Dizem uns com impaciência que a haver
revolução deveria ser...JÁ! Dizem outros
com a moderação que mais se aproxima
do medo, que devíamos ir lá mas com as armas que temos...as nossas mãos a agitar ao vento!
Como a história é feita
pelos homens e mulheres, com o concurso de interesses e de opiniões, de estádios de consciência muito diversos, quando hoje estudamos o esclavagismo, o
feudalismo, as sociedades pré-capitalistas, a revolução industrial, etc.,
alguns são tentados a considerar que tudo isso aconteceu por geração
espontânea, sobretudo vastos sectores da pequena burguesia.
Sectores que, por exemplo
em Portugal, se sentem muito confortáveis
em fazer saltitar o seu voto, acto eleitoral após acto eleitoral, entre o PS e
o PSD, podendo por vezes radicalizar-se
em torno de projectos ditos de esquerda – e até de extrema esquerda -, como o são BE e PCP.
Mas, não! O que a história
nos revela é que foi fruto de lentos e quantitativos processos de mudança - ele
houve as guerras dos 30 anos, dos 100 anos, só para ajustamentos relativos à
configuração de fronteiras nacionais -, que após séculos de maturação e
acumulação quantitativa de tensões várias,se evoluiu para transformações
qualitativas, sempre caracterizadas pela violência. Marx afirmava, com toda a
razão, ser a violência a parteira da história!
Estes são processos que não
se compadecem com o tempo, com a agitação individual. São processos colectivos
e, mais tarde ou mais cedo, ocorrerão porque servem para regular contradições
antagónicas que se produzem na sociedade e que terão de ser resolvidas para que
o mundo e a humanidade avance.
Há 3 séculos era inconcebível para a classe dominante de então – a
monarquia e a aristocracia feudal cujos interesses aquela representava e
defendia - que o servo da gleba se libertasse dos grilhões do senhor feudal.
Mas, as revoluções burguesas, que germinaram durante séculos impuseram, pela
ruptura revolucionária, a sociedade da Igualdade,
Fraternidade e Solidariedade.
Hoje, o processo de
acumulação capitalista, o desenvolvimento da mesma para o seu estadio superior
que é o imperialismo (a que muitos teóricos gostam de chamar globalização para escamotear a rapina e a guerra que aquele traz consigo) geraram uma contradição
antagónica - a que opõe a natureza social do trabalho à apropriação privada da
riqueza gerada por ele - que, tal como as contradições no passado, será
resolvida não com beijinhos e abraços,
ou por um acordo de tias durante o seu chá
das 5, mas por revoluções violentas.
Porque, tal como no passado
a burguesia teve de depor a monarquia pela violência para libertar os servos da
gleba para o emergente mercado de
trabalho, transformando-os em proletários que, de forma livre, pudessem dispor da única mercadoria que tinham para vender -
a sua força de trabalho -, à burguesia emergente, a classe operária, os
camponeses e todos aqueles que só sobrevivem do rendimento do seu trabalho ou,
pior do que isso, foram remetidos para o desemprego, a precariedade, a fome e a
miséria que o capitalismo lhe tem para
oferecer, só poderá contar com a violência revolucionária para arredar da
cena da história uma classe que, tal como as outras classes exploradoras que
antes da burguesia detiveram o poder, nunca o abandonarão de livre vontade.
Senhores de escravos
morreram às mãos de monarcas liberais, monarquias foram decapitadas pelas
burguesias vencedoras e, povos e nações foram destruídos, milhares de vidas se
perderam em nome da conquista de fronteiras, do domínio de territórios, do
saque de matérias primas de outrem e da necessidade de o imperialismo regular a
economia de acordo com os seus interesses.
Face
aos apelos dos eternos românticos das
soluções pacíficas, face às propostas
de todas as correntes oportunistas que, desde Marx, foram tão bem caracterizadas
e denunciadas - por este e por Lenine, por Mao e por tantos outros
revolucionários – esta é a eterna questão que se coloca aos operários e aos
seus aliados: Quantos milhões é necessário que morram no altar do sacrossanto
lucro capitalista, na defesa dos interesses imperialistas de rapina –pois o
imperialismo é a guerra -, para que as forças da revolução e da mudança, cheguem
à conclusão que à exploração e à guerra burguesa, capitalista, colonial e imperialista
só se pode responder com a guerra revolucionária que liberte a classe
operária, os povos e os trabalhadores da
exploração, da rapina, da humilhação e da miséria e da morte, de uma existência
sem dignidade ou futuro?