domingo, 7 de dezembro de 2014

Sem abrigo e prédios devolutos

O jogo escondido de António Costa!

A menos de um ano de um ano de eleições legislativas – isto se nenhum evento social e político obrigar a um desfecho diferente – os chamados partidos do arco da governação ensaiam novo episódio de transferência da responsabilidade da situação de miséria, fome, desemprego e exploração a que o povo português tem estado sujeito, tentando cada um imputar a responsabilidade do descalabro aos outros e escamotear que todos são responsáveis por ele.


Desde o anúncio de milagres económicos prontamente negados pela evidência dos factos até golpes palacianos para tentar diminuir a capacidade de manobra dos adversários de mesa do orçamento, PS e PSD, a sós ou mancomunados, não poucas vezes com o apoio do saltapocinhas Portas e seu CDS, ensaiam uma vez mais fazer passar a ideia de que está na mudança de políticas, o cerne da questão quanto à resolução da crise, da dívida e dos efeitos criminosos que ambos os partidos têm defendido e programado para que seja o povo, que nenhuma responsabilidade ou benefício dela retirou, a pagar a crise e a dívida.

Fruto das medidas terroristas e fascistas, iniciadas no governo de Sócrates, antecâmara das que estão a ser adoptadas pelo actual governo de traição nacional PSD/CDS, tutelado por Cavaco Silva, da imposição da entrada de Portugal na então CEE, sem direito a um amplo e democrático debate sobre as consequências da mesma, que esta política de bloco central tem tentado escamotear que a destruição do tecido produtivo – agricultura, pescas, indústria média e pesada -, associada à adesão ao marco travestido de euro, sequestraram a independência e soberania de Portugal e fizeram o país cair num ciclo de dívida crescente e impagável, num crescendo de desemprego e miséria.

A propósito de miséria já nem o governo de Coelho e Portas se atreve a contestar a realidade da existência de mais de 3 milhões de elementos do povo a viver abaixo do limiar da pobreza. Pobreza que assume várias formas, uma das quais se revela no crescente aumento de sem- abrigo em todos os principais núcleos urbanos do país.


Acontece que seja qual for a classificação de sem- abrigo que se considerar -  crónico, periódico, temporário ou total – nunca como nos últimos 3 anos que leva este governo serventuário dos interesses do imperialismo germânico, se registaram índices tão elevados de crescimento do seu fenómeno. É cada vez maior o número dos sem- abrigo recém-chegados à rua, bem como daqueles que são considerados outsiders devido às suas características sedentárias, assim como dos institucionalizados.

Ou seja, segundo os últimos censos aumentou significativamente o número de sem-abrigo, sendo que um terço deles é classificado como crónico. Na esmagadora maioria, elementos do povo que foram atirados para o desemprego ou aos quais foi cortado qualquer subsídio que lhes permitisse ter uma habitação permanente e estável. São obrigados a viver, agora, em estações do metro ou camionagem, paragens de autocarro, estacionamentos, viadutos, pontes e abrigos de emergência.

No âmbito da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, organismo coordenado pelo Instituto de Segurança Social (ISS), serão actualmente 5 mil os sem abrigo que deveriam ser acompanhados por um Instituto que, a avaliar pelo desempenho que tem tido no corte de prestações sociais (de que são exemplos o rendimento mínimo ou o abono de família), nada poderão esperar da sua acção e programas e que as lágrimas que verte são de … crocodilo!

E se alguém ainda alimentar alguma ilusão quanto ao que diferencia a política de António Costa da de Coelho, Portas ou Cavaco, convirá referir que Lisboa é a cidade do país onde o número de sem abrigo mais aumentou. Nos últimos 2 anos quase que triplicou, acreditando o presidente da União das Misericórdias Portuguesas que esse número se cifre agora em bem mais de 850 pessoas a viver nas referidas condições.
Um bom indicador do desprezo com que Costa trata os sem abrigo em Lisboa é o facto de na capital – e tal seria da responsabilidade do executivo camarário – não existir nenhum Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo que, por lei, deveriam ser criados. Já foram 17, hoje estão reduzidos a 14 e deveriam trabalhar de forma integrada com o ISS para garantir que ninguém está mais de 24 horas na rua…a menos que seja da sua vontade!

Claro está que o Costa deve considerar que é por vontade própria que se é sem-abrigo! E, se não quer resolver o problema…esconde-o! Como esconde sob um diáfano manto verde as mazelas da capital, isto é, as centenas de prédios camarários degradados, abandonados ou em ruínas. Apenas aqueles que podem corresponder ao seu modelo de acrescentar valor e favorecer os grandes grupos financeiros, imobiliários e operadores turísticos merecerão ser salvos e ver os seus projectos de recuperação agilizados.


Recentemente, e prosseguindo a sua governança assente na poupança – que em nada se distingue da política de austeridade que tanto condena a Coelho e Portas – Costa acredita ter conseguido parir uma ideia genial que case dois mundos de oportunidade. Por um lado, poupar nos apoios a que está obrigado para com um crescente número de sem-abrigo. Por outro, dar serventia às centenas de edifícios camarários votados ao abandono e degradação.

Formata um batalhão de assistentes sociais, a quem indica que a regra, a partir de agora, é a de cortar nas gorduras e forçar a poupança! Vai daí, os ditos procedem à suspensão da emissão de cheques alojamento e, em segredo, encaminham muitos dos até então beneficiários desta política caritativa, imagine-se para onde. Para aqueles prédios até agora devolutos!

Prédios sem qualquer salubridade, sem o mínimo de segurança, sem as mínimas condições de habitabilidade, sem água, electricidade ou gás! Esta é a hipocrisia que caracteriza a burguesia, seja a representada pela actual direcção do PS e que está à frente do executivo municipal da capital, seja a representada por PSD e CDS que, coligados, estão à frente do executivo governamental, detêm a maioria parlamentar e são tutelados por um presidente da república que persiste em ampará-lo.

E estas são as opções com que o povo português tem de ser confrontado. Ou bem que persiste em dar o seu voto a partidos que mais não têm para oferecer do que o desemprego, a miséria e a fome, e a caridadezinha alheia para suprir essas chagas sociais, ou bem que luta pelo derrube deste governo, substituindo-o por um governo de Unidade Democrática e Patriótica – que contará certamente com a esmagadora maioria dos militantes de base do PS -  que assegure a saída de Portugal do euro, o não pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa e coloque em marcha um programa de investimentos criteriosos que assente na recuperação do nosso tecido produtivo e da soberania e independência nacional.


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