O jogo escondido de
António Costa!
A menos de um ano de um ano de eleições legislativas – isto
se nenhum evento social e político obrigar a um desfecho diferente – os
chamados partidos do arco da governação
ensaiam novo episódio de transferência da responsabilidade da situação de
miséria, fome, desemprego e exploração a que o povo português tem estado
sujeito, tentando cada um imputar a responsabilidade do descalabro aos outros e
escamotear que todos são responsáveis por ele.
Desde o anúncio de milagres
económicos prontamente negados pela evidência dos factos até golpes
palacianos para tentar diminuir a capacidade de manobra dos adversários de mesa do orçamento, PS e PSD, a sós ou
mancomunados, não poucas vezes com o apoio do saltapocinhas Portas e seu CDS,
ensaiam uma vez mais fazer passar a ideia de que está na mudança de políticas, o cerne da questão quanto à resolução da
crise, da dívida e dos efeitos criminosos que ambos os partidos têm defendido e
programado para que seja o povo, que nenhuma responsabilidade ou benefício dela
retirou, a pagar a crise e a dívida.
Fruto das medidas terroristas e fascistas, iniciadas no
governo de Sócrates, antecâmara das que estão a ser adoptadas pelo actual
governo de traição nacional PSD/CDS, tutelado por Cavaco Silva, da imposição da
entrada de Portugal na então CEE, sem direito a um amplo e democrático debate
sobre as consequências da mesma, que esta política de bloco central tem tentado escamotear que a destruição do tecido
produtivo – agricultura, pescas, indústria média e pesada -, associada à adesão
ao marco travestido de euro, sequestraram a independência e soberania de
Portugal e fizeram o país cair num ciclo de dívida crescente e impagável, num
crescendo de desemprego e miséria.
A propósito de miséria já nem o governo de Coelho e Portas
se atreve a contestar a realidade da existência de mais de 3 milhões de
elementos do povo a viver abaixo do limiar da pobreza. Pobreza que assume
várias formas, uma das quais se revela no crescente aumento de sem- abrigo em todos os principais
núcleos urbanos do país.
Acontece que seja qual for a classificação de sem- abrigo que se considerar - crónico,
periódico, temporário ou total –
nunca como nos últimos 3 anos que leva este governo serventuário dos interesses
do imperialismo germânico, se registaram índices tão elevados de crescimento do
seu fenómeno. É cada vez maior o número dos sem-
abrigo recém-chegados à rua, bem como daqueles que são considerados outsiders devido às suas características
sedentárias, assim como dos institucionalizados.
Ou seja, segundo os últimos censos aumentou
significativamente o número de sem-abrigo,
sendo que um terço deles é classificado como crónico. Na esmagadora maioria, elementos do povo que foram
atirados para o desemprego ou aos quais foi cortado qualquer subsídio que lhes
permitisse ter uma habitação permanente e estável. São obrigados a viver,
agora, em estações do metro ou camionagem, paragens de autocarro,
estacionamentos, viadutos, pontes e abrigos de emergência.
No âmbito da Estratégia
Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, organismo
coordenado pelo Instituto de Segurança Social (ISS), serão actualmente 5 mil os
sem abrigo que deveriam ser
acompanhados por um Instituto que, a avaliar pelo desempenho que tem tido no corte de prestações sociais (de que são exemplos o rendimento mínimo ou o abono de família), nada poderão esperar
da sua acção e programas e que as lágrimas
que verte são de … crocodilo!
E se alguém ainda alimentar alguma ilusão quanto ao que diferencia a política de António Costa
da de Coelho, Portas ou Cavaco, convirá referir que Lisboa é a cidade do país
onde o número de sem abrigo mais
aumentou. Nos últimos 2 anos quase que triplicou, acreditando o presidente da
União das Misericórdias Portuguesas que esse número se cifre agora em bem mais
de 850 pessoas a viver nas referidas
condições.
Um bom indicador do desprezo com que Costa trata os sem abrigo em Lisboa é o facto de na
capital – e tal seria da responsabilidade do executivo camarário – não existir
nenhum Núcleo de Planeamento e
Intervenção Sem-Abrigo que, por lei, deveriam ser criados. Já foram 17,
hoje estão reduzidos a 14 e deveriam trabalhar de forma integrada com o ISS
para garantir que ninguém está mais de 24
horas na rua…a menos que seja da sua vontade!
Claro está que o Costa deve considerar que é por vontade própria que se é sem-abrigo! E, se não quer resolver o
problema…esconde-o! Como esconde sob um diáfano manto verde as mazelas da capital, isto é, as centenas de prédios
camarários degradados, abandonados ou em ruínas. Apenas aqueles que podem
corresponder ao seu modelo de acrescentar
valor e favorecer os grandes grupos financeiros, imobiliários e operadores
turísticos merecerão ser salvos e ver os seus projectos de recuperação
agilizados.
Recentemente, e prosseguindo a sua governança assente na poupança – que em nada se distingue da política de austeridade que tanto
condena a Coelho e Portas – Costa acredita ter conseguido parir uma ideia
genial que case dois mundos de oportunidade. Por um lado, poupar nos apoios a que está obrigado
para com um crescente número de sem-abrigo. Por outro, dar serventia às
centenas de edifícios camarários votados ao abandono e degradação.
Formata um batalhão de assistentes
sociais, a quem indica que a regra, a partir de agora, é a de cortar nas gorduras e forçar a poupança! Vai daí, os ditos procedem à
suspensão da emissão de cheques alojamento e, em segredo, encaminham muitos dos
até então beneficiários desta
política caritativa, imagine-se para
onde. Para aqueles prédios até agora devolutos!
Prédios sem qualquer salubridade, sem o mínimo de segurança,
sem as mínimas condições de habitabilidade, sem água, electricidade ou gás!
Esta é a hipocrisia que caracteriza a burguesia, seja a representada pela
actual direcção do PS e que está à frente do executivo municipal da capital,
seja a representada por PSD e CDS que, coligados, estão à frente do executivo
governamental, detêm a maioria parlamentar e são tutelados por um presidente da
república que persiste em ampará-lo.
E estas são as opções com que o povo português tem de ser
confrontado. Ou bem que persiste em dar o seu voto a partidos que mais não têm
para oferecer do que o desemprego, a miséria e a fome, e a caridadezinha alheia para suprir essas chagas sociais, ou bem que
luta pelo derrube deste governo, substituindo-o por um governo de Unidade
Democrática e Patriótica – que contará certamente com a esmagadora maioria dos
militantes de base do PS - que assegure
a saída de Portugal do euro, o não pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e
odiosa e coloque em marcha um programa de investimentos criteriosos que assente
na recuperação do nosso tecido produtivo e da soberania e independência
nacional.
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