domingo, 31 de janeiro de 2021

Em 2021, o transbordar das urgências levará à imposição de medidas ainda mais terroristas e fascistas


Vai fazer agora um ano que o governo justifica a repressão assassina e as medidas de confinamento que estão a destruir a economia e a atirar milhares de operários e outros trabalhadores assalariados para o desemprego, semeando angústia entre a população, crianças e estudantes, com o pretexto de que as emergências hospitalares estão a transbordar como nunca ... ( sic)

São inúmeros os relatos que a histeria mediática instalada pelos órgãos de “comunicação social” a soldo do governo de Costa e dos seus lacaios, difundem horas a fio nos seus telejornais e pasquins, para “demonstrar” o autêntico estoiro que se revela nas emergências hospitalares, com dorentes abandonados nos corredores hospitalares e as ambulâncias a fazerem filas enormes, à espera de vez, nos hospitais.

Esperam, assim, espalhar o pânico sanitário e o terror, para levarem os operários e os restantes trabalhadores assalariados a uma conclusão: a de que, só o confinamento insano e odioso, o absolutamente fútil recolher obrigatório, conseguiriam conter a pandemia de coronavírus – o  Covid 19.

Um ano após, ao que se assiste é à falência desta política charlatã que não consegue tapar o sol com a peneira. Que não conseguiu travar a progressão da pandemia – antes pelo contrário, a agravou -, e que, perante o monumental falhanço, utiliza a arma do costume.

Culpabilizar terceiros das suas próprias culpas e responsabilidades. É o caos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), devido a uma recorrente política de desinvestimento no sector da saúde pública, o responsável pela situação. Não as festas que, ainda que fossem às centenas, nunca poderiam provocar o aumento das infecções e dos contágios que se regista.

E é por isso que o governo nunca se refere à situação nos transportes públicos que asseguram levar os operários e outros trabalhadores assalariados, encafuados que nem sardinhas em lata, para os locais onde serão explorados até à medula, em nome da manutenção dos “serviços essenciais”, como um dos principais factores de contágio, ou os lares de idosos que foram votados ao abandono de qualquer política preventiva ou de tratamento da infecção por Covid-19


É hora dos operários e dos trabalhadores assalariados portugueses resistirem como outros povos do planeta o estão a fazer, desde a França à Noruega, passando por Israel e a Holanda, até ao Líbano e à Espanha, pela Alemanha ea França, e muitos outros países.

No final da crise, para além de mais desemprego, fome, miséria, morte e indignidade, se não se levantarem agora contra estas medidas terroristas e fascistas, o que encontrarão será uma economia cada vez mais nas mãos dos grandes empórios capitalistas e imperialistas.


Em lugar das pequenas mercearias de bairro, verão emergir mais grandes cadeias de supermercados. No lugar dos pequenos cinemas independentes, sairão reforçados os monopólios das grandes distribuidoras de filmes. Os cafés e restaurantes de rua perderão de vez a sua personalidade e serão engolidos pelas grandes cadeias de “franchising”. As lojas de venda de roupa multimarca serão substituídas pelas “grandes marcas” monopolistas.

É necessário dar luta sem quartel aos despedimentos colectivos!

A crise pandémica tem-se revelado, cada vez mais, o verdadeiro mecanismo de que a burguesia capitalista e imperialista se serve para romper com a aliança secular que mantinha com largos sectores da pequena-burguesia, classe que tem servido de tropa de choque no combate que move contra os proletários e demais escravos assalariados.

A presente crise pandémica tem servido, sobretudo, para que a burguesia proceda a uma “reinicialização” do seu modo de produção capitalista – em todo o mundo - , e ao sector tecnológico (BIG TECH) e farmacêutico (BIG PHARMA) impor-se ao sector, até agora dominante, da indústria tradicional de mercadorias.

Em Portugal, país que, no âmbito da “divisão internacional do trabalho” que o directório imperialista europeu lhe ditou – isto é, ter sido remetido para o papel de prestador de serviços -,  são já palpáveis as consequências do “Great Reset”. Relativamente a 2019, os despedimentos duplicaram,  superando o seu número os daqueles que foram registados no último ano da tróica germano-imperialista... 2014!

Bem demonstrativo da tendência mundial da concentração capitalista, os processos de despedimentos colectivos em Portugal ocorreram, sobretudo, em micro e pequenas empresas – 37%. Foram 698 as empresas onde esses despedimentos tiveram lugar, tendo sido “descartados” 8.299 trabalhadores, segundo números do próprio Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social que, como é sabido, pecam sempre por defeito.

Podemos verificar, agora, que as “declarações de intenção” do governo de Costa e dos seus lacaios, não passaram disso mesmo. Apesar de anunciarem a “proibição” de despedimentos, apesar dos programas anunciados de “retoma”, dos apoios para manutenção dos contratos, no âmbito do lay-off, do incentivo à “normalização” de actividade, os despedimentos sucedem-se e agravam-se.

Tanta “generosidade” esconde – como sempre denunciámos – a precariedade em que assentam as relações contratuais entre patrões e assalariados. Basta perceber que aqueles, apesar de “impedidos” de despedir durante o tempo que durarem os apoios, podem não renovar os contratos a termo ou podem avançar com os despedimentos após o final dos mesmos. Ou seja, podem perpetuar a precariedade e os despedimentos colectivos ... “legalmente”!!!

Com o agravamento das medidas terroristas e fascistas do governo de Costa e dos seus lacaios, o que a classe operária e os restantes trabalhadores assalariados poderão esperar é um agravamento deste quadro de despedimentos colectivos – os trabalhadores da  Petrogal de Matosinhos que o digam, agora que enfrentam um massivo despedimento colectivo, para que possam emergir os interesses do sector da burguesia ligados às “energias renováveis” (BIG TECH), ou seja, ao hidrogénio.

O confinamento assassino a que estão a ser sujeitos, no quadro de uma luta intestina no seio da burguesia capitalista e imperialista, facilitará um desfecho favorável ao grande capital – basta observar o aumento que se tem registado das fortunas dos bilionários –, mas agravará o quadro de desemprego e miséria a que, quem apenas tem a sua força de trabalho para vender, está condenado.

Esta crise só pode ser vencida pela luta da classe operária pela destruição de um modo de produção caduco e mortal – capitalista e imperialista – e a construcção de um modo de produção comunista que liberte a humanidade da escravatura assalariada, da guerra, da morte, da miséria e da indignidade.

Para que tal possa suceder, os operários e demais trabalhadores assalariados têm de rapidamente ver-se livres das direcções sindicais e de outras organizações representativas – como as Comissões de Trabalhadores – que os têm traído miseravelmente e às suas lutas e desviado dos seus objectivos, desarmando-os quer política, quer organizativamente, impedindo-os de ter uma estratégia e uma táctica revolucionárias,  adequadas ao sucesso das suas lutas.









