Uma conversa redonda!
Começa a enjoar esta conversa redonda, que só não se pode
considerar chata porque tem implicações dramáticas para os trabalhadores e para
o povo. A dança, o refrão ou o mote são sempre os mesmos. Diz Seguro que, sim
senhor, que o seu partido assinou o memorando com a tróica
germano-imperialista, que se dispôs, tal como PSD e CDS a fazer o povo pagar
uma dívida que não contraiu, nem dela beneficiou, para salvar os grandes grupos
financeiros e bancários das aventuras especulativas em que se envolveram, na
prossecução do sacrossanto lucro, e que é cúmplice na estratégia de facilitar a
acumulação capitalista.
No entanto, com uma hipocrisia sem limites, acusa Seguro o
governo de traição Passos/Portas de querer ser mais “troikista” que a “tróica”
e de, na sua fobia de ser reconhecido por aquela como o melhor dos alunos entre
os “bons alunos” que assinaram o memorando de entendimento, cai em alguns
excessos! Ou seja, para Seguro, é pacífico estar de acordo com PSD e CDS na
tese de que os portugueses “viveram acima das suas possibilidades”. Para ele é
lícito fazer o povo pagar por isso, nem que para tal o país se veja exaurido
dos seus recursos e activos estratégicos, vendidos a preços de saldo, nem que
para tal haja que assumir “sacrifícios” que levem à depreciação das condições
de vida e de dignidade do povo.
É por isso, aliás, que Seguro foge como o diabo da cruz a
responder a questões tão simples como as que permitam ao povo – que todos eles
pretendem que pague a dívida – saber quanto se deve, a quem se deve e porque é
que se deve. Nós sabemos porquê. Porque, no dia em que o povo tiver uma
resposta cabal a estas questões recusar-se-á a pagar um cêntimo de euro que
seja da dita.
Mas há mais. Afirmando-se tão preocupados com o ataque que
PSD e CDS, a mando da tróica germano-imperialista lança sobre os trabalhadores
e o povo, esta gente que se reclama de esquerda, numa situação de grande
convulsão revolucionária e contestatária, para ver se sai bem na foto, está a
tentar, uma vez mais, ver se se aproveita do descontentamento popular para o
desviar dos seus objectivos de luta. E é por isso que ainda não respondeu ou
não quis responder a questões tão simples e directas como: estão, no imediato,
dispostos a integrar o movimento que exige a marcação imediata de uma Greve
Geral Nacional?
Estão dispostos a integrar uma ampla frente de camadas
populares, que já conta nas suas fileiras com milhares de militantes
socialistas que não se revêm na direcção do seu partido, frente essa que tem o
firme propósito de derrubar este governo, constituir um governo democrático
patriótico que, para além de se bater pela recuperação na nossa soberania
nacional, REPUDIE A DÍVIDA, nacionalize a banca e todas as empresas, sectores e
activos com importância estratégica para se implementar uma economia ao serviço
do povo e controlada pelos trabalhadores?
É que esta será a pedra de toque que distinguirá aqueles que
querem aprender com as lições do passado e não mais cair na hesitação, na
capitulação, nas alianças que castraram o movimento revolucionário emergente no
25 de Abril de 1974 dos que, de há mais de 3 décadas a esta parte, mais não têm
feito do que produzir um discurso “socialista” nas palavras para escamotear a
sua prática política de direita, ao serviço do capital, ao serviço dos grandes
grupos financeiros e do directório europeu, controlado pela chancelerina Merkel
que pretende fazer o que nem Hitler, com as suas divisões Panzer, logrou
alcançar: ocupar e colonizar a Europa.
A conversa entre estes personagens, Seguro de um lado e
Passos e Portas de outro, faz lembrar aquele teorema sem solução de quanto
tempo leva, por oposição a um buraco, a escavar “meio buraco”. O caminho que
ambos propõem é o mesmo e passa, sempre, por aplicar medidas terroristas e fascistas
sobre o povo e quem trabalha. A “diferença” reside, apenas e tão só, na
intensidade e na extensão do golpe, no instrumento a utilizar para desferir
esse golpe e no tempo de duração do golpe.
Uns, PSD e CDS, querem que o golpe seja misericordioso e rápido,
para rápida ser também a satisfação dos ditames da tróica germano-imperialista
que, apesar de querer que o negócio da “dívida” se prolongue pelo mais amplo
período de tempo, se mostra “nervosa” quanto à instabilidade do “pagador”.
Outros, como é o caso de Seguro, mas não só, “aconselham” o directório europeu
e o imperialismo germânico que o domina, a ir com maior cuidado por esse
caminho, a não querer “precipitar” os acontecimentos.
Porque cá estará o bombeiro de serviço do PS para “apagar”
os fogos da revolta popular e a esfriar qualquer escalada das lutas que os
trabalhadores se mostrem dispostos a travar, assim lhe concedam o beneplácito
da “renegociação” da dívida, e um consequente prazo mais alargado para a pagar,
mais juros, por mais tempo, sempre à custa, tal como já o faz Passos e Portas,
de quem trabalha e do povo português.
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