Um quarteirão de
ganância!
Confrontado
com a notícia de uma providência cautelar solicitada por 31 personalidades –
entre as quais médicos, enfermeiros e utentes daquela unidade de saúde materna
centenária – o ministro da Saúde Paulo Macedo, com a arrogância que o
caracteriza desde os tempos em que era um “delfim” da banca portuguesa,
respondeu de forma seca e curta que iria analisar, em concreto, os motivos e
motivações de tal procedimento e que, em função dessa análise, tomaria – ele e
o governo de traição que integra – uma posição.
A referida
providência cautelar, que saudamos, mas que, de facto, constitui e se baseia
numa visão recuada da luta pelo direito à saúde que os trabalhadores e o povo
português devem encetar com clarividência e firmeza, exige do poder judicial
que impeça a concretização do anunciado encerramento desta maternidade, adiando
o mesmo para daqui a cerca de 3 anos, data em que está prevista a inauguração
do novo Hospital de Todos os Santos, no distrito de Lisboa, que, segundo os
subscritores, deveria acolher as equipas que neste momento desenvolvem a sua
actividade na Alfredo da Costa e são uma massa crítica que não pode ser
desprezada ou dispersada.
O contexto em
que o governo anunciou o encerramento desta unidade hospitalar é o mesmo que
levou ao encerramento de urgências, centros de saúde, hospitais e maternidades
por esse país fora. Criar as condições para que floresçam as PPP’s para a área
da saúde e que a acumulação de riqueza capitalista flua sem contratempos,
também neste sector. O programa ideológico deste governo, para a área da saúde,
mas não só, foi sempre – como, aliás, é o do PS – facilitar a transferência de
um activo público como são os hospitais e outras unidades prestadores de
serviços de saúde pública, para as mãos de privados.
A
confirmá-lo, chega-se ao desplante de haver localidades onde o governo decidiu
encerrar algumas dessas unidades para, logo de seguida, empresas capitalistas,
normalmente detidas por grandes grupos financeiros, abrirem hospitais e
clínicas privadas. Ou seja, no mesmo momento temporal, o governo – primeiro
liderado por Sócrates e agora pelos traidores Coelho e Portas – tomou a decisão
de encerramento, enquanto os grupos privados, quem sabe se respaldados por
outros estudos, mas produzidos pelas mesmas empresas de consultadoria a que o
estado recorreu, decidiam que ali, onde o governo afirmava ser o “deserto” e
não haver doentes e doenças que suportassem os “custos”, afinal existia uma
enorme “oportunidade de negócio”.
E, se os
profissionais da saúde da Maternidade Alfredo da Costa – médicos, enfermeiros e
auxiliares -, unidos aos utentes e ao povo português não se organizarem e, sem
ilusões ou recuos, com firmeza, contribuírem para o derrube deste governo de
serventuários da tróica germano-imperialista, cá estaremos para confirmar que,
afinal, o que determinou o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa foi
mesmo, e tão só, a ganância imobiliária que suscita aquele apetitoso quarteirão
em pleno coração da capital!
Sará uma área que não domino muito bem mas limito-me a acompanhar de perto as informações noticiosas e não estou a ver grandes vantagens em sair da A.costa para a Estefânia!.
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