Putin avisa o mundo sobre o risco de um conflito "todos contra todos" semelhante aos dos anos 1930

 



O presidente Putin avisa que as grandes tecnologias representam uma ameaça às “instituições democráticas legítimas”.

Vídeo e transcrição

27 de Janeiro de 2021 “Câmara de troca de informações” (ver link -  Centre d’échange d’informations )- O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que o mundo corre o risco de cair num conflito “todos contra todos” no meio de tensões causadas pela pandemia Covid-19 e pelo aumento de desigualdades económicas.

Dirigindo-se ao Fórum Económico Mundial na quarta-feira, pela primeira vez em 12 anos, Putin traçou paralelos com os anos 1930, quando declarou que o fracasso em resolver os problemas internacionais deu início à Segunda Guerra Mundial.

"Hoje, tal conflito global é, espero, em princípio impossível", disse Putin no seu discurso online para a Agenda de Davos. "Mas, repito, a situação pode evoluir de formas imprevisíveis e incontroláveis."

Discurso especial de Vladimir Putin, presidente da Federação Russa | DAVOS AGENDA 2021

Presidente da Rússia Vladimir Putin : Sr. Schwab, caro Klaus,

Colegas,

Fui a Davos em várias ocasiões, para participar em eventos organizados pelo Sr. Schwab, mesmo nos anos 90. Klaus [Schwab] acaba de lembrar que nos conhecemos em 1992. De facto, durante a minha estadia em São Petersburgo, visitei este importante fórum em varias ocasiões. Gostaria de lhe agradecer por esta oportunidade hoje de transmitir a minha perspectiva à comunidade de especialistas que se reuniram nesta plataforma mundialmente conhecida por causa dos esforços do Sr. Schwab.

Em primeiro lugar, senhoras e senhores, gostaria de saudar todos os participantes do Fórum Económico Mundial.

É gratificante que este ano, apesar da pandemia, apesar de todas as restrições, o fórum continue o seu trabalho. Embora limitado à participação online, o fórum desenrola-se de qualquer forma, dando aos participantes a oportunidade de trocar as suas avaliações e previsões numa discussão aberta e livre, em parte compensando a crescente falta de encontros face a face entre os dirigentes dos Estados, os representantes do comércio internacional e o público nos últimos meses. Tudo isso é muito importante agora, quando temos tantas perguntas difíceis para responder.

O fórum actual é o primeiro do início da terceira década do século XXI e, naturalmente, a maior parte dos seus temas é dedicada às profundas mudanças que estão a ocorrer no mundo.

Na verdade, é difícil ignorar as mudanças fundamentais na economia, política, vida social e tecnologia mundiais. A pandemia de coronavírus, que Klaus acaba de mencionar, que se tornou um grande desafio para a humanidade, apenas estimulou e acelerou as mudanças estruturais, cujas condições foram criadas há muito tempo. A pandemia exacerbou os problemas e desequilíbrios que se acumularam no mundo muito antes. Há todos os motivos para acreditar que as diferenças provavelmente ficarão mais acentuadas. Essas tendências podem aparecer em praticamente qualquer campo.

É inútil dizer que não há paralelos directos na história. No entanto, alguns especialistas - e eu respeito a sua opinião - comparam a situação actual com a dos anos 1930. Pode-se concordar ou discordar, mas algumas analogias ainda são sugeridas por muitos parâmetros, incluindo a natureza abrangente e sistémica dos desafios e ameaças potenciais.

Assistimos a uma crise de modelos e instrumentos anteriores de desenvolvimento económico. A estratificação social está a fortalecer-se ao nível mundial e em países isoladamente considerados. Já falámos sobre isso. Mas isso, por sua vez, provoca hoje uma forte polarização da opinião pública, causando o crescimento do populismo, do radicalismo de direita e de esquerda e outros extremos, e a exacerbação dos processos políticos internos, inclusive nos principais países.

Tudo isso afecta inevitavelmente a natureza das relações internacionais e não as torna mais estáveis ​​ou previsíveis. As instituições internacionais estão a enfraquecer, os conflitos regionais sucedem-se e o sistema de segurança mundial está a deteriorar-se.

Klaus mencionou a conversa que tive ontem com o presidente dos Estados Unidos sobre a extensão do novo START. Este é, sem dúvida, um passo na direcção certa. No entanto, as diferenças levam a uma espiral descendente. Como sabem, a incapacidade e a falta de vontade de encontrar soluções substantivas para problemas como esse no século 20 levaram à catástrofe da Segunda Guerra Mundial.

Claro que, um conflito mundial tão intenso é impossível em princípio, espero. É nisso que coloco as minhas esperanças, pois seria o fim da humanidade. Porém, como eu disse, a situação pode tomar um rumo inesperado e incontrolável - a menos que façamos algo para evitá-la. Há uma chance de estarmos diante de um colapso formidável no desenvolvimento mundial, que será semeado com uma guerra de todos contra todos e tentativas de lidar com as contradições apontando inimigos internos e externos e destruindo não apenas os valores tradicionais. como a família, que é importante para nós na Rússia, mas liberdades fundamentais como o direito de escolha e a vida privada.

Gostaria de destacar as consequências demográficas negativas da actual crise social e da crise de valores, que pode levar a humanidade a perder continentes civilizacionais e culturais inteiros.

Temos a responsabilidade compartilhada de prevenir este cenário, que parece uma distopia sombria, e em vez disso, garantir que o nosso desenvolvimento toma um rumo diferente - positivo, harmonioso e criativo.

Nesse contexto, gostaria de falar com mais detalhe sobre os principais desafios que acredito que a comunidade internacional enfrenta.

O primeiro é socio-económico.

De facto, a julgar pelas estatísticas, mesmo apesar das profundas crises de 2008 e 2020, os últimos 40 anos podem ser considerados bem-sucedidos ou até muito bem-sucedidos para a economia mundial. A partir de 1980, o PIB mundial per capita duplicou em termos de paridade de poder de compra real. Este é certamente um indicador positivo.

A mundialização e o crescimento interno levaram a um forte crescimento nos países em desenvolvimento e tiraram mais de um bilião de pessoas da pobreza. Portanto, se tomarmos o exemplo do nível de rendimento de 5,50 dólares por pessoa por dia (em termos de PPC), então de acordo com o Banco Mundial, na China, por exemplo, o número de pessoas de baixo rendimento passou de 1,1 bilião em 1990 para menos de 300 milhões nos últimos anos. É definitivamente a história de sucesso da China. Na Rússia, esse número passou de 64 milhões de pessoas em 1999 para cerca de 5 milhões agora. Acreditamos que isso também seja um progresso no nosso país e ainda por cima no domínio mais importante.

No entanto, a questão principal, para a qual a resposta pode, de muitas maneiras, lançar alguma luz sobre os problemas actuais, é qual foi a natureza desse crescimento global e quem mais tirou beneficiou dele.

