quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Caos no Hospital Amadora-Sintra: Basílio Horta, a hipocrisia de um “arrependido”



O Hospital Amadora-Sintra deixou de ter reservas de oxigénio suficientes para assegurar que os doentes que dele necessitam – sobretudo os internados devido a Covid-19 – não sejam colocados em risco de vida.

Mais tarde veio a ser anunciado - como se tal alterasse a gravidade da situação - que não tinha sido o oxigénio que tinha faltado, mas a sua pressão - devida ao excesso de doentes que a ele tiveram de recorrer - que diminuiu.

Paradigma do que se passa no Serviço Nacional de Saúde (SNS), em todo o país, a direcção do Hospital viu-se forçada a assinalar que deixou de ter condições para acolher mais doentes em urgência Covid.

Basílio Horta veio às televisões explicar que o hospital tinha sido desenhado para atender uma população de 300 mil utentes e que, quando há muito tempo duplicou esse número, o caos instalou-se, de forma sistémica, tendo-se agravado a crise pandémica de Covid-19  – mas poderia ter sido com qualquer outro evento extraordinário.

Porque será que Basílio Horta nunca fez menção a este quadro de sobrelotação e sub-dimensionamento do Hospital Amadora Sintra explica muito do que vimos a denunciar desde o início da crise pandémica e só quando as televisões deram notícia de uma transferência de 20 doentes daquele hospital para o Hospital de Santa Maria, colocou a cabeça fora da toca - agora sabe-se que foram 82 doentes transferidos para aquele hospital central, para o Hospital da Luz e outras unidades hospitalares.

É que, o clima de medo e de terror, acompanhado de medidas absolutamente terroristas e fascistas, visaram, desde sempre, encobrir – tal como o fez Basílio Horta, que é presidente da Câmara Municipal de Sintra há vários anos – o caos em que se encontra o SNS e, concomitantemente, o Hospital Amadora-Sintra.

Agora que o modelo que foi apresentado como correspondendo ao que de melhor a “ciência” tinha para ditar, eis que as ratazanas começam a fugir do barco que naufraga e mete água por tudo o que é lado. Basílio Horta e os órgãos de “comunicação social” e os jornalistas de merda que se venderam por um prato de lentilhas a Costa, ao seu governo e aos seus ministros lacaios, deviam cobrir-se de vergonha por terem aceite serem os capachos dessa monumental e criminosa manipulação.

Dizemo-lo desde o início da pandemia. O confinamento assassino não resolverá o problema sanitário. A extrapolação dos resultados de testes PCR mais do que duvidos, tão pouco. No curto prazo, havia que manter a rede de cuidados primários, a programação de cirurgias e consultas hospitalares, reforçar as urgências, de modo a que outra pandemia não ocorresse, ainda mais mortal do que aquela que o Covid-19 está a produzir.

Há que criar as condições para atrair e fixar mais profissionais da saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de diagnóstico, auxiliares, etc. – proporcionando-lhes salários justos, progressão na carreira e, sobretudo, assegurar o fim da precariedade que lhes está a ser imposta.

No médio e longo prazo há que construir novas unidades hospitalares, com reforço da capacidade das urgências e das valências necessárias, unidades de saúde familiar ou centros de saúde que assegurem o alargamento e reforço dos cuidados primários – garante de um política de prevenção sanitária mais eficaz -, novas unidades de cuidados paliativos.

Tudo isto acompanhado, como se entende, por uma rigorosa fiscalização das condições de funcionamento dos lares da terceira idade e centros de dia para idosos, não se permitindo a continuidade operacional àqueles que não tenham observado as regras para o licenciamento da actividade que lhes foram indicadas.

Havia que cuidar dos idosos internados em lares, e os idosos com idade mais avançada, apresentassem, ou não, comorbilidades. Havia que confinar, apenas e tão só, aqueles doentes que tivessem sido diagnosticados pelo seu médico de família, através do recurso a testes serológicos credíveis, com a doença.

Se a vacina viesse a surgir – e não existem garantias de que a que está a ser administrada seja a solução – não seria como um “milagre”, mas como uma ferramenta terapêutica que consolidasse aquela estratégia.

Mas, dissemos mais. Dissemos que havia que fazer um levantamento sério da capacidade industrial instalada no país que pudesse dar resposta adequada às necessidades, quer em equipamentos, quer em máscaras, álcool-gel ou outros produtos relevantes para fazer face a uma pandemia desta narureza.

Assim como exigimos que o governo requisitasse de imediato – e colocasse sob sua tutela e coordenação – todos os hospitais privados e sociais, assim como clínicas e laboratórios de exames clínicos. Para ajudar ao esforço de tratamento e contenção da pandemia e, assim, evitar a criminosa especulação que os privados já se preparavam para impor.

E fizemos tudo isto em Abril de 2020. Não esperámos por finais de Janeiro de 2021 para o fazer. Basílio Horta bem que pode agora vir fazer o papel de “arrependido”. Mas ele nunca denunciou a situação no Hospital Amadora-Sintra. Mais, ele esteve sempre ao lado – pelo menos atá à data de hoje – da narrativa do governo e de praticamente todos os partidos do “arco parlamentar”, assim como do reeleito Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que acusaram quem denuncia a situação de “negacionismo”.

Como não esperamos que do exemplo do Hospital Amadora-Sintra surja qualquer tipo de catarse colectiva por parte da classe dominante – política e económicamente -, nem que do directório europeu, chefiado pelo imperialismo germânico e pela Srª Merkel,  que coloniza Portugal, surja qualquer solução que atenda aos interesses de quem trabalha, não nos resta senão persistir na denúncia de todos estes salafrários, únicos responsáveis pelo genocídio a que assistimos e afirmar aos operários e restantes trabalhadores assalariados que só o fim do modo de produção capitalista poderá resolver os problemas e o caos que agora enunciamos.

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