domingo, 2 de setembro de 2012

Colocação de Professores

Pagar a dívida ou optar pelo direito à educação?!

Aos anos que, por esta altura, os professores são encaminhados para o “matadouro” das colocações e sujeitos à mais vil das humilhações por parte do ministério da “educação” que atira para o desemprego milhares destes profissionais.
Aos anos que, quer PS, quer PSD, criam as condições para que o “ensino público” seja liquidado, ao mesmo tempo que uns patetas alegres, ditos de esquerda, que afirmam ser a educação um direito conquistado pelo povo em Abril de 1974, de pactuação em pactuação, muito têm colaborado na sua destruição, permitindo que o governo crie as condições que levem à facilitação da acumulação capitalista que tem promovido em outros sectores da economia.
Aos anos que ouvimos as mesmas ladainhas da FENPROF e de outros sindicatos que, supostamente, deveriam defender os interesses de classe dos professores, a queixar-se das “políticas” que os governos do “bloco central” – do PS e PSD – têm prosseguido, como se essas medidas fossem uma fatalidade inultrapassável.
Aos anos que vemos esses mesmos sindicatos e respectivas federações a traírem miseravelmente quem deveriam representar e defender, encaminhando as suas lutas para becos sem saída, para a “concertação social” e os pactos de corredor que, de capitulação em capitulação, nada mais têm representado do que sucessivas derrotas para os professores.
E os professores? O que têm feito para alterar este estado de coisas? Para já, e aparentemente, pouco ou nada! Parecem incorporar os lamentos derrotistas das suas organizações de classe, parece não compreenderem qual o contexto ideológico e económico em que se processa a destruição do ensino gratuito e universal no nosso país.
Quando afirmamos que a luta dos professores se deve unir à luta dos estudantes e às preocupações dos seus progenitores, que deve estar integrada na luta mais geral do povo português contra o pagamento de uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa, afirmamo-lo porque a realidade confronta-nos com as opções que este governo de traição, serventuário dos interesses da tróica germano-imperialista, tem abraçado, política e ideologicamente, que consistem em afectar a riqueza produzida pelos trabalhadores e pelo povo português ao pagamento de uma dívida que não contraíram, nem dela retiraram qualquer benefício, em vez de os afectar ao direito à educação, à saúde, aos transportes, à alimentação, ou seja, a um projecto de vida digno e independente.
Aos anos, e este ano não será diferente, antes se agravará, que todo o povo se vê confrontado com uma drástica diminuição da qualidade do ensino, com uma cada vez maior dificuldade de os seus filhos acederem à educação, e professores, pais e alunos a cairem numa letargia própria daqueles que pensam que “isto” só acontece aos outros.
Quantos mais anos, quantos mais professores despedidos ou não colocados, quantos mais alunos a verem amputado o seu direito ao ensino, serão necessários para se compreender que, para além da unidade na luta de todos os que se cruzam no sector da educação – docentes, pessoal discente, alunos e pais – é necessário correr das direcções sindicais e dos órgãos de classe todos aqueles que mais não têm feito do que paralisar estas lutas?
A única saída para a luta de professores, alunos e todos os que trabalham no espaço escolar, é a que, integrados na luta mais geral do povo português, passa pela convocatória de greves sectoriais e greves gerais nacionais, todas elas com o objectivo de derrubar este governo de traição e de constituir um governo democrático patriótico, com um novo paradigma de economia, ao serviço do povo e de quem trabalha, e cuja primeira medida seria a de repudiar uma dívida que, para além de não ter contraída pelo povo, está a servir de “justificação” para um ataque sem precedentes por parte da burguesia e do seu sistema capitalista ao mundo do trabalho.
E para que tal possa acontecer é necessária vontade política para os mobilizar, organização forte, coerente e decidida para os conduzir nos combates que é preciso travar contra o ministério de educação e o governo que integra, é necessário OUSAR LUTAR para OUSAR VENCER!

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