É claro que, como havia mencionado antes, os países em desenvolvimento beneficiaram muito com a crescente procura pelos seus produtos tradicionais e até novos. No entanto, essa integração na economia mundial resultou em mais do que novos empregos ou maiores receitas de exportação. Também teve os seus custos sociais, nomeadamente uma importante diferença dos rendimentos individuais.

E quanto às economias desenvolvidas, onde o rendimento médio é muito mais alto? Pode parecer irónico, mas a estratificação nos países desenvolvidos é ainda mais profunda. De acordo com o Banco Mundial, 3,6 milhões de pessoas viviam com rendimentos abaixo dos  5,50 dólares por dia nos Estados Unidos em 2000, mas em 2016 esse número havia aumentado para 5,6 milhões de pessoas.

Paralelamente, a mundialização levou a um aumento significativo nas receitas de grandes empresas multinacionais, principalmente americanas e europeias.

Aliás, em termos de rendimento individual, as economias desenvolvidas da Europa apresentam a mesma tendência dos Estados Unidos.

Mas, aí novamente, em termos de lucros das empresas, quem é que ficou com as receitas? A resposta é clara: um por cento da população.

E o que aconteceu na vida das outras pessoas? Nos últimos 30 anos, em vários países desenvolvidos, o rendimento real de mais de metade dos cidadãos estagnou, não aumentou. Enquanto isso, o custo dos serviços de educação e saúde aumentou. Sabe quanto? Três vezes.

Noutros termos,  milhões de pessoas, mesmo nos países ricos, pararam de esperar um aumento dos seus rendimentos. Nesse ínterim, enfrentam o problema de como se manter a si próprios e os seus pais saudáveis ​​e como dar aos filhos uma educação decente.

Não é atractivo para uma enorme massa de pessoas e o seu número não cessa de crescer. Por exemplo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2019, 21% ou 267 milhões de jovens em todo o mundo não estudavam ou trabalhavam em qualquer lugar. Mesmo entre os que estavam empregados (são números interessantes), 30% tinham um rendimento inferior a 3,2 dólares por dia em termos de paridade de poder de compra.

Esses desequilíbrios do desenvolvimento socio-económico mundial são o resultado directo da política seguida na década de 1980, muitas das vezes vulgar ou dogmática. Essa política baseava-se no chamado Consenso de Washington com as suas regras não escritas, quando se priorizava o crescimento económico baseado numa dívida privada em condições de desregulamentação e de baixos impostos para os ricos e para as empresas.

Como já antes havia mencionado, a pandemia de coronavírus apenas exacerbou esses problemas. No ano passado, a economia mundial sofreu o seu maior declínio desde a Segunda Guerra Mundial. Em Julho, o mercado de trabalho havia perdido quase 500 milhões de empregos. Sim, metade deles foi restaurada até o final do ano, mas quase 250 milhões de empregos foram perdidos. Esta é um número importante e muito alarmante. Só nos primeiros nove meses do ano passado, as perdas de receita chegaram a 3,5 triliões de dólares. Esse número aumenta e, como resultado, aumenta a tensão social.

Ao mesmo tempo, a recuperação pós-crise não é nada simples. Se, há 20 ou 30 anos, teríamos resolvido o problema estimulando políticas macro-económicas (na verdade, isso ainda é feito), hoje esses mecanismos chegaram ao seu limite e não são mais eficazes. Este recurso perdeu a sua utilidade. Não se trata de uma conclusão pessoal infundada.

De acordo com o FMI, o nível geral da dívida soberana e privada aproximou-se dos 200% do PIB global e chegou a ultrapassar 300% do PIB nacional em alguns países. Ao mesmo tempo, as taxas de juro nos países desenvolvidos de economia de mercado são mantidas perto de zero e em níveis historicamente baixos nos países emergentes.

Analisados em conjunto, isso torna o estímulo económico em métodos tradicionais, através de um aumento dos empréstimos privados, quase impossível. A chamada flexibilização quantitativa apenas aumenta a bolha no valor dos activos financeiros e amplia a divisão social. O fosso crescente entre a economia real e a economia virtual (aliás, representantes do sector da economia real em muitos países já me falaram sobre isso em inúmeras ocasiões, e acredito que os representantes das empresas presentes neste encontro concordarão comigo) representa uma ameaça muito real. e provoca choques severos e imprevisíveis.

A esperança de que seja possível reiniciar o antigo modelo de crescimento está vinculada ao rápido desenvolvimento tecnológico. De facto, nos últimos 20 anos, criámos uma base para a chamada Quarta Revolução Industrial baseada no amplo uso de IA, automação e robótica. A pandemia de coronavírus acelerou significativamente esses projectos e a sua implementação.

No entanto, este processo conduz a novas mudanças estruturais, estou a pensar em particular no mercado de trabalho. Isso significa que muitas pessoas podem perder os seus empregos, a menos que o Estado tome medidas eficazes para evitá-lo. A maioria dessas pessoas pertence à chamada classe média, que é a base de toda a sociedade moderna.

Neste contexto, gostaria de me referir ao segundo desafio fundamental da próxima década - o desafio sócio-político. Os crescentes problemas económicos e desigualdades estão a dividir a sociedade, desencadeando a intolerância social, racial e étnica. A título indicativo, essas tensões explodem até mesmo em países com instituições aparentemente civis e democráticas destinadas a mitigar e deter esses fenómenos e excessos.

Problemas socio-económicos sistémicos geram tal descontentamento social que requerem atenção especial e soluções reais. A perigosa ilusão de que podem ser ignorados ou encurralados acarreta sérias consequências.

Nesse caso, a sociedade sempre estará política e socialmente dividida. Isso é inevitável porque as pessoas não estão satisfeitas, não com algumas questões abstractas, mas com questões reais que dizem respeito a todos, independentemente das opiniões políticas que as pessoas tenham ou pensem ter. Enquanto isso, os verdadeiros problemas reais evocam o descontentamento.

Gostaria de enfatizar outro ponto importante. Os gigantes da tecnologia moderna, especialmente as empresas digitais, começaram a desempenhar um papel cada vez mais importante na vida da sociedade. Muito se fala sobre isso agora, principalmente no que diz respeito aos acontecimentos ocorridos durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos. Eles não são apenas gigantes económicos. Nalgumas áreas, eles estão de facto em competição com os Estados. O seu público é formado por biliões de usuários que passam uma parte considerável das suas vidas nesses ecossistemas.

Na opinião dessas empresas, o seu monopólio é óptimo para a organização dos processos tecnológicos e de negócios. Pode ser, mas a sociedade está a questionar-se se um tal monopólio é do interesse público. Onde está a linha entre o sucesso de empresas mundiais, serviços sob procura e a consolidação da big data e tentativas de administrar a sociedade por conta própria e de maneira dura, para substituir instituições democráticas legais e essencialmente usurpar ou restringir o direito natural das pessoas de decidir por si próprias como viver, o que escolher e que posição expressar livremente? Acabamos de ver todos esses fenómenos nos Estados Unidos e todos entendem do que estou a falar agora.

