A histeria e o clima de medo àcerca do Covid-19 prossegue. Com a manifesta colaboração da “comunicação social” a soldo do governo e dos interesses do capital. E, o último episódio traduz-se na medida hoje decidida pelo Conselho de Ministros de encerramento de todas as actividades escolares, sem sequer haver retorno ao ensino à distância, por meios digitais. Sugerem-se "apoios a alguns pais" sem, contudo, dizer quais e em que montantes.
Uma vez mais,
Costa veio prestar declarações perante as televisões e outros meios de
comunicação, de que a culpa de tais medidas se deve aos efeitos de uma nova
estirpe, muito mais severa e transmissível do que as anteriores. Negando as
evidências que hoje foram reveladas por imagens partilhadas por vários cidadãos
sobre a situação que se vive, por exemplo, nos comboios da linha de Sintra, com
milhares de operários e trabalhadores assalariados encafuados que nem sardinhas
em lata nas carruagens que os conduzirão aos seus locais de trabalho.
Pelos vistos,
aqui já não existe a preocupação de assegurar a saúde. Existe, isso sim, a
preocupação de que a exploração a que a burguesia os sujeita não deixe de se
operar, para bem da acumulação capitalista que tal exploração implica e
proporciona.
Esta é mais uma medida que demonstra o autêntico desnorte a que este executivo chegou. Escamoteando que, por um lado, os picos de mortalidade a que hoje assistimos são consequência do envelhecimento da população o que, por outro, combina com o desinvestimento financeiro do governo na saúde.
É cada vez mais claro que a crise pandémica veio agravar a crise económica sistémica e que tal explica, em grande medida, porque é que a política de austeridade levada a cabo por este governo – lembram-se das famigeradas cativações do ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, que afectou, sobretudo, os sectores da Saúde e da Educação? – preparou as condições para o excesso recorrente das urgências hospitalares, a falta de médicos, enfermeiros e demais trabalhadores da saúde para assegurar a assistência necessária e a operacionalização dos equipamentos (que jazem, ainda empacotados, em algumas unidades hospitalares).
Está cada vez
mais comprovado pela realidade que nenhuma sociedade pode escolher entre a vida
e a saúde dos doentes e a economia, pois esta última garante as condições de
sobrevivência de quem está doente. Costa , como outros dirigentes europeus e
mundiais, não quis compreender isto. Foi por opção própria. E, por isso,
Portugal não consegue sair, quer da crise económica, quer da crise pandémica,
Costa e os
seus lacaios não percebem que a situação piora a cada medida de confinamento,
de recolher obrigatório, de impedimento de circulação entre concelhos, de isolamento
do consumidor. Não compreendem que tais medidas, para além de agravarem e
acentuarem a crise económica – sem que tal forneça soluções para a crise viral –
nunca poderão esperar uma resposta do autêntico “milagre vacinal” anunciado
pelo governo. Mesmo que as vacinas possam fazer desaparecer o vírus, nunca
farão desaparecer a crise e os efeitos catastróficos – inclusive para a saúde –
que ela produz.
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