Apesar de todos os esforços no
sentido de culpabilizar os trabalhadores e o povo português pelo, défice e pela
dívida, repetindo até à nauseabunda exaustão a tese destilada pelo chefe do
gang da família Espírito Santo, Ricardo Salgado, de que estes andaram a viver acima das suas possibilidades,
é paradigmático o facto de o governo de traição nacional liderado por Coelho,
Portas e Cavaco, face aos recentes acontecimentos que levaram ao autêntico
golpe de estado que constituiu a falência do Grupo Ges/BES –uma morte há
muito anunciada – virem agora afirmar que dívidas
privadas não podem ser pagas por dinheiros
públicos!
É preciso descaramento, tanto
mais que por detrás destas declarações não existe nenhuma intenção de repudiar
uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer
benefício. Como sempre o denunciámos, e o mais recente caso do BES o comprova.
E, recorde-se, Ricardo Salgado, o brilhante
timoneiro deste banco falido, era um dos que repetia ad nauseum a tese advogada pelo executivo de serventuários ao
serviço da tróica germano-imperialista a cujo banquete esta corja sôfrega quer
aceder, nem que seja aos restos!
Há uns tempos atrás, aliás, um
parasita da índole de Ricardo Salgado, o banqueiro Fernando Ulrich, viu o seu
banco sobreviver graças à política terrorista e fascista deste governo. O dito
afirmava provocatóriamente que o povo português “ai aguenta…aguenta!” o
roubo do seu trabalho e dos seus salários, o inaudito aumento da carga fiscal, os
cortes nas chamadas prestações
sociais, a crescente denegação do direito à justiça, da educação,
da saúde, o aumento de todos os bens e serviços essenciais, para pagar uma
dívida que não havia contraído e da qual não havia retirado qualquer benefício.
Para não perder o pé nesta
autêntica parada da imbecilidade nazi, pela mesma altura, o ministro da
destruição do que resta da educação pública,
Nuno Crato, numa autêntica campanha para convencer os trabalhadores e o povo a aderirem ao agravamento do
genocídio fiscal que representa a aplicação da Lei Geral do Orçamento de Estado
para 2014, não querendo ficar atrás do imbecil Ulrich, defendeu que o povo
teria de trabalhar um
ano sem comer, para que fosse paga na totalidade essa dívida! Esta
gente não tem cura. Há uns tempos atrás, era Manuela Ferreira Leite a defender
a suspensão da democracia, desejo
prontamente satisfeito por Passos, Portas e Cavaco!
Podem alguns considerar haver
algum humor (seguramente negro) nestas declarações
de Crato. O que é certo é que o governo que integra já implementa um conjunto
de medidas, a mando da tróica germano-imperialista, que nem sequer, como é
tradicional num modelo de sociedade em que o capital explora o trabalho,
asseguram o mínimo suficiente de subsistência para que os trabalhadores e suas
famílias reproduzam a força de trabalho necessária à prossecução de um sistema
que assenta na exploração do homem pelo homem.
E depois, vem o Passos Coelho e
todos os opinólogos ao seu serviço destacar
a preocupante redução da natalidade,
tendo o PSD criado, inclusive, uma Comissão dita independente para produzir um relatório que, escamoteando
claramente que essa redução está intimamente associada à promoção institucional
da emigração, aos cortes nas prestações sociais, ao crescente nível de
desemprego e precariedade que, primeiro o deposto governo de Sócrates, e agora
o governo de traição nacional que integra, aceitaram implementar quando
assinaram o Memorando de
Entendimento com os
grupos financeiros e bancários, sobretudo alemães, que beneficiam lautamente
com o negócio da dívida.
Para que os incautos possam uma
vez mais ser enganados, a dita Comissão chega, inclusive, a propor alterações e
reduções a alguns escalões do IRS para beneficiar
famílias numerosas! Santa hipocrisia, quando foi este e o anterior governo
que se encarregaram de praticamente eliminar o chamado abono de família, agravando com essa medida as condições de vida de
uma parte considerável dos trabalhadores e do povo português.
A inteligência criminosa do actual ministro da saúde, Paulo Macedo, que
começou a revelar-se aquando da sua passagem pelo BCP/Millenium onde, como
gestor, foi co-responsável pela criminosa política de casino especulativo em que aquela entidade bancária privada se
envolveu, mormente a arriscada e desastrosa compra de dívida pública de outros países e a adesão a fundos de alto risco
que estiveram na base do estrondoso rebentamento da famigerada bolha imobiliária, está agora cada vez
mais refinada, sucedendo-se as mentiras que, tantas vezes repetidas, está em
crer que serão aceites como verdade.