E, por fim, o terceiro desafio, ou melhor, uma ameaça óbvia que podemos muito bem encontrar na próxima década, é a exacerbação de muitos problemas internacionais. Afinal, questões socio-económicas internas não resolvidas e crescentes podem fazer com que as pessoas procurem alguém para culpar por todos os seus problemas e redireccionem a sua irritação e descontentamento. Podemos já ver isso. Acreditamos que o grau de retórica da propaganda da política externa está a aumentar.

Podemos esperar que a natureza das acções práticas também se torne mais agressiva, incluindo pressão sobre países que discordam de um papel de satélites controlados obedientes, o uso de barreiras comerciais, sanções ilegítimas e restricções nos campos financeiro, tecnológico e cibernético.

Um tal jogo sem regras aumenta muito o risco de uso unilateral da força militar. O uso da força sob um pretexto maluco é a razão deste perigo. Isso aumenta a probabilidade de novos pontos quentes no nosso planeta. Isso diz-nos respeito.

Caros colegas, apesar deste emaranhado de diferenças e desafios, devemos certamente manter uma visão positiva para o futuro e permanecer comprometidos com um programa construtivo. Seria ingenuidade propor receitas milagrosas universais para resolver os problemas acima. Mas certamente devemos tentar desenvolver abordagens comuns, aproximar as nossas posições o máximo possível e identificar as fontes que geram tensões globais.

Uma vez mais, quero sublinhar a minha tese de que os problemas socio-económicos acumulados são a razão fundamental para o crescimento global instável.

Portanto, a questão-chave hoje é como construir um programa de acções para não só restaurar rapidamente as economias globais e nacionais afectadas pela pandemia, mas para garantir que essa recuperação seja sustentável no longo prazo, se apoie numa estrutura e ajude a superar o fardo dos desequilíbrios sociais. Obviamente, dadas as restricções e a política macro-económica acima, o crescimento económico dependerá fortemente de incentivos fiscais, com orçamentos dos Estados e os bancos centrais a desempenhar um papel chave.

Na verdade, podemos ver esse tipo de tendência nos países desenvolvidos e também em algumas economias em desenvolvimento. Um papel cada vez maior do Estado na esfera socio-económica ao nível nacional obviamente implica uma maior responsabilidade e estreita interacção inter-estatal quando se trata de questões na ordem do dia mundial.

Os apelos para o crescimento inclusivo e a criação de um padrão de vida decente para todos são feitos regularmente em vários fóruns internacionais. É assim que deve ser, e é uma visão totalmente correcta dos nossos esforços conjuntos.

É claro que o mundo não pode continuar a criar uma economia que beneficiará apenas um milhão de pessoas, ou seja um bilião de ouro. É um preceito destrutivo. Este modelo é desequilibrado por defeito. Desenvolvimentos recentes, incluindo crises de migração, reafirmaram isso uma vez mais.

Devemos agora passar do enunciar dos factos para a acção, investindo os nossos esforços e recursos para reduzir as desigualdades sociais em cada país e para equilibrar gradualmente os padrões de desenvolvimento económico em diferentes países e regiões do mundo. Isso poria fim às crises migratórias.

A essência e a orientação dessa política de desenvolvimento sustentável e harmonioso são claros. Eles envolvem a criação de novas oportunidades para todos, condições nas quais todos possam desenvolver e realizar o seu potencial, independentemente de onde nasceram e moram.

Gostaria de destacar quatro prioridades principais, conforme as vejo. Isso pode ser uma notícia velha, mas como Klaus me permitiu apresentar a posição da Rússia, a minha posição, certamente o farei.

Primeiro, todos devem ter condições de vida confortáveis, incluindo habitação e infraestruturas de transporte, energia e serviços públicos acessíveis. Além do bem-estar ambiental, que não deve ser esquecido.

Em segundo lugar, todos devem ter certeza de que têm um emprego que possa garantir o crescimento sustentável do rendimento e, portanto, um padrão de vida decente. Todos devem ter acesso a um sistema eficaz de educação ao longo da vida, que é absolutamente essencial agora e que permitirá que as pessoas se desenvolvam, tenham carreiras e recebam pensões e benefícios decentes na aposentadoria.

Terceiro, as pessoas precisam de ter a certeza de que receberão cuidados médicos eficazes e de alta qualidade sempre que necessário, e que o sistema nacional de saúde garantirá o acesso a serviços médicos modernos.

Em quarto lugar, independentemente do rendimento familiar, os filhos devem poder receber uma educação decente e realizar o seu potencial. Cada criança tem potencial.

É o único meio de garantir o desenvolvimento lucrativo da economia moderna, na qual as pessoas são vistas como um fim e não como um meio. Somente os países capazes de progredir em pelo menos essas quatro áreas facilitarão o seu próprio desenvolvimento sustentável e inclusivo. Estes domínios não são exaustivos e acabo de referir os principais aspectos.

Uma estratégia, igualmente implementada pelo meu país, baseia-se precisamente nessas abordagens. As nossas prioridades giram em torno dos indivíduos e das suas famílias e visam garantir o desenvolvimento demográfico, proteger os indivíduos, melhorar o seu bem-estar e proteger a sua saúde. Estamos agora a trabalhar para criar condições que conduzam a um trabalho digno e lucrativo e ao empreendedorismo de sucesso e para garantir a transformação digital como base de um futuro de alta tecnologia para todo o país, ao invés de um restrito grupo de empresas.

Temos a intenção de concentrar os esforços do Estado, das empresas e da sociedade civil nessas tarefas e implementar a política fiscal com os incentivos adequados nos próximos anos.

Estamos abertos à mais ampla cooperação internacional, ao mesmo tempo que alcançamos os nossos objectivos nacionais, e estamos convencidos de que a cooperação em questões da agenda socio-económica mundial teria uma influência positiva na atmosfera geral dos assuntos mundiais, e que a interdependência na solução dos graves problemas actuais também aumentam a confiança mútua, o que é particularmente importante e particularmente actual hoje.

 

Evidentemente, a era das tentativas de construir uma ordem mundial centralizada e unipolar acabou. Para ser honesto, essa era nem começou. Uma simples tentativa foi feita nessa direcção, mas agora também é história. A essência desse monopólio ia contra a diversidade cultural e histórica da nossa civilização.

A realidade é tal que centros de desenvolvimento verdadeiramente diferentes, com os seus modelos, sistemas políticos e instituições públicas distintos, formaram-se em todo o mundo. Hoje, é muito importante criar mecanismos que harmonizem os seus interesses para evitar que a diversidade e a competição natural dos polos de desenvolvimento gerem anarquia e uma série de conflitos prolongados.

Para conseguir isso, devemos, em parte, consolidar e desenvolver instituições universais que têm a responsabilidade especial de garantir a estabilidade e a segurança no mundo e de formular e definir as regras de conduta tanto na economia global quanto no comércio mundial.

