sábado, 29 de novembro de 2014

BLOCO CENTRAL : A Escola do Crime!

Uma saga sem fim à vista?!


A detenção de José Sócrates e posterior medida de prisão preventiva a que o juiz Carlos Alexandre o sujeitou, despertou nos eternos ingénuos da política – para além dos profissionais do golpe e do oportunismo político – uma onda de alegria pelo facto, presumem, de a justiça finalmente estar a funcionar!
Nada de mais falacioso. Para além de que legislação promovida e aprovada por bandidos nunca poder servir para os julgar e muito menos condenar, o contexto em que sucessivos eventos ocorrem, como são o caso GES/BES, a detenção e posterior medida de impôr uma caução de 3 milhões de euros ao pobrezinho banqueiro do regime, Ricardo Salgado, as cirúrgicas fugas de informação que redundaram no abortar da operação Labirinto – na qual estão envolvidas figuras gradas do regime ligadas ao PSD – e a recente operação Marquês que levou à detenção e posterior medida de prisão preventiva de Sócrates, demonstram à exaustão que a componente criminal invocada serve para escamotear a componente política que determina a existência de um regime e de um bloco central de interesses que configura uma autêntica associação criminosa.
Os trabalhadores e o povo português têm vindo a assistir - e a sofrer as consequências - de uma ópera bufa representada, à vez ou em simultâneo, por PS e PSD, por vezes com a colaboração de um compère de ocasião como é o inefável Paulo Portas e o seu cão amestrado CDS, a que se convencionou chamar Bloco Central !
Não terá sido mera coincidência  o facto desta operação justicialista que culminou com o encarceramento de José Sócrates em Évora ocorrer nas vésperas do Congresso do PS destinado a aclamar o seu novo líder, António Costa, e a moção programática que defende – herdeira do programa de Sócrates -  como alternativa ao governo de traição nacional de Coelho e Portas, e do seu tutor Cavaco.
Só tolos poderiam aceitar essa coincidência! Para mais num momento em que António Costa e a actual direcção do PS se esforçam por assegurar que em próximas eleições legislativas, caso venham a obter uma maioria absoluta, prosseguirão a mesma política de PSD e CDS, mas com uma cara lavada. Tal como fez Hollande do PS francês, que prometeu acabar com a austeridade e opor-se à chancelerina Merkel , mas que no dia seguinte às eleições, o seu primeiro acto político foi meter-se num avião e ir a Berlim prestar-lhe vassalagem, prosseguindo e agravando as medidas políticas terroristas e fascistas que o seu antecessor, o saltapocinhas Sarkozy levara a cabo.
São, pois, muitos, diversificados e caricatos os casos em que ministros, ex-ministros e figuras do topo da hierarquia do estado ligados ao bloco central são alvo da justiça – não da justiça popular que um dia se fará, mas do arremedo de justiça que o sistema burguês possibilita – e a fazer com que a velha máxima de que à mulher de César não lhe basta ser séria…tem de o parecer, nunca como agora teve tanta razão de ser.
As contas deste rosário parecem nunca mais acabar. Sucedem-se casos como os submarinos, a Portucale, as PPP’s, os SWAP’s, o BPN, o grupo GES/BES, os golden visa, enfim, para todos os gostos e tipo de corruptos e corruptores. Tudo bons rapazes…está de ver! Assim como está para se ver quantos mais episódios desta guerra entre parceiros de bandidagem conhecerão a luz do dia, à medida que os períodos eleitorais ditarem que se inicie a lavagem de roupa suja.
Apesar de se sucederem a um ritmo estonteante os episódios de corrupção ou de suspeita da sua prática, será pedagógico perceber-se o como e o porquê deste caldo a que se chama BLOCO CENTRAL se ter transformado numa verdadeira escola de formação de criminosos.
O processo explica-se em poucas linhas:
·         Primeiro, fruto das políticas levadas a cabo pelo centralão – PS e PSD (com o CDS sempre à espreita e a reboque) – liquida-se o nosso tecido produtivo em troca de subsídios supostamente destinados a fazer entrar o povo português no paraíso de leite e mel, no céu da abundância e da riqueza solidária dos países desenvolvidos do norte do continente europeu;
·         Os subsídios começam a fluir, como começa a fluir todo um exército de especialistas, políticos de carreira, consultores jurídicos e financeiros, a arrogar-se detentores da VERDADE sobre qual a aplicação a dar aos abundantes fundos que começavam a entrar nos cofres do estado e a merecer o apetite vampiresco daqueles que, rapidamente, os queriam transferir para os seus cofres privados;
·         Mas, cedo a classe política se apercebeu que tal roubo não poderia ser feito às claras, de forma ostensiva e descarada. Logo, uma vez mais, um exército de políticos de carreira, de consultores jurídicos e financeiros, lançaram a artimanha jurídico-legal que corporiza as PARCERIA PÚBLICO PRIVADAS e das Empresas Públicas com gestão privada, que se encarrega de consumar o roubo, mas sob a capa da legalidade;
·         Numa intrincada teia de promiscuidades onde alguns advogados e outros jurídicos repartem as suas funções de deputados com as de consultadoria ao grupos parlamentares dos partidos da burguesia, através dos grandes gabinetes de advocacia aos quais continuam ligados, o edifício jurídico vai sendo montado à medida dos interesses do saqueio desses fundos que tão generosamente davam entrada no país;
·         Daí até às regras de adjudicação, à rede de influências e às troca de favores foi um pequeno passo. Passo, aliás, que mais não seria do que a consequência lógica do processo tão laboriosamente montado;
