O caso do BPI a que ontem a “comunicação Social” deu destaque, é bem
paradigmático de como as “dívidas soberanas” têm constituído um excelente
negócio para os grandes grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, e de
como a banca privada portuguesa, que os serve, arrecada para os bolsos dos seus
accionistas parte do saque que estes, através do seu governo de serventuários
Coelho e Portas, efectuam sobre os nossos recursos e atirando para a fome e a
miséria, para o desemprego e a precariedade, milhões de trabalhadores e
elementos do povo.
É absolutamente necessário evidenciar que o resultado dos lucros que o
BPI registou em 2012, num montante de cerca de 250 milhões de euros – depois de
ter experimentado prejuízos de cerca de 285 milhões de euros em 2011 – se deve,
única e exclusivamente, ao facto de os trabalhadores e o povo português terem
sido forçados a caucionar empréstimos contraídos por este governo de
serventuários da tróica germano-imperialista, e de uma das principais tranches
se destinar, precisamente, a salvar a banca privada à custa de sucessivos
cortes nas “prestações sociais”, aumentos inauditos de impostos directos e
indirectos – que configuram um autentico genocídio fiscal -, do agravamento sem
paralelo na história do desemprego e da precariedade.
Este é um dinheiro manchado com o sangue, o suor e as lágrimas de todo um
povo. Adquirido com taxas de juro de 0,5 a 1% à tróica, através do aval do
estado (isto é, com o aval forçado do povo) e depois revendido ao estado, às
empresas e particulares com taxas de 5 e 6% ! Sem espinhas! Assim, o Ulrich
aguenta. O povo é que não!
O arrogante Ulrich dá-se ao luxo de, provocatoriamente anunciar que o
banco a que preside tem no horizonte a intenção de antecipar o reembolso ao
“estado português” de 200 milhões dos 1500 milhões
de euros, 1300 milhões dos quais através das 'CoCos' e os restantes 200 milhões
garantidos pelos accionistas, no âmbito de um aumento de capital previsto pelo “plano de recapitalização" da banca que
subscreveu, escamoteando que o recurso a esse plano se deveu ao facto de toda a
banca privada portuguesa ter optado, no passado recente, por distribuir
dividendos entre os seus accionistas em vez de acautelar os aprovisionamentos de
capital necessários a essa recapitalização. Na nossa memória persiste a
distribuição de dividendos pelos accionistas deste banco privado, no valor de
335,1 milhões de euros, em 2007.
Mas, a confirmar que esta gente só tem em mente o sacrossanto lucro, a
receita que este personagem e a direcção do BPI a que preside aplicou, foi um
autêntico “espelho” do que o governo que os seus interesses defende aplicou ao
povo português: desemprego e miséria!
Encerrando 12 balcões e lançando no desemprego 258 trabalhadores.
É por isso que um dos objectivos inscritos na luta dos trabalhadores pelo
derrube deste governo de traição e pela constituição de um governo democrático
patriótico é o do efectivo controlo da banca, de forma a que ela seja um
instrumento ao serviço de um novo modelo económico e político ao serviço do
povo e de quem trabalha. Aí, sim, veremos se os Ulrich desta banca corrupta e sanguessuga se aguentarão!
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