Já mencionei várias vezes que muitas dessas instituições não estão a ter os melhores momentos. Já falamos sobre isso em várias cimeiras. Claro, essas instituições foram criadas num momento diferente. Está claro. Provavelmente, elas até acham difícil lidar com os desafios modernos por razões objectivas. No entanto, gostaria de enfatizar que isso não é desculpa para desistir sem oferecer nada em troca, especialmente porque essas estruturas têm uma experiência de trabalho única e um potencial enorme, mas amplamente inexplorado. E certamente deve ser cuidadosamente adaptado às realidades modernas. É muito cedo para o atirar para o caixote do lixo da história.

É claro que, além disso, é importante usar novos formatos de cooperação adicionais. Refiro-me a um fenómeno como a multiversidade. Claro, também é possível interpretá-lo de forma diferente, à sua maneira. Pode ser visto como uma tentativa de defender os próprios interesses ou fingir a legitimidade das suas próprias acções quando todos podem apenas acenar em aprovação. Ou pode ser um esforço conjunto de Estados soberanos para resolver problemas específicos para o benefício de todos. Neste caso, pode referir-se a esforços para resolver conflitos regionais, estabelecer alianças tecnológicas e resolver muitas outras questões, incluindo a formação de transporte transfronteiriço e corredores de energia, etc.

Senhoras e Senhores,

Isso abre amplas possibilidades de colaboração. Abordagens multifacetadas funcionam. Sabemos pela prática que funcionam. Como devem saber, no âmbito, por exemplo, do formato Astana, a Rússia, o Irão e a Turquia estão a fazer muito para estabilizar a situação na Síria e agora contribuem para o estabelecimento de um diálogo político nestes países, é claro, ao lado de outros países. . Fazemos isso juntos. E, acima de tudo, não sem sucesso.

Por exemplo, a Rússia empreendeu fortes esforços de mediação para pôr fim ao conflito armado em Nagorno-Karabakh, no qual povos e estados próximos de nós - Azerbeijão e Arménia - estão envolvidos. Temos nos empenhado em seguir os principais acordos alcançados pelo Grupo OSCE de Minsk, em particular entre os seus co-presidentes - Rússia, Estados Unidos e França. É também um excelente exemplo de cooperação.

Como devem saber, uma declaração trilateral da Rússia, Azerbeijão e Arménia foi assinada em Novembro. Mais importante, em geral, é implementado regularmente. O derramamento de sangue foi travado. Esta é a coisa mais importante. Conseguimos travar o derramamento de sangue, alcançar um cessar-fogo abrangente e iniciar o processo de estabilização.

Presentemente, a comunidade internacional e, sem dúvida, os países envolvidos na resolução da crise enfrentam a tarefa de ajudar as áreas afectadas a superar os desafios humanitários associados ao regresso dos refugiados, reconstruir a infraestrutura destruída, proteger e restaurar monumentos históricos, religiosos e culturais.

Ou, um outro exemplo. Destacarei o papel da Rússia, Arábia Saudita, Estados Unidos e vários outros países na estabilização do mercado mundial de energia. Este formato tornou-se um exemplo produtivo da interacção entre estados com diferentes, às vezes até diametralmente opostas, avaliações de processos mundiais e com as suas próprias perspectivas sobre o mundo.

Ao mesmo tempo, existem certamente problemas que dizem respeito a todos os Estados, sem excepção. Um exemplo é a cooperação no estudo e controle da infecção por coronavírus. Como vocês sabem, várias estirpes desse vírus perigoso apareceram. A comunidade internacional deve criar as condições para a cooperação entre cientistas e outros especialistas para entender como e por que ocorrem mutações no coronavírus, bem como a diferença entre as diferentes estirpes.

É claro que devemos coordenar os esforços do mundo inteiro, conforme sugerido pelo Secretário-Geral das Nações Unidas e como solicitamos recentemente na Cimeira do G20. É essencial unir forças e coordenar os esforços mundiais para conter a propagação do vírus e tornar as vacinas tão necessárias mais acessíveis. Precisamos ajudar os países que precisam de apoio, incluindo nações africanas. Estou a falar sobre expandir a escala de testes e imunização.

Constatamos que a vacinação em massa agora está acessível, principalmente para pessoas em países desenvolvidos. Enquanto isso, milhões de pessoas em todo o mundo vêm negada até mesmo a esperança de tal protecção. Na prática, essa desigualdade pode criar uma ameaça comum porque é bem conhecido e tem sido dito repetidamente que ela prolongará a epidemia e os surtos descontrolados continuarão. A epidemia não tem fronteiras.

Não existem fronteiras para infecções ou pandemias. Portanto, devemos aprender com a situação actual e sugerir medidas para melhorar a vigilância do surgimento dessas doenças e do desenvolvimento de tais casos em todo o mundo.

Outro domínio importante que requer coordenação, na verdade a coordenação dos esforços de toda a comunidade internacional, é a preservação do clima e da natureza do nosso planeta. Não direi nada de novo a esse respeito.

Somente juntos podemos progredir na abordagem de questões críticas, como o aquecimento climático, a redução de áreas florestais, a perda de biodiversidade, o aumento de resíduos, a poluição do oceano pelo plástico, etc., e encontrar um equilíbrio ideal entre o desenvolvimento económico e a preservação do ambiente para as gerações presentes e futuras .

Meus amigos,

Todos nós sabemos que a competição e a rivalidade entre os países da história mundial nunca cessou, não para e nunca cessará. Diferenças e conflitos de interesse também são naturais para um corpo tão complexo quanto a civilização humana. Porém, em momentos críticos, isso não os impediu de unir os seus esforços - ao contrário, isso uniu-os aos destinos mais importantes da humanidade. Acredito que este seja o período em que estamos hoje.

É muito importante avaliar honestamente a situação, focarmo-nos problemas do mundo real ao invés dos artificiais, na eliminação dos desequilíbrios que são críticos para toda a comunidade internacional. Estou convencido de que assim seremos capazes de vencer e enfrentar adequadamente os desafios da terceira década do século XXI.

Gostaria de encerrar a minha intervenção neste momento e agradecer a todos pela paciência e atenção.

Muito obrigado.

Fonte :  http://www.informationclearinghouse.info/56254.htm

Fonte deste artigo: https://les7duquebec.net/archives/261724

sábado, 30 de janeiro de 2021

A resistência inflama-se em todo o mundo

 













Centenas de milhares de pessoas nas ruas. Embora as restrições sanitárias ligadas à epidemia de Covid-19, sejam mantidas ou endurecidas em todo o mundo, vários protestos importantes ocorreram nos últimos dias em diferentes países.

Três noites de distúrbios violentos abalaram a Holanda (ver link -de violentes émeutes ont ainsi secoué les Pays-Bas) desde o estabelecimento de um recolher obrigatório no sábado, 23 de Janeiro, o primeiro desde a Segunda Guerra Mundial. Vários polícias foram destacados, principalmente em Amsterdão, Roterdão e Haia, temendo a presença de outros manifestantes e outros actos de vandalismo contra empresas. Pelo menos 184 pessoas foram presas e dez polícias ficaram feridos, nos "piores tumultos em quarenta anos", segundo o primeiro-ministro Mark Rutte.

