqueles países nas operações militares, retirando o exclusivo à França.
Os povos oprimidos de África lutam contra a dominação e as manobras de agressão do imperialismo e lutam também contra os governos burgueses e reaccionários dos seus próprios países que são coniventes com as potências e os planos imperialistas e que, em alguns casos (como acontece com o Egipto, a África do Sul ou a Nigéria) procuram desempenhar um papel de potências regionais de acordo com uma lógica semelhante ao daquelas potências imperialistas. Nem a União Africana, nem a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental condenaram até agora a invasão militar francesa no Mali e, quer uma quer outra, dispõem-se a cumprir um papel de instrumentos dos grandes interesses imperialistas que se disputam, agora no Mali, ontem na Líbia e no Sudão, e amanhã noutras regiões e países de África.
Os trabalhadores e os povos oprimidos de África sempre travaram, e travam também hoje, importantes combates pela independência nacional, pelo progresso e pelo socialismo. O dever internacionalista dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo é apoiar essa luta e opor-se às agressões imperialistas perpetradas pelas burguesias dos seus próprios países contra os povos e nações oprimidas, onde quer que tais crimes sejam perpetrados.
Viva a justa luta dos povos africanos contra o imperialismo e os seus lacaios!
Viva o internacionalismo proletário!

Retirado de:
http://lutapopularonline.org/index.php/internacional/532-os-povos-africanos-derrotarao-os-imperialistas-e-todos-os-seus-lacaios