domingo, 30 de setembro de 2012

Dados do INE sobre o crescimento da dívida


São mais uma razão para a emergência da
convocatória da Greve Geral Nacional!

 
Segundo dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a dívida pública pode ultrapassar, ainda durante o ano de 2012, os 198 mil milhões de euros, o que, segundo a mesma fonte, representa um aumento de 13,4 mil milhões de euros de aumento comparativamente a 2011.

Isto é, enquanto as projecções realizadas por Gaspar Dixit e o seu ministério das finanças indicavam que terminaríamos 2012 com a dívida a representar 119,1% do PIB, os dados do INE apontam para que esse valor se fixe em mais de 130% do PIB (Produto Interno Bruto).

E claro está que, com as taxas de juro a que somos obrigados a contrair os “empréstimos” que, dizem, salvaguardarão o resgate da dívida, mas, sabemos nós, ditarão um maior agravamento do deficit e da dívida, já existem projecções que indicam que 2013 terminará com a dívida pública a representar mais de 140% do PIB. Ou seja, precisamente o ano que, segundo os traidores Passos e Portas, representaria o ano da viragem, o ano 0 do “fim da crise”!

Outra coisa não seria de esperar. E não se venha agora dizer que foi por falta de aviso. Ainda no período da campanha eleitoral que terminaria com a estrondosa derrota de Sócrates e a eleição da dupla Passos/Portas que, com aquele, tinham assinado o primeiro de muitos memorandos que viriam a chancelar o roubo do salários e do trabalho, o confisco dos subsídios de férias e de natal de trabalhadores da função pública, reformados e pensionistas, o embaretecimento e facilitação dos despedimentos, o corte de várias prestações sociais, a dificultação do acesso do povo aos serviços de saúde e educação, etc., que dissemos, apesar de nos ter sido vedado o acesso aos tempos de antena e ao debate com os partidos do “arco parlamentar”,  que isto iria acontecer.

Com o tecido produtivo destruído pela acção de mais de 3 décadas de governos PS e PSD, acolitados pelo CDS, que levaram o país a ter de importar mais de 80% daquilo que consome e de que necessita para gerar economia, fácil era compreender que o ciclo de endividamento seria perpétuo e, a manter-se o actual paradigma de economia e de política, a dívida era IMPAGÁVEL!

E ela é de facto impagável! Não só pelo que atrás se afirma, como pelo facto de, pagando 5 e 6% de juros, mesmo do ponto de vista da “gestão capitalista”, ser absolutamente necessário que, para pagar a dívida e, sobretudo, fazer face ao oneroso “serviço da dívida”, a economia crescesse, no mínimo, a taxa idêntica aos juros que os grandes grupos financeiros e bancários, ao serviço de quem está o BCE, o directório europeu e o FMI, a tróica que dita o que o governo dos traidores Passos e Portas devem fazer na sua colónia portuguesa, nos impõem.

E, como seria de esperar, todas essas medidas terroristas e fascistas, provocaram o maior número de falências de que há memória, despedimentos massivos – só na área da construção civil estima-se que mais de 100 mil operários foram atirados para o desemprego – provocaram uma destruição massiva das forças produtivas, ao mesmo tempo que tiveram um efeito dramático sobre o consumo interno e a brutal quebra nas receitas fiscais.

Para além de defendermos que o povo e os trabalhadores não devem pagar esta dívida porque não foram eles que a contraíram, nem dela beneficiaram, nós defendemos que ela deve ser repudiada, pois constitui um instrumento de chantagem que visa destruir o que resta do nosso tecido produtivo, transformar Portugal num país de mão-de-obra não qualificada, intensiva e baratinha, numa espécie de protectorado ou de colónia dos interesses do imperialismo germânico.

É essa a razão, também, porque não aceitamos a tese da “austeridade inteligente” ou as teses dos que defendem que seria mais “inteligente” uma “renegociação” ou “reestruturação” da dívida, escamoteando que essa receita representa mais do mesmo, por mais tempo, mas sempre com os mesmos “suspeitos” a pagar: os trabalhadores e o povo. São teses que se propõem gerir o sistema capitalista emprestando-lhe uma fachada de “esquerda”, que sugerem “mudar as políticas”, sem tocar no sistema que lhes está na génese.

É essa a razão por que consideramos um recuo táctico absolutamente condenável e inaceitável, aquele que levou a direcção da CGTP a fazer depender da convocação da manifestação que hoje confluiu para o Terreiro do Paço, em Lisboa, e, posteriormente, para uma Convenção Extraordinária da direcção da CGTP, a realizar no próximo dia 3 de Outubro, a marcação de uma Greve Geral Nacional, a sério.

É que, sendo a greve geral um instrumento de luta a que todos os trabalhadores devem recorrer, as vezes que forem necessárias, para derrubar este governo e impor um governo democrático patriótico, o recurso a ela foi mais do que nunca legitimado, acarinhado e apoiado pelo povo na manifestação do passado dia 15 de Setembro, que reagia a mais uma tentativa de ataque terrorista e fascista que representaram as declarações produzidas por Passos Coelho, na RTP1, a 7 de Setembro, sobre a TSU (Taxa Social Única), taxa que a ser aplicada nos moldes anunciados, agravaria ainda mais as condições de vida de quem trabalha.

Não há volta a dar. Sem que se repudie esta dívida, sem que, pelo menos, se exija a suspensão do pagamento da dita até que uma auditoria independente e cidadã séria responda a questões tão básicas como quanto devemos, a quem devemos e porque é que devemos? As medidas terroristas e fascistas suceder-se-ão, frontalmente ou com alguma subtileza maquiavélica, agravar-se-ão as condições de miséria e fome, desemprego e precariedade, o roubo dos salários e do trabalho e a perda da nossa soberania nacional

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