terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Só ousando lutar o Povo PODE ousar vencer!

A treta dos movimentos inorgânicos tem sido o pântano de águas turvas onde toda a sorte de oportunistas gosta de chafurdar. A maioria deles emergem das conhecidas tácticas enteristas tão do agrado de toda a sorte de movimentos trotskistas. Caracteriza-se por um profundo oportunismo político, levado a cabo por gente que enche a boca de apartidarismo e que pugna pelas plataformas sociais...desde que elas se sujeitem à sua manipulação.

Quem não se lembra de um medíocre – e míope – imberbe da política que aparecia em tudo o que era serviço noticioso televisivo, mas não só, a vociferar contra os partidos para, passado o modismo do apartidarismo, aparecer como dirigente do partido do Basta – não deverá ser basta o pagamento da dívida pois advogam a renegociação da dita - e promotor do movimento/partido JUNTOS PODEMOS?

Mas, podemos quem? O quê? Contra quem? Nada disso estes saloios ibéricos da política esclarecem. Ficam satisfeitos em colar-se ao insuspeito prémio Nobel Obama que ganhou as eleições nos EUA à conta da dúbia consigna Yes, we can!, cujo resultado está à vista! Claro que o governo imperialista americano continua a poder invadir e subjugar outros povos e países, a explorar os seus recursos naturais e a impor os ditames que melhor sirvam os grandes grupos financeiros, bancários e industriais norte-americanos. É a esse pantomineiro PODEMOS que esta gente quer sujeitar os trabalhadores e o povo português!

Nem do discurso de partido/movimento Bloco de Esquerda que integraram– para depois com ele romper – se conseguem diferenciar. Uma vez mais o obtuso princípio de um colectivo que se deseja propositadamente difuso para que se privem os trabalhadores e o povo de uma direcção que os prepare para uma luta dura e prolongada, de uma linha política que os leve a ousar lutar para ousar vencer!

Como no passado recente não tiveram sucesso com a sua ruptura, como não possuem sequer uma linha política justa e coerente, pois consideram que o movimento é tudo e os princípios, a estratégia e os objectivos de nada valem, tentam aquilo que não conseguiram no BE – anexar o Junto Podemos! Isto é, já não querem ser os ocupantes do cavalo de Tróia, querem ser o próprio cavalo! Tal como sempre o fizeram, os operários e os trabalhadores portugueses se encarregarão de mandar para as cavalariças do oportunismo estas marionetas da burguesia.

Quem ainda se deixa iludir por uma deriva ideológica que tanto monta a onda do apartidarismo, como apela à existência de plataformas que vão de encontro ao estadio actual da consciência humana e que obriga à existência de ...PARTIDOS! Gente sem escrúpulos que tenta desviar a luta dos operários e trabalhadores da sua verdadeira condição, que é a de que existem classes, elas travam uma luta de morte entre si - sobretudo entre aquelas classes que, com o seu trabalho, produzem riqueza e a classe, minoritária, que se arroga o direito de apropriar dela.

Esta gente, que tem saltitado alegremente entre a social-democracia bloquista e a testosterona remanescente em vários movimentos ditos de ruptura, por vezes associados a alguns espontâneos de undécima hora, têm um papel - o de , diligentemente, proporcionar à burguesia constantes cortinas de fumo que desviem do seu foco a luta que os operários, os camponeses, os trabalhadores em geral, os democratas e patriotas, têm de travar para derrubar este governo e constituir um governo de unidade democrática e patriótica.

Um governo que se recuse a pagar uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, e que faça Portugal sair do euro e leve a cabo uma política de investimentos criteriosos que permitam recuperar o tecido produtivo destruído pela cambada do bloco central, tirando proveito da posição geoestratégica de Portugal para garantir o seu desenvolvimento e o bem estar do povo, a sua soberania e independência.