Em Israel, após os primeiros confrontos na segunda-feira, a violência estourou novamente na terça-feira entre polícias e judeus ultraortodoxos que se opõem às medidas sanitárias, em Jerusalém, no bairro ortodoxo de Mea Sharim.

Em Trípoli, grande cidade no norte do Líbano onde a taxa de pobreza é a mais alta do país, jovens manifestantes protestaram no domingo à noite contra as medidas de confinamento que os reduzem à miséria. A Cruz Vermelha Libanesa registrou mais de trinta feridos.

Na Dinamarca, a polícia prendeu três pessoas suspeitas de atearem fogo num modelo com a imagem do primeiro-ministro durante uma manifestação em Copenhague no sábado.

Finalmente, em Espanha, milhares de pessoas manifestaram-se sábado no centro de Madrid contra as medidas restritivas do governo para conter a epidemia, e denunciaram o "embuste" de um vírus que segundo alguns manifestantes "não existe".

1|9

Bombeiros apagaram um incêndio numa rua de Roterdão, Holanda, após uma manifestação contra a introdução do recolher obrigatório em 25 de Janeiro de 2021. MARCO DE SWART / ANP / AFP

2|9

Uma moto arde frente a um KFC em Rotterdam, Holanda, após um protesto contra a introdução do recolher obrigatório em 25 de Janeiro de 2021. MARCO DE SWART / ANP

3|9

Um carro arde em Eindhoven, Holanda, após um protesto de opositores do recolher obrigatório em 24 de Janeiro de 2021. ROB ENGELAAR / ANP MAG / AFP

4|9

Ultraortodoxos protestam contra a implementação de restrições sanitárias no contexto da epidemia de Covid-19 em 26 de Janeiro de 2021 em Jerusalém. AHMAD GHARABLI / AFP


 5|9

Um manifestante anti-confinamento passa diante de um carro em chamas durante confrontos com a polícia no porto de Tripoli, Líbano, 26 de Janeiro de 2021. FATHI AL-MASRI / AFP

6|9

Um manifestante anti-confinamento segura uma placa com o nome da sede do governo libanês, durante confrontos com a polícia em 26 de Janeiro de 2021 em Trípoli, no Líbano. FATHI AL-MASRI / AFP

7|9

Manifestantes erguem uma faixa que diz "Resistência vestida de preto" durante uma marcha organizada contra as restrições devido à pandemia de Covid-19, em Copenhague, Dinamarca, 23 de Janeiro de 2021. MADS CLAUS RASMUSSEN / RITZAU SCANPIX / AFP

8|9

Um modelo com a imagem do primeiro-ministro dinamarquês é queimado durante uma manifestação contra as restrições sanitárias em Copenhague, Dinamarca, em 23 de Janeiro de 2021. MADS CLAUS RASMUSSEN / RITZAU SCANPIX / AFP

9|9

Protestos contra as restrições sanitárias em Madrid, Espanha, 23 de Janeiro de 2021. OSCAR GONZALEZ / NURPHOTO / AFP




 

Covid-19 : Holanda, Espanha, Líbano… os tumultos contra as restrições multiplicam-se

Violentos tumultos rebentaram na Holanda depois de um recolher obrigatório ter sido instituído a partir das 21h. ANP - MARCO DE SWART

Tumultos violentos na Holanda

.Amsterdão, Roterdão, Haia, Amersfoort, Geleen, Den Bosch, Haarlem… Na Holanda, a lista de cidades atingidas pelos distúrbios vem crescendo há quase cinco dias após o estabelecimento do recolher obrigatório no sábado, 23 de Janeiro - o primeiro no país desde a segunda guerra mundial - entre as 21h e as 4h30 da manhã

Esses confrontos entre manifestantes e autoridades policiais levaram a cerca de 100 prisões em Amsterdão no domingo, segundo a prefeitura, sobre a actos de vandalismo, lançamento de pedras e canhões de água para dispersar a multidão. "Isso não é uma demonstração, é violência criminosa", disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, na segunda-feira. “Não fazemos tudo isto por diversão. Isto é para combater o vírus. Este é o vírus que está a roubar a nossa liberdade agora! O prefeito de Eindhoven, John Jorritsma, por sua vez disse no domingo que "se formos por aqui, estaremos a caminhar para uma guerra civil".

Na Holanda, confrontos entre a polícia e os manifestantes já acontecem há vários dias. ANP - STR

  • Na Dinamarca, um manequim com a efígie do Primeiro ministro na “fogueira”

Também no norte da Europa, os dinamarqueses manifestaram-se sábado em Copenhague, após várias mobilizações no início de Janeiro respondendo ao apelo do colectivo radical "Homens de Preto", que protesta contra a "coerção" e a "ditadura do semi-confinamento". Desde Dezembro, a Dinamarca fechou os seus bares, restaurantes e escolas para lidar com uma forte recuperação da epidemia. As autoridades sanitárias disseram que essas medidas seriam estendidas até pelo menos 7 de Fevereiro.

A manifestação, que terminou com um desfile de tochas pontuado por "Liberdade para a Dinamarca, já chega!", decorreu com relativa calma. À margem da manifestação, três pessoas suspeitas de erguer e queimar um manequim com a imagem da primeira-ministra Mette Frederiksen foram presas no domingo. A boneca gigante estava enfeitada com a mensagem "ela deve ser condenada à morte".

Ao apelo do colectivo "Homens na Dinamarca Negra", uma manifestação foi realizada no sábado em Copenhague, sob a faixa "A resistência vestida de preto". Ritzau Scanpix - MADS CLAUS RASMUSSEN

  • Em Espanha, manifestações contra o confinamento e o recolher obrigatório

Os espanhóis também marcharam na calçada no sábado contra as medidas sanitárias em vigor, incluindo o recolher obrigatório às 22h e o encerramento de bares e restaurantes às 21h, a partir de 25 de Janeiro. Milhares de manifestantes, sob o lema “pelos nossos direitos e pela vida”, denunciaram um “embuste” perante um “vírus que não existe”. “Não à vacina, não ao 5G, não às máscaras”, dizia o cartaz de um manifestante, expondo um público negacionista e partidário das teorias da conspiração ligadas à Covid-19. A Espanha, com uma taxa de incidência de mais de 600 casos por 100.000 habitantes, é o país europeu mais afectado pelo vírus.

