Mesmo antes de conhecido o Relatório do FMI, já o governo,
ciente de que o seu argumento de que o povo português “andou a viver acima das
suas possibilidades” já não merecia qualquer adesão, introduzia, de forma subreptícia,
uma nova falácia, uma nova forma de tentar manipular a consciência dos
trabalhadores e do povo.
Depois da tristemente famosa tese, de estarmos a viver “acima
das nossas possibilidades” para “justificar” as medidas terroristas e fascistas
que têm vindo a ser aplicadas por este governo de traição, Coelho e Portas
passaram a defender, no âmbito da “refundação” do estado que estão a propôr, e
apoiado por alguns “opinadores” profissionais, carreiristas de reconhecido
gabarito, uma nova tese: a de que o povo não pode ter “o estado que deseja”,
mas tão só o “estado que pode ter”.
Ou seja, sendo o princípio o mesmo, a nova formulação tenta,
uma vez mais, transferir para os trabalhadores e para o povo, que sempre se
viram espoliados através da política fiscal dos sucessivos governos PS e PSD,
por vezes acolitados pelo CDS, a responsabilidade pela “dívida soberana” e pela
crise, escamoteando que o acesso à saúde, à educação, a prestações sociais como
o subsídio de doença ou desemprego, a reforma, são direitos que os
trabalhadores conquistaram à custa dos impostos que para o efeito pagaram.
A existência de 3 milhões de elementos do povo a viver
abaixo do limiar da pobreza, o facto de mais de um quarto da população activa
ter sido lançada no desemprego, a circunstância de milhares de pequenas e
médias empresas abrirem falência, seriam argumentos suficientes para desmontar
esta falácia e colocar no eixo certo a discussão. Isto é, que os sucessivos
governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, foram desviando esses
impostos dos fins para os quais estavam destinados, para outros que não eram
consentâneos com os interesses dos trabalhadores e do povo português.
Mas, o que esta gente visa é escamotear que a dívida é um
instrumento – entre outros, como seja a Comissão Europeia, a tróica, o governo
dos traidores Coelho e Portas e do seu cúmplice Cavaco - de que se vale
actualmente o imperialismo germânico para subjugar os países aos quais impôs,
através de uma sagaz estratégia que passou por acenar com a “cenoura” dos subsídios,
com o “eldorado” da Europa com uma economia “solidária” e “subsidiária”, a
destruição dos seus tecidos produtivos a fim de os tornar totalmente
dependentes dos produtos que teriam de importar dos países mais ricos e
industrializados, mormente da Alemanha da fuhrer Merkel.
Esta gente o que visa é escamotear que essa “subsídio
dependência”, que encheu os bolsos a toda uma burguesia parasitária, mas não
serviu para implementar a modernização e a autonomia económica do nosso país,
nem, muito menos, possibilitou que um novo paradigma de economia, ao serviço do
povo, emergisse, deveu-se às sucessivas trafulhices jurídico-políticas que
estiveram na génese da criação das famigeradas PPP’s – nunca é de mais recordar
que surgiram que nem cogumelos nos governos de Cavaco -, deveu-se à especulação
financeira e bancária e à fraude que se generalizou em todo o sistema bancário.
Claro está que esta política promoveu um endividamento
progressivo e redundou numa insofismável realidade: é que esta dívida, para
além de não ter sido contraída pelo povo, nem dela o povo ter retirado qualquer
benefício, é IMPAGÁVEL!
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