Num enquadramento em que a luta de classes é o motor da história não existiu no passado, como não existe actualmente, uma classe - seja ela a operária ou outra classe ou sector de classe homogénea, concentrada e altamente solidária. É da própria natureza da luta entre elas que se inter-influenciem e que existam segmentos no seio de cada uma delas que se deixam influenciar pelos interesses de outras classes ou sectores.

Sempre existiram estigmas burgueses no seio da classe operária - lembre-mo-nos que em grande medida Hitler beneficiou do voto operário -, assim como existiram proeminentes pequeno-burgueses ou membros da intelectualidade burguesa a defender um modelo societário mais em conformidade com os interesses de classe históricos da classe operária e dos camponeses.

Para fazer face a uma burguesia com interesses de classe muito claros e objectivos - roubar o salário e o trabalho, promover o empobrecimento, tudo em nome da sacrossanta propriedade e do lucro - só uma classe operária organizada, disciplinada, com um suporte ideológico firme e determinado para dirigir uma luta dura e prolongada e um partido com uma linha política justa que agregue e una outros sectores de trabalhadores, os intelectuais, a juventude estudantil e os democratas e patriotas, poderá assegurar a sua derrota.

A dívida nunca foi um problema dos operários e dos trabalhadores. Ela decorre das contradições inultrapassáveis do sistema capitalista. Logo, nunca será justo colocar os trabalhadores perante o objectivo burguês de pagar a dívida - seja a totalidade, seja uma parte dela!  A pequena burguesia, sempre temerosa e poltrona, sempre desejosa de vir a abocanhar, não as migalhas do bolo do orçamento que a burguesia lhe dá para a calar e assegurar a sua cumplicidade, mas uma fatia mais substancial, aceita os inuendos e as ilusões que estão na base de programas como a renegociação ou a reestruturação da dívida!

Os operários, os trabalhadores em geral, o povo, que têm consciência de não terem contraído esta dívida, nem dela ter retirado qualquer benefício – muito pelo contrário – sabem que o caminho a seguir só pode ser o de NÃO PAGAMOS!

Quanto ao euro, aí nem hesitações podem subsistir. Temos de compreender que, depois de terem levado a cabo um plano criterioso, complexo e elaborado de destruição do tecido produtivo de vários países - sobretudo os do sul da Europa e os elos fracos do sistema capitalista -, em nome da solidariedade e subsidiaridade europeias o euro é a cereja no topo do bolo. Uma moeda forte para economias fracas tem tido por efeito que, face a uma situação em que esses países têm de importar - como é o caso de Portugal - cerca de 80% daquilo que necessitam para alimentar o povo e criar economia, a dívida se torna IMPAGÁVEL e de crescimento IMPARÁVEL!

A classe operária da Cintura Industrial de Lisboa e do Porto e de outros pólos industriais no nosso país, o campesinato pobre, os assalariados rurais, que em 1974 representavam mais de 60% da população deixou de existir, fruto do "modelo" económico imposto pela modernidade europeia pomposamente anunciada por Mário Soares.

Só para se ter uma ideia, o sector industrial representa hoje, no PIB nacional, cerca de 18% da riqueza gerada e o sector primário - a agricultura - não representa mais do que 2%!!! Isto significa que o mapa da demografia de classes, fruto de traições a montante, que têm a ver com a organização política do movimento revolucionário que se gerou em Abril de 74, e cujos responsáveis estão bem identificados - os mesmos que, refresque-se a memória, já durante a crise de 1983, num governo dirigido por Mário Soares, defendiam a reestruturação da dívida -, e a jusante, que têm a ver com a traição dos partidos do bloco central - que impuseram ao povo português a adesão à então CEE - se alterou profunda e qualitativamente.

Esta mudança implica que hoje as políticas de aliança - entre classes e interesses de classe - sejam diferentes das de 1974. Naquela época, a aliança operário-camponesa - que é a chave, em qualquer circunstância, para o sucesso da revolução socialista - era pujante e podia ser actuante, não fossem, como mais acima se afirma, as cortinas de fumo que alguns partidos que se reclamavam da esquerda se prestaram a lançar, promovendo recuos e capitulações que permitiram à burguesia recuperar e reforçar até o poder perdido.

