Os “milagres”, na história da humanidade, sempre serviram
para iludir e manipular as mentes, acreditam aqueles que, por saberem que se a
verdade for conhecida, o ópio, o veneno da mentira, mesmo que mil vezes repetida,
não iludirá os povos. Por isso preferimos um ditado popular que reflecte – e
bem – o bom senso do povo: a mentira tem perna curta!
Podem repetir à exaustão a história da multiplicação dos
pães, do discurso de Santo António aos peixes, da travessia a pé por cima das
águas do lago. São cada vez menos aqueles que se deixam inebriar pelo ópio que
é a “fé” de que estes eventos tiveram, efectivamente, lugar.
É como o “milagre” anunciado pelo Gaspar e pelo governo de
traição que integra, do regresso de Portugal aos “mercados”. Acrescentar dívida
à dívida, eis a fórmula, eis o milagre. Ah!, dizem em defesa da “ mezinha miraculosa”, mas a pagar menos juros e levando a que se tenha de a pagar de
forma mais diferida no tempo!
O desvelo na defesa deste milagre é tal que, quer o PS e
Seguro, quer os que tentam apear o Seguro da direcção do PS, e as
“personalidades” do costume, encarregues nestas ocasiões de cantar “hosanas” a
Coelho e a Portas e aos seus patrões da tróica germano-imperialista, vêm a
terreiro promover a ideia do grande alívio que constitui para o país, Portugal
ter hoje ido aos “mercados” (leia-se, banca especuladora) e, pasme-se, a
procura de obrigações pela emissão de dívida ter sido manifestamente superior à
oferta!
Mas, vejamos! Como é que aumentar dívida à dívida pode ser uma boa saída para os
trabalhadores e o povo português? Mesmo que os juros sejam inferiores àqueles
que têm sido praticados pelos “beneméritos” da tróica – em representação dos
mesmíssimos grupos financeiros e bancários que até agora têm “emprestado”
dinheiro para sanear “a dívida pública” – um simples entendimento do princípio
da matemática demonstra que não havendo crescimento da economia numa taxa, no
mínimo, igual, à dos juros que são aplicados a esses “empréstimos”, a dívida não
diminuirá…AUMENTARÁ!
Se, paralelamente, pelo facto de o nosso tecido produtivo
ter sido ferido de morte e destruído sistematicamente no decurso das últimas
décadas, fruto das políticas serventuárias dos sucessivos governos PS, PSD e
CDS, na defesa dos interesses das grandes potências europeias, com a Alemanha à
cabeça, precisamos de importar mais de 80% daquilo que necessitamos para
alimentar o povo e gerar economia, como é que novas “emissões de dívida
pública” e o deferir no tempo e no modo o pagamento da “dívida soberana” pode
conduzir à…redução da dívida ou anular – mesmo que a médio prazo – a
“austeridade” e prevenir a transferência de activos e empresas estratégicas
públicas para as mãos de privados?
Se não baseamos a nossa economia na recuperação do nosso
tecido produtivo, no aproveitamento da nossa posição geoestratégica única –
como porta de entrada e de saída do essencial das mercadorias de e para a Europa
-, se não implementarmos um arrojado, mas ponderado, plano de investimentos, que
coloque a economia ao serviço do povo e assegure a nossa independência
nacional, como será revertido o imparável ciclo de endividamento e, logo, como
se pagarão “dívidas” …IMPAGÁVEIS?!
Claro que não pode! Não só a “dívida” disparará
incontrolável – como aconteceu na Grécia, apesar do “perdão” com que a tróica
“bafejou” aquele país - como a perda de
soberania, as condições de vida do nosso povo, o desemprego e a precariedade, o
aumento do custo de vista, a limitação do acesso à saúde e à educação, o roubo
dos salários e do trabalho, se agravarão exponencialmente.
Segundo a lei da gravidade, as “dívidas”, tal como as
árvores não podem crescer até ao infinito do céu. Mas, os governos de traição, esses, podem, devem e vão cair. Pela “lei da gravidade” imposta pela luta dos trabalhadores
e do povo, que deve levar à prática esse
objectivo central de luta mais cedo do que tarde!
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