segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Presidenciais 2021 – primeiro balanço de uma fraude eleitoral!

 





Realizou-se este domingo, dia 24 de Janeiro, mais um acto eleitoral, desta feita destinado a reeleger o Presidente da República, para mais um mandato de 5 anos. Os estrondosos números da abstenção, para além de retirarem qualquer legitimidade ao acto eleitoral e ao eleito, demonstram que a classe operária e os trabalhadores assalariados, ainda que não tenham consciência relativamente ao que pretendem para assegurar o seu futuro, já manifestam uma enorme consciência do que NÃO querem!

É necessário enfatizar que a abstenção – a maior de sempre em eleições presidenciais, se situou nos cerca de 61%, à qual se têm de adicionar mais de 2% de votos nulos e em branco. Não podemos perder de vista, também, que num universo de 10.791.490 eleitores, apenas votaram 4.261.209, tendo Marcelo obtido 2.533.799 votos expressos. Ou seja, a sua “representatividade, face ao universo de eleitores inscritos, não passa de cerca de 23,48% !!!

A classe operária e os trabalhadores assalariados já vêm a demonstrar o seu desprezo pelas instituições burguesas, bem como pelas personagens políticas que as representam e defendem, desde há pelo menos uma década. Esse desprezo não tem a ver com a pandemia ou com as condições climatéricas. Lembramos que em 2011, quando Cavaco Silva – o energúmeno de Boliqueime -  ganhou à primeira volta com 52,95% dos votos expressos, a abstenção foi de 55,48%! Cinco anos volvidos, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa não fez melhor. Apesar de vencer as eleições à primeira volta, com 52% dos votos expressos, a abstenção registou uma taxa de 51,34% relativa ao universo de votantes inscritos nos cadernos eleitorais.

Claro que a burguesia e todos os seus lacaios vão tentar fazer crer que este resultado se deveu à alegada crise pandémica de Covid-19, à situação climatérica ou a outros fenómenos externos a este fenómeno. Se é certo que quem semeia ventos colhe tempestades, apesar do clima de terror, de medo, da repressão inqualificável, do terrorista ataque às liberdades consagradas pela própria Constituição burguesa, a resposta que a abstenção encerra é eminentemente política.

E, a mensagem que os operários e os trabalhadores assalariados passaram, ao abster-se ou ao votarem em branco ou nulo, foi a de que não querem mais do mesmo. O regime que os engana, que representa os interesses daqueles que impiedosamente os exploram para reproduzir a acumulação do capital. O regime que representa aqueles que, quanto mais profunda e sistémica for a crise económica e pandémica, mais ricos se tornam, a avaliar pelas conclusões a que chegam várias agências internacionais – incluindo a FORBES – que revelam ser cada vez maior o número de bilionários, na razão directa do agravamento do desemprego, da precariedade, da morte e da miséria de quem trabalha ou procura vender a sua força de trabalho.

Tal como o sistema económico do capital – a infraestrutura económica do capitalismo e do imperialismo – a sua superestrutura está em manifesta deliquescência. Já não consegue enganar por muito mais tempo aqueles que pretende dominar e explorar. É ao canto da sereia do sistema a que estamos a assistir. A hipocrisia, a mentira, a manipulação, o medo, já não funcionam como condicionador das consciências.

Se é certo que, ainda assim, o sistema capitalista e imperialista dominantes consegue enganar muitos operários e assalariados durante muito tempo, não os conseguirá enganar durante o tempo todo. A crise económica e política sistémica, a pandemia que a agrava, acompanhada da deliquescência da superestrutura política e ideológica do sistema capitalista e imperialista cada vez mais pronunciada, profunda e alargada, prenunciam o fim deste sistema caduco e anunciam um novo modo de produção forjado pela única classe que tem o devir histórico de libertar toda a humanidade da escravatura assalariada.

Portugal, como país enquadrado no sistema capitalista e imperialista mundial, não foge a uma regra a que se assiste: a de que quase todos os países do mundo inteiro estão em eleições permanentes, seja para a área legislativa, seja para constituir governo, seja para eleger o Presidente da República.

Todos eles têm um objectivo em comum. Como assegurar que as suas populações em desequilíbrio estejam coladas à televisão ou a outros órgãos de “comunicação social”, para serem alienadas pelos diversos regulamentos e avisos, por uma falsa impressão de segurança, para que concitem uma popularidade necessária à sua reeleição.

Ao contrário de várias correntes oportunistas que sugerem a abstenção como “forma de luta”, os comunistas nunca sugeriram a abstenção, em circunstância alguma. Acreditam mesmo que abster-se é votar a favor ... de forma envergonhada! Traição maior ao programa autónomo revolucionário do proletariado teria sido, face a uma autêntica farsa eleitoral que se desenrolava perante os nossos olhos, indicar um dos candidatos de um regime "floral" que apenas interessa â burguesia.

O que os comunistas propuseram ficou bem claro. Que se fosse votar, mas NULO! Isso poderia constituir, desde logo, uma clara declaração de que não se está de acordo com o programa de nenhum dos candidatos que se apresentou a estas eleições. Inscrever a frase VIVA A REVOLUÇÃO COMUNISTA teria, adicionalmente, um significado político enorme, já que quem o fez demonstraria, não só que sabe o que NÃO QUER, como, e sobretudo, evidenciaria que sabe O QUE QUER!

O que estes resultados evidenciam é que operários e trabalhadores assalariados, uma vez mais, não se deixaram enganar pela campanha mediática ou pelos uivos da falsa esquerda patética de serviço, cuja missão foi, justamente, a de credenciar toda a sorte de disparates e promessas vãs que os diferentes candidatos foram propondo durante a campanha eleitoral, para dar a cada um dos candidatos que se apresentava a voto o máximo apoio “popular”, que é extrapolado pela comunicação social burguesa.

Tal como referia em artigo anterior, as últimas mascaradas eleitorais levadas a cabo pela burguesia para legitimar a sua ditadura “democrática” sobre os operários e trabalhadores assalariados, têm-se traduzido numa crescente abstenção por parte daqueles que só têm a sua força de trabalho para vender e estas eleições presidenciais, em 2021, também denotam uma consciência, por parte de quem só possui a sua força de trabalho para vender, um elevar da consciência de que não é por mudar de pavão que encontra uma solução para o seu direito à dignidade, à saúde, à educação, à habitação, ao transporte, ao lazer.

Durante as próximas semanas ouviremos várias teorias sobre a “reconfiguração” da direita, a confirmação das juras de amor entre Rui Rio e André Ventura, o passar de culpas da falsa esquerda de uns para os outros, pelo facto de a extrema-direita ter progredido de uma forma exponencial. Ouviremos relatos sobre Costa, como tendo sido o único a sair vitorioso deste ciclo eleitoral.

Os operários e os restantes assalariados não se devem deixar iludir por toda a sorte de patranhas com que a burguesia e os seus partidos – tanto os da direita, como os da falsa esquerda – os tentará, uma vez mais, endrominar. Têm de ser resolutos, têm de ser ousados, têm de aproveitar o momento histórico em que estão diante de um estado em deliquescência, de uma crise económica sistémica do sistema capitalista e imperialista, agravada por uma crise pandémica.

Enfim, têm de estar conscientes de que, só a Revolução Comunista, assente num modo de produção que tenha colectivizado todos os meios de produção e assegurado o fim da escravatura assalariada os poderá fazer concretizar uma nova sociedade, finalmente liberta da exploração do homem pelo homem, da escravatura assalariada e da guerra.

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