Em Espanha, os manifestantes protestaram no sábado “pela liberdade, os nossos direitos e a vida”. AFP - PIERRE-PHILIPPE MARCOU

  • No Líbano, jovens nas ruas contra o confinamento

Desde segunda-feira, a eclosão do protesto também se espalhou para Trípoli, uma das principais cidades do Líbano, sob um confinamento estrito até 8 de Fevereiro. Jovens manifestantes protestaram em frente à sede das autoridades locais contra as medidas postas em prática, no contexto da crise económica sem precedentes no país. Outros confrontos eclodiram na noite de terça-feira. A Cruz Vermelha Libanesa registou pelo menos 45 feridos, incluindo nove hospitalizados, que se acrescentam a cerca de 30 feridos na segunda-feira.

Manifestantes libaneses protestaram em frente à sede do governo em Trípoli, no norte do país, na terça-feira. AFP - FATHI AL-MASRI

  • Em Israel, violência entre polícias e ultraortodoxos

Depois dos confrontos iniciais na segunda-feira, a violência continuou em Israel na terça-feira entre polícias e judeus ultraortodoxos que se opõem às medidas sanitárias, no bairro ortodoxo de Mea Sharim, em Jerusalém. Motins também eclodiram no domingo num distrito de Tel Aviv, onde um autocarro foi incendiado, segundo o canal israelita i24news (ver link - selon la chaîne israélienne i24news), bem como em Ashdod, além da capital israelita. Um terceiro confinamento está em vigor no país desde 27 de Dezembro.

No domingo, eclodiram confrontos entre a polícia israelita e ultraortodoxos em Jerusalém. AFP - AHMAD GHARABLI

 Fonte: https://les7duquebec.net/archives/261738

 

A vacinação em massa anti Covid 19 prepara uma catástrofe sanitária mundial

 






Por Dr  Gérard Delépine cirurgião, estatístico

Os comunicados de imprensa de vitória dos fabricantes de vacinas de RNA mensageiro alegando 95% de eficácia foram muito eficazes nos preços das suas acções, mas ocultaram mal a falta de dados sobre mortalidade e, em particular, sobre o único alvo possível das vacinas: pessoas muito velhas com múltiplas comorbidades .

Na ausência de dados probatórios publicados, as campanhas massivas de vacinação em Israel e na Grã-Bretanha constituem ensaios terapêuticos de fase 3 em populações mal informadas. Os resultados observados no primeiro mês aumentam o medo de que logo se transformem num desastre / escândalo sanitário.

 Sinal de alerta forte vindo de Israel 

A media consagra Israel, o campeão da luta contra o covid 19 pela vacina da Pfizer. Excelente transacção financeira para a Pfizer que obteve um bónus de 40% no preço por esta prioridade concedida a Israel. Desde 20 de Dezembro, num mês, cerca de 25% da população (mais de 2 milhões de pessoas) já foram vacinadas.

Mas desde aquela data, de acordo com dados da OMS, o número diário de contaminações e mortes atribuídas à Covid 19 explodiu.

As contaminações diárias passaram assim de 1.886 casos em 21/12 para 5.674 casos em 20 de Janeiro de 21. .[1]

A Drª. Sharon Elrai-Price, [2] do departamento de saúde pública do ministério israelita alertou em 12/01/2021 que uma única dose da vacina contra o coronavírus não fornecia protecção suficiente contra a infecção pelo vírus.

Ela acrescentou que 17% dos pacientes gravemente doentes actualmente hospitalizados são pacientes que receberam a primeira dose da vacina antes da hospitalização. Os dados mostram que até àquela data 4.500 pessoas tiveram resultado positivo para o coronavírus após receber a primeira dose da vacina.

 O número de casos confirmados atingiu um novo recorde, ultrapassámos a marca de 9.000 testes positivos. Nunca houve tal número e a mortalidade diária triplicou de 18 em 20 de Dezembro para 50 em 19 de Janeiro de 2021, levando o governo a estender o terceiro confinamento do país indefinidamente.

 

Forte inquietude na Grã-Bretanha após a vacinação

A Grã-Bretanha é o segundo país na corrida da vacinação que começou no dia 4 de Dezembro com a vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech.

Desde essa data, o número de contaminações diárias explodiu de 14.898 em 12/04/2020 para 33.355 em 20/01/2021 (após um pico de 68.063 em 9 de Janeiro de 2021).

E, infelizmente, a mortalidade da Covid 19 também, que após um aumento de quase 300% (414 em 4/12 para 1610 em 20/1/2021) supera em 30% a observada em Março-Abril de 2020 (pico máximo de 1224 em 22 de Abril de 2020 )

Nesses dois países, as vacinas, apresentadas como meio de sair de confinamentos mortais, acabam na verdade por prolongá-los!

Inquietudes nos EUA

Desde o início da vacinação, a mortalidade de Covid 19 aumentou quase 200% (1296 em 28/12 para 3557 em 17/2021) e excede a média diária de mortes observadas em Março-Abril de 2020.

Esses aumentos dramáticos e simultâneos nas incidências diárias de infecção e morte após a primeira dose da vacina Pfizer nos três países com a maior cobertura vacinal são muito preocupantes e são fortes sinais de alerta.

Alerta na Noruega para as pessoas frágeis  

A Noruega emitiu um alerta em 15/01/2021 após a observação de 23 mortes ligadas à vacina Pfizer [3] [4] em idosos em lares. Dessas mortes, 13 foram autopsiadas, com os resultados a sugerir que os efeitos colaterais comuns podem ter contribuído para reacções graves em idosos frágeis. De acordo com o Instituto Norueguês de Saúde Pública: “Para as pessoas mais frágeis, mesmo os efeitos colaterais relativamente leves podem ter consequências graves. Para aqueles que têm um tempo de vida restante muito curto, de qualquer maneira, os benefícios da vacina podem ser marginais ou irrelevantes ”e o Instituto Nacional de Saúde Pública alterou o guia de vacinação contra o coronavírus, adicionando novos conselhos de cautela na vacinação de idosos frágeis.

Evolução na França não vacinada durante este período  

Na França, tanto o número de novos casos como o número de mortes diárias diminuíram lentamente durante este período para um nível muito mais baixo (por milhão) do que nos países que são campeões da vacinação.

Estamos, pois, impressionados com a evolução das diferenças na epidemia de Covid 19 entre os países que venceram a corrida da vacinação e a França, que é mais lenta para vacinar.

Esse elogio à lentidão lembra que não existem medicamentos ou vacinas seguras e que, paradoxalmente, eles podem aumentar a gravidade da doença que devem combater.

Vacinas de alto risco contra o cancro e vacina contra a SIDA e a dengue

Isso foi constatado com as vacinas supostamente anti-cancro (vacinas contra hepatite B supostamente para prevenir o cancro do fígado [5] e vacinas anti-papilomavírus supostamente anti-cancro do colo do útero) [6], alguns candidatos a vacinas contra a SIDA e, mais recentemente, com o escândalo da vacina contra a dengue nas Filipinas, que resultou em várias centenas de mortes.

Mas as lições do desastre do Dengvaxia não foram aprendidas e a propaganda pro-vacina actual, na ausência de testes suficientes, coloca aqueles que são vacinados contra a Covid 19 em risco.

