As alianças são para ser respeitadas,
não manipuladas!
A nós, marxistas-leninistas não nos choca a unidade nem as
alianças, antes pelo contrário, achamos que ela é necessária e acarinhamo-la.
Mas, é verdade, somo muito exigentes quanto a com quem construímos essa unidade
e estabelecemos alianças, com que objectivos concretos, baseadas em que
princípios, e que acções se espera dessa frente unitária para, na base de um
programa mínimo, os trabalhadores e o povo poderem vislumbrar uma saída que
realmente lhes permita libertarem-se do jugo do capital sobre o trabalho, do
jugo do imperialismo que nos impõe a perda de soberania.
Na situação política actual, em que o governo vende-pátrias
do PSD/CDS declarou guerra aos trabalhadores e ao povo português e, todos os
dias, se entretém a lançar medidas terroristas e fascistas sobre eles, a mando
da tróica germano-imperialista e dos grandes grupos financeiros e bancários,
sobretudo alemães, é sincero o nosso desejo de que essa plataforma de unidade
se construa, claro que na base de princípios a ser discutidos com franqueza e
lealdade pelas partes interessadas em se envolver nesse processo e sem
tentativas confinadoras ou manipuladoras que, claro está, como várias
experiências recentes demonstram, pouco ou nada contribuem para que a tão
propalada unidade da esquerda se produza.
Não se pode esperar que quem defende o não pagamento da
dívida se sinta “confortável” com quem, defendendo legitimamente a opinião de
que a dívida deve ser auditada e a parte legítima da mesma paga, organize
Iniciativas, Congressos ou outros eventos que têm como objectivo, segundo os
seus promotores, essa unidade, iniciando
os mesmos tentando apresentar, através de um “show” de media, apresentações
“power point”, prolongadas intervenções de oradores que defendem as ideias no
formato que estão “dispostos” a discutir,
venham depois responsabilizar os primeiros de não querer a unidade, por
denunciarem a tentativa de manipulação.
Podemos e devemos discutir tudo. Desde as teses da
“alternativa inteligente”, às teses dos que defendem que a esquerda responsável
deve defender a “reestruturação” ou a “renegociação” da dívida, passando pelas
teses que nós defendemos de que, responsável, do ponto de vista dos
trabalhadores é não aceitar a chantagem da dívida, uma dívida que não foi
contraída pelo povo, responsável é não pagar uma dívida impagável, como a
realidade tem vindo a demonstrar. Mas, nessa discussão, desde a génese, a organização
dos debates deve ser feita com o concurso das ideias de todos os que se deseja
unir e não, apenas, com o “círculo restrito”. É que, senão, esta é uma unidade
viciada à nascença e condenada ao insucesso…uma vez mais!
Estamos convencidos de que todos aqueles que se reclamam da
esquerda ou que afirmam defender o povo e quem trabalha, têm, hoje, a percepção
de que, do ponto de vista demográfico e sociológico, a esmagadora maioria do
povo se revê no projecto da esquerda. Se ainda subsistissem dúvidas de que,
após as greves gerais nacionais de 24 de Novembro de 2011 e de 22 de Março de
2012, tal era assim, e que a pretensa legitimidade eleitoral do governo
Passos/Portas tinha ficado completamente esfrangalhada, a manifestação do
passado dia 15 de Setembro, apesar de ter uma composição de classes muito
diversificada, desvaneceu qualquer dúvida que ainda pudesse subsistir.
Mas, tudo isto tem de ser, aberta e francamente, discutido.
Existe ou não, como defendemos, um mandato popular para que seja marcada, com a
máxima urgência, uma Greve Geral Nacional, a sério, e que o objectivo político
central da mesma seja o derrube do governo dos traidores Passos e Portas? Foi
ou não evidente a consciência dos que se manifestaram a 15 de Setembro de que
nenhuma oposição às medidas terroristas e fascistas de que os trabalhadores e o
povo estão a ser alvo por parte deste governo de serventuários, seria eficaz
sem a expulsão dos patrões que servem, isto é, o FMI e restante tróica, do
nosso país?
Se não é assim, quais as alternativas? Sugerir mudança de
políticas não será sugerir ao sistema que as aplica modelos de gestão do
sistema capitalista que promovam uma “austeridade inteligente”? E, a renegociar
ou a reestruturar a dívida, como responder à questão: a ser assim, quem paga?
Quanto se tem de pagar? Porque é que se tem de pagar? Os “suspeitos” do
costume? O povo, os trabalhadores?
Se a alternativa, que deve ser ponderada e discutida de
forma profunda e séria – sem tentações manipuladoras – for o derrube deste
governo, que governo, com que programa e objectivos deveria surgir no seu
lugar? E por iniciativa de quem? Do presidente Cavaco, que sempre caucionou as
medidas que Passos e Portas lhe levaram para promulgar e ele, ainda que essas
medidas estivessem feridas de inconstitucionalidade, as promulgou? Ou deveria
passar pela exigência da convocação de eleições democráticas onde todas as
forças que se apresentassem ao escrutínio do povo tivessem, realmente, as
mesmas oportunidades de levar ao conhecimento dos eleitores as suas propostas?
Ou outra alternativa qualquer?
Para os que, eventualmente, estiveram desatentos quanto ao
que os marxistas-leninistas sempre defenderam, relativamente à unidade, à
necessidade de uma auditoria cidadã séria, à questão da dívida, lembraremos que
no ano passado, precisamente no âmbito da Convenção da IAC, questionámos a
audiência, se não seria mais avisado, antes de nos dispormos a “renegociar”,
“reestruturar” ou, sequer, pagar em prestações mais suaves e com juros mais
baixos esta dívida que agora nos apresentam como tendo de ser, mandatóriamente,
paga, pelo povo, claro está, exigirmos que se saiba, através de uma auditoria
independente e não manipulada, quanto devemos, a quem devemos e porque é que devemos?
Sugerindo, na mesma ocasião que, enquanto não nos fossem dadas estas respostas,
deveríamos exigir a imediata suspensão do pagamento da mesma.
Para nós, a unidade é baseada na responsabilidade de
respeitarmos aqueles com quem achamos existirem condições para debatermos, de
forma seria e objectiva, democrática e em igualdade de circunstâncias, os
pontos de acção comuns, o programa que deve nortear essa acção e a organização
e mobilização do povo para as levar à prática. As alianças são para ser respeitadas,
não manipuladas. A manipulação é o caminho para os que, embora manifestem
grandiloquentes intenções de se unirem, de facto o que pretendem é utilizar-se
dessas plataformas, congressos ou associações unitárias para impor os seus
pontos de vista e, em última análise, contribuir para a cisão!
Absolutamente de acordo. E partilhando.
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