Numa nota que publicámos neste espaço há uns dias atrás
sobre as declarações de António Borges, o corsário, acerca do “programa” do
governo para a privatização da estação pública de televisão - RTP: Na rota do
corsário António Borges -, alertávamos os trabalhadores para as alternativas
que lhes restavam se não quisessem, um belo dia, bater à porta de uma estação
que havia vedado o seu acesso às suas instalações, atirado grande parte deles
para o desemprego e privado o povo de um instrumento estratégico essencial para
uma política de informação e cultura independente, plural e democrática.
Alertávamos, então, para o papel do conselho de
administração que, antes de ocorrer a sua demissão, se encarregou de “limpar de
gorduras” a empresa, isto é, despedir dezenas de trabalhadores nos vários
sectores do grupo. Denunciávamos o facto de, a ser nomeado um novo conselho de
administração, este viesse a funcionar como uma autêntica “comissão
liquidatária” do canal público.
Insistimos no que então, nessa nota, defendemos sobre as
alternativas que restavam aos trabalhadores, designadamente às suas
organizações de classe, comissão de trabalhadores e sindicatos:
“A pedra de toque que distinguirá aqueles que, de facto,
querem organizar e dirigir a luta dos trabalhadores contra os objectivos deste
governo, dos que com ele, como de costume, compactuam, passa pelo que será
proposto, discutido, aprovado e levado à prática no próximo plenário que a
Comissão de Trabalhadores da RTP, através do seu Secretariado, convocou para a
próxima 4ª feira, dia 29 de Agosto, às 14 horas.
É que, sobre a mesa, só duas propostas poderão estar em
discussão:
·
Ou a proposta capitulacionista, tão cara a toda
a sorte de oportunistas, consistente em saltitar de “concertação” em
“concertação” com a administração e o ministério que tutela a RTP, até à
derrota dos interesses dos trabalhadores;
·
Ou bem que uma proposta firme e decidida, que
passa pela imediata convocatória de paralisações e greves que só terminarão com
a vitória dos trabalhadores.”
Ora, o que está a acontecer é que a Comissão de
Trabalhadores, perante o anúncio da nomeação por parte do governo de um novo
conselho de administração, apesar de dizer que os seus elementos não
correspondem ao perfil que os trabalhadores haviam estabelecido para tal órgão,
se dispõem a dialogar com ele!
Quanto a nós, esse caminho de diálogo em diálogo, de
concertação em concertação, vai acabar por esgotar as energias, a capacidade de
mobilização e de luta dos trabalhadores e vai acabar por, finalmente, levar à
sua derrota. A única saída que resta aos trabalhadores é organizarem-se,
lutarem por impedir a privatização do grupo – quer na parte, quer no todo –,
assumirem o controlo da RTP/RDP e, com o apoio e a solidariedade de todos os trabalhadores
e do povo português, assegurarem a aplicação de princípios democráticos no
exercício da liberdade de expressão, designadamente por parte das correntes de
opinião que se opõem à politica terrorista deste governo, e definirem uma nova
programação com conteúdos que melhor satisfaçam as expectativas e necessidades
de quem, no fim de contas, através da famigerada “taxa de radiodifusão”, paga a
factura.
Os trabalhadores da RTP/RDP, tal como todos os trabalhadores
e o povo a nível nacional, têm de ganhar cada vez maior consciência da
necessidade do derrube deste governo de traição e da constituição de um governo
democrático patriótico para que se possa avançar no repúdio da dívida, uma
dívida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída para seu benefício, o
mesmo caminho que assegurará que activos e empresas públicas estratégicas nunca
irão parar às mãos dos grandes grupos financeiros e bancários.
Disponibilizar-se para o “diálogo” com quem se prepara para
liquidar este importante activo e mandar para o desemprego mais de um milhar de
trabalhadores não será, certamente, um bom augúrio.
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