Há muita gente em Portugal a reclamar-se de esquerda. Desde
logo, todos os partidos parlamentares que, no presente, sustentam a solução
governativa que o PS protagoniza. Aceitam as migalhas que o poder capitalista
lhes oferece. Por isso, é de forma confortável e – como é moda dizer-se
actualmente – “prudente”, que aceitam
que uma dívida que não foi contraída pelo povo e da qual este não retirou
qualquer benefício, continue a ser paga por ele.
Vamos lá ver se nos entendemos. Essa é a esquerda do
sistema. Um sistema assente na exploração do homem pelo homem, que admite que
existe a possibilidade de um “compromisso” entre interesses de classes
antagónicas – isto é, entre aqueles que produzem toda a riqueza, a classe
operária, os camponeses, os trabalhadores em geral, e aqueles que se apropriam
dessa riqueza para seu proveito e gananciosa satisfação.
Uma esquerda que admite que é suficiente “reclamar” o
emprego, o alívio da precariedade, a “retoma de rendimentos”, o que está a afirmar
e a defender é a sua falência política. Podem ganhar o protagonismo que convém
aos seus verdadeiros patrões – a burguesia. Mas, nem o facto de “justificarem”
o seu oportunismo vesgo em nome das “condições concretas”, os salvará do isolamento
e da derrota que a história lhes reserva.
Uma esquerda que confunde propositadamente resistência com
terrorismo e se empenha em defender a “sua” burguesia na guerra imperialista
que leva a cabo contra vários povos e nações do mundo, caucionando assim a
política assassina e rapace das várias potências imperialistas que tentam
repartir o mundo entre si à custa do extermínio e da morte.
Esclareça-se! Ser de esquerda é compreender que a única
solução para resolver esta contradição é preparar e organizar os operários e
seus aliados para o derrube do sistema que os explora e condena à humilhação e
miséria. Não é constituir-se como um “comité de negócios” da burguesia que “alivie”
a pressão revolucionária e o desejo e empenho da esquerda em satisfazer o
porvir histórico da única classe que está habilitada a realizá-lo – a classe
operária!
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