Fábulas para encantar incautos!
Na memória dos trabalhadores e
do povo português ecoarão ainda as bombásticas afirmações de Seguro, quando
ainda era secretário-geral do PS, de que faria uma oposição violenta…mas construtiva! ao governo de Coelho e Portas.
Foi, aliás, por considerar que
não era suficientemente violenta tal
oposição que Costa – imperador de Lisboa – decidiu avançar, em representação de
várias das cliques que coabitam dentro dessa federação de partidos que dá pelo
nome de Partido Socialista, para uma
candidatura à direcção do dito, e que veio a confirmá-lo como novel
secretário-geral num Congresso onde foi aclamado como o novo Sebastião saído
das brumas da memória!
Ora, uma das insinuações que
fazia para justificar porque deveriam militantes e simpatizantes votar nele,
era a da impossibilidade de haver qualquer entendimento com um governo e dois
partidos – PSD e CDS – que apostavam no modelo da austeridade, enquanto ele e o PS apostavam no desenvolvimento.
Alguns incautos e muitos
oportunistas – de que destaco o Livre,
uma excrecência saída de uma cisão no BE e liderada por um ex-deputado europeu –
acreditaram nestas promessas e até cantaram hosanas a uma nova
liderança e a um novo líder que,
finalmente, iria criar as condições para colocar em sentido a dona disto tudo, isto é, a chancelerina
Merkel e a potência imperialista que esta dirige, a Alemanha.
Mesmo antes de ganhar as
próximas eleições legislativas – isto se os trabalhadores e o povo português,
uma vez mais, se deixarem enganar -, vitória após a qual veremos o Costa, como
o fez no passado recente o francês Hollande, a meter-se no primeiro avião e ir
prestar vassalagem à Angela, eis que este vai preparando, afanosamente, o
terreno para o tão desejado compromisso,
isto é, a retoma e o aprofundamento da política de bloco central que tem governado Portugal nas últimas quatro
décadas.
Uma hora e quarenta e cinco
minutos de cordial cavaqueira entre
Costa e Passos para que o país tenha um
projecto estratégico comum! Apesar de salientar que caberá aos portugueses julgar qual o melhor caminho a seguir e
filosofar sobre a existência de vários
caminhos para chegar a Roma, Costa não deixou de enfatizar – como o fez no
passado o violento…mas construtivo Seguro
– que o mais desejável seria que o país pudesse ter objectivos comuns!
Tendo sido bem claro de que
não fará alianças com quem advoga o não pagamento da dívida e a saída de
Portugal do euro, foi de uma meridiana clareza o que Costa afirmou à saída
deste encontro. Que, apesar do fosso
entre a alternativa proposta pelo PS e aquilo que tem sido a política deste governo,
existe espaço para que aconteça o que Cavaco sempre tinha almejado – um compromisso que selasse uma nova entente, um renascer e reforço da
política do bloco central!
Defender, como o faz Costa,
que o país deve voltar a ter um sentido
comum, um projecto que seja partilhado colectivamente, tal como teve muitos
anos, e que é preciso um grande
entendimento estratégico, representa mais do mesmo, representa dar nova alma
a uma política velha de bloco central, precisamente
a política que conduziu os trabalhadores, o povo e o país às circunstâncias que
hoje lhes são impostas.
Claro está que este compromisso demonstra o reconhecimento de uma fraqueza. Eles unem-se, eles estabelecem compromissos, porque já entenderam que estão isolados perante o povo e quem trabalha.
Costa e seus pares fingem, uma
vez mais, não entender que para que uma estratégia de crescimento possa ocorrer
e ser travada a política de empobrecimento levada a cabo pelo governo de
traição nacional Coelho/Portas, a mando da chancelerina Merkel e da potência
germânica que lidera, será necessário que se forme uma ampla unidade
democrática e patriótica que tenha força para derrubar este executivo de
serventuários.
Unidade essencial para
constituir um Governo de Unidade Democrática e Patriótica cuja estratégia passe
pela recusa do pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, pela saída
de Portugal do euro e pelo implementar de um plano de investimentos criteriosos
que conduza à recuperação do tecido produtivo destruído por décadas de
submissão aos ditames da Europa solidária,
unidade essencial para que ocorra a reconquista da independência e soberania
nacional perdidas.
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