Peter Doshi, um associado da Universidade do Maryland de pesquisa sobre os serviços de saúde farmacêutica alertou já em Novembro de 2020: "esperemos até dispor dos dados completos dos ensaios" porque os comunicados de vitória da indústria são imprecisos e incompletos. Ele também lembrou que os ensaios não estudaram o único critério relevante, a mortalidade [7], apenas o número de casos baseados em testes muitas vezes falsos [8] “o mundo apostou tudo nas vacinas para fornecer a solução para a pandemia, mas os ensaios não estão focados em demonstrar que o serão ”.

Depois de examinar o arquivo submetido ao FDA, ele estima: “a eficácia real muito inferior à afirmada até agora:“ bem abaixo do limite de eficácia de 50% definida pelas autoridades regulatórias para aprovação ”. Este valor não seria, portanto, de 95%, mas muito inferior, entre 19% e 29%. Caso esses dados tivessem sido apresentados e analisados, não teria sido possível obter autorização para a libertação dessas vacinas pelas autoridades competentes.

Os anti-corpos facilitadores serão responsáveis por esta catástrofe anunciada?

Após a vacinação, os anti-corpos podem piorar paradoxalmente a doença. Este fenómeno imunológico particular é designado por anti-corpo facilitador (em inglês, Antibody-dependent enhancement[9]).

Entre humanos, tal fenómeno foi observado em ensaios de vacinas contra o vírus sincicial respiratório [10] (RSV) e durante a campanha de vacinação contra a dengue [11], causando várias centenas de mortes nas Filipinas em 2017, a interrupção da vacinação e uma cascata de processos a aguardar julgamento.

Em gatos, a vacina contra o coronavírus responsável pela peritonite viral felina foi abandonada por causa desse mecanismo [12]. Em macacos vacinados contra a proteína spike SARS-COV, as infecções pós-vacina foram marcadas pelo agravamento da doença pulmonar. Durante os testes da vacina do Coronavírus da Mers, os coelhos desenvolvem anticorpos, mas a sua doença pulmonar piorou.

Num recente comunicado à imprensa, a Academy de Medicina [14] adverte: “no plano colectivo, a obtenção de uma cobertura de vacinação alargada, mas enfraquecida por um baixo nível de imunidade, constitui um terreno favorável para seleccionar o surgimento de  uma ou mais variantes que escapam à imunidade induzida por vacinação”.

Nem pro nem anti-vacina, eu oponho-me firmemente neste momento à generalização de uma vacina insuficientemente avaliada e da qual os primeiros resultados na população real são catastróficos.

Ao contrário do que afirmam os descodificadores ligados à indústria farmacêutica, não sou contra a vacinação. Sou pró-vacina quando uma vacina é eficaz, segura e previne doenças graves. Sou contra a vacina quando é desnecessária, como para doenças transmitidas apenas pela água (poliomielite, febre tifoide, cólera) em países com higiene pública com água potável e tratamento de águas residuais ou quando não foi devidamente estudada e avaliada: vacina contra a dengue (que causou centenas de mortes), a vacina Gardasil (que paradoxalmente aumenta o risco de cancro cervical).

A indicação de qualquer tratamento ou vacina deve ser baseada na avaliação da sua relação benefícios/riscos.

Não podemos esperar nenhum benefício individual da vacinação contra a Covid para menores de 65 anos, uma vez que a doença é mais benigna para eles do que a gripe; essa população, portanto, não pode esperar nada das vacinas anti-covid, excepto complicações.

E o argumento societário (somos vacinados para proteger os outros) também é irrelevante, uma vez que não foi demonstrado que a vacina seja capaz de prevenir ou retardar as transmissões virais.

No estado actual de conhecimento, a vacinação de idosos com factores de risco (população onde uma vacina eficaz e segura poderia ser útil) não foi avaliada adequadamente, porque os ensaios recusam-se a incluir essa população de risco.

O princípio da precaução levantado pelo alerta norueguês justifica não vaciná-los sistematicamente, desde que dados transparentes suficientes não estejam disponíveis confirmando a eficácia e a ausência de toxicidade em populações reais.

Em conclusão :

Paradoxalmente, devemos alegrar-nos com a lentidão com que o governo está a generalizar a vacinação anti-Covid 19. Os resultados actuais da vacina genética nas populações israelita e britânica realmente aumentam os temores de um possível catástrofe sanitária vacinal.

Dr  Gérard Delépine cirurgião, estatístico


Notas :

1T Zrihen Dvir Israël : plus ils nous vaccinent, plus la pandémie progresse Riposte Laique 20 janvier 2021

2 i24NEWS Israël/Covid-19 : 4.500 personnes infectées après avoir reçu la première dose de vaccin janvier 2021

3 La Norvège lance une alerte après la découverte de 23 décès liés au vaccin Pfizer Businessman 15/1/2021 https://fr.businessam.be/la-norvege-lance-une-alerte-apres-23-deces-possiblement-lies-au-vaccin-pfizer/

4 Norway Warns of Vaccination Risks for Sick Patients Over 80 https://www.infobae.com/en/2021/01/15/norway-warns-of-vaccination-risks-for-sick-patients-over-80/

5 www.docteurnicoledelepine.fr

6 Hystérie vaccinale, N et G Delépine éditions Michalon 2018

7 ] Peter Doshi : Pfizer and Moderna’s “95% effective” vaccines—let’s be cautious and first see the full data November 26, 2020 https://blogs.bmj.com/bmj/2020/11/26/peter-doshi-pfizer-and-modernas-95-effective-vaccines-lets-be-cautious-and-first-see-the-full-data/

8 ] Peter Doshi associate editor Will covid-19 vaccines save lives ? BMJ 27 10 2020 Current trials aren’t designed to tell us : BMJ 2020 ;371 :m4037 http://dx.doi.org/10.1136/bmj.m403.

9 Dejnirattisai, W. et al. Cross-reacting antibodies enhance dengue virus infection in humans. Science 328, 745–748 (2010).

10 Polack, F. P. Atypical measles and enhanced respiratory syncytial virus disease (ERD) made simple. Pediatr. Res. 62, 111–115 (2007).

11 Sridhar, S. et al. Effects of dengue serostatus on dengue vaccine safety and efficacy. N. Engl. J. Med. 379, 327–340 (2018

12 Vennema, H. et al. Early Death after feline infectious peritonitis virus challenge due to recombinant vaccinia virus immunisation. J. Virol. 64,1407–1409 (1990).

13 Hohdatsu, T., Nakamura, M., Ishizuka, Y., Yamada, H. & Koyama, H. A study on the mechanism of antibody-dependent enhancement of feline infectious peritonitis virus infection in feline macrophages by monoclonal antibodies. Arch. Virol. 120, 207–217 (1991).

14  Communiqué de l’Académie du 11 janvier 2021 : Élargir le délai entre les deux injections de vaccin contre la Covid-19 : quels risques pour quels avantages ?

Source

Fonte : https://les7duquebec.net/archives/261701