sábado, 12 de janeiro de 2013

Maternidade Alfredo da Costa:


Um quarteirão de ganância!


Confrontado com a notícia de uma providência cautelar solicitada por 31 personalidades – entre as quais médicos, enfermeiros e utentes daquela unidade de saúde materna centenária – o ministro da Saúde Paulo Macedo, com a arrogância que o caracteriza desde os tempos em que era um “delfim” da banca portuguesa, respondeu de forma seca e curta que iria analisar, em concreto, os motivos e motivações de tal procedimento e que, em função dessa análise, tomaria – ele e o governo de traição que integra – uma posição.

A referida providência cautelar, que saudamos, mas que, de facto, constitui e se baseia numa visão recuada da luta pelo direito à saúde que os trabalhadores e o povo português devem encetar com clarividência e firmeza, exige do poder judicial que impeça a concretização do anunciado encerramento desta maternidade, adiando o mesmo para daqui a cerca de 3 anos, data em que está prevista a inauguração do novo Hospital de Todos os Santos, no distrito de Lisboa, que, segundo os subscritores, deveria acolher as equipas que neste momento desenvolvem a sua actividade na Alfredo da Costa e são uma massa crítica que não pode ser desprezada ou dispersada.

O contexto em que o governo anunciou o encerramento desta unidade hospitalar é o mesmo que levou ao encerramento de urgências, centros de saúde, hospitais e maternidades por esse país fora. Criar as condições para que floresçam as PPP’s para a área da saúde e que a acumulação de riqueza capitalista flua sem contratempos, também neste sector. O programa ideológico deste governo, para a área da saúde, mas não só, foi sempre – como, aliás, é o do PS – facilitar a transferência de um activo público como são os hospitais e outras unidades prestadores de serviços de saúde pública, para as mãos de privados.

A confirmá-lo, chega-se ao desplante de haver localidades onde o governo decidiu encerrar algumas dessas unidades para, logo de seguida, empresas capitalistas, normalmente detidas por grandes grupos financeiros, abrirem hospitais e clínicas privadas. Ou seja, no mesmo momento temporal, o governo – primeiro liderado por Sócrates e agora pelos traidores Coelho e Portas – tomou a decisão de encerramento, enquanto os grupos privados, quem sabe se respaldados por outros estudos, mas produzidos pelas mesmas empresas de consultadoria a que o estado recorreu, decidiam que ali, onde o governo afirmava ser o “deserto” e não haver doentes e doenças que suportassem os “custos”, afinal existia uma enorme “oportunidade de negócio”.

E, se os profissionais da saúde da Maternidade Alfredo da Costa – médicos, enfermeiros e auxiliares -, unidos aos utentes e ao povo português não se organizarem e, sem ilusões ou recuos, com firmeza, contribuírem para o derrube deste governo de serventuários da tróica germano-imperialista, cá estaremos para confirmar que, afinal, o que determinou o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa foi mesmo, e tão só, a ganância imobiliária que suscita aquele apetitoso quarteirão em pleno coração da capital!

1 comentário:

  1. Sará uma área que não domino muito bem mas limito-me a acompanhar de perto as informações noticiosas e não estou a ver grandes vantagens em sair da A.costa para a Estefânia!.

    ResponderEliminar