A situação actual, ao contrário do que se vivia em 74, já não é a da iminência da revolução socialista, mas um quadro mais próximo da primavera revolucionária da Rússia de Kerensky. Ou seja, o facto de as políticas terroristas e fascistas que o actual governo - que teve as portas abertas fruto das políticas anteriormente prosseguidas pelo governo Sócrates - atingirem uma classe operária e camponesa, demográficamente diminuídas mas, sobretudo, vastos sectores de classe pequeno e médio-burguesas, sugere um outro estadio. Estamos num estadio da revolução que obriga a uma ampla unidade democrática e patriótica que tem de criar, para além do derrube deste governo, as condições para que seja recuperado o tecido produtivo destruído pelos serventuários do bloco central - PS e PSD, com o CDS pela trela.

Tal unidade tem de passar não por uma operação matemática, não por uma confabulação entre os directórios dos partidos, mesmo daqueles que se reclamam da esquerda, mas pelas suas bases e por legítimas plataformas da cidadania, pelos sindicatos e organizações dos trabalhadores, pelas universidades, estudantes, professores, etc., por personalidades democráticas e patrióticas de vários quadrantes, que demonstrem estar disponíveis para lutar por um programa mínimo que sacuda o genocídio fiscal a que este governo está a sujeitar o povo e quem trabalha.

A recuperação do tecido produtivo só é possível, alocando todos os recursos do país. Por isso, dívidas ilegítimas, ilegais e odiosas - um conceito que está presente em constituições burguesas como a dos EUA - não podem ser pagas. Por isso a emergência da saída de Portugal do euro, uma moeda forte para uma economia fraca, que condiciona qualquer plano de crescimento e desenvolvimento, pois retira a soberania cambial, fiscal e financeira aos países com economias mais frágeis.

Não é, pois, na verticalização partidária ou na horizontalidade das plataformas cidadãs que reside a solução que mais interessa aos trabalhadores e ao povo. A questão está na resposta às questões MOBILIZAR para lutar contra o quê e organizar como, quem e através de que meios?
Apenas uma ampla unidade democrática e patriótica, onde nenhuma das componentes tente, arbitrariamente manipular as restantes, baseada num programa mínimo, discutido, aprovado e assumido por todos os que nele se revejam e envolvam, poderá levar à vitória sobre este ou qualquer outro governo reaccionário e fascista - não há que ter ilusões sobre o que será um governo com o PS a liderar, se o povo cair, uma vez mais, na patranha de promessas nunca cumpridas.
A globalização, um papão tantas vezes agitado por toda a sorte de oportunistas para desmobilizar a luta a nível nacional, propondo que se aguarde pelo criar de condições internacionais para que a luta avance, é um mito que convém desmaterializar. A teoria marxista das mais valias não foi secundarizada ou mesmo ultrapassada, pelo facto de o capitalismo ter atingido - tal como Lenine o caracterizou no início do século passado - o seu estadio supremo.

Nada disso! O capitalismo o que procura é obter o máximo lucro possível recorrendo ao mínimo custo da mão de obra ou, segundo o princípio tailorista, mão de obra baratinha, pouca qualificada e dócil. E vai à procura desse desiderato onde quer que, geograficamente, o possa encontrar. Estas derivas do capitalismo - a que erradamente se convencionou chamar globalização - estão a provocar um novo fenómeno - a bascularização. Isto é, a transferência da exploração promovida pelo grande capital sobre os operários e demais trabalhadores para regiões planetárias menos desenvolvidas e onde as mais valias e os lucros obtidos podem ser altamente exponenciados.


Tal fenómeno, porém, reforça a tese de que qualquer revolução no âmbito nacional promove, reforça e estimula o movimento revolucionário internacional e a consigna internacionalista marxista de que os operários, camponeses e trabalhadores de todo o mundo se devem unir na luta contra o capital!


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