Toda a esquerda, mesmo a formal, se regozija com a homérica
derrota e humilhação da coligação entre a direita e a extrema direita no passado dia 10
de Novembro de 2015, quando uma moção de rejeição abortou aquele que seria mais
um mandato de arrogância fascista, de empobrecimento do povo e de quem
trabalha, de ataque à mais elementar democracia.
Apesar de não ser um governo que deva merecer o apoio dos verdadeiros
marxistas-leninistas, dos genuínos comunistas, defendemos que a esquerda
parlamentar se deveria entender para que fosse possível derrubar o governo
terrorista e fascista de Coelho e Portas.
Não deixámos de alertar, no entanto, para a eventualidade de
Cavaco, o patrono e ideólogo deste governo, mercê dos poderes que a Constituição
lhe confere, deixar cozer em lume brando a vitória da democracia sobre quem fez
da provocação e do desrespeito à constituição o seu caminho de governação e,
assim sendo, ser absolutamente necessário começar, desde já, a preparar as
condições políticas, e não só, para correr com o inquilino de Belém, o
imbecilóide de Boliqueime, do poleiro.
É por isso que a esquerda se deve unir e, em vez da
masturbação política de se entreter na pulverização da apresentação de candidaturas presidenciais,
deve apostar na salvaguarda da democracia e apresentar um candidato
presidencial da esquerda contra Marcelo, candidato da direita. E, o candidato
que está em melhores condições de obter essa vitória é Sampaio da Nóvoa. A
alternativa não pode ser replicar a divisão Soares/Manuel Alegre que deu, no
passado recente, a vitória a Cavaco. Divisão que, a manter-se, dará certamente
a vitória, agora a Marcelo Rebelo de Sousa.
Como não deixaremos de alertar para o despertar para o dia
seguinte dos acordos estabelecidos entre PS, BE, PCP e PEV. A euforia da
vitória da democracia, da vitória das forças democráticas e patrióticas, não
nos pode cegar quanto à situação a que os operários, os trabalhadores, o povo
português têm de dar resposta se, efectivamente, quiserem inverter a seu favor
a relação de forças que parece ser favorável no confronto com a burguesia e o
capital.
É que, não haja ilusões! De facto, as grandes questões estão
em aberto:
·
Perante uma dívida ilegítima, e ademais
impagável, que não foi contraída pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer
benefício, o único caminho é rejeitar liminarmente o seu pagamento. Admitir,
sequer, a sua renegociação, é admitir que, no todo, ou em parte, ela é legítima
quando, de facto, ela se constituiu com base numa imposição do directório
europeu, dominado pelos interesses do imperialismo germânico, de que deveria
ser o povo a pagar as dívidas da banca e, assim, a salvar o sacrossanto lucro
da parasitagem que gravita em torno dos grandes grupos financeiros e bancários;
·
A saída do euro, uma moeda extremamente forte
para um frágil economia como a portuguesa, um garrote ao crescimento de nossa
economia, castradora de qualquer plano soberano de desenvolvimento económico:
·
A saída da União Europeia, que é a união daqueles que admitem sujeitar-se
ao que o imperialismo germânico dita quanto à política orçamental de cada país,
à união bancária que mais favoreça os seus grupos financeiros e bancários,
através de uma união bancária que
mais não é do que o diktat do Banco
Central Alemão e do sinistro Schauble, ministro das finanças germânico. Uma
União que visa impor, por um lado, a divisão europeia do trabalho que melhor
sirva os interesses da Alemanha e, por outro, redunde na rapina de todos os
activos estratégicos dos países (nos quais se inclui o mar que, segundo a visão
do imperialismo germânico se deveria transformar em azul) que, entretanto, se dispuseram – em nome da solidariedade e
da subsidiaridade europeias – a destruir o seu tecido produtivo.
De facto, à saída do acordo celebrado entre PS, BE, PCP e
PEV, nenhum dos protagonistas referiu como é que - e quem - se vai pagar uma
dívida que, já toda a gente compreendeu, para além de impagável e ilegítima, mais
não constitui do que um factor de chantagem e humilhação sobre o povo português
e ataque à soberania de Portugal.
Como nenhum deles explicou como é que, continuando a ser alocados
recursos para o pagamento da dívida e do serviço da dívida, isso se compagina
com a satisfação das necessidades do povo no que respeita à saúde, à educação,
à assistência social, incluindo reformas, pensões, combate à precariedade,
políticas de emprego, subsídios de emprego e família que promovam a dignidade e
a melhoria das condições de vida do povo e de quem trabalha.
Estamos de acordo que esta foi um importante e decisiva batalha que o povo venceu. Mas, para aqueles democratas e patriotas, para aquela esquerda, que embandeira em arco ao som do trautear de o povo unido jamais será vencido, replicando de forma preocupante as ilusões que se produziram após o golpe militar de 25 de Abril de 1974, recomendo a prudência revolucionária de considerar que, sendo esta dura e prolongada, a luta continua e que, só com luta o POVO VENCERÁ!
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