segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Que esquerda?!

Há muita gente em Portugal a reclamar-se de esquerda. Desde logo, todos os partidos parlamentares que, no presente, sustentam a solução governativa que o PS protagoniza. Aceitam as migalhas que o poder capitalista lhes oferece. Por isso, é de forma confortável e – como é moda dizer-se actualmente – “prudente”,  que aceitam que uma dívida que não foi contraída pelo povo e da qual este não retirou qualquer benefício, continue a ser paga por ele.

Vamos lá ver se nos entendemos. Essa é a esquerda do sistema. Um sistema assente na exploração do homem pelo homem, que admite que existe a possibilidade de um “compromisso” entre interesses de classes antagónicas – isto é, entre aqueles que produzem toda a riqueza, a classe operária, os camponeses, os trabalhadores em geral, e aqueles que se apropriam dessa riqueza para seu proveito e gananciosa satisfação.

Uma esquerda que admite que é suficiente “reclamar” o emprego, o alívio da precariedade, a “retoma de rendimentos”, o que está a afirmar e a defender é a sua falência política. Podem ganhar o protagonismo que convém aos seus verdadeiros patrões – a burguesia. Mas, nem o facto de “justificarem” o seu oportunismo vesgo em nome das “condições concretas”, os salvará do isolamento e da derrota que a história lhes reserva.

Uma esquerda que confunde propositadamente resistência com terrorismo e se empenha em defender a “sua” burguesia na guerra imperialista que leva a cabo contra vários povos e nações do mundo, caucionando assim a política assassina e rapace das várias potências imperialistas que tentam repartir o mundo entre si à custa do extermínio e da morte.


Esclareça-se! Ser de esquerda é compreender que a única solução para resolver esta contradição é preparar e organizar os operários e seus aliados para o derrube do sistema que os explora e condena à humilhação e miséria. Não é constituir-se como um “comité de negócios” da burguesia que “alivie” a pressão revolucionária e o desejo e empenho da esquerda em satisfazer o porvir histórico da única classe que está habilitada a realizá-lo – a classe operária!

sábado, 13 de agosto de 2016

A Violência é a Parteira da História!

Dizem uns com impaciência que a haver revolução deveria ser...JÁ!  Dizem outros com a moderação que mais se aproxima do medo, que devíamos ir lá mas com as armas que temos...as nossas mãos a agitar ao vento!
Como a história é feita pelos homens e mulheres, com o concurso de interesses e de opiniões, de estádios de consciência muito diversos, quando hoje estudamos o esclavagismo, o feudalismo, as sociedades pré-capitalistas, a revolução industrial, etc., alguns são tentados a considerar que tudo isso aconteceu por geração espontânea, sobretudo vastos sectores da pequena burguesia.
Sectores que, por exemplo em Portugal, se sentem muito confortáveis em fazer saltitar o seu voto, acto eleitoral após acto eleitoral, entre o PS e o PSD, podendo por vezes radicalizar-se em torno de projectos ditos de esquerda – e até de extrema esquerda -, como o são BE e PCP.
Mas, não! O que a história nos revela é que foi fruto de lentos e quantitativos processos de mudança - ele houve as guerras dos 30 anos, dos 100 anos, só para ajustamentos relativos à configuração de fronteiras nacionais -, que após séculos de maturação e acumulação quantitativa de tensões várias,se evoluiu para transformações qualitativas, sempre caracterizadas pela violência. Marx afirmava, com toda a razão, ser a violência a parteira da história!
Estes são processos que não se compadecem com o tempo, com a agitação individual. São processos colectivos e, mais tarde ou mais cedo, ocorrerão porque servem para regular contradições antagónicas que se produzem na sociedade e que terão de ser resolvidas para que o mundo e a humanidade avance.
Há 3 séculos era inconcebível  para a classe dominante de então – a monarquia e a aristocracia feudal cujos interesses aquela representava e defendia - que o servo da gleba se libertasse dos grilhões do senhor feudal. Mas, as revoluções burguesas, que germinaram durante séculos impuseram, pela ruptura revolucionária, a sociedade da Igualdade, Fraternidade e Solidariedade.
Hoje, o processo de acumulação capitalista, o desenvolvimento da mesma para o seu estadio superior que é o imperialismo (a que muitos teóricos gostam de chamar globalização para escamotear a rapina e a guerra que aquele traz consigo) geraram uma contradição antagónica - a que opõe a natureza social do trabalho à apropriação privada da riqueza gerada por ele - que, tal como as contradições no passado, será resolvida não com beijinhos e abraços, ou por um acordo de tias durante o seu chá das 5, mas por revoluções violentas.
Porque, tal como no passado a burguesia teve de depor a monarquia pela violência para libertar os servos da gleba para o emergente mercado de trabalho, transformando-os em proletários que, de forma livre, pudessem dispor da única mercadoria que tinham para vender - a sua força de trabalho -, à burguesia emergente, a classe operária, os camponeses e todos aqueles que só sobrevivem do rendimento do seu trabalho ou, pior do que isso, foram remetidos para o desemprego, a precariedade, a fome e a miséria que o capitalismo lhe tem para oferecer, só poderá contar com a violência revolucionária para arredar da cena da história uma classe que, tal como as outras classes exploradoras que antes da burguesia detiveram o poder, nunca o abandonarão de livre vontade.
Senhores de escravos morreram às mãos de monarcas liberais, monarquias foram decapitadas pelas burguesias vencedoras e, povos e nações foram destruídos, milhares de vidas se perderam em nome da conquista de fronteiras, do domínio de territórios, do saque de matérias primas de outrem e da necessidade de o imperialismo regular a economia de acordo com os seus interesses.
Face aos apelos dos eternos românticos das soluções pacíficas, face às propostas de todas as correntes oportunistas que, desde Marx, foram tão bem caracterizadas e denunciadas - por este e por Lenine, por Mao e por tantos outros revolucionários – esta é a eterna questão que se coloca aos operários e aos seus aliados: Quantos milhões é necessário que morram no altar do sacrossanto lucro capitalista, na defesa dos interesses imperialistas de rapina –pois o imperialismo é a guerra -, para que as forças da revolução e da mudança, cheguem à conclusão que à exploração e à guerra burguesa, capitalista, colonial e imperialista só se pode responder com a guerra revolucionária que liberte a classe operária,  os povos e os trabalhadores da exploração, da rapina, da humilhação e da miséria e da morte, de uma existência sem dignidade ou futuro?