O derrube do governo
e não “mudanças de política”!
Para os que tinham dúvidas de
que o que neste momento se passa é o agudizar da luta de classes, da luta entre
os trabalhadores e o povo português contra o sistema capitalista e o governo de
traição Passos/Portas que defende os interesses dos grandes grupos financeiros
e bancários, os interesses da tróica germano-imperialista, está aí a grandiosa
manifestação do passado dia 15 de Setembro para o demonstrar.
Esta é uma luta prolongada,
que tem registado avanços e recuos, uma luta em que a relação de forças nem
sempre tem sido favorável à classe operária, aos trabalhadores e às diferentes
camadas populares, muito por virtude da política de conciliação e de capitulação
das direcções de muitos dos sindicatos, centrais sindicais e, sobretudo, dos
chamados partidos da “esquerda parlamentar”.
Mas, mesmo tendo de manter um
combate em duas frentes:
· E a frente de luta contra o oportunismo que, no seio do movimento operário e popular, lança constantes apelos à conciliação e à capitulação, como as que se traduzem pelas propostas de “saídas” como “renegociação” ou “reestruturação” da dívida e para que Cavaco lidere a “exigência” ao governo de “mudanças de políticas”,
O que é certo é que o dia 15 de Setembro reflecte, ainda assim, uma significativa viragem na relação de forças a favor do mundo do trabalho e uma vitória retumbante para todas as camadas populares.
E, como não poderia deixar de
ser, se a relação de forças é mais poderosa para quem trabalha e para o povo,
torna-se cada vez mais fragilizada para quem explora. O primeiro efeito do
rombo na nau da exploração capitalista traduz-se nas contradições que começam a
implodir no seio da coligação da traição aos interesses nacionais, com Portas,
a ratazana-mor, a querer retirar dividendos da crise que ele julga, mal, ter
sido despoletada pelo “dossier” TSU desolidarizando-se com o até agora
“parceiro para a vida e para a morte” Passos Coelho!
Agora que a nau ameaça
afundar-se é ver as ratazanas a correr pelas suas amuradas procurando salvar o
coiro do naufrágio eminente. Mas, esse naufrágio só se concretizará se uma
frente de todas as camadas populares, de forma firme e decidida, não se deixar
iludir, tanto mais que agora a relação de forças lhe é favorável, pelas ilusões
espalhadas por aqueles que insistem em “exigir” a Cavaco que obrigue o governo
que ele cauciona a “mudar de políticas”!
Ora, não cabe aos
trabalhadores e ao povo salvar as ratazanas do afogamento eminente nem a nau do
capitalismo do naufrágio. Não! Existe um programa mínimo, com um mandato
popular claramente dado no passado dia 15 de Setembro por mais de 1 milhão de
trabalhadores e elementos do povo, que consideraram ser urgente e necessário,
para a defesa dos seus interesses, levar à prática o seguinte:
·
Derrube do governo
dos traidores Passos e Portas
·
Expulsão do FMI e
restante tróica de Portugal· Repúdio de uma dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída para seu benefício
· Nacionalização da banca e de todas as empresas e sectores com importância estratégica para o desenvolvimento de uma economia ao serviço do povo e de quem trabalha e controlada pelos trabalhadores e suas organizações de classe
· Desenvolvimento económico gerador de emprego, baseado num criterioso plano de investimentos e que aproveite a posição geoestratégica única do nosso país, como porta de entrada e saída do essencial das mercadorias na Europa.
E não há tempo a perder!
As manifestações de sábado passado foram sem
dúvida um acontecimento marcante pelo que representam de ampla mobilização
popular contra a tróica e contra o governo. No entanto, o verdadeiro teste ao
estado de mobilização e de consciência política das massas trabalhadoras e dos
seus dirigentes ainda está por vir e diz respeito ao movimento organizado, de
classe, dos operários, dos trabalhadores e do povo, à sua capacidade de apontar
com clareza o alvo fundamental da sua luta, de se fazer ouvir de uma forma
autónoma e revolucionária e ainda de mobilizar os sectores democráticos e
pequeno-burgueses que é preciso trazer para a luta pelo derrubamento do governo
PSD/CDS e pela constituição de um governo democrático patriótico.
Esse teste terá um marco
decisivo na próxima greve geral nacional. Torna-se fundamental exigir e forçar
a sua convocatória imediata, apontando como objectivos políticos para a sua
realização, não só o derrube deste governo de serventuários da tróica germano-imperialista,
mas todos os restantes pontos do programa mínimo que acima se assinalam.
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