sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mudam a letra, mas mantêm a música!


Mesmo antes de conhecido o Relatório do FMI, já o governo, ciente de que o seu argumento de que o povo português “andou a viver acima das suas possibilidades” já não merecia qualquer adesão, introduzia, de forma subreptícia, uma nova falácia, uma nova forma de tentar manipular a consciência dos trabalhadores e do povo.

Depois da tristemente famosa tese, de estarmos a viver “acima das nossas possibilidades” para “justificar” as medidas terroristas e fascistas que têm vindo a ser aplicadas por este governo de traição, Coelho e Portas passaram a defender, no âmbito da “refundação” do estado que estão a propôr, e apoiado por alguns “opinadores” profissionais, carreiristas de reconhecido gabarito, uma nova tese: a de que o povo não pode ter “o estado que deseja”, mas tão só o “estado que pode ter”.

Ou seja, sendo o princípio o mesmo, a nova formulação tenta, uma vez mais, transferir para os trabalhadores e para o povo, que sempre se viram espoliados através da política fiscal dos sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, a responsabilidade pela “dívida soberana” e pela crise, escamoteando que o acesso à saúde, à educação, a prestações sociais como o subsídio de doença ou desemprego, a reforma, são direitos que os trabalhadores conquistaram à custa dos impostos que para o efeito pagaram.

A existência de 3 milhões de elementos do povo a viver abaixo do limiar da pobreza, o facto de mais de um quarto da população activa ter sido lançada no desemprego, a circunstância de milhares de pequenas e médias empresas abrirem falência, seriam argumentos suficientes para desmontar esta falácia e colocar no eixo certo a discussão. Isto é, que os sucessivos governos PS e PSD, por vezes acolitados pelo CDS, foram desviando esses impostos dos fins para os quais estavam destinados, para outros que não eram consentâneos com os interesses dos trabalhadores e do povo português.

Mas, o que esta gente visa é escamotear que a dívida é um instrumento – entre outros, como seja a Comissão Europeia, a tróica, o governo dos traidores Coelho e Portas e do seu cúmplice Cavaco - de que se vale actualmente o imperialismo germânico para subjugar os países aos quais impôs, através de uma sagaz estratégia que passou por acenar com a “cenoura” dos subsídios, com o “eldorado” da Europa com uma economia “solidária” e “subsidiária”, a destruição dos seus tecidos produtivos a fim de os tornar totalmente dependentes dos produtos que teriam de importar dos países mais ricos e industrializados, mormente da Alemanha da fuhrer Merkel.

Esta gente o que visa é escamotear que essa “subsídio dependência”, que encheu os bolsos a toda uma burguesia parasitária, mas não serviu para implementar a modernização e a autonomia económica do nosso país, nem, muito menos, possibilitou que um novo paradigma de economia, ao serviço do povo, emergisse, deveu-se às sucessivas trafulhices jurídico-políticas que estiveram na génese da criação das famigeradas PPP’s – nunca é de mais recordar que surgiram que nem cogumelos nos governos de Cavaco -, deveu-se à especulação financeira e bancária e à fraude que se generalizou em todo o sistema bancário.

Claro está que esta política promoveu um endividamento progressivo e redundou numa insofismável realidade: é que esta dívida, para além de não ter sido contraída pelo povo, nem dela o povo ter retirado qualquer benefício, é IMPAGÁVEL!

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