Como a burguesia valoriza quem
ostenta esta criminosa inteligência
que consegue justificar que os vícios privados têm de ser pagos com
dinheiros públicos, isto é, à custa do aumento de impostos, logo vislumbrou em
Paulo Macedo, um excelente director geral das Finanças – leia-se, para optimizar
o assalto, via impostos, a quem trabalha. E,
como em matéria de defender os interesses da burguesia, tanto faz que seja o
PS, como o PSD a fazê-lo, eis Paulo Macedo – naquilo que se pode considerar a
expressão de uma verdadeira entente do bloco
central – a aceitar tais funções no quadro de um governo PS, mormente o que
foi presidido pelo em boa hora escorraçado Sócrates.
Tantos e tão valorosos foram os
préstimos de Paulo Macedo, nomeadamente em criar as condições para que a tese
de que o povo esteve a viver acima das
suas possibilidades, que quando Passos Coelho anunciou a formação deste
governo de traição PSD/CDS, lá vinha o personagem indicado como Ministro da
Saúde. Claro que tivemos de imediato a consciência de que a sua tarefa seria a
de tratar da saúde aos trabalhadores
e ao povo português.
E tão diligentemente o está a
fazer que, seguindo os planos – e aprofundando-os, até – iniciados no governo
de Sócrates, encerrou centros de saúde, maternidades, serviços de urgência,
etc., e pretende encerrar hospitais de referência como o de Santa Cruz para
transferir activos públicos de grande especialização para o sector privado –
mormente para a Cruz Vermelha, mas também para os Grupos Melo, Champalimaud e
BES, entre outros - , aumentou para o dobro as taxas moderadoras para as
consultas médicas e para os que recorrem às urgências hospitalares e caucionou
um dramático aumento dos custos de transporte em ambulâncias.
Pois é, tal como no passado se
gabava dos fabulosos lucros que ajudou o BCP a ensacar – e que agora os
trabalhadores e o povo português estão a ser obrigados a pagar -, tal como no
passado se orgulhava de ter posto na ordem o serviço de colecta de impostos,
Paulo Macedo vem anunciar, todo ufano, uma grande redução do recurso a
consultas médicas e aos serviços de urgência hospitalar.
Isto é, aumenta-se para o dobro
o valor das taxas moderadoras, reduzem-se os actos médicos, quer os decorrentes
das consultas médicas, quer os das urgências e internamentos hospitalares (nos
quais se incluem as intervenções cirúrgicas), despedem-se centenas de
enfermeiros, auxiliares e médicos, para se chegar à conclusão de que, do ponto
de vista financeiro, o resultado líquido não só torna mais exequível o
SNS, como permite gerar poupança para
o erário público.
Pois é, estas acções estão
agora a revelar as consequências que prevíramos e denunciámos. Um impacto
criminoso cujos efeitos poderemos desde já elencar:
·
maior índice de mortalidade,
·
quebra dramática da esperança
média de vida,
·
baixa abrupta do índice de
natalidade,
·
rápido e progressivo
agravamento do envelhecimento da população com as implicações que tais
fenómenos sociais terão nos fundos da segurança social e na política de
prestações sociais que são da responsabilidade do Estado.
Bem pode Passos Coelho e o seu
governo vende pátrias vir agora chorar lágrimas
de crocodilo e afirmar-se apreensivo com a dramática quebra dos índices de
natalidade que, a não ser derrubado este governo e constituído um governo de
unidade democrática e patriótica que faça Portugal sair do euro, repudie a
dívida e ponha em marcha um programa de recuperação do tecido produtivo e um
plano de investimentos criteriosos, e em algumas décadas será a própria
sustentabilidade de Portugal como nação independente que estará comprometida.
Hoje ouvi um comentário em que diziam que ao contrário do que se esperava o PS ainda ia ter mais votos por causa do Sócrates, algo do tipo as pessoas estarem com pena do coitadinho ... esta mentalidade é-me intelectualmente assustadora na medida em que de facto o povo pode ser por vezes contraditoriamente estúpido ...
ResponderEliminarMuitos intelectuais que se reclamam de esquerda ainda não compreenderam que os piores inimigos da classe operária, dos camponeses, dos trabalhadores em geral, os piores inimigos do povo são aqueles que se insinuam no seu seio, com uma linguagem aparentemente de esquerda - até com "preocupações" sociais - para os desviar do seu rumo que é o de acabar com a sociedade que sobrevive à custa da exploração do homem pelo homem.
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