·         Desses fundos públicos, agora em mãos privadas, à custa de desvios de dinheiro, obras adjudicadas por um montante e terminadas em montantes escandalosamente superiores, de luvas devidas a trocas de favores, políticos, económicos e financeiros, surgiram novas corporações financeiras, novos grupos económicos que, temerosos, como é apanágio de um ladrão que se preze, de que alguém lhes viesse roubar aquilo que tinham acumulado com tanto sacrifício, se apressaram a colocar as mais-valias em offshores e, não contentes, a criar a sua própria offshore na Madeira, assegurando uma gigantesca lavagem de dinheiro, ocultando a origem fraudulenta do dinheiro roubado.
Tudo isto foi sendo praticado ao longo das últimas três décadas de forma impune. As leis tinham sido criteriosamente produzidas de modo a assegurar a impunidade dos criminosos.
Seria fastidioso elencar as personagens que ao longo destas três décadas se locupletaram com verbas faraónicas. Eles pertencem aos vários partidos do arco do poder, numa intrincada teia que vai desde o poder central ao chamado poder local. E, em nome do sacrossanto princípio político eleitoral que convenientemente montaram, asseguraram que a rotatividade entre o PS e o PSD – a famosa e famigerada bipolaridade – garantiria que todos eles haveriam, como diz o povo, comer da gamela.
A contrapartida aos fundos tão generosamente colocados à disposição do nosso país pelo directório europeu, dominado pelo imperialismo germânico, era o de que abandonássemos a agricultura, porque os franceses produziam mais, melhor e mais barato; abandonássemos as pescas, porque os espanhóis tinham melhor frota e venderiam o pescado a preços mais atractivos; destruíssemos a nossa indústria naval, metalomecânica/metalúrgica, siderurgia, etc., porque os alemães tinham melhor know-how e a preços muito mais competitivos.
Não serviram, portanto, esses fundos para equipar a nossa frota pesqueira, para mecanizar e modernizar a nossa agricultura ou para robotizar e tornar mais especializada e inovadora a nossa indústria. Nada disso! Serviram para implementarmos, a par do compadrio e da corrupção, a famigerada política do betão, levada a cabo pelos sucessivos governos do proeminente economista Cavaco, que assegurou as auto estradas do desenvolvimento, isto é, as vias que assegurariam o escoamentoa massiço dos produtos oriundos dos países daqueles que tão generosamente nos tinham atribuído tais fundos.
Serviram, isso sim, para que do ponto de vista político e económico Portugal ficasse refém dos grandes grupos financeiros, bancários e industriais – particularmente os alemães – e que, forçado a integrar um sistema monetário e uma moeda forte como o euro – o marco travestido -, com uma economia totalmente fragilizada, os sucessivos governos vende-pátrias tivessem sujeitado o país à total perda de soberania política, económica, fiscal, orçamental e cambial, isto é, transformado Portugal numa autêntica sub-colónia ou protectorado do imperialismo germânico.
Claro está que um país como Portugal que, mercê da destruição sistemática do seu tecido produtivo, se vê obrigado a importar mais de 80% daquilo que necessita para alimentar o povo e para que a sua economia se desenvolva, a fórmula que o capitalismo encontra para equilibrar as coisas a contento dos seus interesses de rapina é a de emprestar dinheiro, estimular o crédito – ao estado e aos particulares - com juros faraónicos, esperando que a espiral de endividamento que tal política irá, necessariamente, provocar lhes permita arrogar-se o direito de exigir ao estado português, como pessoa de bem que supostamente deve ser, que pague a factura.
Como o estado não é pessoa de bem porque foi minado por toda a sorte de bandidos sem escrúpulos, e o dinheiro que teria para supostamente pagar a dívida se esvaiu em contas na Suíça ou em offshores espalhados por esse mundo fora, e se entreteve a destruir o tecido produtivo do país, resta-lhe uma garantia ou moeda de troca para pagar essa dívida que os abutres do FMI, do directório europeu, a mando do imperialismo germânico, agora reclamam: embaratecer os custos salariais, empobrecer o povo, destruir todo o tipo de políticas sociais – desde o acesso à saúde até ao acesso à educação, passando pelas mais variadas prestações sociais – para tornar Portugal a Malásia da Europa, com mão de obra intensiva, não especializada e baratinha e vender a preços de saldo todos os activos e empresas estratégicas para qualquer economia que se deseje independente e ao serviço dos trabalhadores e do povo.
O ambiente de sublevação que se está a manifestar por todo o país tem de se agigantar, romper com o medo que este governo fascista e vende-pátrias, com as suas medidas terroristas, está a querer induzir sobre os trabalhadores e o povo português, pois, se não o fizer, está a alimentar os algozes da sua própria morte, miséria, fome, desemprego e precariedade.
Aos trabalhadores e ao povo português nada mais resta do que derrubar este governo serventuário dos interesses dos grandes grupos financeiros e bancários, do imperialismo germânico, correr com o FMI e restante tróica de Portugal e edificar um Governo de unidade  Democrática e Patriótica que prepare a saída de Portugal do euro e se recuse a pagar uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício.


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